PRÁTICAS DE ENFERMAGEM QUE VISAM MELHORIAS NA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS AUTISTAS: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA

NURSING PRACTICES THAT AIM TO IMPROVE THE QUALITY OF LIFE IN AUTISTIC CHILDREN: INTEGRATIVE LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202411101456


Dayane da Paz dos Santos1;
Rafaela de Farias Serrão1;
Orientadora: Jaylen França Cunha2


Resumo

O transtorno do espectro autista (TEA) apresenta desafios únicos que requerem abordagens específicas para atender às necessidades complexas dessas crianças. O TEA é uma condição neurobiológica caracterizada por déficits na comunicação social, padrões restritos e repetitivos de comportamento e interesses. O mesmo afeta significativamente o desenvolvimento infantil e a qualidade de vida das crianças e suas famílias, exigindo intervenções especializadas e multidisciplinares. O presente estudo tem como objetivo analisar os cuidados de enfermagem que visam melhorar a qualidade de vida em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), destacando os modos de intervenção eficazes e abordagens multidisciplinares. A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, utilizando revisão integrativa da literatura. Foram selecionados artigos publicados entre 2017 e 2023 em bases de dados como PubMed, Scielo e Google Scholar.Os resultados evidenciaram que os cuidados de enfermagem mais eficazes incluem a implementação de rotinas estruturadas, a promoção de atividades sensoriais, o suporte emocional às famílias e a colaboração com outras áreas da saúde, como terapia ocupacional e fonoaudiologia.As práticas de enfermagem desempenham um papel vital na melhoria da qualidade de vida de crianças com TEA. Através de abordagens individualizadas e multidisciplinares, é possível proporcionar um ambiente mais inclusivo e favorável ao desenvolvimento dessas crianças. É essencial que os enfermeiros recebam treinamento específico e contínuo sobre TEA para otimizar os cuidados prestados e promover o bem-estar das crianças e suas famílias.

Palavras-chave: Criança. Transtorno do Espectro Autista. Qualidade de Vida. Cuidados de Enfermagem. Modos de Intervenção.

INTRODUÇÃO

O Transtorno do Espectro Autista (TEA), conhecido como autismo, é um distúrbio ligado ao desenvolvimento do cérebro que normalmente aparece nos primeiros anos de vida. Ele abrange duas áreas principais, uma relacionada à dificuldade de comunicação e interação social, e outra ligada a comportamentos repetitivos e restritos. A prevalência global é de aproximadamente 10 a cada 10.000 crianças, sendo mais comum em meninos do que em meninas, com cinco meninos autistas para cada menina. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014)

O diagnóstico desse distúrbio é eminentemente clínico, envolvendo a análise de sinais e sintomas que surgem na infância e persistem ao longo do desenvolvimento biopsicossocial; é embasado em investigações e na utilização de instrumentos que avaliam o comportamento infantil. A entrevista com os responsáveis e a aplicação desses métodos validados contribui para a construção de um perfil que evidencia os traços de evolução do paciente (ANDRADE et al., 2016). O TEA se manifesta em diferentes níveis de gravidade (leve, moderado e grave), cada um correlacionado com dificuldades distintas na interação e comunicação sociais. A detecção precoce assume grande importância no contexto do prognóstico, pois pode atenuar o curso do transtorno e promover a independência em atividades cotidianas, a adaptação ao TEA e uma melhor qualidade de vida (NASCIMENTO et al., 2018).

As práticas de enfermagem voltadas para crianças com TEA devem ser baseadas em evidências e envolver uma abordagem multidisciplinar para alcançar resultados eficazes. Estudos têm demonstrado que intervenções estruturadas e personalizadas podem ter um impacto positivo significativo na vida dessas crianças, proporcionando um ambiente mais inclusivo e favorável ao seu desenvolvimento (ALBUQUERQUE et al., 2017; ANDRADE et al., 2016). Além disso, o suporte emocional e a orientação contínua às famílias são componentes essenciais do cuidado de enfermagem, garantindo que os pais e cuidadores estejam bem- informados e preparados para lidar com os desafios diários do TEA (DE ARAUJO et al., 2019; FEIFER et al., 2020).

O profissional de enfermagem acompanha o desenvolvimento infantil com o intuito de prevenir influências adversas e problemas decorrentes de múltiplos fatores na infância. As consultas de puericultura têm como objetivo primordial a promoção da saúde e a prevenção de doenças, possibilitando assim que o enfermeiro seja o pioneiro na detecção de sinais relacionados ao autismo infantil (DEL CIAMPO, 2006). O processo de Diagnóstico de Enfermagem, de acordo com as características apresentadas pela criança, abrange critérios como: risco de autolesão; dificuldades significativas na interação social e incapacidade de participar em contextos sociais; comprometimento da comunicação verbal e notória dificuldade em modular a fala, emitir palavras e formular frases; distúrbio da identidade pessoal marcado por alterações do humor ou do afeto; atraso no desenvolvimento; risco de estresse (CARNIELL et al., 2010).

Os enfermeiros atuam na facilitação do diagnóstico e monitoramento do TEA, avaliando as crianças, acompanhando de perto seu crescimento e desenvolvimento e oferecendo orientações aos pais sobre possíveis abordagens e desafios cotidianos na convivência com o filho. Estudos indicam que a descoberta do diagnóstico e o início do tratamento acarretam mudanças significativas na vida da criança e de seus cuidadores (SENA et al., 2015).

A revisão da literatura mostra que intervenções de enfermagem eficazes incluem a implementação de rotinas estruturadas, atividades sensoriais e a colaboração com outras áreas da saúde, como terapia ocupacional e fonoaudiologia. Essas práticas não apenas melhoram a interação social e o comportamento das crianças, mas também promovem o bem-estar geral, refletindo-se em uma melhor qualidade de vida (BARBOSA et al., 2020; MAPELLI et al., 2018). É fundamental que os enfermeiros recebam treinamento específico e contínuo sobre TEA para otimizar os cuidados prestados e garantir a aplicação de estratégias baseadas em evidências (DA SILVA BARBOSA; DOS REIS NUNES, 2017; SENA et al., 2015).

Neste contexto, este estudo tem como objetivo analisar as práticas de enfermagem que visam melhorar a qualidade de vida em crianças com TEA. Destaca-se a importância da educação continuada e da colaboração interdisciplinar para a efetividade das intervenções, visando proporcionar um cuidado mais abrangente e humanizado.

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou Autismo é uma condição de desenvolvimento que tipicamente afeta crianças antes dos três anos de idade. Algumas características como comportamento restrito e repetitivo são frequentemente observadas, além de um comprometimento abrangente do desenvolvimento psiconeurológico e motor, que dificulta a cognição, comunicação, linguagem e interação social da criança  De acordo com o mesmo autor, a etiologia do TEA ainda não é totalmente compreendida, porém, diversos fatores podem estar envolvidos em seu desenvolvimento, como influências genéticas, exposição a toxinas, infecções virais, intolerância imunológica, distúrbios metabólicos ou falhas no desenvolvimento estrutural e funcional do cérebro. (OLIVEIRA, 2018).

O TEA manifesta-se com diferentes intensidades em crianças, variando desde formas mais leves, como a síndrome de Asperger, onde não há comprometimento da inteligência e da fala, até formas mais graves, nas quais o paciente apresenta incapacidade de manter qualquer tipo de contato interpessoal e exibe comportamentos agressivos e retardo mental. As características deste transtorno são frequentemente descritas em termos de tríades de comportamentos altamente específicos: deficiências graves nas interações sociais, dificuldades significativas na comunicação verbal e não verbal, e ausência de atividades criativas, acompanhadas por comportamentos repetitivos e estereotipados (DARTORA et al., 2014).

O termo autismo foi inicialmente mencionado em publicações científicas em 1906, e sua classificação foi revista em várias edições do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM). Atualmente, essa condição neurológica é conhecida como Transtorno do Espectro Autista (TEA) (APA, 2014). Estimativas globais indicam que 1 em cada 88 nascimentos resulta em TEA, enquanto 1 em cada 160 crianças é afetada pelo autismo infantil. Estudos realizados nas últimas cinco décadas sugerem um aumento global na incidência desse transtorno, atribuído ao aumento da conscientização sobre o tema, à expansão dos critérios de diagnóstico e ao desenvolvimento de melhores ferramentas de identificação (OPAS, 2017).

No entanto, estima-se que haja mais de 70 milhões de pessoas com autismo em todo o mundo, sendo cerca de quatro vezes mais comum em meninos. No Brasil, embora a falta de estudos epidemiológicos dificulte uma estimativa precisa dos dados nacionais, estima-se que haja mais de 2 milhões de brasileiros com autismo, incluindo entre 120 e 200 mil com menos de cinco anos e entre 400 e 600 mil com menos de 20 anos. É importante ressaltar que essas estimativas podem não refletir com precisão a realidade, uma vez que até 90% das pessoas com TEA podem não ter seu transtorno diagnosticado (THANÍSIA, 2023).

Pacientes pediátricos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresentam modificações neurobiológicas e psicomotoras decorrentes de fatores genéticos, biológicos e ambientais. O diagnóstico desse distúrbio é eminentemente clínico, envolvendo a análise de sinais e sintomas que surgem na infância e persistem ao longo do desenvolvimento biopsicossocial; é embasado em investigações e na utilização de instrumentos que avaliam o comportamento infantil. A entrevista com os responsáveis e a aplicação desses métodos validados contribuem para a construção de um perfil que evidencia os traços de evolução do paciente (ANDRADE et al., 2016). O TEA se manifesta em diferentes níveis de gravidade (leve, moderado e grave), cada um correlacionado com dificuldades distintas na interação e comunicação sociais. A detecção precoce assume grande importância no contexto do prognóstico, pois pode atenuar o curso do transtorno e promover a independência em atividades cotidianas, a adaptação ao TEA e uma melhor qualidade de vida (NASCIMENTO et al., 2018).

Apesar dos avanços nas pesquisas biomédicas e genéticas relacionadas ao autismo, existem poucos métodos estabelecidos para o diagnóstico, sendo este geralmente realizado por meio de observações clínicas, anamnese, avaliação comportamental e testes específicos. A identificação precoce do TEA permite uma intervenção imediata, resultando em prognósticos mais favoráveis para a criança. Tem-se observado que quanto mais cedo o diagnóstico é feito e o tratamento iniciado, maiores são as chances de desenvolvimento da criança dentro de suas capacidades físicas e mentais, incluindo aprimoramento da linguagem, adaptação social e aprendizado, aumentando sua integração em diversos ambientes sociais (MACHADO et al., 2016).

Nesse contexto, a enfermagem é essencial no apoio aos pais e filhos, fornecendo o suporte necessário e orientações adequadas para a família, auxiliando nos cuidados com a criança e promovendo o autocuidado, o que contribui para um melhor entendimento do transtorno e encorajamento dos pais no cuidado de seu filho. Isso ajuda a prevenir problemas psicológicos e promove o desenvolvimento tanto da criança quanto da família (COSTA et al., 2017). Entretanto, é essencial que o profissional de enfermagem, mesmo diante do desconhecido, estabeleça uma relação próxima com a família da criança. É necessário realizar uma coleta precisa de dados, identificar fontes relevantes para os diagnósticos de enfermagem e prescrever as intervenções necessárias (DARTORA et al., 2014).

O profissional de enfermagem acompanha o desenvolvimento infantil com o intuito de prevenir influências adversas e problemas decorrentes de múltiplos fatores na infância. As consultas de puericultura têm como objetivo primordial a promoção da saúde e a prevenção de doenças, possibilitando assim que o enfermeiro seja o pioneiro na detecção de sinais relacionados ao autismo infantil (DEL CIAMPO, 2006). O processo de Diagnóstico de Enfermagem, de acordo com as características apresentadas pela criança, abrange critérios como: risco de autolesão; dificuldades significativas na interação social e incapacidade de participar em contextos sociais; comprometimento da comunicação verbal e notória dificuldade em modular a fala, emitir palavras e formular frases; distúrbio da identidade pessoal marcado por alterações do humor ou do afeto; atraso no desenvolvimento; risco de estresse (CARNIELL et al., 2010). 

Os enfermeiros atuam na facilitação do diagnóstico e monitoramento do TEA, avaliando as crianças, acompanhando de perto seu crescimento e desenvolvimento e oferecendo orientações aos pais sobre possíveis abordagens e desafios cotidianos na convivência com o filho (SENA et al., 2015). Estudos indicam que a descoberta do diagnóstico e o início do tratamento acarretam mudanças significativas na vida da criança e de seus cuidadores. Essas transformações são descritas como desafiadoras, pois envolvem ajustes na dinâmica das relações familiares e sociais, acarretando sobrecarga para um dos membros da família, conflitos conjugais e isolamento social (MAPELLI et al., 2018).

Diante desse contexto, a equipe de enfermagem pode elaborar estratégias para promover cuidados e orientar as famílias sobre a compreensão do autismo e o estabelecimento de vínculos afetivos e cuidadosos com as crianças, capacitando-as para uma maior autonomia e independência. Isso contribui para evitar o esgotamento físico e psicológico dos pais, que muitas vezes enfrentam dificuldades para lidar com determinados comportamentos de seus filhos (PIMENTA & AMORIM, 2021).

2 MÉTODOS

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura que consiste em um método utilizado na pratica baseada em evidencias no intuito de incorporar as evidências na prática clínica fundamentadas em conhecimento cientifico, com custos, efetividade e resultados de qualidade. Nesse método é imprescindível a formulação de um problema com pesquisa de literatura, e avaliação crítica da análise de dados e apresentação do compilado de resultados, permitindo reunir e sintetizar resultados de pesquisa de um determinado tema ou questão, de forma ordenada e sistemática, contribuindo para o conhecimento sobre o tema investigado (SOUZA LMM, et al.,2017)

Para esta revisão de literatura, foram adotados critérios específicos de inclusão e exclusão para selecionar os estudos mais relevantes sobre práticas de enfermagem que visam melhorias na qualidade de vida em crianças com TEA. Os critérios de inclusão foram: artigos publicados entre 2017 e 2023, estudos que abordem práticas de enfermagem e intervenções para crianças autistas e publicações em português, artigos disponíveis em texto completo e estudos publicados em periódicos revisados por pares. Os critérios de exclusão incluíram: artigos publicados antes de 2017, estudos que não abordem especificamente a atuação de enfermagem em crianças com TEA, publicações em idiomas diferentes de português, resumos, dissertações, teses, capítulos de livros e conferências que não estejam disponíveis em texto completo, e artigos duplicados em diferentes bases de dados. A busca foi realizada nas bases de dados PubMed, SciELO e Google Scholar utilizando os termos: “enfermagem”, “transtorno do espectro autista”, “qualidade de vida”, “intervenções” e “práticas de enfermagem”.

Na estratégia de busca utilizando os descritores em ciências da saúde “Criança, Transtorno do espectro autista, Qualidade de vida, Cuidados de Enfermagem, Enfermagem”. Utilizou-se o termo Booleano “OR” a fim potencializar e especificar os estudos selecionados. Assim a estratégia de busca utilizada nas bases de dados caracterizou como: (“Prática de Enfermagem”) OR (“Cuidados de Enfermagem”) (“intervenção”) OR (“Modos de Intervenção”).

A pesquisa inicial resultou em 150 artigos, fez-se uma leitura exploratória dos títulos e resumos dos artigos, seguida de uma leitura flutuante para determinar se estavam adequados ao tema proposto. 49 foram excluídos por estarem duplicados ou não disponibilizarem o texto completo. Somando assim 101, após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, 75 artigos foram excluídos por não atenderem aos critérios estabelecidos, 26 registros foram avaliados para elegibilidade após leitura na íntegra. Utilizando o fluxograma PRISMA, no total, 11 artigos foram incluídos na revisão final e analisados detalhadamente, como evidencia a figura 1.

Figura 1 – Fluxograma PRISMA de pesquisa, triagem de inclusão e exclusão e estudos aceitos da revisão.

Fonte: ADAPTADO DE (GALVÃO, PANSANI E HARRAD, 2015) PRISMA, 2024.

O Quadro 1 apresenta uma síntese dos principais estudos sobre práticas de enfermagem voltadas para melhorias na qualidade de vida em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A análise dos artigos selecionados foi realizada por meio da leitura crítica e sistemática, identificando as principais práticas de enfermagem relatadas, os resultados obtidos e as recomendações para a prática clínica. Após a seleção dos estudos que iriam compor esta revisão, realizou se a leitura analise e extração dos principais resultados/considerações por meio de um quadro tipo sinóptico. Os artigos foram identificados pela letra A de “Artigo”, seguida de uma numeração (A1, A2, A3, sucessivamente). Os dados extraídos foram organizados e categorizados para facilitar a síntese das informações e a elaboração das conclusões do estudo, como mostra no quadro 1.

Quadro 1 – Descrição dos artigos utilizados para a discussão dos dados

Fonte: SERRÃO RF, SANTOS DP, 2024.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES 

De acordo com o artigo A2 e A10, destaca que a prática de enfermagem baseados na teoria do autocuidado de Dorothea Orem, uma abordagem que traz uma perspectiva renovada sobre o cuidado de enfermagem, visa gerar uma transformação significativa na vida da criança. Isso implica em mudanças no entendimento dos pais, mostrando-lhes que é viável a própria criança cuidar de si em áreas onde antes parecia haver limitações. Além disso, proporciona aos pais novas habilidades para lidar com as necessidades específicas de seu filho, contribuindo assim para seu processo de desenvolvimento e amadurecimento. (SOELTL, S. B. et al. 2021).

O artigo A4, relata que o papel do profissional de enfermagem é crucial no apoio às famílias de crianças com TEA, colaborando para melhorar a qualidade de vida tanto da criança quanto de seus familiares. É fundamental compreender os aspectos emocionais presentes na dinâmica familiar, incluindo o misto de sentimentos de descrença e preocupação que surgem ao receber o diagnóstico. Manter a calma e demonstrar empatia são atitudes primordiais nesse contexto. Transmitir segurança, confiança e tranquilidade durante o atendimento à criança com TEA são essenciais para estabelecer um ambiente propício ao cuidado e ao desenvolvimento positivo da criança e de sua família, (FERNANDES, A.F. F.; GALLETE,K. G. DA C.;GARCIA, C. 2018).

A11 mostra que o investimento em educação continuada em saúde é de suma importância para os enfermeiros, pois os habilita a adquirir novas habilidades e os prepara para abordagens específicas em relação às crianças com autismo. Isso não só contribui para o progresso de cada caso individual, mas também facilita a detecção precoce de possíveis sinais de autismo em crianças. Portanto, é imprescindível que os enfermeiros recebam treinamento adequado para reconhecer precocemente o autismo e desempenhar um papel fundamental no diagnóstico e tratamento precoces, (MARANHÃO, S. 2019).

De acordo com Nogueira, (2011) a responsabilidade dos enfermeiros é servir como elo de comunicação entre a família e a equipe médica ou multiprofissional de saúde. Além disso, é fundamental que a criança receba acompanhamento por parte de professores, psicólogos e psicopedagogos. Os profissionais de enfermagem desempenham um papel significativo nessas famílias ao ocupar uma posição central na comunicação e interação entre os familiares e a própria criança. O artigo A9, afirma que o enfermeiro torna-se um importante elo de comunicação entre a família e a equipe multidisciplinar, com potencial de acompanhar o tratamento e oferecer suporte à família de forma singular e humanizada, (DE ARAUJO, C.M. et al.2019). Nesse mesmo sentido, entre todos os membros da equipe multidisciplinar envolvidos no cuidado da pessoa autista, cabe ao enfermeiro desempenhar o papel crucial de humanização, garantindo assim uma melhoria na qualidade de vida e no bem-estar daqueles que estão temporariamente sob seus cuidados (FRANCHINI; MENDIETA, 2014).

Albuquerque et al. (2017) afirmam que a forma como os sintomas se manifestam em cada criança e a abordagem terapêutica destinada a ela são elementos essenciais para a melhoria da qualidade de vida do paciente e de sua família; nesse contexto, a comunicação e as interações sociais são importantes na promoção da saúde emocional da criança. Com o intuito de aprimorar essas habilidades, RODRIGUES et al. (2017) introduziram em sua pesquisa a técnica Social Stories, um recurso de aprendizagem que promove a troca de informações entre profissionais de saúde, familiares e crianças com autismo. Embasada na teoria do autocuidado de Dorothea Orem, essa abordagem já é adotada em diversos países.

Considerando que o tratamento se embasa em diversas correntes teóricas de distintos escopos (terapia individual, psicanalítica, orientação cognitiva, etc.), aplicadas para ajudar o autista a desenvolver um repertório mais funcional e mitigar os variados distúrbios de comportamento, é relevante destacar que todas as abordagens tem o mesmo propósito, devendose escolher aquela que melhor se adapte às necessidades individuais de cada criança. Assim sendo, o uso de medicamentos, em geral, desempenha um papel importante no controle de certas características, como insônia, hiperatividade ou falta de atenção. No entanto, não há nenhum fármaco específico para o TEA (DA SILVA BARBOSA; DOS REIS NUNES, 2017).

O tratamento visa ajudar e incentivar a criança a desenvolver interações com as pessoas ao seu redor, aprimorar a comunicação e o interesse pelo mundo real, além de estimular o sistema sensorial-motor (DA SILVA BARBOSA; DOS REIS NUNES, 2017). É imprescindível que os profissionais de enfermagem possuam uma base teórica sólida para contribuir com o cuidado ao paciente com TEA, oferecendo suporte aos familiares ou cuidadores do paciente, a fim de evitar sobrecargas emocionais, que podem prejudicar a prestação de assistência adequada (FEIFER et al., 2020). No entanto, o enfermeiro deve promover atividades de interação entre a criança e a família, encorajando o contato por meio de brincadeiras e atividades como a dança, que pode ser altamente benéfica para o autista, envolvendo toda a família. O enfermeiro tem o papel de ser um agente de socialização diante da criança autista, juntamente com a família, desempenhando também o papel de educador (DE ARAUJO et al., 2019).

É evidente que a qualificação e a prática dos enfermeiros são essenciais na prestação de cuidados infantis relacionados ao TEA, devendo ser conduzidas de maneira lúdica e promovendo a autoconfiança. A humanização dos profissionais de enfermagem é o que permite a prestação de assistência de acordo com as reais necessidades dessas crianças, pois para fornecer uma assistência eficaz, orientação e educação aos pais no tratamento são necessárias um contato direto e sensível às demandas da criança e da família.

4 CONCLUSÃO

Este estudo demonstrou que a enfermagem voltada para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) proporciona melhoria da qualidade de vida dessas crianças. A revisão de literatura revelou que intervenções estruturadas, personalizadas e multidisciplinares são fundamentais para promover melhorias significativas nos aspectos físicos, emocionais e sociais das crianças com autismo. As práticas de enfermagem eficazes incluem a implementação de rotinas estruturadas, atividades sensoriais, suporte emocional às famílias e a colaboração com outras áreas da saúde, como terapia ocupacional e fonoaudiologia. Os resultados destacam a importância da educação continuada e do treinamento específico para os enfermeiros, garantindo a aplicação de estratégias baseadas em evidências e a otimização dos cuidados prestados. A formação contínua permite que os profissionais de enfermagem estejam preparados para lidar com os desafios específicos do TEA, proporcionando um cuidado mais abrangente e humanizado. Além disso, a colaboração interdisciplinar se mostrou essencial para a efetividade das intervenções, promovendo um ambiente mais inclusivo e favorável ao desenvolvimento das crianças autistas. As práticas de enfermagem que envolve os familiares e cuidadores também são cruciais, garantindo que eles estejam bem-informados e capacitados para lidar com os desafios diários do transtorno. Este estudo reforça a necessidade de práticas de enfermagem baseadas em evidências, educação continuada e colaboração interdisciplinar para melhorar a qualidade de vida de crianças com TEA. A implementação dessas práticas pode proporcionar um cuidado mais eficaz, inclusivo e humanizado, refletindo-se em benefícios significativos para as crianças e suas famílias.

REFERÊNCIAS

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1Discente do curso Superior de Enfermagem da Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel
E-mail: dayane.santos@faculdadegamaliel.com.br 

1Discente do curso Superior de Enfermagem da Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel, E-mail: rafaela.serrao@faculdadegamaliel.com.br 

2Docente do curso Superior de Enfermagem da Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel. Enfermeira graduada pela Universidade do Estado do Pará (UEPA), com pós-graduação latu sensu em Enfermagem em Urgência e Emergência e UTI (2015) pelo Instituto Educacional Santa Catarina e mestranda em Cirurgia e Pesquisa Experimental (CIPE) pelo Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará. Atua como docente na Universidade do Estado do Pará e Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel além de ter atuado como Enfermeira das Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica e Neonatal do Hospital Regional de Tucuruí. E-mail: jaylen.franca@faculdadegamaliel.com.br