PREVALÊNCIA DE SINTOMAS DE DEPRESSÃO EM IDOSOS ASSISTIDOS PELA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DE ITAIPULÂNDIA – PR

PREVALENCE OF DEPRESSION OF OLDER ADULTS ASSISTED BY THE FAMILY HEALTH STRATEGY OF ITAIPULÂNDIA – PR

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8015781


Aléxia Vitória Borges¹
Patricia Caroline Possatto²
Silviane Galvan Pereira³
Beatris Tres4


RESUMO

Introdução: A depressão em idosos é um transtorno mental com grande impacto funcional. Apresenta uma série de fatores de risco, como condições socioeconômicas e condições de saúde instáveis. A depressão é frequentemente ignorada nos idosos, visto que, os profissionais de saúde geralmente confundem os sintomas depressivos com manifestações do processo de envelhecimento. Objetivo: Identificar a prevalência de sintomas de depressão e verificar associação com fatores sociodemográficos e condições de saúde em idosos cadastrados na Estratégia de Saúde da Família de Itaipulândia – Paraná. Método: Estudo transversal de abordagem quantitativa, realizado com 146 idosos acima de 60 anos, residentes em Itaipulândia – PR. Foi utilizado inquérito domiciliar, com variáveis sociodemográficas, condições de saúde e a Escala de Depressão Geriátrica. Os dados foram analisados através de estatística básica por meio do Excel. Resultados: A prevalência dos sintomas de depressão nos idosos foi de 16%. Quando realizada a análise, a baixa escolaridade, déficit visual, uso de quatro ou mais medicamentos diários e as patologias: Hipertensão Arterial, Diabetes Mellitus, Catarata nos olhos e Labirintite foram associadas aos sintomas depressivos nos idosos. Conclusão: A equipe de enfermagem deve estimular o autocuidado ao paciente depressivo, prevenindo os agravos e efeitos negativos da depressão para a saúde e qualidade de vida do idoso. É extremamente importante o atendimento personalizado e individualizado, visando o diagnóstico precoce e o tratamento efetivo rapidamente.

Palavras chaves: Depressão em idosos; Enfermagem; Cuidados primários de Saúde.

INTRODUÇÃO

O envelhecimento é um acontecimento natural, fisiológico, gradual e irreversível, acompanhado por várias alterações funcionais, como alterações psicológicas e motoras, além do aumento na prevalência de doenças (MACIEL, 2010; SOUZA et al., 2009).

Entre as principais patologias que acometem os idosos, podemos citar: Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), doenças cerebrovasculares e diabetes mellitus tipo 2. Além disso, na parte psicológica, a doença que mais é diagnosticada nos idosos é a depressão, o que demostra preocupação para a saúde pública, pois uma depressão não tratada corretamente pode resultar em suicídio. “No Brasil, a prevalência de depressão entre as pessoas idosas varia de 4,7% a 36,8%” (CARDOSO, et al., 2018).

É necessária a avaliação da capacidade funcional e autonomia dos idosos, isto permite aos profissionais da saúde compreender melhor aquele idoso como um todo, não o avaliando somente por sua patologia. Sendo analisado dessa forma, abrangem-se todos os aspectos da vida desse idoso. É de extrema importância a independência na realização das Atividades de Vida Diária (AVDs), pois envolve questões emocionais, físicas e sociais, proporcionando melhor qualidade de vida aos idosos (VEIGA et al., 2016).

Na velhice ocorre o aumento da prevalência de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), que são as principais causas da mortalidade e incapacidade no mundo todo (CAMPOLINA, et al., 2013; SILVA et al., 2018).

A depressão está entre essas doenças, interferindo totalmente em vários aspectos da vida do idoso, deixando-o sem autonomia e dificultando suas atividades diárias, sendo a desordem mais comum nessa faixa etária (COHEN; PASKULIN e PRIEB, 2015).

São vários os fatores que levam a depressão, podendo ser biológicos, psicológicos e/ou sociais, e podem atuar simultaneamente levando a doença. Fatores biológicos, como a presença de depressão em outros membros da família podem ser considerados fatores alarmantes por conta da genética, enquanto fatores psicológicos e sociais, por exemplo, término de um relacionamento, perda de um ente querido, perda de suporte social, pode ressaltar um episódio de depressão. Sabe-se que na depressão há alterações no equilíbrio dos sistemas químicos do cérebro, principalmente nos neurotransmissores noradrenalina e serotonina (RENNÓ, 2016).

A população idosa é mais vulnerável para problemas de saúde, e os transtornos mentais são frequentes entre eles, com destaque para a depressão e os sintomas depressivos. É caracterizado pela presença de humor em grande parte depressivo e/ou irritável e diminuição da capacidade de sentir prazer ou alegria, pode estar presente uma sensação de cansaço e/ou fadiga, acompanhados de alterações do sono e apetite, desinteresse, pessimismo, lentidão e ideia de fracasso (LIMA et al., 2016).

Embora não seja habitual, é frequente o diagnóstico de depressão nos idosos. Conforme o avanço da idade, os sintomas depressivos podem se mascarar em queixas de outras doenças, o que precisa ser minuciosamente analisado pelos profissionais de saúde. É extremamente importante, que a pessoa idosa saiba de sua patologia, que seja orientada de como proceder com o tratamento corretamente, para promover sua própria saúde e ter uma qualidade de vida melhor, com isso, o idoso consegue ter mais autonomia e evitar outras doenças que podem desencadear com a depressão (ANDRADE; FERREIRA e AGUIAR, 2016).

Pelos sintomas da depressão serem confundidos com os de envelhecimento, cerca de 50% dos idosos que tem depressão não são diagnosticados corretamente. Alguns sintomas como fadiga, sono, falta de disposição, até mesmo falta de apetite podem resultar em uma falha de diagnóstico pelo fato do processo de envelhecimento ter alguns ou todos esses fatores (SOUSA et al., 2017).

Diante desse cenário, a questão de estudo será: Qual a prevalência de sintomas de depressão em idosos assistidos pela Unidade de Estratégia de Saúde da Família Central no município de Itaipulândia – PR?

Com o passar dos anos e o avanço da tecnologia, diversos diagnósticos tiveram que ser revistos. Para muitos autores, ocorreu um aumento da incidência dessas patologias, porém, pode ser nada mais que o diagnóstico correto que havia sido ignorado no passado. Também estamos nos tornando cada vez mais capitalistas, o que automaticamente faz com que as pessoas trabalhem mais, e consequentemente há aumento de transtornos de humor, principalmente episódios depressivos (GABBARD, 2007).

Nos idosos, a prevalência de depressão varia entre 2-50%, com fatores de risco sendo: etilismo, presença de doenças crônicas, baixos níveis socioeconômicos, sexo feminino, histórico familiar de depressão e viver sozinho. No Sul do Brasil, no estudo de Gullich, Duro e Cesar, (2016) a prevalência de depressão foi de 20,4%, sendo considerada elevada nos padrões nacionais.

Assim, esta pesquisa se justifica por identificar a prevalência de sintomas de depressão em idosos, para que assim possa se buscar alternativas de promoção e prevenção á saúde mental desses idosos, proporcionando tratamento adequado e efetivo, que pode ser além da terapia medicamentosa, para que a depressão não evolua para um possível suicídio.

OBJETIVO

Identificar a prevalência de sintomas de depressão e associação com fatores sociodemográficos e condições de saúde em idosos cadastrados na Unidade de Estratégia da Família Central de Itaipulândia – PR.

METODOLOGIA

Essa pesquisa é de caráter transversal de abordagem quantitativa. Segundo Medronho et al., (2009) o método quantitativo se caracteriza pelo emprego de quantificações tanto na modalidade de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas de estatísticas desde as mais simples como média, desvio-padrão, percentual, até as mais complexas. A pesquisa transversal pode ser de prevalência ou incidência, e investiga determinada doença em grupos de casos novos (ROUQUAYROL; GURGEL, 2013).

O estudo foi realizado no município de Itaipulândia que está situado na região Oeste do estado do Paraná. O município possui uma extensão territorial de 327,728 km² e limita-se com os seguintes municípios: Santa Helena, Missal, Medianeira, São Miguel do Iguaçu, Foz do Iguaçu, e a Oeste, com o Lago de Itaipu e na Cidade do Leste, no Paraguai (ITAIPULANDIA, 2022).

De acordo com o Censo de 2010, o município possui 11385 habitantes, na sua maioria jovem, numa faixa entre 20 a 40 anos. A maior parte da população se encontra na área urbana (IBGE, 2010).

Atualmente o município possui uma Unidade de Estratégia Saúde da Família (Central), com 5.394 pessoas cadastradas, sendo 888 idosos. Estes compõem 16% dos pacientes da ESF.

A população do estudo foi composta de paciente idosos cadastrados na Unidade de Estratégia da Família Central, através do sistema SIGGS (Sistema Integrado de Gestão de Serviços de Saúde) (N = 888 pacientes). A pesquisa foi realizada nos domicílios de pacientes selecionados de maneira aleatória, com 60 anos ou mais, de ambos os sexos, residindo de forma permanente, nas áreas urbanas cobertas pela ESF Central do município de Itaipulândia – PR.

Considerando a população de 888 pacientes idosos, erro amostral de 5% e nível de confiança em 90% a amostra foi constituída de 146 pacientes.

As especificações dos pacientes foram:

  1. Pacientes com idade igual ou maior que 60 anos;
  2. Pertencentes a área de abrangência da ESF Central de Itaipulândia;
  3. Que aceitaram participar do estudo e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).

Os critérios de exclusão da pesquisa foram pacientes com idade inferior a 60 anos, e pacientes que não quiseram e/ou não assinaram o TCLE.

Para a coleta de dados foram utilizados questionários fechados, com dados sociodemográficos, condições de saúde e a Escala de Depressão Geriátrica.

Foi utilizado o questionário adaptado de Pereira (2015) retirado da dissertação instituída “Fatores de risco extrínsecos para quedas no domicílio de longevos assistidos pela estratégia de saúde da família”, do item 1-17, sobre os dados sociodemográficos e condições de saúde.

No Brasil, a prevalência de depressão entre os idosos varia de 4,7 a 36,8%, dependendo do instrumento utilizado e dos pontos de corte para detectar os sintomas. Portanto, se faz necessário pesquisa-la sistematicamente entre os idosos e um dos instrumentos que podem ser utilizados para esse fim é a Escala de Depressão Geriátrica (EDG) validada no Brasil (ALVARENGA; OLIVEIRA; FACCENDA, 2012).

Para a identificação dos sintomas depressivos foi utilizado a Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage, desenvolvida em 1983, sendo usado nesse estudo o modelo mais atualizado, de acordo com a literatura este é um dos instrumentos mais comuns utilizados para o rastreamento de depressão entre a população idosa. A Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage, versão ampliada, consiste em 30 itens com questões fechadas: “sim ou não”. Sua pontuação total é de 30 e pontuação maiores ou iguais a 11 são indicativas de depressão (REICHEL et al., 2001).

A pesquisa foi realizada com base nos idosos cadastrados na ESF Central. Foi solicitada uma lista dos idosos cadastrados, realizado cálculo amostral tivemos 146 idosos que foram selecionados de forma aleatória para aplicação da pesquisa. Após a leitura e assinatura do TCLE, os dados foram coletados por inquérito domiciliar.

No caso de impossibilidade do idoso em responder o questionário, foi entrevistado o cuidador ou responsável pelo mesmo.

Para análise dos dados coletados através do inquérito domiciliar, as informações foram tabuladas em um arquivo Excel para análise quantitativa.

Sendo assim utilizados os métodos de estatística básica, tais como média, moda e desvio padrão, entre outros.

Seguindo os preceitos éticos estabelecidos pela Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde do Brasil, o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Uniguaçu – União de Ensino Superior do Iguaçu LTDA. (CAAE 64691922.9.0000.0107) (Anexo B). Todos aqueles que aceitaram participar do estudo assinaram, juntamente com o pesquisador, duas vias, do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, sendo que uma via assinada ficou em posse do participante da pesquisa e a outra em posse do pesquisador responsável.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A tabela 1 apresenta as características sociodemográficas dos 146 idosos estudados, e dos 23 idosos que apresentaram sintomas depressivos, respectivamente. Do total de idosos, a maioria eram do sexo feminino (61%), se autodeclaravam brancos (79,5%), eram casados (60,3%) e residiam com familiares (83,6%). A maior parte dos idosos tem entre 60 a 69 anos, sendo 42,4%. Em relação a escolaridade, a maioria dos idosos (80,8%) estudaram de 1 a 4 anos. Nos idosos com sintomas de depressão, que foram 23 (16%), a maioria é do sexo feminino (69,6%), se autodeclaravam brancos (73,9%), eram casados (52,2%) e 78,3% moravam com familiares. A maioria estudou de 1 a 4 anos (78,3%) e a maior parte estavam na faixa etária de 60 a 69 anos (47,8%). (Tabela 1).

Tabela 1 – Distribuição dos idosos no total e idosos com sintomas de depressão, segundo variáveis sociodemográficas. Itaipulândia – PR, 2023.


TOTAL DE IDOSOSTOTAL DE IDOSOSIDOSOS COM SINTOMAS DEPRESSIVOSIDOSOS COM SINTOMAS DEPRESSIVOS
VARIÁVEISFREQUÊNCIA (N)PORCENTAGEM (%)FREQUÊNCIA (N)PORCENTAGEM (%)
FEMININO89611669,6
MASCULINO5739730,4
FAIXA ETÁRIA: 60-69 ANOS6242,41147,8
70-79 ANOS5537,6521,8
80 ANOS OU MAIS2920730,4
COR DE PELE: BRANCA11679,51773,9
PRETA42,714,4
PARDA2617,8521,7
SITUAÇÃO CONJUGAL:



CASADO(A), COM COMPANHEIRO (A)8860,31252,2
SOLTEIRO (A)42,714,3
DIVORCIADO (A)1913313,1
VIÚVO (A)3524730,4
ESCOLARIDADE: ANALFABETO53,414,3
1 A 4 ANOS DE ESTUDO11880,81878,3
5 A 8 ANOS DE ESTUDO2013,7417,4
12 ANOS OU MAIS32,1

COM QUEM RESIDE



SOZINHO2416,4521,7
FAMILIARES12283,61878,3
TOTAL:14610023100

Fonte: Dados da Pesquisa – Itaipulândia, 2023 (Estratégia de Saúde da Família).

Em relação às condições de saúde da população total estudada, as principais doenças relatadas foram: Hipertensão Arterial (63,7%); Catarata nos olhos (30,8%); Labirintite (29,5%) e Diabetes Mellitus (28,8%). A maioria deambula sozinha (92,5%) e 76% tem déficit visual. A maior parte dos idosos utiliza quatro ou mais medicamentos por dia (44,5%). A maioria relatou não ter tonturas/vertigens (61%), nem déficit auditivo (71,2%). Dos indivíduos, 58,9% relataram não ter fraqueza nas pernas e 64,4% não tiveram nenhuma queda no último ano. A maioria dos idosos relatou não ingerir bebidas alcoólicas (57,5%). Nos idosos com sintomatologia depressiva, foram avaliadas as seguintes condições de saúde: a maioria deambula sozinha (82,6%), tem déficit visual (73,9%), 52,2% relataram ter tonturas/vertigens e 56,5% fraqueza nas pernas. As principais doenças encontradas foram: Hipertensão Arterial (65,2%); Diabetes Mellitus (43,5%); Catarata nos olhos (39,1%) e Labirintite (34,8%). A maioria dos idosos (52,2%) relatou fazer uso de quatro ou mais medicamentos diários. A maioria relatou não ter déficit auditivo (52,2%) e 65,2% negaram ter tido quedas no último ano. 65,2% também relataram não fazer uso de álcool (Tabela 2).

Tabela 2 – Distribuição dos idosos no total e idosos com sintomas de depressão, segundo condições de saúde. Itaipulândia – PR, 2023.


TOTAL DE IDOSOSTOTAL DE IDOSOSIDOSOS COM SINTOMAS DEPRESSIVOSIDOSOS COM SINTOMAS DEPRESSIVOS
VARIÁVEISFREQUÊNCIA (N)PORCENTAGEM (%)FREQUÊNCIA (N)PORCENTAGEM (%)
DEAMBULAÇÃO INDEPENDENTE:



SIM13592,51982,6
NÃO117,5417,4
SE DEPENDENTE, DISPOSITIVO DE AUXÍLIO A LOCOMOÇÃO:



BENGALA545,4375
MULETAS327,3

ANDADOR19,1

CADEIRA DE RODAS218,2125
USO DE MEDICAÇÃO: NENHUMA191328,7
UMA149,614,3
DUAS2315,814,3
TRÊS2517,1730,5
QUATRO OU MAIS6544,51252,2
PRESENÇA DE DOENÇAS:



HIPERTENSÃO9363,71565,2
CATARATA4530,8939,1
LABIRINTITE4329,5834,8
DIABETES4228,81043,5
ARTRITE/ARTROSE/REUMATISMO3423,3521,7
LOMBALGIA3121,2417,4
DOENÇAS CARDIOVASCULARES2819,2730,4
OSTEOPOROSE1711,6

NENHUMA1711,614,3
CÂNCER1510,328,7
DOENÇA RENAL128,228,7
DOENÇAS RESPIRATÓRIAS128,228,7
PROBLEMAS CIRCULATÓRIOS EM MMII106,814,3
PARKINSON53,428,7
ALZHEIMER42,714,3
DÉFICIT VISUAL: SIM111761773,9
NÃO3524626,1
DÉFICIT AUDITIVO: SIM4228,81147,8
NÃO10471,21252,2
TONTURAS/VERTIGENS: SIM57391252,2
NÃO89611147,8
FRAQUEZA NAS PERNAS: SIM6041,11356,5
NÃO8658,91043,5
HÁBITO – USO DE ÁLCOOL:



NUNCA BEBEU8457,51565,2
BEBE 1 VEZ NA SEMANA5739,1834,8
BEBE ÁLCOOL TODOS OS DIAS53,4

HISTÓRIA DE QUEDAS NO ÚLTIMO ANO:



SIM5235,6834,8
NÃO9464,41565,2
ESCALA DE DEPRESSÃO GERIÁTRICA DE YESAVAGE



MENOR QUE 11 (SEM SINTOMATOLOGIA DEPRESSIVA)12384

MAIOR OU IGUAL A 11 (COM SINTOMATOLOGIA DEPRESSIVA)2316

Fonte: Dados da Pesquisa – Itaipulândia, 2023 (Estratégia de Saúde da Família).

Neste estudo, a prevalência de sintomas de depressão em idosos foi de 16%. Bretanha et. al (2015) teve um resultado semelhante no município de Bagé – Rio Grande do Sul, onde 18,0% dos idosos atendidos na Atenção Básica apresentaram sintomas de depressão.

Outro resultado comparado foi o de Gullich, Duro e Cesar (2016) que constatou prevalência de depressão segundo a EDG-15 na população estudada de 20,4% no município de Arroio Trinta, Santa Catarina.

Além dos sintomas comuns da depressão nos idosos, podem haver queixas somáticas: tendência autodepreciativa, alteração do sono e do apetite, hipocondria, baixa auto-estima, ideação paranóide e pensamentos suicidas (STELLA et al., 2002).

Conforme Ramos et al. (2019), na população idosa um dos transtornos psiquiátricos mais recorrentes é a depressão, além de quadros de ansiedade e queixas intensificadas de outras doenças se tornarem mais comuns.

A depressão pode ter causas relacionadas a perda da capacidade de aprendizagem, perda de um ente querido, além da perda da capacidade de realizar atividades físicas, entre outros. Já alguns dos fatores positivos, que protegem o aparecimento da depressão, podem ser prática de atividades sociais, prática de atividade física, participação em atividades religiosas, entre outros (GULLICH; DURO; CESAR, 2016).

Os profissionais de saúde sempre devem se manter atualizados sobre diagnósticos, etiologia e características principais da doença, pois tem importante papel no cuidado em todos os níveis de saúde. Assim como, possuem o compromisso de produzir conhecimento científico que fundamente suas ações e norteiem sua prática (CANTÃO et al., 2015).

A confiança depositada pelo paciente na prescrição, equipe de saúde, ou médico é um fator muito importante para a adesão ao tratamento. O tratamento usado para tratar essa população inclui a terapia medicamentosa com antidepressivos (AD). É realizado com a administração de medicamentos que pertencem a uma das seguintes classes: antidepressivos tricíclicos (ADTs), inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRSs), inibidores seletivos da recaptação da serotonina e noradrenalina (ISRSNs), inibidores da monoaminooxidase (iMAOs) e os antidepressivos atípicos (ISTILLI et al.,2010).

Os sintomas da depressão além de prejudicar o desempenho da pessoa acometida em diversas funções, também prejudica o autogerenciamento de medicamentos prescritos, principalmente nos idosos, que pode prejudicar a adesão ao tratamento. Além de que as medicações podem ser usadas como ferramenta para tentativas de suicídio (IBANEZ et al., 2014)

É de extrema relevância identificar a forma que as pessoas tem envelhecido: aumenta cada vez mais o número de idosos residindo sozinhos, com doenças crônicas e sérias limitações de capacidade funcional, além de que muitos continuam trabalhando com importante papel na família, mas sendo mal remunerados (SANTOS, 2022.)

Segundo Almeida et al. (2015) no Brasil, cerca de 24 a 30 milhões de pessoas apresentam, apresentaram ou apresentarão pelo menos um episódio de depressão ao decorrer da vida, segundo Almeida et al. (2015).

A atuação da enfermagem deve ser a de estimular o autocuidado, independentemente da idade do paciente acometido pela doença. O cuidado que cada idoso demanda é diferente, pois cada um tem um estágio de comprometimento neural variado, de modo que a assistência do enfermeiro deve ser específica e individualizada para cada paciente (BRETANHA et al., 2015).

CONCLUSÃO

Neste estudo a prevalência de sintomas depressivos foi de 16%. A baixa escolaridade, o uso de quatro medicações ou mais por dia, Hipertensão Arterial, Diabetes Mellitus, Catarata e Labirintite, déficit visual, tonturas/vertigens e fraqueza nas pernas foram associadas a sintomas depressivos em idosos. Sendo assim, se evidencia a necessidade do diagnóstico e tratamento precoce e correto da depressão, prevenindo seus agravos e efeitos negativos para a saúde e qualidade de vida do idoso.

Também é de suma importância a prática de atividades sociais com os idosos em diferentes tipos de atividades, para a prevenção ou tratamento da depressão. A prática de atividade física, alimentação saudável e socialização é um ponto muito positivo para a saúde física e mental dos idosos, além do autogerenciamento correto da medicação prescrita.

PREVALENCE OF DEPRESSION OF OLDER ADULTS ASSISTED BY THE FAMILY HEALTH STRATEGY OF ITAIPULÂNDIA – PR

ABSTRACT

Introduction: Depression in the elderly is a mental disorder with great functional impact. It presents a series of risk factors, such as socioeconomic conditions and unstable health conditions. Depression is often ignored in the elderly, since health professionals often confuse depressive symptoms with manifestations of the aging process. Objective: To identify the prevalence of symptoms of depression and to verify the association with sociodemographic factors and health conditions in elderly people registered in the Family Health Strategy of Itaipulândia – Paraná. Method: Cross-sectional study of quantitative approach, carried out with 146 elderly above 60 years old, residents in Itaipulândia – PR. A household survey was used, with sociodemographic variables, health conditions and the Geriatric Depression Scale. The data were analyzed by basic statistics through Excel. Results: The prevalence of depression symptoms in the elderly was 16%. When analyzed, low education, visual deficit, use of four or more daily medications and the following pathologies: hypertension, diabetes mellitus, cataract in the eyes and labyrinthitis were associated with depressive symptoms in the elderly. Conclusion: The nursing team must stimulate self-care to the depressed patient, preventing the aggravations and negative effects of depression on the health and quality of life of the elderly. It is extremely important to provide personalized and individualized care, aiming at early diagnosis and effective treatment quickly.

Keywords: Depression in the elderly; Nursing; Primary Health Care.

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Acadêmica concluinte do curso de bacharelado em Enfermagem da Faculdade Uniguaçu¹
E-mail: alexiavitoriaborges@outlook.com

Acadêmica concluinte do curso de bacharelado em Enfermagem da Faculdade Uniguaçu²
E-mail: patriciapossatto3@hotmail.com

Orientadora do presente trabalho. Enfermeira, Doutora em Ciências da Saúde. Silviane Galvan Pereira. ³
E-mail: sil_galvan@hotmail.com

Enfermeira. Especialista em Saúde do Adulto e Idoso, Unidade de Terapia Intensiva e Gestão Hospitalar. Coordenadora do Curso de Enfermagem da Faculdade Uniguaçu4
E-mail: beatris.tres@hotmail.com