PREVALÊNCIA DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS

PREVALENCE OF CARDIOVASCULAR DISEASES IN UNIVERSITY PROFESSORS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202410311851


Raianny Alves dos Santos1; Luarah R. Siriano1; Mickaelly A. D. Batista1; Diogo S. Menezes1; Lais C. Silva1; Rodrigo De Faveri Moreira2; Anna Livia M. Araujo3; Jacqueline A. P. Takada3; Rafaela C. Alves3; Elizângela Sofia Ribeiro Rodrigues3


RESUMO:

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde as doenças cardiovasculares são definidas como um grupo de doenças do coração e dos vasos sanguíneos, podendo incluir patologias como doenças coronarianas, cerebrovasculares, arteriais periféricas, trombose venosa, embolia pulmonar entre outras. Dados da Organização Mundial de Saúde mostram que as doenças cardiovasculares são responsáveis pelas maiores taxas de morbimortalidade em todo o mundo, incluindo o Brasil, cerca de 18 milhões de pessoas morrem anualmente por doenças cardiovasculares. Existe uma variedade de fatores de risco que podem ser responsáveis pelo desenvolvimento destas doenças, como o tabagismo, a hipertensão arterial sistêmica, o diabetes mellitus, as dislipidemias e hábitos deletérios, tais como o tabagismo, hábitos alimentares riscos em gorduras ruins e carboidratos, o alcoolismo, o sedentarismo e o estresse. O objetivo deste estudo foi identificar a prevalência de doenças cardiovasculares em docentes da Universidade de Gurupi – UnirG. A pesquisa foi desenvolvida com um questionário virtual composto por questões sobre doenças cardiovasculares, que foi disponibilizado aos docentes via Google Forms. Foram avaliados 69 professores quanto aos aspectos demográficos, condições de trabalho, histórico familiar e hábitos de saúde, para determinar os fatores referentes a doenças cardiovasculares nesses profissionais. Observou-se que 62.3% tem carga horária profissional excessiva, 18.84% são considerados obesos, e 29% foram diagnosticados com alguma doença cardiovascular. Tais achados enfatizam a necessidade de medidas preventivas e terapêuticas direcionadas para profissionais do ensino superior.

Palavras-chave: Doenças Cardiovasculares. Docentes Universitários. Fatores de Risco. Prevenção. Tratamento.

1 INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, as doenças cardiovasculares englobam um conjunto de condições que afetam o coração e os vasos sanguíneos, como doenças coronarianas, cerebrovasculares, arteriais periféricas, trombose venosa e embolia pulmonar, entre outras (OPAS-OMS, 2024). A Organização Mundial da Saúde aponta que essas doenças são a principal causa de morte no mundo, incluindo o Brasil, sendo responsáveis por aproximadamente 18 milhões de óbitos anuais (CD, 2024; DAHLÖF, 2010).

No século XX, já se previa que as doenças cardiovasculares seriam responsáveis por um número significativo de mortes e incapacitações ao redor do mundo até 2020, o que de fato se concretizou. Além disso, é importante considerar que essas doenças afetam predominantemente países em desenvolvimento. Esse fenômeno pode ser explicado pelo aumento da expectativa de vida, mudanças socioeconômicas e estilo de vida associado à urbanização, além de certas populações serem mais suscetíveis a essas enfermidades (CORREIA; CAVALCANTE, 2010; GAZIANO et al., 2006).

O Ministério da Saúde informa que em 2022, cerca de 400 mil pessoas morreram no Brasil devido a problemas cardiovasculares e em 2021, aproximadamente 411 mil óbitos foram causados pela Covid-19, o que denota o alto grau de morbimortalidade associado a causas cardiovasculares. O infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral foram as principais causas de óbitos por doenças cardiovasculares (ALVES, 2024).

Há uma variedade de fatores de risco que podem contribuir para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como tabagismo, hipertensão arterial, níveis elevados de glicose e anormalidades lipídicas. Esses fatores são classificados em duas categorias: modificáveis, que envolvem aspectos ambientais e comportamentais, como tabagismo, colesterol alto, sedentarismo, obesidade e estresse; e não modificáveis, relacionados a fatores genéticos e biológicos, como sexo, idade e hereditariedade. Assim, indivíduos com maior número de fatores de risco têm maior probabilidade de sofrer um evento cardiovascular (CORREIA; CAVALCANTE, 2010; GAZIANO et al., 2006). 

O estudo “Global Burden of Diseases, Injuries, and Risk Factors Study (GBD)” contribui para a investigação dos fatores de risco relacionados a doenças em todo o mundo. Ele permite avaliar a magnitude da exposição a esses fatores, o risco relativo e a carga atribuível às doenças. A partir dessa análise, é possível identificar as melhores estratégias preventivas para reduzir a ocorrência de acidentes cardiovasculares (ROTH et al., 2020).

Ao abordar a prevenção dos fatores de risco para doenças cardiovasculares, é essencial promover o bem-estar e a saúde, incentivando iniciativas que busquem melhorar a qualidade de vida e estimular hábitos de vida mais saudáveis. Nesse contexto, destaca-se a importância de sistemas de vigilância voltados para os fatores de risco cardiovasculares, frequentemente implementados por meio de políticas públicas. O objetivo desses sistemas é desenvolver estratégias para modificar comportamentos considerados de risco, conhecidos como fatores de risco modificáveis (RIBEIRO; COTTA; RIBEIRO, 2012). A presença de fatores de risco cardiovasculares não controlados pode resultar em complicações como infarto do miocárdio, arritmias cardíacas, parada cardíaca, acidentes vasculares cerebrais, tromboses, entre outros cenários de risco e agravamento cardiovascular.

O Ministério da Saúde reconhece a relação intrínseca entre a atividade laboral do trabalhador e a presença de fatores de risco para doenças cardiovasculares. O ambiente e a carga de trabalho influenciam diretamente fatores de risco modificáveis, como estresse emocional, alimentação inadequada e sedentarismo, além de potencialmente afetar fatores de risco não modificáveis já existentes (DOBRACHINSKI et al., 2022).

Dado que o ambiente de trabalho educacional expõe os profissionais a fatores de risco que podem levar a problemas cardiovasculares, este estudo teve como objetivo identificar, por meio de um questionário virtual, a prevalência de doenças cardiovasculares e seus fatores de risco entre docentes da Universidade de Gurupi, UnirG – TO. O estudo permitiu determinar a frequência dessas doenças nos professores universitários e identificar os principais fatores de risco a que estão expostos.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A Organização Mundial da Saúde define as doenças cardiovasculares como um conjunto de distúrbios que afetam o sistema circulatório, coração e vasos sanguíneos, incluindo condições como doença coronariana, doença cerebrovascular, doença arterial periférica e doença cardíaca reumática, entre outras (OPAS-OMS, 2024). A maioria dessas doenças é causada pela aterosclerose, caracterizada pelo acúmulo de gordura nas artérias, o que dificulta ou bloqueia o fluxo sanguíneo para os órgãos (CD, 2024; DC, 2024; TIMMIS et al., 2022).

Em 2019, estimou-se que cerca de 18 milhões de pessoas morreram devido a doenças cardiovasculares em todo o mundo, tornando essas condições a principal causa de morte global. No Brasil, os dados refletem essa realidade, com as doenças cardiovasculares também sendo a principal causa de óbitos no país. O Ministério da Saúde aponta que, em 2022, aproximadamente 400 mil pessoas faleceram no Brasil em decorrência de problemas cardiovasculares. A maioria desses óbitos foi atribuída ao infarto do miocárdio e ao acidente vascular cerebral (ALVES, 2024; CD, 2024).

Os fatores de risco para doenças cardiovasculares podem ser classificados em duas categorias: os fatores comportamentais e os não comportamentais. Os fatores comportamentais incluem hábitos como alimentação inadequada, sedentarismo, tabagismo e consumo excessivo de álcool, que podem se manifestar como hipertensão, diabetes, elevação dos lipídios no sangue, sobrepeso e obesidade. Por outro lado, os fatores não comportamentais englobam idade, sexo, predisposição genética, além de influências ambientais, sociais e psicológicas (POWELL-WILEY et al., 2022; PRÉCOMA et al., 2019; TESTON et al., 2016).

O Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC-DA) adota a contagem de riscos para doenças cardiovasculares com base no Escore de Risco Global (ERG) de Framingham, que estima a probabilidade de eventos coronarianos, cerebrovasculares, doença arterial periférica ou insuficiência cardíaca ao longo de 10 anos. Os níveis de risco cardiovascular são classificados em risco muito alto (pessoas com doenças ateroscleróticas significativas, com ou sem eventos clínicos); risco alto (indivíduos em prevenção primária com escore de risco global elevado, aqueles com condições agravantes com base em dados clínicos, ou que apresentam aterosclerose subclínica); risco intermediário (determinado pela associação de fatores de risco, considerando a interação sinérgica entre eles) e risco baixo (pessoas que possuem características que podem contribuir para o aumento do risco de doenças cardiovasculares) (PRÉCOMA et al., 2019; TIMMIS et al., 2022).

É de grande importância prever os riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, pois isso permite prevenir a ocorrência de doenças que podem resultar em complicações graves. Não há um modelo único para prever essas condições, sendo necessário realizar uma análise abrangente dos principais fatores de risco e de como eles podem impactar a saúde das pessoas (THULANI et al., 2021).

3 METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada no período de agosto a setembro de 2024, após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade de Gurupi – UnirG, sob número 7.088.591, CAAE 82479024.2.0000.5518. A pesquisa foi executada em forma de questionário online, disponibilizado aos docentes, via Google Forms, contendo questões objetivas e discursivas, envolvendo o tema doenças cardiovasculares. Após a coleta de dados, as perguntas e respostas foram analisadas. Os dados foram tratados com estatística descritiva, e as frequências e prevalências foram determinadas para cada categoria isoladamente expressas em N (%).

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O questionário consistiu em 30 perguntas direcionadas ao corpo docente da Universidade de Gurupi – UnirG, dos Campus universitários das cidades de Gurupi – TO e Paraíso – TO, contando com um corpo docente de aproximadamente 272 professores no total, sendo 158 efetivos e 114 contratados em 2024/02. A amostra de professores que se submeteram ao questionário foi de 69 pessoas, contabilizando 25% do corpo docente total da instituição de ensino superior. 

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, ser do sexo masculino é classificado como alto risco cardiovascular, onde os homens apresentam 20% de risco global de serem afetados por uma doença cardiovascular, enquanto que as mulheres apresentam apenas 10% do referido risco (GAZIANO et al., 2006; PRÉCOMA et al., 2019).

Na tabela 1 foram apresentados a relação social e econômica dos participantes, o sexo, a faixa etária, bem como as condições gerais de trabalho. Nota-se uma maior prevalência de mulheres que responderam ao questionário online, sendo 71% da amostra, enquanto apenas 29% eram homens. Dos docentes avaliados, 62.3% exercem alguma outra profissão além da docência. A profissão de professor é multifuncional e requer uma variedade de habilidades. Dado que a docência demanda intensa participação do profissional, a acumulação de outras atividades pode afetar negativamente o estilo e a qualidade de vida do docente (CHAVES et al., 2023; PRÉCOMA et al., 2019).

Tabela 1. Características socioeconômicas dos docentes universitários entrevistados.

VariáveisCategoriasNúmero (N)Prevalência (%)
SexoMasculino2029%
Feminino4971%
Faixa etária (anos)21-2545.8%
26-3057.2%
31-35811.6%
36-401420.3%
41-502536.2%
51-601115.9%
Acima de 6022.9%
Profissão além da docênciaSim4362.3%
Não2637.7%
Horas de trabalho semanal20h34.3%
30h11.4%
40h2130.4%
44h34.3%
Mais de 44h4159.4%

As figuras 1 e 2 demonstram a relação entre o número de participantes segundo o sexo e sua faixa etária. Em ambos os sexos, houve maior prevalência de participantes com idade entre 41 e 50 anos. A faixa etária dominante apresentada entre os docentes é categorizada como risco cardiovascular intermediário, sendo que homens na faixa de 48 anos e mulheres na faixa de 54 anos são mais suscetíveis às doenças cardiovasculares. Segundo dados de pesquisas, entre 2010 e 2020, a prevalência de incidentes cardiovasculares foi maior entre os homens, com aproximadamente 50.563 eventos registrados nesse grupo, em comparação a 30.033 eventos em mulheres (GAZIANO et al., 2006; NULL, 2023; POWELL-WILEY et al., 2022; PRÉCOMA et al., 2019).

Figura 1. Faixa etária de participantes do sexo masculino.

Figura 2. Faixa etária de participantes do sexo feminino.

Diversos fatores de risco estão associados ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares. A tabela 2 apresenta algumas características e hábitos dos participantes que influenciam a prevalência dessas doenças. Os fatores de risco podem ser classificados em duas categorias: fatores comportamentais, que incluem alimentação inadequada, sedentarismo, tabagismo e consumo excessivo de álcool. Esses fatores podem se manifestar como hipertensão, diabetes, elevação dos lipídios no sangue, sobrepeso e obesidade. E por fim, fatores não comportamentais, que abrangem idade, sexo, predisposição genética, além de influências ambientais, sociais e psicológicas (POWELL-WILEY et al., 2022; PRÉCOMA et al., 2019; TESTON et al., 2016).

O histórico familiar é um fator crucial na avaliação do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Assim, é importante que indivíduos com familiares que tiveram alguma doença cardiovascular estejam mais atentos a essa questão. Segundo Kim et al. (2021) pacientes com histórico familiar de doenças cardiovasculares têm maior conscientização e buscam tratamento para essas condições, assim como para os fatores de risco associados. Entre os docentes, 73.5% relataram ter histórico familiar de doenças cardiovasculares, o que indica um risco elevado entre esses profissionais. Devido a esse histórico, o acompanhamento médico regular para monitorar a saúde cardiovascular é essencial. No entanto, entre os participantes do questionário virtual, apenas 54.4% afirmaram realizar esse acompanhamento (KIM et al., 2021).

Com base nas respostas obtidas no questionário virtual, foi possível identificar que alguns indivíduos apresentam características comportamentais consideradas de risco. Entre os participantes deste estudo 32.7% foram classificados como obesos, segundo o cálculo do índice de massa corporal. A obesidade está diretamente relacionada a doenças como dislipidemia, diabetes, hipertensão e distúrbios do sono. Recentemente, a obesidade abdominal foi identificada como um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, independentemente do índice de massa corpórea (POWELL-WILEY et al., 2021).

No que diz respeito aos hábitos que tratam e previnem a obesidade e o sobrepeso, observou-se que 68.1% dos docentes praticam atividade física regularmente, pelo menos de 3 a 4 vezes por semana. Em relação à dieta habitual, 26.1% relataram ter uma alimentação rica em frutas, vegetais e fibras (nutritiva), enquanto 4.3% afirmaram seguir uma dieta rica em gorduras, sódio e alimentos processados (pobre em nutrientes). Além disso 69.9% dos participantes classificaram sua dieta como mista (Tabela 2).

Tabela 2. Características relacionadas aos fatores de risco de doenças cardiovasculares nos docentes.

VariáveisCategoriasNúmero (N)Prevalência (%)
Histórico familiar de DCVPossui5073.5%
Não possui1826.5%
Fatores de risco presentesObesidade1732.7%
Tabagismo35.8%
Sedentarismo2038.5%
Estresse4178.8%
IMC>18.500
18.5 – 24.92942.03%
25.0 – 29.92739.13%
30.0 – 39.91318.84%
<40.022.89%
Atividade físicaPratica regularmente4768.1%
Não pratica2231.9%
Dieta habitualRica em nutrientes4869.6%
Pobre em nutrientes1826.1%
Mista34.3%

DVC (Doença Cardiovascular); IMC (Índice de Massa Corpórea).

Nota-se que o principal fator de risco relatado entre os docentes é o estresse, conforme a tabela 1, o que pode estar associado ao fator de 59.4% dos participantes possuírem uma jornada de trabalho superior a 44 horas de trabalho semanais, considerada excessiva. Além de 62.3% possuírem uma profissão além da docência, os professores categorizaram o nível de estresse no trabalho, sendo que 47.8% indicou um nível moderado, 37.7% alto e apenas 5.8% consideraram como extremo (Figura 3). O Ministério da Saúde relaciona o ambiente de trabalho ao desenvolvimento de doenças do sistema circulatório, uma vez que fatores sociais, ambientais e psicológicos podem elevar o risco de doenças cardiovasculares (SOUZA et al., 2021; POWELL-WILEY et al., 2022).

Figura 3. Nível de estresse no trabalho.

A docência envolve diversas características que podem levar a condições como depressão, estresse emocional e ansiedade. Aos professores são atribuídas múltiplas funções e atividades, como o desenvolvimento de projetos, pesquisas, reuniões, tarefas burocráticas, preparação e condução de aulas, entre outras. Isso resulta em uma carga de trabalho excessiva e estressante, agravada por condições de trabalho frequentemente inadequadas. O estresse é considerado um fator de risco psicossocial, podendo estar relacionado tanto ao ambiente de trabalho quanto à vida familiar. Para lidar com esse fator, é recomendada a adoção de técnicas de controle emocional, como meditação, terapia e exercícios físicos (CHAVES et al., 2023; PRÉCOMA et al., 2019).

Na tabela 3 foram apresentadas algumas características relacionadas ao histórico clínico dos participantes, dos voluntários.  Já na figura 4 pode-se observar que 29% apresentaram diagnóstico de alguma doença cardiovascular, sendo a hipertensão arterial sistêmica a mais predominante entre os docentes, correspondendo a 26.09% dos entrevistados. Em uma investigação sobre hipertensão arterial sistêmica em professores, relatou-se a prevalência de 17.3%, além disso, dados da Sociedade Europeia de Cardiologia mostram que 25% da população adulta apresenta pressão arterial elevada, sendo que desses a maioria são homens (PIMENTA et al., 2020; TIMMIS et al., 2022). Além das doenças relatadas na figura 4, os participantes afirmaram o diagnóstico de outras doenças, como taquicardia ventricular e cardiopatia grave. Dos participantes, 19.7% referiram intervenção cirúrgica ou medicamentosa para o tratamento das doenças cardiovasculares.

Figura 4. Doenças cardiovasculares diagnosticadas entre os docentes.

Legenda: AVC (Acidente Vascular Cerebral).

            A dislipidemia foi identificada na pesquisa como uma doença frequentemente diagnosticada entre os docentes, sendo muitas vezes associada a condições graves como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e morte por doenças cardiovasculares. Conforme a Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose, o tratamento principal recomendado envolve a redução dos níveis de colesterol, além de mudanças no estilo de vida (PRÉCOMA et al., 2019; TIMMIS et al., 2022).

Tabela 3. Características e histórico clínico dos docentes.

VariáveisCategoriasNúmero (n)Percentual (%)
Diagnóstico de DVCPossui2029%
Não possui4971%
Procedimentos/tratamentos¹Sim1319.7%
Não5380.30%
Acompanhamento médico²Sim3754.4%
Não3145.6%
Uso de medicamentoSim3044.1%
Não3855.9%
Impactos/complicações das DCV (s)Não relatado6492.75%
Infarto agudo do miocárdio22.90%
Outros34.35%
Classificação pessoal da condição de saúdeRuim710.1%
Boa4666.7%
Ótima1420.3%
Excelente22.9%

DCV (Doença cardiovascular).

¹houve necessidade de algum procedimento cirúrgico ou tratamento medicamentoso para doença cardiovascular? ²houve necessidade de acompanhamento médico regular para monitoramento da saúde cardiovascular?

A previsão dos riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares permite a adoção de medidas preventivas para evitar o surgimento dessas condições e suas consequências. Uma análise abrangente dos principais fatores de risco e de como eles podem impactar o paciente é uma abordagem prática e eficaz para essa prevenção (THULANI et al., 2021). A Organização Pan-Americana da Saúde e a Organização Mundial da Saúde recomendam diversas abordagens para a prevenção das doenças cardiovasculares, incluindo a adoção de dieta ricas em frutas, vegetais e nutrientes, prática regular de atividade física, redução do consumo de álcool e diminuição do tabagismo (ACHUTTI, 2012; DC, 2024; OPAS-OMS, 2024). O presente trabalho observou que os participantes buscam um estilo de vida saudável, o que favorece a prevenção e o tratamento das doenças cardiovasculares, considerando que 59% relatou ter uma alimentação controlada, 67.2% busca atividades físicas e de lazer regulares, e que 66.7% considera ter boas condições de saúde.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presença de fatores de risco relevantes para doenças cardiovasculares entre os docentes universitários, tais como a obesidade e o estresse elevado foram relatos recorrentes entre os participantes do estudo. A sobrecarga de trabalho e a realização de múltiplas funções são fatores que podem afetar significativamente a qualidade de vida desses profissionais, aumentando a predisposição à problemas cardiovasculares. Embora muitos docentes se esforcem para manter hábitos de vida saudáveis, como a prática regular de atividades físicas e uma alimentação equilibrada, o alto nível de estresse e o excesso de trabalho ainda permanecem como desafios para a saúde física, mental e cardiovascular.

As altas prevalências de diagnósticos de hipertensão arterial e dislipidemia ressaltam a necessidade urgente de promoção de práticas institucionais de saúde e apoio aos docentes, o que poderia contribuir para a longevidade e melhoria da qualidade de vida à longo prazo no ambiente de trabalho. Torna-se fundamental oferecer suporte adequado de saúde aos professores, incentivando o controle do estresse e a adoção de um estilo de vida mais saudável. Estudos futuros poderão explorar estratégias, bem como incentivar a atuação do fisioterapeuta para a prevenção e o tratamento das doenças cardiovasculares entre docentes universitários.

REFERÊNCIAS

ACHUTTI, A. Prevenção de doenças cardiovasculares e promoção da saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 17, p. 18–20, jan. 2012.

ALVES, B. Cerca de 400 mil pessoas morreram em 2022 no Brasil por problemas cardiovasculares | Biblioteca Virtual em Saúde MS., [s.d.]. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/cerca-de-400-mil-pessoas-morreram-em-2022-no-brasil-por-problemas-cardiovasculares/>. 2024. Acesso em: 18 mar. 2024

CD. Cardiovascular diseases. Disponível em: <https://www.who.int/health-topics/cardiovascular-diseases>. Acesso em: 10 mar. 2024.

CHAVES, B. J. S. et al. FATORES DE RISCO PARA DOENÇA CARDIOVASCULAR ENTRE DOCENTES DA FACULDADE FUNORTE EM MONTES CLAROS – MG. Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida, v. 15, n. 2, 29 ago. 2023.

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DC. Doenças cardiovasculares: principal causa de morte no mundo pode ser prevenida. Disponível em: <https://www.gov.br/pt-br/noticias/saude-e-vigilancia-sanitaria/2022/09/doencas-cardiovasculares-principal-causa-de-morte-no-mundo-pode-ser-prevenida>. Acesso em: 10 mar. 2024.

DOBRACHINSKI, L. et al. Doenças Cardiovasculares: Prevalência de fatores de risco em docentes da educação universitária. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 15, n. 10, p. e11297, 24 out. 2022.

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RIBEIRO, A. G.; COTTA, R. M. M.; RIBEIRO, S. M. R. A promoção da saúde e a prevenção integrada dos fatores de risco para doenças cardiovasculares. Ciência & Saúde Coletiva, v. 17, n. 1, p. 7–17, jan. 2012.

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1 Discente do Curso Superior de Fisioterapia. Universidade de Gurupi – UnirG. Campus Gurupi. Autora principal correspondente: Raianny Alves dos Santos. e-mail: raiannyasantos@unirg.edu.br
2Discente do Programa de Doutorado em Biodiversidade e Biotecnologia. UFT-TO. Campus Gurupi.
3Docente do Curso Superior de Fisioterapia. Universidade de Gurupi – UnirG. Campus Gurupi. Orientadora: Elizângela Sofia R. Rodrigues. e-mail: elizangela@unirg.edu.br