PREVALÊNCIA DE SINTOMAS DEPRESSIVOS EM ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM

PREVALENCE OF DEPRESSIVE SYMPTOMS IN NURSING STUDENTS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10198852


Aline Mesquita Lemos1
Beatriz de França Vasconcelos2


RESUMO

O Transtorno Depressivo Recorrente é identificado pelo surgimento repetitivo de episódios depressivos. Essa condição afeta negativamente os indivíduos que a vivenciam, causando sintomas que impactam negativamente suas habilidades emocionais, psicomotoras e cognitivas. O objetivo desse estudo foi examinar a incidência de sintomas de depressão entre estudantes de Enfermagem, conforme literatura existente. O estudo utilizará o método de revisão integrativa da literatura. A pesquisa foi realizada nas bases de dados SciELO e BVS com os Descritores: Depressão, Saúde Mental, Transtornos Mentais e Estudantes. critérios foram implementados para restringir a pesquisa. Os artigos selecionados deveriam ser escritos ou traduzidos para o português nos últimos cinco anos, especificamente entre 2015 e 2020. Além disso, deveriam estar disponíveis gratuitamente para acesso gratuito e deveriam pertencer a estudos primários ou secundários sobre o tema relevante. Por outro lado, foram excluídos artigos completos disponíveis na literatura científica portuguesa e inglesa no período mencionado, bem como artigos que não se relacionavam com o tema, estavam fora do cronograma selecionado ou exigiam pagamento para acesso completo. Foram descobertos 315 artigos nas bases de dados BVS e SciELO, sendo a revisão composta por 4 artigos. Este estudo abordou com sucesso a questão norteadora e o objetivo, ressaltando a importância de explorar a qualidade de vida vivenciada pelos estudantes. Ressalta-se a importância da realização de pesquisas sobre esse tema, pois pode contribuir para o aumento de sua produtividade.

Palavras-chave: Depressão. Saúde Mental. Transtornos Mentais. Estudantes.

1. INTRODUÇÃO

Segundo Deperon et al. (2013) a depressão é um distúrbio de saúde mental caracterizado por uma série de sintomas, incluindo, entre outros, sentimentos de tristeza e irritabilidade, perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas, sensação de vazio, sentimento de culpa e baixa autoestima, mudanças nos hábitos de sono e alimentação e fadiga. Esses sintomas são frequentemente acompanhados por alterações somáticas e cognitivas que podem afetar negativamente a capacidade do indivíduo de manter relacionamentos pessoais. A depressão é um grave problema de saúde mental devido à presença de pensamentos recorrentes de morte e um impacto significativo no bem-estar de uma pessoa (Santos et al., 2018).

De acordo com Leão et al. (2018) inúmeros fatores podem afetar negativamente a qualidade de vida geral de um indivíduo, desde sintomas emocionais até alterações psicomotoras, vegetativas e cognitivas. Essas alterações podem influenciar significativamente muitas áreas diferentes da vida de uma pessoa, incluindo as esferas profissional, familiar, acadêmica e social.

Em 2002, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiram um alerta sobre o aumento dos transtornos mentais na população. Estima-se que aproximadamente 450 milhões de pessoas em todo o mundo sofram de algum tipo de transtorno mental. Os dados da OPAS/OMS sugerem que a taxa de crescimento destas perturbações atingirá 15% até 2020. Dadas estas circunstâncias, pode argumentar-se que as perturbações mentais são um problema de saúde pública que afeta uma percentagem significativa da população global (OMS, 2002; 2017).

O Transtorno Depressivo Recorrente (TDR) é identificado pelo surgimento repetitivo de episódios depressivos. Essa condição afeta negativamente os indivíduos que a vivenciam, causando sintomas que impactam negativamente suas habilidades emocionais, psicomotoras e cognitivas. Além disso, o TDR pode ter um impacto profundo em vários aspectos da sua vida, como nas esferas profissional, familiar, acadêmica e social. Segundo os relatórios da Organização Mundial da Saúde de 1998 e 2017, o número de casos de TDR no Brasil ultrapassa 11.548.577, o que equivale a 5,8% da população do país (OMS, 1998; 2017).

Ainda existe muito estigma em torno da doença, tornando difícil reconhecê-la. Em última análise, isso resulta em uma quantidade limitada de diagnóstico e tratamento para indivíduos acadêmicos que sofrem de depressão. Como tal, os estudantes devem procurar recursos nas suas universidades que ofereçam apoio à saúde mental para combater o desenvolvimento de doenças mentais (Deperon et al., 2019).

No Brasil, os transtornos mentais são uma das principais causas de suicídio e ocupam o terceiro lugar entre as causas externas de morte, atrás apenas de ataques físicos e acidentes. O número de casos em 2017 aumentou 16,8% face ao ano anterior, resultando num total de 12,5 mil casos (OMS, 2018).

A depressão é diagnosticada através da identificação de mudanças consistentes de humor que persistem por pelo menos duas semanas, ocorrendo durante a maior parte do dia, quase todos os dias. Os principais sintomas dessas alterações são acompanhados de fadiga e insônia, bem como perda de peso, tristeza profunda e pensamentos suicidas. Apesar da negação inicial, esta tristeza é muitas vezes traída por expressões faciais e comportamentos. No entanto, é importante notar que nem todos os casos de tristeza atendem aos critérios para depressão clínica (Cestari et al., 2017).

O estresse, que é uma alteração psicossocial, é um dos fatores que pode resultar da depressão e é considerado fator de risco para transtornos mais graves. Nos últimos anos, tem havido uma preocupação crescente com o bem-estar mental dos estudantes universitários, uma vez que estudos têm demonstrado um aumento tanto na gravidade como na frequência dos problemas de saúde mental entre esta população (Geraldo, 2020).

Os estudantes universitários muitas vezes se encontram em uma posição vulnerável no que diz respeito à sua saúde mental. Isso pode ser atribuído à exposição consistente a situações indutoras de estresse, como pressão de educadores e familiares, provas acadêmicas, apresentações, privação de sono, falta de tempo de lazer, planejamento para o futuro, atividades extracurriculares e estágios. Consequentemente, a probabilidade de desenvolver distúrbios psicológicos é maior entre estudantes universitários (Claudino; Cordeiro, 2017).

A prevalência do transtorno depressivo está aumentando e se tornou um tema de ampla discussão. Atualmente é considerada a principal causa de incapacidade em escala global. Além disso, existe a possibilidade de que, até 2030, se torne a segunda doença mais prevalente em todo o mundo. A saúde mental tornou-se assim a segunda questão mais premente na Agenda Nacional de Prioridades de Saúde. Os profissionais de enfermagem e os acadêmicos de enfermagem, constituem um grupo de indivíduos particularmente suscetíveis ao desenvolvimento de depressão, pois estão frequentemente expostos ao sofrimento humano, à dor, à alegria e à tristeza no atendimento aos necessitados.

Se os alunos desta área não receberem um diagnóstico preciso e tratamento adequado durante os anos acadêmicos, sua frustração profissional poderá levar à ausência de qualidade de vida. Sendo assim, detectar e tratar o sofrimento psicológico nesta população em tempo hábil é crucial para reduzir a prevalência de transtornos mentais. É imperativo monitorar e abordar esse sofrimento desde o início.

Apoiando as fontes teóricas mencionadas anteriormente, tem havido um aumento observável nos casos de doenças mentais. Portanto, é imprescindível examinar a frequência dessas patologias, a fim de auxiliar na identificação e tratamento de indivíduos que sofrem de sofrimento psíquico.

O trabalho em questão contribuiu significativamente para o aprofundamento do conhecimento, proporcionando uma compreensão mais profunda do assunto em questão. Serviu também para identificar até que ponto este tema está difundido e encorajou aquele que são os destinatários pretendidos deste estudo para se engajar na introspecção e comparar os resultados de pesquisas anteriores. O processo de investigação assume particular importância, pois procura reforçar a noção de autocuidado e sublinhar a importância do bem-estar mental.

A população enfrenta um problema de saúde pública que resultou em um aumento acentuado nas taxas de depressão. Isto é particularmente evidente na comunidade acadêmica, incluindo estudantes de graduação e educadores, bem como no próprio ambiente acadêmico.

Considerando as informações citadas, pode-se indagar: qual a taxa de ocorrência de indícios de depressão entre estudantes de enfermagem com base na literatura atualmente disponível?

O objetivo deste estudo foi examinar a incidência de sintomas de depressão entre estudantes de Enfermagem, conforme literatura existente.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Há uma grande necessidade de constatar problemas de saúde mental nos acadêmicos, uma vez que as diversas situações de seu cotidiano influenciam a vida na universidade. Deve -se conter programas voltados para uma orientação e o diagnóstico precoce de doenças mentais nos acadêmicos (Oliveira et al., 2019).

O cansaço, depressão, ansiedade, comportamento severo, aumento da pressão arterial, a falta de confiança, perda da capacidade são só alguns dos sintomas que muitos profissionais da saúde, incluindo principalmente Enfermeiros, adquirem pelo fato da profissão está como uma das mais estressante que se tem e podendo levar o profissional a cometer o suicídio (Souza, 2017).

Uma trajetória apaixonante e pioneira é a graduação em Medicina, onde requer uma grande dedicação, pois se tem bastante exigências vindas do currículo acadêmico para isso exige uma maturidade vinda dos acadêmicos ainda em seu primeiro ano na faculdade (Andrade et al., 2014). 

Custear os estudos a base de atividades remuneradas, fazem com que a vida acadêmica se torne mais competitiva e estressante, resultante de que os mesmos permitam que aconteça poucos os momentos de lazer entre família e amigos e requer novas adaptações e estratégias mediante às exigências que se apresentam (Brondani et al., 2018).

Diante do exposto, os universitários dos cursos da área da saúde se destacam com uma grande prevalência de sintomas depressivos e é mais elevada do que na população em geral. Dentre eles estão os acadêmicos dos cursos de Medicina e Enfermagem. Um estado preocupante no ambiente acadêmico se considerado que esses estudantes da área da saúde irão se preparar para exercerem o cuidado e a promoção da saúde, ficaremos diante de uma incoerência (Brito,2017).

A sobrecarga e o ambiente de trabalho, conflitos em casa são alguns dos fatores de risco para depressão em profissionais da saúde. Além de trabalhar com saúde, o profissional de Enfermagem, deve ser observado como um ser que também pode sofrer danos a própria saúde (Darlan et al., 2015).

O índice de ansiedade e depressão é bastante elevado nos estudantes. Contudo o uso do tabaco nos dois grupos acadêmicos mostra-se como um grande fator de risco para problemas de saúde mental. No entanto uma abordagem adequada a respeito do tema sobre tabagismo em cursos da área da saúde seria essencial para estes alunos e futuros profissionais (Fernandes et al, 2018).

Mulheres são duas vezes mais propensas relacionadas aos homens para sofrer de transtorno depressivo maior durante a sua vida e uma série de estudos têm mostrado que as mulheres tendem a apresentar mais sintomas (Reis, 2019).

Adolescentes que apresentam alguma sintomatologia depressiva já tiveram algum contato de provocações e bullying, que muitas das vezes ocorreu ainda em seu ambiente escolar (Coutinho, 2016).

3. METODOLOGIA

Para investigar o tema em questão, o estudo utilizará o método de revisão integrativa da literatura. Este método visa reunir e condensar de forma abrangente o conhecimento científico previamente produzido sobre o assunto. Envolve avaliar, sintetizar e pesquisar todas as evidências disponíveis para determinar como elas contribuem para o desenvolvimento do tema (Mendes, Silveira, Galvão, 2008).

O objetivo deste estudo de revisão de literatura de foi explorar e descrever um tópico específico com maior profundidade. Por meio de pesquisa explicativo-descritiva, o objetivo foi compreender melhor o tema e conectar ideias para compreender as causas e efeitos. A pesquisa foi realizada em diversas bases de dados, incluindo Scientific Electronic Library Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), além de artigos de bases de dados de instituições de ensino superior brasileiras e periódicos científicos.

Para examinar a infinidade de artigos disponíveis, alguns critérios foram implementados para restringir a pesquisa. Os artigos selecionados deveriam ser escritos ou traduzidos para o português nos últimos cinco anos, especificamente entre 2015 e 2020. Além disso, deveriam estar disponíveis gratuitamente para acesso gratuito e deveriam pertencer a estudos primários ou secundários sobre o tema relevante. Por outro lado, foram excluídos artigos completos disponíveis na literatura científica portuguesa e inglesa no período mencionado, bem como artigos que não se relacionavam com o tema, estavam fora do cronograma selecionado ou exigiam pagamento para acesso completo.

Inicialmente, a seleção dos artigos foi realizada por meio do exame minucioso dos títulos e resumos dos potenciais candidatos para determinar se atendiam aos critérios de inclusão.

Para realizar a revisão da literatura, quaisquer artigos duplicados que atendam aos critérios de elegibilidade e triagem serão eliminados. O programa Rayyan QCRI será utilizado para auxiliar no processo de seleção, e os trabalhos escolhidos serão apresentados conforme descrito no fluxograma de elegibilidade e triagem.

Das bases de dados mencionadas anteriormente, foram encontrados dois artigos científicos duplicados. No total, foram descobertos 315 artigos científicos no processo de busca. Após um exame superficial dos títulos e resumos, 300 artigos foram considerados impróprios para consideração posterior. Do conjunto restante, foram selecionados 15 artigos para uma leitura mais abrangente do texto completo. Foram acrescentados a este estudo quatro artigos que não atenderam aos critérios pré-estabelecidos para inclusão ou exclusão. O processo seguido para chegar a esses resultados está representado na Figura 1 por meio de um fluxograma.

Figura 1– Fluxograma de identificação, triagem, elegibilidade e inclusão.

Fonte: Autor (2020).

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

De acordo com a Tabela 1, foram descobertos 315 artigos nas bases de dados BVS e SciELO, sendo a base BVS responsável pela grande maioria dos estudos com 98,06% e a SciELO com 1,90%. Os anos de publicação variaram de 2015 a 2020. O foco da maioria das pesquisas foi de abrangência internacional, enquanto os estudos brasileiros representaram apenas 1,26% do total.

Tabela 1 – Distribuição do número de artigos encontrados, de acordo com as bases de dados pesquisadas. Fortaleza, Ceará (2020).

Bases de dados201520162017201820192020TOTAL GERAL

NNNNNN
BVS445135655658309
SciELO12126
Total445136675960315

Fonte: Dados coletados pelo autor (2023).

Abaixo, você encontrará o quadro sinóticas que descrevem os resultados da análise dos 4 artigos que foram incluídos nesta revisão.

Quadro 1. Artigos incluídos na revisão integrativa. Fortaleza, Ceará (2020).

AUTOR/ ANOTÍTULO DA PUBLICAÇÃOBASE DE DADOSOBJETIVOMETODOLOGIARESULTADOS
Facioli et al., 2020Depressão entre Estudantes de Enfermagem e sua Associação com a Vida AcadêmicaSciELOMedir os níveis de depressão entre estudantes de Enfermagem de uma instituição pública de ensino superior e a associação com aspectos da vida acadêmica.Estudo analítico e quantitativoOs autores do estudo relataram que uma proporção considerável dos participantes, cerca de 19,2%, apresentava níveis moderados a graves de depressão. Este estudo constatou que níveis mais elevados de depressão estavam fortemente correlacionados com ser do sexo feminino (p=0,003), trabalhar mais de 40 horas por semana (p=0,047), gastar mais de 90 minutos no deslocamento para atividades acadêmicas (p=0,043) e doze fatores acadêmicos exclusivos das rotinas da instituição sob observação.
Lima et al., 2019Prevalência da Depressão nos Acadêmicos da Área de SaúdeSciELOidentificar a prevalência de depressão nos acadêmicos dos cursos da área de saúde, medicina, enfermagem e odontologia em uma universidade particular do estado de Sergipe.Estudo quali-quantitativoDe acordo com o BDI, estudantes da área da saúde demonstraram níveis mais elevados de depressão do que outras populações da mesma idade. A depressão representa um risco para a sociedade e é crucial desenvolver políticas de saúde mental que incorporem medidas de apoio emocional, reestruturação curricular e atividades de autorregulação psicológica. Além disso, a criação de grupos de apoio psicológico aos estudantes pode ajudar a prevenir distúrbios psicológicos nestes futuros profissionais de saúde.
Ferreira et al., 2016Avaliação da Saúde Mental positiva de discentes de EnfermagemBVSO objetivo geral foi avaliar a saúde mental positiva dos discentes de enfermagem por meio do Questionário de Saúde Mental Positiva (QSM+) de Lluch (2003) traduzido e adaptado para o português (Carvalho & Sequeira, 2009) que visa avaliar a capacidade do aluno em termos de gestão das variáveis positivas que integram a saúde mental.Pesquisa quantitativa exploratóriaDe acordo com os autores investir em estratégias que promovam o bem-estar dos estudantes de enfermagem durante a sua formação é crucial. Isso garante que eles mantenham um equilíbrio saudável diante dos desafios ocupacionais em suas vidas profissionais. Além disso, é imperativo aumentar a conscientização sobre a importância da prestação de cuidados.
Mesquita et al., 2016Depressão entre estudantes de cursos da área da saúde de uma universidade em Mato GrossBVSidentificar a tendência depressiva entre acadêmicos dos cursos de saúde de uma universidade públicaEstudo transversal, descritivo com abordagem quantitativaOs objetivos em questão deixam claro que os estudantes de enfermagem, em geral, expressam contentamento com as suas experiências. Menos de metade deles afirmam ter confiança em si próprios e muitas vezes consideram difícil lidar com o stress. Embora sejam excelentes em ouvir os outros, suas vidas pessoais podem ser ilusórias. Aqueles que estão inclinados a ajudar os outros tendem a se destacar na criação e manutenção de conexões pessoais sem esforço.


De acordo com a pesquisa “Prevalência de Depressão em Acadêmicos da Área da Saúde”, o grupo feminino apresentou o maior percentual de sintomas relacionados à depressão, perfazendo um total de 29%. Ao combinar os grupos masculino e feminino, o percentual geral de sintomas depressivos atingiu 71,02%, sendo o segundo maior índice entre todos os cursos (Lima et al.,2019).

Lima ainda relata que a amostra estudada apresentou prevalência significativa de depressão entre estudantes da área da saúde. O estudo constatou que 33,7% dos estudantes apresentavam transtornos mentais, incluindo depressão, e não houve diferenças significativas na prevalência de depressão entre os cursos. A faixa de prevalência de depressão em estudantes de medicina variou de 25,6% a 35,6% em estudos anteriores. Uma revisão sistemática avaliou 29 estudos realizados em escolas médicas na Grã-Bretanha, na Europa e na população de língua inglesa fora da América do Norte, revelando uma faixa de prevalência de 6,0% a 66,5% para depressão (Lima et al., 2019).

Sendo apresentados os maiores índices de sintomas depressivos. Isto apoia ainda mais um estudo anterior que investigou as experiências clínicas e sociodemográficas de 661 estudantes de enfermagem, onde se descobriu que os estudantes de enfermagem tinham 1,7 vezes mais probabilidade de relatar depressão do que os seus pares na área da saúde mental. Além disso, os estudantes do segundo ano que estavam iniciando o ciclo de prática clínica tinham 4,7 vezes mais probabilidade de relatar depressão do que os estudantes do quarto ano (Lima et al., 2019).

As conclusões tiradas são fundamentadas pela avaliação das expectativas dos estudantes de enfermagem para o estágio supervisionado na unidade de centro cirúrgico. O resultado desta experiência indicou um aumento nas taxas de depressão. Isso se deveu à desilusão com os cenários práticos, à sensação de ser negligenciado e impotente na ausência de preceptores e à falta de oportunidades de aprender. Além disso, havia fatores adicionais da vida social e familiar dos alunos que contribuíram para o resultado.

Com base nos achados de Mesquita et al. (2016) o curso de enfermagem apresenta maior número de alunos suscetíveis à depressão com taxa de prevalência de 55%. Nesse grupo, 32% apresentaram sinais de depressão leve, 16% apresentaram sinais de depressão moderada e 7% apresentaram sinais de depressão grave. Os dados estatísticos relativos à prevalência e gravidade da depressão entre estudantes de enfermagem são precisos e inequívocos.

Avaliar a saúde mental dos estudantes do ensino superior tornou-se uma tarefa importante, e o questionário de Saúde Mental Positiva é um instrumento crucial para o conseguir. É também uma ferramenta essencial para a prática clínica, pois permite determinar a resiliência dos indivíduos às adversidades e identificar aqueles que são mais vulneráveis ​​aos problemas de saúde mental (Mesquita et al., 2016).

Este estudo traz à luz uma nova perspectiva sobre a importância da avaliação da Saúde Mental Positiva, uma vez que está integrada no quadro da Promoção da Saúde Mental, que tem sido uma prioridade máxima para inúmeras organizações reconhecidas internacionalmente há vários anos. Estes resultados sublinham a necessidade de intervenções que visem a promoção da saúde mental dos estudantes de enfermagem, particularmente em termos de saúde mental positiva. Estas intervenções devem centrar-se no aumento da auto-estima, no incentivo à autonomia e no desenvolvimento de capacidades de resolução de problemas, aspectos vitais na prevenção da ansiedade e da depressão.

Em seu estudo, Ferreira et al. (2016) discutem a prevalência de sintomas de ansiedade entre estudantes determinada pelo questionário QSM+. Os autores relatam que 46,8% dos participantes apresentaram sintomas de ansiedade e tiveram dificuldade para lidar com o estresse, indicando uma proporção significativa de estudantes afetados por esse problema.

Sendo assim, é imprescindível que invistamos em estratégias que ajudem a promover a saúde dos estudantes de enfermagem durante a sua formação, para que possam ter maior equilíbrio na vida profissional e lidar com as demandas do seu ambiente de trabalho. Além disso, há necessidade de conscientizar sobre a importância do cuidado na promoção da saúde mental (Ferreira et al., 2016).

Os achados do estudo de Facioli et al. (2020) diferem de outras pesquisas, ainda que tenha sido utilizado o mesmo instrumento, o Inventário de Depressão de Beck, juntamente com o mesmo ponto de corte para mensurar a prevalência de sintomas depressivos. Apesar de a amostra utilizada no estudo ser composta por estudantes de graduação em Enfermagem, os distintos contextos institucionais envolveram variáveis ​​específicas e variadas.

De acordo com as citações citadas, a pontuação da escala de fatores acadêmicos parece estar ligada ao surgimento da depressão. Assim, existe uma correlação entre a forma como os estudantes percebem suas rotinas e atividades diárias na instituição e a presença de sintomas de depressão. Essa associação indica que estudantes que vivenciam dificuldades nas atividades acadêmicas tendem a apresentar depressão moderada a grave, ou o inverso pode ser verdadeiro. Vale ressaltar que determinar possíveis causas ou efeitos é difícil, visto que estudos transversais apresentam limitações. Ensaios clínicos randomizados ou estudos longitudinais forneceriam evidências mais confiáveis.

Descobriu-se que a depressão é mais prevalente entre indivíduos que atendiam a determinados critérios demográficos. Esses critérios incluíam ser identificado como mulher, ter deslocamento superior a 90 minutos para atividades acadêmicas e trabalhar mais de 40 horas semanais.

A prevalência de depressão entre estudantes do sexo feminino é maior do que entre estudantes do sexo masculino, um padrão que reflete a população em geral. No entanto, deve-se notar que não existem dados distintos ou novos relativos à instituição específica ou aos estudantes de Enfermagem em questão.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A prevalência de sintomas depressivos e ansiosos entre estudantes de enfermagem foi elevada, conforme revela o estudo. Em particular, 46% dos estudantes apresentaram sintomas depressivos, com maior incidência entre os dos primeiros semestres. Além disso, a prevalência de sintomas depressivos menores apresentou correlação negativa com os escores de qualidade de vida.

Este estudo abordou com sucesso a questão norteadora e o objetivo, ressaltando a importância de explorar a qualidade de vida vivenciada pelos estudantes. Ressalta-se a importância da realização de pesquisas sobre esse tema, pois pode contribuir para o aumento de sua produtividade.

É significativo reconhecer que os estudantes de hoje se tornarão os profissionais de amanhã e, como tal, é imperativo que mantenham um bom bem-estar físico e psicológico. Isso lhes permitirá aplicar os conhecimentos adquiridos durante a formação universitária com cuidado e precisão aos seus pacientes.

A investigação sobre doenças relacionadas com o meio académico é significativa para aumentar a consciencialização e fornecer novos conhecimentos tanto aos estudantes como aos prestadores de cuidados de saúde. O objetivo final é estabelecer confiança nas relações enfermeiro-paciente, levando ao desenvolvimento de planos de tratamento personalizados que sejam eficazes e compassivos. Portanto, é crucial abordar estas patologias com uma atitude empática e orientada para resultados, garantindo que os pacientes recebam cuidados da mais alta qualidade.

REFERÊNCIAS

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1 Enfermeira. Especialista em Saúde mental (UECE). e-mail: alinemesquita90@gmail.com

2 Enfermeira. Especialista em atenção Primária com Ênfase na Estratégia Saúde da família (FAHol). e-mail: beatrisvasconcelos123@gmail.com