DAMAGE TO MENTAL HEALTH CAUSED BY HEARING LOSS IN THE ELDERLY: INTEGRATIVE LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8060765
Isabelly Sampaio Bezerra1, Aline Luna Andrade², Anna Emíllia de Oliveira Maciel Freitas³, Barbara de Araújo Fernandes4, Francisca Larissa Silva de Sousa5, Francisco Matheus Melo Lima6, Isadora Gomes de Almeida Silva7, José Allyson Pereira da Silva8, Márcio Ribeiro Lucena9, Ravanna de Assis Macêdo10, Rayane Esterfany Martins Barbosa11, Rennan Rodrigues Alvino de Magalhães Cavalcanti12, Seliane Almeida Silva13, Tamise Borges da costa14, Thiago Antunes Adriano De Andrade15, José Olivandro Duarte de Oliveira16
RESUMO
Objetivo: analisar dados e informações disponíveis na literatura acerca da relação entre a perda auditiva e suas repercussões na saúde mental da população idosa. Metodologia: trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada em abril de 2023, utilizando-se os DeCS “Perda Auditiva”, “Idoso” e “Saúde Mental” nas plataformas BVS, PubMed e SCIELO. Foram usados como critérios de inclusão textos completos, em inglês ou português, publicados entre 2020 e 2023, sendo excluídos monografias, textos duplicados, cartas ao editor e trabalhos que não se adequavam ao tema e objetivo deste trabalho, sendo escolhidos, no final, 7 artigos para o compor. Resultados e discussão: a perda auditiva é bastante prevalente entre a população idosa, sendo essa condição amplamente associada com sintomas depressivos, ansiedade, isolamento social, interrupção da comunicação e diminuição da qualidade de vida, o que influencia diretamente na saúde mental dessa população. Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que os sintomas depressivos, por si só, já são mais prevalentes conforme a população vai envelhecendo, porém, a perda auditiva é um fator que influencia para esse aumento, prejudicando ainda mais pessoas desta faixa etária. Além disso, há maior prevalência de deficiências do sistema imune e de maior vulnerabilidade no que se refere à perda de equilíbrio e quedas. Conclusão: dessa forma, é essencial a atuação da equipe multidisciplinar no acolhimento dos idosos que sofrem com essa condição, além da promoção da educação em saúde para que a população e os familiares voltem seu olhar para essas pessoas, de modo a entender que esses idosos precisam de cuidados e de compreensão.
Palavras-chave: Perda Auditiva; Idoso; Saúde Mental.
ABSTRACT
Objective: to analyze data and information available in the literature about the relationship between hearing loss and its repercussions on the mental health of the elderly population. Methodology: this is an integrative literature review, carried out in April 2023, using the DeCS “Hearing Loss”, “Elderly” and “Mental Health” on the BVS, PubMed and SCIELO platforms. Full texts were used as inclusion criteria, in English or Portuguese, published between 2020 and 2023, excluding monographs, duplicate texts, letters to the editor and papers that did not fit the theme and objective of this paper, being chosen, in the end, 7 articles to compose it. Results and discussion: Hearing loss is quite prevalent among the elderly population, and this condition is widely associated with depressive symptoms, anxiety, social isolation, interruption of communication and decreased quality of life, which directly influences the mental health of this population. Data from the World Health Organization show that depressive symptoms, by themselves, are more prevalent as the population ages, however, hearing loss is a factor that influences this increase, harming even more people in this age group. In addition, there is a higher prevalence of immune system deficiencies and greater vulnerability with regard to loss of balance and falls. Conclusion: in this way, it is essential for the multidisciplinary team to work in the care of elderly people who suffer from this condition, in addition to promoting health education so that the population and family members turn their attention to these people, in order to understand that these elderly people They need care and understanding.
Keywords: Hearing Loss; Aged; Mental Health.
INTRODUÇÃO
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o sofrimento psicológico como o maior contribuinte individual no que se refere à questão da incapacidade global, sendo esse fator frequentemente caracterizado por depressão e ansiedade. Embora as causas desse sofrimento mental sejam diversas e complexas, estudos sugerem que a deficiência auditiva, principalmente na população idosa, seja um importante fator de risco modificável que contribui para tal problemática (BIGELOW et al. 2020)
Segundo relatórios da OMS, 65% das pessoas acima de 60 anos sofrem de perda auditiva (PA), e devido a tendência de envelhecimento da população, espera-se que esses números cresçam cada vez mais. Segundo o Relatório Mundial sobre Audição de 2021, a PA relacionada à idade foi identificada como sendo a deficiência mais comum entre a população acima dos 70 anos, sendo esta geralmente associada a diversas condições, incluindo a má qualidade de vida, declínio cognitivo e depressão (ADORNI et al. 2022).
Se caracterizando como um sentimento de tristeza profunda, culpa, baixa auto-estima, perda de interesse nas atividades diárias, sono e apetite prejudicado, entre outros fatores, os sintomas depressivos acomete aproximadamente 15% da população mais velha, sendo eles altamente associados com a perda auditiva, sendo essa associação relacionada a degeneração da atividade cortical proposta para explicar essas condições concomitantes (LAWRENCE et al. 2020).
Dessa forma, este trabalho apresenta como principal problemática, a prevalência de perda auditiva e a fragilidade da saúde mental na população idosa. Ademais, a principal hipótese desse estudo é se há possibilidade de melhorar a qualidade de vida dos idosos que sofrem dessa problemática. Somado a isso, trata-se de uma revisão integrativa da literatura que tem como objetivo analisar dados e informações disponíveis na literatura acerca da relação entre a perda auditiva e suas repercussões na saúde mental da população idosa.
METODOLOGIA:
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada no mês de abril do ano de 2023, utilizando-se dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) “Perda Auditiva”, “Idoso” e “Saúde Mental”, nas plataformas National Library of Medicine (PubMed), Scientific Electronic Library (SCIELO) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), levando ao resultado de 1.612 artigos encontrados.
Foram utilizados como critérios de inclusão, textos completos, publicados entre os anos de 2020 e 2023 em língua inglesa ou portuguesa. Sendo excluídas monografias, cartas ao autor e textos duplicados, restando 122 trabalhos. Após extensa leitura e análise dos resultados encontrados, foram eliminados aqueles que não se adequavam ao tema e objetivo propostos neste estudo. Depois de extensa leitura e análise dos dados obtidos, foram utilizados 7 artigos para compor esse trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos resultados obtidos para a composição deste estudo, foram utilizados 7 artigos, sendo eles 1 qualitativo e 6 qualitativos, todos encontravam-se na língua inglesa e em relação ao ano de publicação, aproximadamente 43% eram do ano de 2021, 14% do ano de 2022 e o restante do ano de 2020. A tabela 1 apresenta maiores características de cada estudo utilizado para a realização deste trabalho.
A perda auditiva é uma condição de bastante relevância entre a população idosa, segundo estudos de Bigelow et al (2020), cerca de ⅔ das pessoas com mais de 70 apresentam algum grau desse tipo de perda sensorial, sendo ela relacionada a vários consequências para essa população, como o isolamento social e mudanças estruturais no cérebro, que podem contribuir para o aparecimento de sintomas depressivos, sobretudo em idosos. Consoante Sun et al (2021), a depressão é um importante fator que prejudica a saúde e a qualidade de vida das pessoas mais velhas, segundo dados da OMS, os sintomas depressivo ficam mais prevalentes com o passar da idade, com 7,5% das mulheres idosas entre as idades de 55 e 75 anos, e 5,5% dos idosos na população geral tornando-se deprimidos.
Ainda de acordo com Sun et al (2021), cerca de 94% dos idosos americanos apresentam algum tipo de comprometimento, seja ele visual, olfativo, gustativo, tátil ou auditivo, sendo os sintomas depressivos diretamente relacionados a PA, além de levar a insatisfação em relação às relações interpessoais e as suas atividades de vida diária, o que compromete ainda mais a saúde mental desses indivíduos.
Acerca dos mecanismos de PA com o avançar da idade, Lawrence et al (2020) afirmam que a partir dos 60 anos de idade, ela frequentemente ocorre pela perda de células ciliadas internas e externas na extremidade basal da membrana basociliar, degradando a capacidade de ouvir altas frequências e aumento dos limiares auditivos experimentados a partir dessa idade. Além disso, evidências recentes também sugerem alterações estruturais e funcionais no sistema nervoso em idosos com perda auditiva ou depressão, como diminuição da atividade no sistema límbico (encarregado de mediar emoções e comportamentos), córtex frontal (também responsável por regulação emocional) e córtex auditivo.
Ademais, vale ressaltar que segundo Gao, Hu e Yao (2020), a qualidade de vida relacionada à saúde desses idosos se encontra prejudicada, pois a PA pode ser prejudicial a função individual de troca de informações e ter impacto negativo nas reações relacionadas a emoção, comportamento e cognição desses indivíduos, sendo isso diretamente relacionado a isolamento social e interrupção da comunicação, gerando muitas vezes ansiedade, depressão, interações sociais prejudicadas e disfunções físicas.
Em relação a possíveis disfunções físicas, Brewster et al (2021) correlacionam a perda auditiva relacionada à idade com o maior risco de isolamento social e à fragilidade incidente e aumento dos riscos de queda dentre a população idosa, além de problemas relacionados ao declínio cognitivo e a demência. Além disso, esses estressores, incluindo a PA, de acordo com Gao, Hu e Yao (2020), interagem com o sistema imunológico e a plasticidade neuronal, contribuindo para o declínio da qualidade de vida relacionada à saúde, sendo importante destacar também que aqueles que além da perda auditiva, lidam com tensão financeira, estão convivendo com estressores crônicos que interferem no bem estar do indivíduo.
Kotwal et al (2021) estudaram sobre a vulnerabilidade dos idosos em relação a experimentar quadros de isolamento e solidão. Segundo os autores, isso pode acontecer principalmente devido à viuvez, deficiência e comprometimento cognitivo, dentre eles, a perda auditiva. Ademais, essa população pode ser menos capaz de lidar com a solidão em comparação com a população mais jovem. Se não for abordada, a solidão pode levar a sofrimento existencial, emocional e físico significativos, prejudicando cada vez mais a saúde mental dessa população, que é agravada, muitas vezes, por causa da perda auditiva.
Em relação ao que poderia ser feito para melhorar a qualidade de vida desses idosos que convivem com a perda auditiva, Adorni et al (2022), evidenciaram por meio de seus estudos que aqueles que faziam uso de aparelhos auditivos apresentavam melhor cognição do que aqueles que não usavam, e concluíram que o uso desse dispositivo poderia ser benéfico para retardar os efeitos do declínio cognitivo, trazendo benefícios para o convívio social e benefícios para a sua saúde mental. Entretanto, a porcentagem de idosos que fazem uso de aparelhos auditivos ainda é muito baixa, principalmente por causa de problemas de custo e de acesso a eles.
Dessa forma, é visível a importância de outras estratégias para trazer benefícios para a saúde mental desses idosos de forma mais acessível. Consoante Kotwal et al (2021), a falta de apoio emocional no fim da vida, falta de apoio instrumental (por exemplo, meios de transporte para consultas médicas) e falta de representantes de cuidado na saúde, são fatores que contribuem para o isolamento dos mais velhos que possuem algum grau de PA. Sendo assim, é necessário vencer esses desafios para melhorar a qualidade de vida e a saúde mental dos idosos.
CONCLUSÃO:
Há evidente relação entre a perda auditiva e os prejuízos à saúde mental da população idosa e, sendo assim, medidas são necessárias para intervir em tal problemática de forma a melhorar a qualidade de vida dessa população. Para isso, é essencial a atuação de uma equipe multidisciplinar em saúde, de modo a intervir quando se depararem com esses casos. É importante a parceria entre a otorrinolaringologia e os profissionais que atuam na área da saúde mental, como psicólogos, terapeutas e psiquiatras, fazendo os encaminhamentos desses pacientes para esses profissionais, para uma avaliação e acompanhamento se necessário.
Ademais, é imprescindível promover uma educação em saúde para a população e para a família desses pacientes, pois são condições que precisam de cuidados especiais e da compreensão daqueles que estão ao seu redor, para garantir um envelhecimento digno e o enfrentamento desta patologia de modo a fazer com que eles se sintam acolhidos.
REFERÊNCIAS:
ADORNI, Roberta et al. The role of the family doctor’s language in modulating people’s attitudes towards hearing loss and hearing aids. Health & Social Care in the Community, v. 30, n. 5, p. e1775-e1784, 2022.
BIGELOW, Robin T. et al. Association of hearing loss with psychological distress and utilization of mental health services among adults in the United States. JAMA Network Open, v. 3, n. 7, p. e2010986-e2010986, 2020.
BREWSTER, Katharine K. et al. Age-related hearing loss, neuropsychological performance, and incident dementia in older adults. Journal of Alzheimer’s Disease, v. 80, n. 2, p. 855-864, 2021.
GAO, Jiamin; HU, Hongwei; YAO, Lan. The role of social engagement in the association of self-reported hearing loss and health-related quality of life. BMC geriatrics, v. 20, p. 1-9, 2020.
KOTWAL, Ashwin A. et al. The epidemiology of social isolation and loneliness among older adults during the last years of life. Journal of the American Geriatrics Society, v. 69, n. 11, p. 3081-3091, 2021.
LAWRENCE, Blake J. et al. Hearing loss and depression in older adults: a systematic review and meta-analysis. The Gerontologist, v. 60, n. 3, p. e137-e154, 2020.
SUN, Weiyi et al. Effects of hearing impairment, quality of life and pain on depressive symptoms in elderly people: a cross-sectional study. International journal of environmental research and public health, v. 18, n. 22, p. 12265, 2021.
1Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Santa Maria (UniFSM)
2Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Santa Maria (UniFSM)
3Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Santa Maria (UniFSM)
4Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Santa Maria (UniFSM)
5Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Santa Maria (UniFSM)
6Graduando em Medicina pelo Centro Universitário Santa Maria (UniFSM)
7Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Santa Maria (UniFSM)
8Graduando em Medicina pelo Centro Universitário Santa Maria (UniFSM)
9Graduando em Medicina pelo Centro Universitário Santa Maria (UniFSM)
10Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Santa Maria (UniFSM)
11Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Santa Maria (UniFSM)
12Graduando em Medicina pelo Centro Universitário Santa Maria (UniFSM)
13Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Santa Maria (UniFSM)
14Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Santa Maria (UniFSM)
15Graduando em Medicina pelo Centro Universitário Santa Maria (UniFSM)16Docente do Centro Universitário Santa Maria (UniFSM)