PRÁTICAS EDUCACIONAIS DA NEUROCIÊNCIA PARA ESTIMULAÇÃO PRECOCE NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

NEUROSCIENCE EDUCATIONAL PRACTICES FOR EARLY STIMULATION IN EARLY CHILDHOOD EDUCATION

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10247251617


Renata Massalai¹
Diógenes José Gusmão Coutinho²


Resumo: Este artigo aborda a importância da estimulação precoce, com foco especial nas neurociências, destacando a neuroplasticidade do cérebro como  um mecanismo  crucial  na  adaptação  e  reorganização  em  resposta  a  estímulos  e  experiências e a escola como espaço propiciador desta mediação para potencialização da aprendizagem na educação infantil. São discutidos os benefícios estimulação precoce na prática docente e formas de manejo para aplica-las em sala de aula, promovendo desse modo, no ambiente educacional, a estimulação  cognitiva e das funções executivas que  incluem  a  melhoria  do  raciocínio,  da  memória,  do  planejamento  e  da resolução  de  problemas,  e consequentemente no aprendizado, bem como estratégias para estimulação no desenvolvimento social e afetivo, linguagem  e  motricidade global e fina, por exemplo. Ao implementar  essas estratégias na pratica educacional,  é  possível  fortalecer  habilidades  mentais, sociais afetivas e motoras essenciais em sala de aula,  promovendo  um  cérebro  saudável  e eficiente em todas as idades, preparando desse modo as crianças na para enfrentar os desafios futuros do mundo moderno por meio da estimulação precoce.

Palavras-chave: Neurociência; Estimulação Precoce; Educação Infantil.

Abstract:  This article discusses the importance of early stimulation, with a special focus on neurosciences, highlighting the neuroplasticity of the brain as a crucial mechanism in adaptation and reorganization in response to stimuli and experiences, and the school as a space that fosters this mediation to enhance learning in early childhood education. It discusses the benefits of early stimulation in teaching practice and ways of managing it in the classroom, thus promoting cognitive stimulation and executive functions in the educational environment, which include improved reasoning, memory, planning and problem-solving, and consequently learning, as well as strategies for stimulating social and affective development, language and global and fine motor skills, for example.     By implementing these strategies in educational practice, it is possible to strengthen essential mental, social, affective and motor skills in the classroom, promoting a healthy and efficient brain at all ages, preparing students for the future. at all ages, thus preparing children to face the future challenges of the modern world through early stimulation.

Keywords: Neuroscience; Early stimulation; Early childhood education

Introdução

A Estimulação Precoce é um conjunto de ações psicomotoras cujo objetivo é oferecer à criança estímulos fundamentais que possibilitem o desenvolvimento das habilidades necessárias para o seu crescimento sadio (Nunes;Chanini, 2017)

Esta se faz necessária para potencializar a aprendizagem e conexões sinápticas que estejam em prejuízo, pois essa reformulação de conexão que ocorre se uma parte do cérebro for lesada em acidente outras partes vão tentar se reorganizar para buscar dar conta das funções que eram realizadas por aquela área que foi danificada assim como se há alterações nas funções cognitivas como ocorre em pacientes diagnosticados com distúrbios no neurodesenvolvimento como Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), paralisia cerebral, deficiência intelectual, Síndrome de Down dentre outras, além dos transtornos de aprendizagem como Transtorno Défict de Atenção e Hiperatividade (TDHA), dislexia, discalculia, por exemplo. (Consenza & Guerra, 2011). Isto se faz possível por meio da neuroplasticidade estimular essas áreas cerebrais em defasagem conforme estes autores apontam.

 A Neuroplasticidade é a capacidade do cérebro de moldar diante de uma nova experiência, por exemplo, com o tempo, na medida em que o indivíduo recebe estímulos de aprendizagem e desenvolvimento, o cérebro passa a reconhecer quais conexões têm sido utilizadas com maior frequência e reforça esses circuitos na forma de memória. Ao passo que algumas conexões vão sendo desligados outros neurônios vão surgindo (Ludovico, 2011).

Isso acontece devido a plasticidade cerebral (ou neuroplasticidade), que pode ser definida como a capacidade adaptativa que o cérebro possui de se regenerar ao longo da vida, estabelecendo novas sinapses (Gazzaniga; Ivry; Mangun, 2006). Portanto, o cérebro está em constante mutação, adequando-se conforme a aprendizagem, o comportamento, meio ambiente e aos processos neurais. A aprendizagem influencia diretamente a neuroplasticidade cerebral, estimulando novas sinapses conforme Dawson e Guare (2010). 

Vale ressaltar que a neuroplasticidade do sistema nervoso central está presente desde o início do desenvolvimento infantil, fase do seu ápice das conexões sinápticas possibilitando nível de eficácia para a reabilitação mais acelerado e se estende a vida toda (Malloy et al, 2008).

 Conforme Lent (2019) no primeiro ano de vida de um ser humano o cérebro forma os circuitos neurais. Essa “rede”, que se assemelha a uma teia de aranha, é repleta de ligações entre os neurônios. O neurônio é feito de dendritos e que conectam a novos neurônios e formam o processo de sinapse. A conexão entre neurônios chamamos de sinapse. É pelas sinapses que os neurônios se comunicam um com o outro., sendo a responsável por conduzir a informação que transita entre o cérebro, sistema nervoso central e organismo. Essas sinapses que nos habilitam a aprender armazenar informações

No período da primeira infância, ocorre o que é chamado de “poda neural”, a criança possui o dobro de sinapses que um adulto (Bee, 2003). Esta ocorre entre o 18ºe o 32º mês de vida (1ano e 6 meses até 2 anos e 6meses) é quando a criança tem a maior atividade neurológica por conta da neuroplasticidade, a criança aprendeu um número muito grande de coisas (ao mesmo tempo em que vai abandonando outros aprendizados que já não utiliza mais (Garon, Bryson,  &  Smith, 2008). Isso ocorre porque o cérebro lança circuitos para inúmeras atividades, já que não conhece o estilo de vida que levaremos. Como uma espécie de reserva extra (Lent, 2019).

Neurônios processam informação captam e passam adiante. O que fortalece  a sinapse é a ativação repetida quanto mais ativa mais se fortalece pela pratica então quanto mais aprende e repete mais se consolida (Cosenza, 2011). O cérebro é moldado pelos estímulos do ambiente. Os neurônios esculpem as  aprendizagens do seu cérebro. Se a pratica fortalece certas sinapses então aprendizagem que  se realizam uma ou 2 vezes e não são aprendidas elas se apoiam em conexões fracas e que podem se desaparecer e dar lugar a outras (Gazzaniga et al,2006). 

Desse modo, discute-se nesse artigo a importância de promover no espaço e escolar a pratica da estimulação precoce em sala de aula na educação infantil para promover aprendizado e qualidade de vida a crianças na educação.

1.          A NECESSIDADE DA ESTIMULAÇÃO PRECOCE INFANTIL: ENFOQUE DAS NEUROCIÊNCIAS

            A neuroplasticidade é a capacidade do cérebro de moldar diante de uma nova experiência. Com o tempo, na medida em que o indivíduo recebe estímulos de aprendizagem e desenvolvimento, o cérebro passa a reconhecer quais conexões têm sido utilizadas com maior frequência e reforça esses circuitos na forma de memória (Luria, 1981).

Ao passo que algumas conexões vão sendo desligadas, outros neurônios vão surgindo. Isso acontece devido a plasticidade cerebral (ou neuroplasticidade), que pode ser definida como a capacidade adaptativa que o cérebro possui de se regenerar ao longo da vida, estabelecendo novas sinapses (Kandel, 2000). A neuroplasticidade se trata disso. A ideia de que o cérebro está em constante mutação, adequando-se conforme a aprendizagem, o comportamento, meio ambiente e aos processos neurais.

Essa reformulação de conexão se uma parte do cérebro for lesada em acidente outras partes vaio tentar se reorganizar para tentar dar conta das funções que eram realizadas por aquela área que foi danificada (Straus et al, 2006). Essa capacidade de aprendizagem e de remodelação constante do cérebro damos nome a plasticidade cerebral.  Ela acontece durante toda a vida. Os recursos que não são utilizados vão sendo desativados (Kandel, 2000).

 A essa exclusão, dá-se o nome de “poda neural”, um processo que ocorre dentro do cérebro, que resulta na redução do número total de neurônios e sinapses.

Esse “corte” acontece inúmeras vezes ao longo da vida, sendo mais intenso a poda neural ao nascimento e mais decisiva para criança . Entre 1 ano e meio e 3 anos (Lent, 2019). 

Mas, o que isso tem a ver com a estimulação precoce?. Se a criança está exposta a novas possibilidades de aprendizagem durante este período da poda neural, tende a fortalecer mais circuitos neuronais e consolidar em sua memória um número maior de informações que podem ser muito importantes ao longo de seu desenvolvimento (Hamdan.,  Pereira.,  &  Riechi, 2011).  

As podas neurais acontecem ao longo de toda vida e sempre é possível consolidar novos conteúdos, porém a primeira infância é a fase mais importante e determinante do desenvolvimento humano para que isto ocorra, visto toda a organização cerebral existente nos primeiros anos de vida. De acordo com o Ministério da Saúde (2012) a primeira infância data do nascimento até 6 anos de idade. Desta forma, quando a criança desde muito pequena apresenta algum atraso em qualquer área de seu desenvolvimento orienta-se que inicie o quanto antes a intervenção precoce, sendo esta um conjunto de atividades que fortalece e

desenvolve os potenciais de um bebê ou uma criança, no âmbito sócio afetivo, cognitivo, linguístico e motor, a fim de fortalecer e promover a aquisição de novas habilidades nos primeiros anos de vida, que serão determinantes ao longo de todo desenvolvimento. 

Os primeiros anos constituem um período de vida caracterizado por crescimento,maturação e desenvolvimento é um estágio especialmente crítico uma vez que adquiriras habilidades motoras, perceptivas e linguísticas, cognitivo e social que permitirá o desenvolvimento da criança (Garon,  &  Smith, 2008).

Privação de estímulos do ambiente ou condições diagnosticas como deficiências ou síndromes, pode comprometer o curso evolutivo, então aproveitar a plasticidade neural desses estágios iniciais é crucial para favorecera processo evolutivo (Navarro, 2008).

2.       FORMAS      DE      ESTIMULAÇÃO     PRECOCE      NA     PRÁTICA EDUCACIONAL DA EDUCAÇÃO INFANTIL

O desenvolvimento cognitivo depende do envolvimento de várias outras funções e a boa desenvoltura de outras funções que o alicerçam como a linguagem, a coordenação motora e suporte afetivo-emocional. 

Neste sentido, é importante que este seja contínuo, pois é através do mesmo que se aprende a tomar decisões, inibir seus impulsos, responder as tarefas adequadamente, armazenar o conteúdo na memória e atender as demandas solicitadas de tarefas, monitoramento dos erros, lidar com situações desafiadoras e ser flexível em relação às mudanças e complexidade de exigências no ambiente (Diamond, 2013).

Uma forma de estimular o desenvolvimento cognitivo infantil é por meio de atividades lúdicas que envolvem o raciocínio, a memória, percepção visual e a concentração que estão relacionadas a um conjunto de funções cognitivas que denominamos de funções executivas (FE) relacionadas a nossa capacidade de aprendizagem (Fuentes et al, 2014). 

As FE são definidas como o conjunto de habilidades cognitivas de alta complexidade que nos permitem executar as ações necessárias para atingir um objetivo e estão associadas à capacidade de recrutamento de diversos processos cognitivos relacionados ao comportamento intencional, sendo requisitadas na formulação de planos de ação em que uma sequência apropriada de ações necessita ser selecionadas e esquematizadas para nossa adaptação no cotidiano (Malloy-Diniz et al., 2014).  

Em síntese, as FE são cruciais para tarefas do cotidiano, estando relacionados a um conjunto de comportamentos que incluem: iniciar, planejar e motivar para realizar tarefa, direcionando comportamentos para alcançar metas; Planejar ações; Organizar; Resolver problemas imediatos e de longo prazo; Inibir comportamentos não adaptativos; alternar curso de pensamento diante novas demandas do ambiente, antecipar consequências futuras, armazenar e manipular informações do ambiente na memória de curto prazo; Fazer autorregulação emocional (Seabra & Dias, 2012). 

Embora não haja consenso quanto à definição das FE, Diamond (2013) propõe a existência de três FE nucleares que são compostas pelo:

 1-Controle Inibitório (a capacidade de o sujeito inibir respostas dominantes ou automáticas quando julgar necessário, de maneira controlada); 

2-Memória de trabalho (manutenção, manipulação ativa e atualização da informação); 

3-Flexibilidade cognitiva (capacidade de mudar o foco atencional ou capacidade de alterar o curso do pensamento de acordo com as exigências do ambiente)

No que tange as regiões corticais, a literatura das FE aponta as regiões no córtex pré-frontal que são tidas como diferenciais e importantes para as FE, no qual denotam estar alteradas em pacientes com distúrbios de aprendizagem do neurodesenvolvimento, configurando-se desse modo, nas disfunções executivas que estão relacionadas a falhas ou ao atraso no desenvolvimento das FE podendo explicar sintomas presentes nesses pacientes  que comumente ocorrem conforme Diamond ( 2013);

  • Rebaixamento atencional, 
  • Pobre tomada de decisão, 
  • Comportamento perseverante ou estereotipado, 
  • Comprometimento da atenção sustentada, 
  • Dificuldade em iniciar tarefas,
  • Dificuldade de alternar ou lidar concomitantemente com distintas tarefas que variam em grau de relevância e prioridade,
  • Déficits no controle de impulsos e impaciência, 
  • Dificuldades na seleção de informação, e na inibição e na mudança de respostas. 
  • Déficits também na atenção compartilhada;
  • Irritabilidade; 
  • Excessiva rigidez comportamental,
  • Apatia; 
  • Prejuízo na capacidade atencional, na motivação, na memória e no planejamento e execução de uma tarefa. 
  • Dificuldades na antecipação das consequências de seu comportamento, no estabelecimento de novos repertórios comportamentais, entre outros.

Tais capacidades possibilitam o indivíduo gerenciar seu comportamento e suas ideias de forma autônoma e independente. Sem um bom desenvolvimento do funcionamento executivo, os indivíduos podem apresentar dificuldade para planejar, organizar tarefas, dificuldade em inibir respostas insatisfatórias frente às exigências das tarefas do cotidiano, dificuldade em armazenar o conteúdo aprendido e automonitorar os erros nas tarefas para corrigi-los em seguida, dificuldade em alternar curso do pensamento, recrutando novas estratégias cognitivas, além de dificuldade em mudar o foco da atenção quando necessário, ou alterná-la diante de estímulos concorrentes, e até mesmo de manter a atenção por um período maior de tempo, conforme a exigência e complexidade da tarefa (Diamond, 2013). 

Para essa autora, ainda, a condição socioemocional da criança, marcada pela qualidade das relações com pais e cuidadores, é fundamental para a formação de um bom funcionamento executivo. Se a criança estiver estressada, triste, sem dormir direito, sem receber atenção dos adultos, sem se exercitar adequadamente ou com problemas nutricionais, ela não será capaz de desenvolver adequadamente seu funcionamento executivo.

Neste sentido, a estimulação precoce se dá através de técnicas préestabelecidas a fim de transformar as memórias explicitas em implícitas, ou seja, automatização das ações, através da intervenção com repetições de tarefas que posteriormente se transformam em novas aprendizagens com base no mecanismo da neuroplasticidade (Hamdan et al, 2011). 

Porém, antes de planejar as atividades para os alunos(a) com os que apresentam diagnostico de transtorno do neurodesenvolvimento e de aprendizagem deve-se considerar que é preciso conhecer o (a) aluno (a) nos seguintes aspectos:  

  • realidade familiar e social;  
  • características pessoais;  
  • interesses e peculiaridades;  
  • processo de aprender;  
  • necessidades de aprendizagem;  
  • o que ele já sabe e o que está em vias de aprender.  

A seguir encontram-se algumas estratégias para docentes promoverem a aprendizagem e estimulação precoce em crianças conforme Dias e Seabra (2016), Cantiere e colaboradores (2012), Rotta (2016), Navarro (2008):

  • Estabelecer contato visual direto sempre que possível, pois possibilitará uma maior sustentação da atenção. 
  • Estabelecer objetivos de curto prazo (déficit no processamento temporal)
  • Realizar explicações curtas e poucas informações de cada vez (déficit na memoria de trabalho)
  • Realizar combinação de leitura e verbalização e repetição das informações para estimular a memorização.
  • Estabelecer de rotinas, regras e limites claros e bem definidos, pois a organização externa fará com que se organizem melhor internamente;
  • Proponha uma programação diária e tente cumpri-la. Se possível, além de falar coloque-a no quadro reforçando cada vez que a mesma for concluída. Em caso de mudanças ou situações que fogem a rotina, comunique o mais previamente possível;
  • Realizar o controle ambiental de estímulos que estejam relacionados à frequência do comportamento inadequado como por exemplo: Retirar objetos desnecessários que possam ser fonte de distração. Deixe apenas no ambiente o objeto , material que vai usar para ensinar, sem celular, eletrônicos em geral na mesa ou outros objetos que não vai usar e que poderão distrair sua criança. Precisamos reduzir as oportunidades de distração;
  • Usar pistas visuais e outros auxílios com a figura realizando combinados do que vai ser feito no dia para estabelecer regras e ensinarem as crianças a seguirem a mesma, estabelecer rotinas sensório sociais e também para estimular memória quando houver tarefas com várias etapas por exemplo ao perguntar a sua criança após mostrar o quadro de rotina, por exemplo “ Qual a segunda atividade que faremos? Aponta para mim aqui no quadro qual figura?;
  • Evite atividades longas, subdividindo-as em tarefas menores e introduzindo intervalos;
  • Estimule a prática de fazer resumos, isto facilita a estruturação das idéias e fixação do conteúdo
  • Simplificar e dividir instruções complexas, tornando-as mais concretas e atreladas a conhecimentos prévios, relevantes e da vida diária da criança.
  • Ao ensinar algo, compartilhe o que será abordado;
  • Recupere de forma clara, objetiva e sucinta o que já foi abordado antes;
  • Apresente novo tema fazendo relação com o anterior;
  • Busque exemplos práticos no dia-a-dia;
  • Reforçe sempre que teu aluno (a) fazer a tarefa e aprender o que foi ensinado para aumentar a probabilidade de ocorrência futura deste comportamento adequado esperado. 
  • O uso de letras móveis, fichas com palavras e frases escritas, jogos pedagógicos e livros de literatura infantil podem ajudar nas dificuldades de organização espacial e na coordenação motora fina.
  • Dar ênfase em atividades relacionadas à vida real de seu aluno (a), trabalhando as competências e habilidades que ele  possui;  
  • As atividades devem ser explicadas de forma lenta e tranquila, repetindo quantas vezes forem necessárias, (a repetição e rotina de aplicação das atividades, possui grande importância no desenvolvimento, compreensão e aprendizagem de alunos com deficiência intelectual e outros transtornos do neurodesenvolvimento e de aprendizagem).
  • É importante utilizar o interesse que seu aluno(a) apresenta por determinados assuntos, temas e formas de realizar as atividades; 
  • Observar como o seu aluno (a) reage e age em cada situação e atividades aplicadas, como as realiza. Estar atento auxiliá-lo; 
  • Propor trabalhos e atividades que possam auxiliar o desenvolvimento de habilidades adaptativas: sociais, de comunicação, cuidados pessoais, autonomia; 
  • Para trabalhar a memória pode pedir para procurar objetos ou pessoas escondidas, identificar familiares, pessoas próximas, brinquedos favoritos (fotos, fichas com gravuras e o próprio objeto); 
  • Para estimular a Atenção e Concentração: caixa de estimulação, brinquedos sonoros, trabalho com histórias e livros infantis, atividades com fantoches;
  • Para estimular a motricidade fina: Manusear objetos de formas e tamanhos variados, transferindo de uma mão a outra;  Pegar objetos com ambas as mãos; Sustentar simultaneamente um objeto em cada mão; Pegar e guardar objetos em recipientes de vários tamanhos;  Manusear potes e ou objetos que tenham tampa, como rosca, abrir, fechar, apertar, zíper, velcro, alinhavo, por e tirar. Atividades com potes de encaixe, aramados, ábacos de encaixe com diferentes tamanhos e espessaras
  • Para estimular a motricidade global: Atividades físicas e de coordenação como sentar com e sem apoio das mãos, rolar, agachar, engatinhar, passar por baixo, dentro e por cima de obstáculos, ficar em pé e agachar sem auxílio, subir e descer de cadeiras, assentos e escadas sem auxílio. 

Na tabela 1 a seguir encontram-se estratégias de ensino e aprendizagem para as dificuldades mencionadas para intervenção e estimulação precoce conforme Diamond e Leek (2011), Dias e Seabra (2016), Navarro (2008).

3.  CONCLUSÃO

Ao longo deste artigo, exploramos a importância das funções cognitivas, com destaque especial para as funções executivas, no desenvolvimento mental e na vida cotidiana, bem como aspectos sociais afetivos, comunicação e linguagem e de motricidade global e final, principalmente pela prática docente na educação infantil. Além disso, apresentamos uma variedade de estratégias e jogos projetados para estimular as funções executivas, oferecendo aos docentes da educação infantil praticas de estimulação precoce com base em evidências científicas. 

Diante da complexidade da estimulação precoce e da  importância  da mesma para o  desempenho eficaz  em  diversas  áreas  da  vida da criança,  é  fundamental  reconhecer  a necessidade  de  estimulação contínua da mesma no ambiente educacional como espaço fomentador de aprendizagem e qualidade de vida.

Por fim, através de atividades práticas e  lúdicas realizadas na escola pelo docente,  é  possível  fortalecer  as  habilidades  mentais e sócio emocionais essenciais,  promovendo  um  cérebro  saudável  e eficiente em todas as idades que serão habilidades necessárias a vida profissional e acadêmica da criança quando crescer. Desse modo, a estimulação precoce na educação infantil pelos docentes e instituição de ensino contribuirá com a promoção da qualidade, saúde bem estar emocional e contribuição ao aprendizado da criança.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

BEE, Helen. A criança em desenvolvimento. Porto Alegre: Artmed, 2003.

 Brasil. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2012. Disponível em:<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_crescimento_desenv olvimento.pdf>. Acesso em: 10 Julho 2024 

Brasil. Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à Saúde.  Diretrizes de Estimulação Precoce: crianças de 0 a 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor decorrente de microcefalia. Disponível em:<http://www.sbp.com.br/src/uploads/2016/01/Diretrizes-de-EstimulacaoPrecoce_Microcefalia.pdf>. Acesso em 11 fev. 2016.

Cantiere, C. N., Ribeiro, A. de F., Khoury, L. P., Seraceni, M. F. F., Macedo, L. F. R., & Carreiro, L. R. R. Treino cognitivo em crianças e adolescentes com sinais de desatenção e hiperatividade: Proposta de protocolo de intervenção neurológica nos domínios verbal e executivo. Cadernos de Pós-Graduação Em Distúrbios Do Desenvolvimento, 12(1), 98–107,2012.

Cosenza, R. M. (Eds.), Neuropsicologia: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 2008.

Cosenza, R. M.; Guerra, L. B. Neurociência e Educação: como o cérebro aprende, Artmed, 2011.

Dawson, P. & Guare, R. Executive skills in children and adolescents: A practical guide to assessment and intervention (2 ed.). New York, NY: The Guilford Press,2010. 

Diamond, A., & Lee, K. Interventions shown to aid executive function development in children  4–12 years old.  Science, 333 (6045), 959-964, 2011.Recuperado http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3159917/

   Dias, M. N &  Seabra, G. A. Piafex – Programa de Intervenção em Autorregulação          e          Funções          Executivas.         Mamon,     2013.https://memnon.com.br/produto/piafex-programa-de-intervencao-em-autorregulacaoe-funcoes-executivas

Diamond, A. Executive Functions. Annual Review of Psychology, 64(1), 135–168, 2013. https://doi.org/10.1146/annurev-psych-113011-143750

Diamond, A., & Ling, D. S. Conclusions about interventions, programs, and approaches for improving executive functions that appear justified and those that, despite much hype, do not. Developmental Cognitive Neuroscience, 18, 34–48,2016. https://doi.org/10.1016/j.dcn.2015.11.005

Dias, N. M., & Seabra, A. G. Intervention for executive functions development in early elementary school children: effects on learning and behaviour, and follow-up maintenance. Educational Psychology, 3410(October), 1–19,2016. 

Fuentes, D., Malloy-Diniz, L., Camargo, C. H. P., & Cosenza, R. M. (Org.).  Neuropsicologia: Teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 2008.

Garon,  N.,  Bryson,  S.  E.,  &  Smith,  I.  M. Executive  function  in  preschoolers: A review using an integrative frameworkPsychologicalBulletin, 134(1), 31-60, 2008.

Gazzaniga, M. S., Ivry , R. B., & Mangun, G. R. Neurociência cognitiva:  A biologia da mente. Porto Alegre, RS: Artmed, 2006.

Hamdan,  A.  C.,  Pereira,  A.  P.  A.,  &  Riechi,  T.  I.  J.  S.  Avaliação  e  reabilitação neuropsicológica: desenvolvimento histórico e perspectivas

atuais. Interação  em  Psicologia,  15,  47-58, 2011.  Recuperado  de http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/psicologia/article/view/25373/17001.Acessado em: 28/06/2024

Kandel, ER, Jessell, JH, Thomas, M. Fundamentos da Neurociência e do Comportamento. Prentice-Hall do Brasil, 2000.

Lent, R. O cérebro aprendiz: neuroplasticidade e educação. (1ª ed). Rio de Janeiro, RJ: Atheneu, 2019.

LUDOVICO, J. FONO, EDUCAÇÃO E PSICOPEDAGOGIA. TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM E NEUROPLASTICIDADE. DISPONÍVEL EM: JOSIFONO. BLOGSPOT.COM/P/TRANSTORNO-DE-APRENDIZAGEM-E_18.HTML. ACESSOEM 28/11/2023. 

Luria, A.R. Fundamentos de neuropsicologia São Paulo: Edusp, 1981.

Malloy-Diniz, L. F., Paula, J. J., Sedó, M., Fuentes, D., &, Leite, W. B. Neuropsicologia das funções executivas e da atenção. In D. Fuentes, L. F MalloyDiniz, C. H. P. Camargo, & R. M. Cosenza (Orgs.), Neuropsicologia: Teoria e prática (2. ed., pp. 115-138). Porto Alegre: Artmed, 2014.

NAVARRO, A. ESTIMULAÇÃO PRECOCE. INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E COGNITIVA. VOL.1, VOL2, VOL.3. SÃO PAULO: GRUPO CULTURAL, 2008.

NUNES, Ana Silvia Duarte; CHAHINI, Thelma Helena Costa. Percepções de profissionais da educação infantil em relação à estimulação precoce em crianças com deficiência e de risco ambiental. Revista Interdisciplinar em Cultura e

Sociedade,             p.             83-102,             2017.             Disponível em:<http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/72 22/4441>. Acesso em: 12 fev 2024.

Rotta, N. T. (Org). Transtorno da Aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2016.

Seabra, A. G., & Dias, N. M. Avaliação Neuropsicológica Cognitiva – Atenção e funções executivas. Memnon, 2012.

STRAUSS, E; SHERMAN, E.  M. S., & SPREEN,  O.  A  Compendium  of  Neuropsychological  Tests: Administration, Norms and Commentary. New York: Oxford University Press, 2006.

Referências Figura

Figura 1: https://za.pinterest.com/pin/392587292487577267/


1Graduada em  Psicologia  pelo  Centro  Universitário  de  Vila  Velha  (UVV).  Mestre  em  Neurociências  pela  Pontifícia Universidade  Católica  do  Rio  de  Janeiro  (PUC-Rio).  Christian Business School,  Flórida,  EUA  Vitória,  Espírito  Santo. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-9564-4794.

2Graduado em Licenciatura em Ciências Biológicas  pela  Universidade  Federal  Rural  de  Pernambuco  (UFRPE).  Doutor em Biologia Vegetal pela mesma Universidade. Christian Business School, Flórida, EUA. Centro Universitário Brasileiro, Recife, Pernambuco. ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-92303409.