PRESERVAÇÃO ALVEOLAR PÓS EXODONTIA

ALVEOLAR PRESERVATION POST EXODONTICATION

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/os202412031148


Luciana Pinheiro de Castro e Paulo Henrique Souza Gomes 1
Prof. Esp. Daniele Martens Fernandes 2


RESUMO

A preservação alveolar pós-exodontia é uma prática essencial na odontologia moderna para manter a estrutura óssea e o volume gengival após a remoção de dentes. Esse processo previne a reabsorção óssea e a perda de volume, fatores que podem comprometer futuros procedimentos reabilitadores, como a instalação de implantes dentários. Técnicas e materiais como enxertos ósseos, membranas de barreira e biomateriais biocompatíveis são empregados para preservar o contorno alveolar, minimizando a necessidade de cirurgias de enxerto adicionais e melhorando a previsibilidade dos resultados estéticos e funcionais. Estudos evidenciam que a preservação alveolar é fundamental para evitar a migração de dentes adjacentes, manter a oclusão e favorecer a estética facial, principalmente em regiões visíveis. A abordagem é integrada ao planejamento odontológico para garantir uma reabilitação mais eficiente, duradoura e estética. O estudo em questão abordará tal temática.

Palavras-chave: Preservação alveolar. Exodontia. Reabsorção óssea. Enxertos ósseos. Regeneração óssea guiada. Biomateriais.

1 INTRODUÇÃO

A preservação alveolar pós-exodontia é uma prática fundamental na odontologia moderna, com o objetivo de minimizar as alterações na anatomia alveolar após a remoção de dentes. A exodontia, ou extração dentária, provoca inevitavelmente modificações nos tecidos moles e duros ao redor do alvéolo, o que pode resultar em reabsorção óssea e perda de volume, comprometendo futuros procedimentos restauradores, como a colocação de implantes dentários (Jepsen, 2019). A preservação alveolar busca mitigar esses efeitos, utilizando técnicas e materiais que auxiliam na manutenção do contorno ósseo e do volume gengival.

Estudos indicam que a remodelação óssea é um processo natural após a extração dentária, com maior perda de volume ocorrendo nos primeiros seis meses. Para minimizar essas perdas, são frequentemente utilizadas técnicas de preservação alveolar, como o enxerto ósseo imediato no alvéolo pós-exodontia, a utilização de biomateriais e a cobertura do alvéolo com membranas de barreira. Além disso, pesquisas apontam que essas intervenções não só preservam a arquitetura óssea, mas também melhoram as condições para a futura reabilitação com implantes, aumentando a previsibilidade dos resultados (JEPSEN, 2019).

Com o avanço dos materiais biocompatíveis, como enxertos xenógenos e alógenos, e o desenvolvimento de novas técnicas cirúrgicas, a preservação alveolar tornou-se uma estratégia amplamente recomendada em situações em que o planejamento reabilitador futuro é necessário, como nos casos de implantes dentários (Schneider, 2014). Portanto, a preservação alveolar desempenha um papel crucial na manutenção da estética e função da cavidade oral após extrações dentárias.

A preservação alveolar pós-exodontia tem ganhado destaque na odontologia principalmente devido à sua importância na prevenção de deformidades ósseas e na preservação de tecidos moles, fatores essenciais para garantir a estética e a funcionalidade do sorriso do paciente. Quando não se adota uma abordagem de preservação, a reabsorção óssea pode ser significativa, comprometendo não apenas o contorno do osso alveolar, mas também a estabilidade da prótese ou implante que venha a ser instalado posteriormente. Estudos mostram que até 50% do volume ósseo pode ser perdido nos primeiros 12 meses após a exodontia, especialmente na região vestibular, que é a parte mais crítica em termos estéticos (Schneider, 2014).

Além disso, a remodelação óssea natural que ocorre após a extração de um dente pode levar à migração dos dentes adjacentes e alterações na oclusão, o que pode resultar em problemas funcionais, como maloclusão ou dificuldades na mastigação.

Para evitar essas complicações, a preservação alveolar tornou-se uma prática recomendada em muitos protocolos de exodontia, especialmente quando a reabilitação com implantes está no planejamento futuro.

As técnicas utilizadas na preservação alveolar incluem desde o preenchimento imediato do alvéolo com biomateriais, como osso autógeno (do próprio paciente), alógeno (de doador humano), xenógeno (de origem animal) ou materiais sintéticos, até o uso de membranas de barreira que protegem o enxerto e promovem a regeneração óssea guiada (Ten Heggeler, 2011). Esses materiais visam manter o espaço no alvéolo para permitir que o processo de cicatrização ocorra de maneira controlada e previsível, resultando em menor perda de volume ósseo.

Outro aspecto relevante é que a preservação alveolar pode reduzir a necessidade de cirurgias adicionais de enxerto ósseo antes da colocação do implante. Quando o alvéolo é tratado adequadamente, o volume ósseo pode ser mantido o suficiente para suportar o implante sem a necessidade de procedimentos mais invasivos (Segnini, 2021). Além disso, a preservação do alvéolo também tem implicações positivas para a estética gengival, já que a manutenção do volume ósseo ajuda a preservar o contorno natural da gengiva, que é essencial para um sorriso harmonioso.

Portanto, a preservação alveolar não é apenas uma técnica que visa manter o osso alveolar após uma exodontia, mas é uma estratégia preventiva que tem impacto direto na qualidade da reabilitação oral, na estética do paciente e na previsibilidade dos resultados futuros (Segnini, 2021)

2 EMBASAMENTO TEÓRICO

O estudo realizado por Moacyr Tadeu Vicente Rodrigues (2022) buscou avaliar a eficácia de diferentes materiais na preservação alveolar após a extração de dentes, com o objetivo de minimizar a reabsorção óssea que ocorre naturalmente nesse processo. Após a perda de um dente, o rebordo alveolar tende a sofrer remodelação óssea, com perda significativa de altura e largura. Esses efeitos são mais pronunciados nos primeiros meses após a exodontia, o que pode comprometer futuros tratamentos, como a colocação de implantes dentários. Para contornar esse problema, diversas técnicas e materiais são utilizados para preservar o rebordo alveolar e otimizar a cicatrização óssea.

Este ensaio clínico (Rodrigues, 2022), prospectivo, randomizado e controlado, comparou o processo de cicatrização natural do alvéolo com o uso de três materiais diferentes: enxerto ósseo xenógeno associado a enxerto gengival livre, membrana de politetrafluoretileno denso (dPTFE) e plugs de fibrina rica em plaquetas (PRF). A avaliação dos resultados foi realizada por meio de tomografias computadorizadas de feixe cônico (TCFC) e modelos de gesso, medindo a altura e a largura do rebordo alveolar em três momentos: antes da extração (T1), 7 dias após a extração (T2) e 120 dias após a extração (T3).

Quarenta pacientes, de ambos os sexos e com idades entre 25 e 70 anos, participaram do estudo. Eles foram divididos aleatoriamente em quatro grupos: o primeiro grupo (controle) passou pelo processo de cicatrização natural do alvéolo; o segundo grupo recebeu enxerto ósseo xenógeno e enxerto gengival livre; o terceiro grupo foi tratado com a membrana d-PTFE; e o quarto grupo teve o alvéolo preenchido com plugs de PRF (Rodrigues, 2022).

Os resultados mostraram que o grupo que recebeu enxerto ósseo xenógeno com enxerto gengival livre apresentou a melhor preservação em termos de altura e largura do rebordo alveolar, tanto nas avaliações tomográficas quanto nos modelos de gesso. Esse grupo foi o que apresentou menor perda óssea ao longo do tempo, com uma perda média de apenas 1 mm em altura e largura, sendo recomendado principalmente para áreas estéticas, onde a preservação da forma do rebordo é crucial para um bom resultado final estético. No entanto, foi observado que o uso do enxerto gengival livre aumentou a morbidade do procedimento, causando mais desconforto pós-operatório devido à necessidade de remoção de tecido gengival do palato (Rodrigues, 2022).

O grupo que utilizou a membrana d-PTFE também apresentou bons resultados, principalmente na preservação da largura do rebordo, embora tenha tido uma perda um pouco maior de altura em comparação ao grupo do enxerto xenógeno. Devido a essa diferença, a membrana d-PTFE foi considerada mais indicada para áreas não estéticas, onde a preservação da altura alveolar não é tão crítica (Rodrigues, 2022).

Por outro lado, o grupo que utilizou os plugs de fibrina rica em plaquetas (PRF) não apresentou resultados superiores à cicatrização natural, tanto em termos de preservação de altura quanto de largura do rebordo alveolar. A perda óssea neste grupo foi semelhante à do grupo controle, sugerindo que o uso do PRF sozinho não é eficaz na preservação do rebordo alveolar após a extração dentária (Rodrigues, 2022).

O estudo concluiu que, entre os materiais avaliados, o enxerto ósseo xenógeno com enxerto gengival livre foi o mais eficaz na preservação alveolar, especialmente em áreas estéticas, enquanto a membrana d-PTFE mostrou bons resultados para áreas menos exigentes esteticamente. O uso de PRF, no entanto, não se mostrou vantajoso para a preservação do rebordo alveolar, quando comparado ao processo de cicatrização natural. Esses achados reforçam a importância de selecionar adequadamente o material e a técnica de preservação alveolar de acordo com a necessidade estética e funcional de cada caso (Rodrigues, 2022).

O estudo de Souza (2023) discute a técnica de regeneração óssea guiada (ROG) em alvéolos pós-exodontia utilizando uma membrana densa de politetrafluoretileno (d-PTFE). A exodontia, ou remoção de dentes, inicia um processo de remodelação óssea que pode levar à perda de altura e espessura da crista alveolar, complicando a instalação de implantes dentários. Para minimizar essas perdas, a técnica ROG utiliza membranas como barreira, favorecendo a regeneração óssea.

Neste estudo, a membrana d-PTFE foi usada em 8 pacientes após a extração de dentes. Ela foi colocada sobre o alvéolo imediatamente após a extração e removida após 21 dias. Avaliações tomográficas pré e pós-operatórias revelaram que a membrana foi eficaz na preservação da crista alveolar, com perda média de apenas 0,32 mm em espessura e 0,79 mm em altura óssea. Todos os pacientes receberam implantes posteriormente, sem complicações (Souza, 2023).

A técnica mostrou ser uma solução eficaz para manter a arquitetura óssea, evitando a necessidade de enxertos ósseos. A membrana d-PTFE permite uma regeneração óssea satisfatória, reduzindo o tempo e a morbidade do tratamento (Souza, 2023).

O artigo relata um caso clínico de preservação alveolar e instalação tardia de implante dentário em um paciente de 23 anos com destruição significativa do dente 25. O tratamento incluiu uma extração minimamente traumática do dente, seguida da preservação do alvéolo utilizando uma matriz de colágeno para evitar a reabsorção óssea. Após 16 semanas de cicatrização, foi colocado um implante dentário no alvéolo cicatrizado, com o auxílio de técnicas modernas para garantir a estabilidade e o sucesso do procedimento (Souza, 2023).

A preservação alveolar com matriz de colágeno foi fundamental para manter a estrutura óssea e facilitar a posterior colocação do implante. O procedimento mostrou-se eficaz para a reabilitação dentária, proporcionando melhores condições estéticas e funcionais para o paciente (Souza, 2023).

A técnica de preservação alveolar com matriz de colágeno cumpre seu objetivo de manter a integridade óssea e facilitar a instalação tardia de implantes dentários, demonstrando ser uma opção viável para minimizar a reabsorção óssea em tratamentos odontológicos (Souza, 2023).

A preservação alveolar após exodontia é um aspecto crucial para manter a estrutura óssea e garantir uma base adequada para futuras reabilitações com implantes. Após a remoção de um dente, o processo alveolar, que antes servia de suporte, sofre uma remodelação óssea acentuada, resultando em uma perda significativa de altura e espessura óssea. Essa reabsorção ocorre de forma mais rápida nos primeiros seis meses e continua de maneira progressiva ao longo da vida do paciente. Sem intervenções, essa perda pode inviabilizar a instalação de implantes dentários, exigindo procedimentos de enxertia óssea prévios (Souza, 2023).

Diversos materiais e técnicas têm sido propostos para minimizar essa perda óssea. Entre eles, destacam-se o uso de enxertos ósseos, membranas de politetrafluoretileno denso (d-PTFE) e a fibrina rica em plaquetas (PRF). Cada um desses materiais busca preencher o alvéolo dentário e promover a preservação da estrutura óssea (Souza, 2023).

Entre as vantagens da preservação alveolar, destaca-se a redução da perda óssea após a exodontia, um problema amplamente relatado por pesquisadores como Ximenes et al. (2022). Esses autores explicam que o uso de biomateriais, como substitutos ósseos e membranas, contribui significativamente para a manutenção da estrutura alveolar, principalmente nas primeiras semanas pós-exodontia, quando ocorre o pico da reabsorção óssea. Além disso, outros estudos apontam que uma boa preservação alveolar minimiza a necessidade de enxertos adicionais, reduzindo o tempo de tratamento e favorecendo melhores resultados estéticos e funcionais.

Em tese, a preservação alveolar tem sido amplamente discutida na literatura odontológica atual devido aos seus benefícios comprovados para o sucesso de tratamentos reabilitadores e para a manutenção da estrutura óssea. O planejamento adequado para a preservação do alvéolo imediatamente após a exodontia e a utilização das técnicas mais recentes ajudam a reduzir perdas ósseas, minimizam a necessidade de procedimentos adicionais e melhoram os resultados estéticos e funcionais para o paciente (Al Askar et al., 2021).

3 RELATO DE CASO

Histórico Clínico:

A paciente A.P.S.S, 35 anos, sexo feminino, procurou atendimento para realizar um tratamento odontológico. Após avaliação, foi diagnosticada a necessidade de uma exodontia do elemento 47, com planejamento para preservação alveolar e início do processo de implante, levando em conta recomendações estéticas e de cuidado com a região. Histórico Clínico

Exame Clínico:

Foram realizados exame clínico e anamnese, juntamente com a elaboração de um odontograma e periograma.

Exames Complementares:

Foram realizados exames de radiografia, com solicitação de tomografia e fotografias adicionais para um melhor planejamento.

Tratamento do Elemento 47:

Anestesia

○ Anestésico utilizado: Articaína.

○ Técnica: Bloqueio dos nervos alveolar inferior e infiltrações adicionais.

Procedimento Passo a Passo

  • Incisão e Acesso: Foi realizada uma incisão na gengiva, quando necessário, para facilitar o acesso ao dente, deslocando o tecido gengival e expondo a raiz.
  • Mobilização do Dente: Foi utilizado um elevador odontológico para mobilizar o dente com suavidade, evitando forças excessivas que pudessem provocar fraturas ósseas. Caso o dente estivesse muito retido, foram removidas partes da raiz para auxiliar na preservação do alvéolo.
  • Remoção do Dente: O dente foi removido com cuidado, preservando-se as paredes do alvéolo.

Figura 1: Incisão de acesso

Fonte: De autoria própria

Figura 2: Mobilização do dente

Fonte: De autoria própria

Preservação do Alvéolo

Limpeza do Alvéolo: Após a remoção do dente, realizou-se a limpeza do alvéolo, retirando tecido necrótico e restos radiculares, sem traumatizar o osso.

Enchimento do Alvéolo: Em algumas situações, foi considerado o uso de enxerto ósseo ou biomateriais para favorecer a regeneração óssea.

Sutura: Foi realizada a sutura do tecido gengival para assegurar uma cicatrização adequada e minimizar a exposição do alvéolo.

Pós-Operatório: Foram fornecidas ao paciente orientações de cuidados pós-operatórios, incluindo controle da dor e cuidados específicos com a higiene oral.

Figura 3: Remoção do dente

Fonte: De autoria própria

Figura 4: Preservação do alvéolo

Fonte: De autoria própria

Figura 5: Preenchimento do alvéolo com enxerto ósseo

Fonte: De autoria própria

Figura 6: Preenchimento do alvéolo com enxerto ósseo e sutura

Fonte: De autoria própria

4 METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho de conclusão de curso (TCC), que tem como tema

“Preservação Alveolar Pós-Exodontia”, foi utilizada a metodologia de revisão bibliográfica. Esse método foi escolhido devido à necessidade de reunir, analisar e discutir o conhecimento já existente sobre as técnicas e os materiais utilizados para preservação alveolar, bem como os efeitos dessas intervenções no processo de cicatrização e reabilitação óssea.

Após a coleta, os estudos foram selecionados com base em critérios de inclusão e exclusão previamente definidos. Foram incluídos artigos que abordavam diretamente a preservação alveolar após exodontia e seus impactos clínicos, excluindo aqueles que tratavam de temas pouco relacionados ou que não apresentavam evidências científicas robustas. A análise dos resultados foi conduzida de maneira crítica, considerando a metodologia utilizada pelos autores e a relevância dos achados para a prática clínica atual.

Por meio desta revisão, foi possível compilar informações sobre as técnicas mais utilizadas, as vantagens e desvantagens de diferentes biomateriais, e as evidências científicas disponíveis sobre a eficácia dessas intervenções na preservação da estrutura alveolar, visando contribuir para uma prática clínica mais fundamentada e eficaz.

A análise da estrutura de um alvéolo após a exodontia revela diferentes características, dependendo do estado prévio do tecido e das condições em que a extração foi realizada. Em um alvéolo saudável, logo após a remoção do dente, a cavidade apresenta-se com margens bem definidas, paredes ósseas preservadas e uma presença adequada de tecidos moles, como gengiva, circundando o local. O coágulo sanguíneo que se forma imediatamente após a exodontia desempenha um papel crucial na preservação da estrutura alveolar, dando início ao processo de cicatrização e remodelação óssea.

Por outro lado, um alvéolo destruído, muitas vezes associado a fatores como doenças periodontais avançadas, infecções crônicas ou traumas severos, apresenta-se com margens irregulares, perda considerável de altura e espessura óssea, além de áreas de necrose ou inflamação. Nesse cenário, o coágulo sanguíneo pode não se formar adequadamente, comprometendo o processo de cicatrização. A presença de infecções ou bolsas periodontais prévias pode dificultar a formação de um ambiente favorável à regeneração tecidual. A destruição alveolar pode resultar em defeitos ósseos significativos, o que, posteriormente, pode exigir técnicas de preservação ou regeneração óssea para recuperar a anatomia e funcionalidade do local.

A comparação entre essas duas situações – um alvéolo saudável e um alvéolo destruído – destaca a importância da saúde periodontal prévia à extração. Enquanto um alvéolo saudável tem maior potencial de cicatrização e manutenção da estrutura, a destruição óssea e a presença de infecções podem demandar intervenções adicionais, como enxertos ósseos ou biomateriais, para promover a regeneração e evitar a reabsorção excessiva. Assim, o estado prévio do alvéolo e os cuidados pós-operatórios são determinantes no sucesso da preservação alveolar após a exodontia.

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A preservação alveolar tem se tornado um aspecto essencial no contexto odontológico devido às significativas alterações que ocorrem no alvéolo após a extração dentária. Este processo leva naturalmente a uma remodelação óssea que pode resultar em perdas de altura e largura da crista alveolar. Sem a preservação, essas mudanças podem comprometer o sucesso de futuros procedimentos, como a instalação de implantes dentários, dificultando a reabilitação estética e funcional do paciente. Estudos mostram que até 50% da largura óssea pode ser perdida nos primeiros 12 meses após a exodontia, especialmente na região vestibular, a qual é crítica para a estética facial (Jepsen, 2019; Schneider, 2014).

Existem diversas abordagens para minimizar a reabsorção óssea pós-exodontia. Entre as técnicas mais comuns, destacam-se o preenchimento imediato do alvéolo com biomateriais, como osso autógeno, xenógeno ou materiais sintéticos, e o uso de membranas de barreira para promover a regeneração óssea guiada (Ten Heggeler, 2021). O enxerto ósseo xenógeno associado ao enxerto gengival, por exemplo, tem mostrado resultados eficazes, preservando tanto a altura quanto a largura do rebordo alveolar. Estudos de Rodrigues (2022) indicam que essa técnica é particularmente vantajosa para áreas estéticas, onde a manutenção da forma do rebordo alveolar é crucial para um resultado visual satisfatório.

A regeneração óssea guiada com membrana d-PTFE também é uma técnica eficaz para a preservação do alvéolo, especialmente em áreas onde a estética não é a prioridade. Esse método evita a invasão de tecido mole na área de regeneração, permitindo que o osso se desenvolva com maior estabilidade. Souza (2023) destaca a eficácia da d-PTFE na preservação da crista alveolar, observando que ela permite uma cicatrização adequada sem necessidade de remoções adicionais, o que diminui o desconforto pós-operatório para o paciente.

Os biomateriais são fundamentais na preservação alveolar, pois criam um suporte temporário que facilita a regeneração óssea e reduz a necessidade de cirurgias adicionais antes da colocação de implantes. O uso de plasma rico em fibrina (PRF), por exemplo, tem sido estudado devido ao seu potencial para acelerar a cicatrização e promover a regeneração tecidual, embora alguns estudos apontem que o PRF sozinho possa não ser suficiente para impedir a perda óssea, se comparado a outras técnicas (Sakkas et al., 2017).

A escolha do material e da técnica apropriada depende, portanto, do estado prévio do alvéolo e da necessidade estética e funcional do paciente. Nos casos em que o alvéolo já está comprometido por doenças periodontais ou traumas, pode ser necessário o uso de técnicas mais invasivas, como o enxerto ósseo, para evitar a reabsorção excessiva.

A preservação alveolar não só contribui para a manutenção da estrutura óssea, mas também facilita a instalação de implantes dentários e melhora os resultados estéticos e funcionais a longo prazo. A abordagem de preservar o alvéolo logo após a exodontia ajuda a reduzir a perda óssea e minimiza a necessidade de enxertos adicionais, favorecendo um tratamento mais rápido e menos invasivo para o paciente. Portanto, ao adotar técnicas eficazes de preservação, os cirurgiões-dentistas podem proporcionar um atendimento mais completo e com resultados mais previsíveis, refletindo o avanço e a importância crescente desta prática na odontologia moderna.

Essa discussão consolida a relevância de uma intervenção precoce e fundamentada na preservação alveolar, valorizando o uso de técnicas e biomateriais que melhorem a qualidade do tratamento reabilitador e contribuam para uma odontologia focada no bem-estar estético e funcional do paciente.

6 CONCLUSÃO

A preservação alveolar após a exodontia tem se destacado como uma prática essencial para garantir uma reabilitação bucal bem-sucedida, especialmente em casos onde a estética e a funcionalidade são primordiais. A exodontia, inevitavelmente, acarreta alterações na estrutura óssea, especialmente na região vestibular, que é fundamental para a aparência do sorriso e a estabilidade de futuros implantes. Os estudos revisados neste trabalho mostram que o uso de técnicas específicas de preservação, como o enxerto ósseo e a regeneração óssea guiada com membranas, pode não só prevenir a reabsorção óssea, mas também minimizar a necessidade de intervenções adicionais, como cirurgias de enxerto antes da instalação do implante.

As técnicas e materiais utilizados na preservação alveolar variam de acordo com as condições clínicas de cada paciente, sendo importante o diagnóstico preciso para definir o método mais adequado. A seleção dos biomateriais depende tanto das condições prévias do alvéolo quanto da localização da extração e da necessidade de preservação estética. A literatura odontológica revisada destaca que esses métodos são fundamentais para reduzir o tempo de cicatrização e promover um suporte adequado para a reabilitação com implantes dentários.

Outro ponto relevante abordado neste trabalho é o papel dos biomateriais, como as membranas de politetrafluoretileno denso (d-PTFE) e os plugues de fibrina rica em plaquetas (PRF). Embora o PRF apresente vantagens na cicatrização por estimular fatores de crescimento, ele sozinho pode não ser eficaz na preservação do rebordo alveolar em casos complexos, sendo mais indicado como coadjuvante de outras técnicas de preservação. Por outro lado, as membranas d-PTFE têm mostrado resultados satisfatórios na preservação da largura do rebordo, sendo mais indicadas para áreas não estéticas onde a altura alveolar não é crítica.

A preservação alveolar, portanto, vai além de uma prática isolada e se consolida como uma estratégia de longo prazo na odontologia moderna. Ao promover a manutenção da estrutura óssea após a exodontia, essa prática não apenas facilita a instalação de implantes, mas também contribui para o sucesso do tratamento reabilitador, minimizando o risco de reabsorção óssea e migração de dentes adjacentes. Esses fatores são essenciais para garantir um tratamento duradouro e eficiente, além de melhorar a qualidade de vida do paciente ao assegurar uma base óssea saudável e estável para a instalação de próteses.

Além dos benefícios funcionais, a preservação alveolar também possui um impacto significativo na estética, especialmente nas regiões anteriores da arcada dentária, onde o contorno ósseo e gengival é fundamental para um sorriso harmonioso. As técnicas de enxerto e regeneração tecidual com biomateriais biocompatíveis permitem que a estrutura óssea se mantenha preservada, evitando deformidades que possam comprometer a aparência final do tratamento. Assim, a preservação alveolar tem um papel indispensável na odontologia estética, pois permite ao paciente manter um sorriso que alia saúde e aparência natural.

Este trabalho reforça, portanto, que a preservação alveolar deve ser considerada em todas as exodontias onde o planejamento de reabilitação futura é uma possibilidade. Com o avanço dos biomateriais e o desenvolvimento de técnicas menos invasivas, a odontologia tem à disposição uma série de métodos seguros e eficientes para manter a estrutura óssea, promovendo uma prática clínica mais eficaz e com maior previsibilidade nos resultados. A adoção dessas práticas não apenas beneficia a saúde bucal dos pacientes, mas também agrega valor ao trabalho do cirurgião-dentista, que pode oferecer tratamentos que proporcionam qualidade estética e funcional de maneira duradoura.

Conclui-se, assim, que a preservação alveolar é uma prática odontológica que transcende a simples manutenção óssea após a extração. Ela é uma estratégia preventiva que influencia diretamente o sucesso de tratamentos reabilitadores, contribuindo para que o paciente alcance resultados estéticos e funcionais superiores. A abordagem científica e tecnológica adotada na preservação alveolar mostra-se indispensável para a prática clínica moderna, configurando-se como um componente fundamental para a previsibilidade e a qualidade dos tratamentos de reabilitação com implantes. Ao implementar essas técnicas, a odontologia avança em direção a uma prática mais integrada e voltada para o bem-estar do paciente, assegurando que tanto a estética quanto a funcionalidade sejam preservadas após a exodontia

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    1. Paulo Henrique Souza Gomes Discente do Curso Superior de Odontologia da Faculdade Metropolitana de Rondônia. e-mail: paulohenriquesouzagomes444@gmail.com
    2. Luciana Pinheiro de Castro Discente do Curso Superior de Odontologia da Faculdade Metropolitana de Rondônia. e-mail: Lucianapinheirosac@gmail.com
    1. Daniele Martens Fernandes Docente do Curso Superior de Odontologia da Faculdade Metropolitana de Rondônia e-mail: danielamartens@hotmail.com