EDUCATIONAL PRACTICES WITH STUDENTS IN THE FIFTH PERIOD OF NURSING RELATED TO THE PAPANICOLAU EXAMINATION
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8151981
Alice Pereira Santos¹; Amanda Beatriz Matias Martins²; Amanda de Souza Amaral³; Ana Nice Rodrigues Siqueira⁴; Bruna Adrielly Nogueira Magalhães⁵; Camila Alves Martins⁶; Isabela Silva Malheiros⁷; Jose Igor Ferreira⁸; Lara Gabrielle Bressani de Almeida⁹; Queren Hapuque Costa Alves Ferreira¹⁰; Talita Corredeira¹¹; Thays Lorrany Cordeiro Barros¹²; Nicia Michele de Souza¹³
Resumo
O exame citopatológico do colo do útero, exame Papanicolau, é o principal método e mais amplamente usado para identificar o câncer do colo do útero. O presente estudo tem como objetivo descrever a realização de práticas educativas com alunos do quinto período de enfermagem relacionado ao exame Papanicolau. Para isso, realizou-se um estudo descritivo e exploratório, baseado em relato de experiência. Entende-se que o enfermeiro é crucial na realização desse exame e detecção precoce do referido câncer, não deixando, entretanto, de ser uma responsabilidade compartilhada por todos os profissionais envolvidos na atenção básica/saúde da família.
Palavras-chave: Enfermeiro; Papanicolau; Práticas educativas.
Abstract
The present study aims to describe educational practices with students of the fifth period of nursing related to the Papanicolaou test, based on the development of a descriptive and exploratory study, based on an experience report, making considerations about important concepts related to the theme, such as: cervical cancer and Pap test. Finally, it is understood that the nurse is crucial in carrying out this examination and early detection of the referred cancer, however, it is still a responsibility shared by all professionals involved in basic care/family health.
Keywords: Educational Practices; Papanicolaou; Nurse.
Introdução
O câncer do colo do útero pode ser reduzido por meio da implementação de políticas que tenham como objetivo o monitoramento da doença. Essas políticas são baseadas na compreensão de que o câncer invasivo se desenvolve a partir de lesões precursoras, como as lesões intraepiteliais escamosas de alto grau e o adenocarcinoma in situ. Essas lesões podem ser detectadas e tratadas adequadamente, interrompendo a progressão da doença (SANTOS, 2020).
O colo do útero é revestido por células epiteliais pavimentosas que, quando sofrem alterações, podem evoluir para câncer. Portanto, é fundamental o reconhecimento precoce dessas alterações para prevenir o câncer do colo do útero (FARIAS et al., 2022).
O exame Papanicolau, também conhecido como exame citopatológico do colo do útero, é o método principal e mais amplamente usado para identificar o câncer do colo do útero. Ao realizar o mapeamento da população em risco e garantir o diagnóstico e tratamento adequado dos casos detectados, é possível reduzir significativamente, em média de 60 a 90%, a incidência do câncer cervical invasivo. Isso ressalta a importância da realização regular desse exame preventivo, pois ele desempenha um papel crucial na detecção precoce e no controle dessa doença (GURGEL et al., 2019).
No Brasil, o método de rastreamento do câncer do colo do útero é realizado por meio do exame citopatológico e deve ser oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O público-alvo são mulheres entre 25 e 64 anos que já tiveram atividade sexual. O exame deve ser repetido a cada três anos, mas caso sejam obtidos dois resultados normais consecutivos em um intervalo de um ano, o intervalo entre os exames pode ser estendido. Por outro lado, não é recomendado realizar o rastreamento em mulheres sem histórico de atividade sexual ou que tenham passado por histerectomia total por motivos diferentes do câncer do colo do útero. Apesar do exame citopatológico estar disponível no Brasil desde a década de 50, o câncer do colo do útero ainda é considerado um problema de saúde pública, exigindo a implementação de estratégias eficazes para seu controle e prevenção (BRASIL, n.d).
O exame citopatológico pode ser afetado por diversos fatores que podem interferir em sua eficácia, sendo o mais importante deles relacionado aos profissionais responsáveis pela coleta do material. Embora a coleta deva ser realizada por enfermeiros ou médicos, os auxiliares e técnicos de enfermagem desempenham um papel fundamental nesse procedimento (SANTANA; VALENTIN, 2021).
Esses profissionais auxiliam desde a orientação e preparação da paciente para o exame, até o preparo da sala de exames, cuidados adequados para o armazenamento e transporte do material biológico, garantindo que ele seja enviado corretamente ao laboratório para análise. A atuação conjunta desses profissionais é essencial para assegurar a qualidade e confiabilidade dos resultados do exame citopatológico (CARVALHO; ALTINO; ANDRADE, 2019).
A Resolução COFEN nº 385/2011 reconhece a coleta do Papanicolau como uma prática de cuidado complexa que requer conhecimento científico, destacando que enfermeiros estão capacitados para realizar o exame. Além disso, a resolução destaca a importância dos enfermeiros na orientação aos pacientes, identificando possíveis fatores que possam interferir no sucesso do exame.
É fundamental que haja uma cooperação entre os esforços governamentais, a produção acadêmica e a atuação efetiva dos profissionais de enfermagem para avanços significativos na prática do exame e para garantir melhor atendimento à população feminina. O envolvimento dos enfermeiros nessa área contribui para uma abordagem abrangente de cuidados e para a promoção da saúde das mulheres (CONFEN, 2011).
Diante do exposto, o objetivo deste trabalho será descrever a realização de práticas educativas com alunos do quinto período de enfermagem relacionado ao exame Papanicolau, a partir do desenvolvimento de um estudo descritivo e exploratório, baseado em relato de experiência.
Metodologia
Este estudo teve como objetivo descrever a realização de práticas educativas com alunos do quinto período de enfermagem relacionadas ao exame Papanicolau. Optou-se por desenvolver um estudo descritivo e exploratório baseado em relato de experiência, sendo este “um tipo de produção de conhecimento, cujo texto trata de uma vivência acadêmica e/ou profissional em um dos pilares da formação universitária (ensino, pesquisa e extensão), cuja característica principal é a descrição da intervenção” (ALMEIDA; FLORES; MUSSI, 2021).
A pesquisa foi conduzida em uma instituição de ensino superior, envolvendo alunos do quinto período do curso de enfermagem. Inicialmente, foi realizado um levantamento bibliográfico sobre o câncer de colo do útero, sua epidemiologia, fatores de risco e importância da prevenção através do exame Papanicolau. Esse embasamento teórico foi fundamental para nortear as práticas educativas.
A etapa seguinte consistiu na elaboração de um plano de ação para a realização das práticas educativas. O plano incluiu atividades como aulas expositivas, discussões em grupo, demonstrações práticas e simulações do procedimento de coleta do exame Papanicolau. Foram utilizados recursos audiovisuais, como slides e vídeos, para enriquecer as apresentações e facilitar a compreensão dos alunos.
Durante as práticas educativas, os alunos foram estimulados a participar ativamente, fazendo perguntas, compartilhando experiências e expressando suas dúvidas. Foi enfatizada a importância do exame Papanicolau na detecção precoce do câncer de colo do útero e na prevenção de complicações futuras. Além disso, foram discutidos aspectos éticos e de privacidade relacionados à coleta do exame.
Ao final das atividades, os alunos foram convidados a realizar uma reflexão sobre o aprendizado adquirido e a importância da prática educativa na formação profissional. Suas percepções e feedbacks foram registrados por meio de relatos escritos e discussões em grupo.
As considerações finais destacam a relevância das práticas educativas no processo de formação dos estudantes de enfermagem, permitindo a aquisição de conhecimentos teóricos e práticos sobre o exame Papanicolau e a prevenção do câncer de colo do útero. Além disso, ressaltam a importância contínua da educação em saúde para a conscientização da população sobre a importância da realização periódica desse exame preventivo.
Resultados
Conforme supracitado, o exame Papanicolau é essencial na identificação de câncer do colo do útero. Assim sendo, diversos profissionais da saúde se tornam necessários na realização desse procedimento, incluindo, aqui, o profissional da enfermagem. Por conta disso, estudantes do quinto período de graduação em Enfermagem realizaram práticas educativas sobre a realização desse exame.
Ademais, é relevante salientar, de acordo com o que foi mencionado anteriormente, que esta seção se baseará em escritos elaborados a partir de um relato de experiência. Com base nisso, é importante enfatizar que a prática educativa consistiu em palestras expositivas sobre o exame preventivo de Papanicolau, abordando o que ele é, sua importância, restrições antes do dia do exame, frequência recomendada para realização, como é realizado em gestantes, interpretação dos resultados, e por fim, foram demonstrados de maneira prática os materiais utilizados e a forma de realização do exame.
A atividade ocorreu no mês de março, que é dedicado à saúde da mulher, com o propósito de conscientizar a comunidade sobre a relevância da prevenção e detecção precoce do câncer de colo do útero, visando promover ações voltadas para a saúde. Desse modo, foi assertiva a escolha do período para a realização da atividade, dada a necessidade de mobilização de estudantes e profissionais da saúde para a temática.
Essa iniciativa revelou-se extremamente necessária, uma vez que muitos dos estudantes expressaram dúvidas a respeito do papel do enfermeiro no exame preventivo de Papanicolau. Nesse contexto, enfatizou-se amplamente que o profissional de enfermagem deve desempenhar seu papel de forma acolhedora e empática, estabelecendo uma comunicação eficaz com a paciente e esclarecendo todas as suas dúvidas em relação ao procedimento. Isso contribui para que a mulher se sinta mais tranquila e consciente da importância desse exame.
A implementação e execução de ações públicas é de grande importante para enfatizar a atenção integral à saúde da mulher, assegurando ações direcionadas ao controle do câncer de colo do útero e ao acesso a serviços de qualidade em todas as regiões do país. Nessa perspectiva, o enfermeiro desempenha um papel de grande relevância na prevenção do câncer de colo do útero e na implementação de medidas preventivas na comunidade atendida. Isso envolve a identificação de grupos de alto risco e o compromisso com a promoção da saúde integral da mulher, uma área estratégica de atuação dentro do Pacto pela Saúde, conforme estabelecido pela Portaria nº 399 GM/MS de 2006 (PAIVA et al., 2013).
O enfermeiro desempenha um papel essencial no cuidado direto à mulher em todas as etapas de atenção. É de extrema importância ressaltar a relevância da prevenção e identificação precoce do câncer do colo do útero, uma vez que está dentro das competências de o enfermeiro realizar a coleta do exame de colpocitologia oncótica e fornecer assistência completa à saúde da mulher (SALIMENA, et al., 2014).
É fundamental incentivar práticas de educação em saúde para promover a conscientização das mulheres sobre a importância do exame de Papanicolau, além de garantir um acompanhamento adequado como forma de promover hábitos saudáveis (PAIVA et al., 2013). Nesse contexto, o profissional de enfermagem desempenha um papel educativo crucial na detecção precoce do câncer de colo do útero (SALIMENA et al., 2014).
Destaca-se, portanto, a importância das intervenções educativas realizadas pelo enfermeiro, as quais servem como base para abordar integralmente a saúde da mulher (SOARES; SILVA, 2016). De acordo com os mesmos autores, a alta taxa de mortalidade por câncer de colo do útero pode indicar falhas no diagnóstico precoce da displasia, decorrentes de vários fatores, incluindo a baixa cobertura na realização do exame de colpocitologia oncótica, revelando uma falta de adesão por parte da população feminina. Assim, é necessário implementar ações educativas capazes de promover a conscientização sobre as medidas de prevenção do câncer de colo do útero, demonstrando, mais uma vez, que a prática educacional com os alunos de graduação foi eficaz.
Nessa perspectiva, é de extrema importância que o enfermeiro abandone o modelo biomédico, que se concentra exclusivamente na assistência e tratamento da doença, e adote o modelo de vigilância da saúde. Isso implica em fornecer conhecimento e facilitar o acesso das mulheres às práticas preventivas e de promoção da saúde, evitando as estatísticas de mortalidade por câncer de colo do útero.
Além disso, é fundamental destacar que a busca das mulheres pela prevenção, através da demanda livre, não é suficiente para garantir uma cobertura adequada do exame de Papanicolau. É essencial promover atividades educativas sistemáticas e eficazes nos serviços de saúde, com o objetivo de promover mudanças de atitude, ou seja, ações que tenham significado para as mulheres, investindo na consolidação e no fortalecimento dos vínculos entre as mulheres e os profissionais de saúde (MELO et al., 2012).
Adicionalmente, é necessário que o enfermeiro promova capacitações tanto para a equipe de enfermagem quanto para a comunidade, a fim de capacitá-los a atuar como agentes multiplicadores entre os pacientes. É esperado que esse profissional estimule a orientação sobre a técnica do exame de Papanicolau, de modo que seja compreendido como uma prática rotineira dentro do contexto da Estratégia de Saúde da Família (ESF) no que diz respeito à saúde da mulher (PAIVA et al., 2013).
É relevante ressaltar também que os profissionais de enfermagem devem agir em conformidade com o Código de Ética e os princípios que norteiam e organizam o processo de trabalho, alinhados com a lógica das redes de atenção à saúde. Esses princípios foram estabelecidos pelo Decreto Presidencial nº 7.508/2011 e pela Portaria Ministerial nº 2.488/2011 (SAMPAIO; BARRETO; KREMPEL, 2012).
De acordo com Soares e Meincke (2010), a prevenção do câncer de colo do útero é uma medida de baixo custo e acessível em termos de relação custo/benefício, não requerendo necessariamente um acesso a tecnologias de alta complexidade para sua prevenção e controle. No entanto, a responsabilidade dos profissionais de saúde é estabelecida por meio do estabelecimento de vínculos e cuidados através de processos educativos. Isso implica na compreensão do papel desses profissionais como educadores e promotores de consciência sanitária junto às mulheres, incentivando a realização de exames para detecção precoce do câncer de colo do útero e sua participação nos processos decisórios relacionados à saúde.
O preâmbulo do Código de Ética dos profissionais de enfermagem ressalta que a Enfermagem abrange um conjunto específico de conhecimentos científicos e técnicos, que são construídos e experimentados por meio de práticas sociais, éticas e políticas. Essas práticas são realizadas por meio do ensino, pesquisa e assistência. A Enfermagem é exercida por meio da prestação de serviços à pessoa, família e coletividade, levando em consideração seu contexto e circunstâncias de vida. O aprimoramento do comportamento ético do profissional envolve o desenvolvimento de uma consciência individual e coletiva, bem como o compromisso social e profissional, que se refletem nas relações de trabalho e têm impacto no campo científico e político (COFEN, 2007).
A fim de garantir um controle efetivo do câncer de colo do útero, é essencial que a mulher seja recebida com acolhimento desde a primeira consulta e, quando necessário, encaminhada para outros níveis de atenção. Além disso, é crucial disponibilizar toda a tecnologia necessária para o diagnóstico e tratamento adequado de cada caso (SILVA et al., 2013).
Ademais, conforme citado por Andrades (2018), a equipe de enfermagem da Estratégia de Saúde da Família (ESF) desempenha um papel significativo na prevenção e identificação do câncer de colo do útero. Seu objetivo é conscientizar as mulheres e encorajá-las a realizar o exame de Papanicolau por meio de programas educativos, identificando aquelas em situação de vulnerabilidade durante o acolhimento na ESF ou na consulta ginecológica, além de realizar a coleta do material necessário para o exame de Papanicolau.
Conclusão
Nesse contexto, fica evidente que o enfermeiro da Estratégia Saúde da Família desempenha um papel crucial na prevenção e controle do câncer de colo do útero. Ele pode contribuir de maneira efetiva realizando a coleta do exame de Papanicolau e promovendo atividades educativas em saúde direcionadas para as mulheres em sua área de atuação. Além disso, é possível afirmar que a educação em saúde pode se tornar uma ferramenta eficaz na prevenção e controle do câncer de colo do útero, a ser implementada pelas equipes da Estratégia Saúde da Família.
Referências
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¹Orcid: 0000-0002-0663-7120 Instituição: Faculdade Evangélica de Goianésia – FACEG
²Orcid: 0000-0003-4587-7220 Instituição: Faculdade Evangélica de Goianésia – FACEG
³Orcid: 0000-0003-3120-2492 Instituição: Faculdade Evangélica de Goianésia – FACEG
4Orcid: 0000-0001-5728-0961 Instituição: Faculdade Evangélica de Goianésia – FACEG
5Orcid: 0000-0002-8108-6445 Instituição: Faculdade Evangélica de Goianésia – FACEG
6Orcid: 0009-0003-6151-5227 Instituição: Faculdade Evangélica de Goianésia – FACEG
7Orcid: 0009-0006-9938-6856 Instituição: Faculdade Evangélica de Goianésia – FACEG
8Orcid: 0000-0003-3772-1285 Instituição: Faculdade Evangélica de Goianésia – FACEG
9Orcid: 0000-0002-8029-0321 Instituição: Faculdade Evangélica de Goianésia – FACEG
10Orcid: 0009-0003-8126-3637 Instituição: Faculdade Evangélica de Goianésia – FACEG
11Orcid: 0009-0009-6836-8411
12Orcid: 0000-0003-4545-624X Instituição: Faculdade Evangélica de Goianésia – FACEG
13Orcid: 0000-0002-9133-0931 Instituição: Faculdade Evangélica de Goianésia – FACEG