PRÁTICAS COM A CAPOEIRA NA CIDADE DE JACOBINA – BAHIA: PROMOÇÃO E VALORIZAÇÃO DA CULTURA AFROBRASILEIRA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10247291209


Mailson Souza de Jesus[1]
Ângelo Maurício de Amorim[2]


Resumo: Levando em consideração o reconhecimento que a capoeira tem conquistado na sociedade, passando a ser praticada não só nas ruas, praças, associações mas também em escolas e universidades, este artigotem o intuito de apresentar diversificadas práticas relativas a essa manifestação cultural, na cidade de Jacobina, Bahia, que revelam o quanto a capoeira, no decorrer dos anos, vem sendo empregada para a prática de atividade física e ensino de valores culturais que buscam quebrar paradigmas de preconceito a manifestações afrobrasileiras. Dessa forma, apresentamos um breve apanhado histórico da capoeira, a partir de autores, como, Campos (2001, 2009) e Rego (1968) e descrevemos algumas atividades que promoveram/promovem a prática da capoeira na cidade de Jacobina-BA, no período de 2005 a 2024, a saber: o Grupo Oiá Capoeira; a disciplina obrigatória “Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Capoeira”, do curso de Educação Física – UNEB; o projeto “Vivências em práticas corporais de matriz africana”; e a oficina de Capoeira, através do Educa Mais Bahia. Assim, percebemos que a luta para manter viva as manifestações culturais afrobrasileiras precisa de constância para que sejam amenizados os efeitos negativos deixados pelo período colonial.

Palavras-chaves: Capoeira; Educação; Ensino, Cultura Corporal; Cultura Afrobrasileira; Jacobina.

INTRODUÇÃO

Entendemos a capoeira como uma produção histórica da humanidade que pode colaborar com o desenvolvimento integral de seus praticantes. A capoeira, enquanto um dos elementos de nossa identidade cultural afrobrasileira, é composta por diversos sentidos e significados, marcada pela luta de classes entre oprimidos e opressores, e, segundo Soares et al (1992), seu conhecimento vai além do gesto motor da prática dos golpes e expressões de luta. A roda de capoeira resgata os valores civilizatórios afrobrasileiros como musicalidade, corporeidade, oralidade, ludicidade, cooperativismo, memória, dentre outros, que juntos podem contribuir tanto para o desenvolvimento motor quanto para o cognitivo e social do estudante (cf. PONSO; ARAÚJO, 2014).

A capoeira possui uma oralidade forte, seu conhecimento, por décadas, foi passado, segundo a expressão popular “de boca em boca”, revelando, assim, uma trajetória de resistência dentre as gerações, para que pudéssemos acessar os conhecimentos que ela guarda em sua essência, por meio da música, da dança, da história e dos corpos que através dela se movem. Nesse sentido, “desenvolvida durante o período escravista, a capoeira se constituiu como uma manifestação cultural genuinamente brasileira, de resistência física e simbólica aos maus-tratos a que eram submetidos os negros escravizados” (Ponso; Araújo, 2014, p.37).

No que se refere à Jacobina, segundo o Conselho Regional de Contabilidade da Bahia (CRCBA), ela é um município baiano situado na região norte da Bahia, que foi criado em 1722, mas apenas elevado à categoria de cidade em 28 de julho de 1880, sendo uma cidade rica em manifestações culturais. Suas principais manifestações culturais são a Micareta, a Marujada e a Capoeira, estando essas últimas ligadas a tradições e práticas culturais da população negra e seus descendentes. Com esses elementos podemos afirmar que a capoeira é uma importante prática cultural presente na cidade de Jacobina, merecendo ser estudada como prática social no município. Nesse sentido, este artigo contribuirá com a valorização das práticas de manifestações culturais afrobrasileiras, principalmente, para a cidade de Jacobina, pois além de destacar alguns aspectos históricos da capoeira, registrará como tem sido promovida a sua prática na região, através da descrição de atividades com a capoeira no período de 2005 a 2024.

A HISTÓRIA DA CAPOEIRA NO BRASIL

São várias hipóteses descritas sobre o surgimento da capoeira no Brasil, alguns afirmam que ela possui origem africana, outros, origem brasileira, no entanto, o mais importante é que não se nega o protagonismo do povo preto nessa criação. A exemplo, Rego (1968, p. 31 apud CAMPOS, 2009, p. 33) defende a tese de que a capoeira foi inventada no Brasil, pelos descendentes de afrobrasileiros, e o que se sabe é que, infelizmente, o contexto em que se molda a essência da capoeira, pelas mãos negras, se dá pela desumana escravização do povo preto. Oliveira et. al. (1989), em suas explicações, aborda que:

As explicações variadas para o surgimento da capoeira, muito se deve a notória escassez de documentos que tratam sobre o período da escravidão no Brasil, já que se crer que foi nessa ocasião que a capoeira começou a ser mais difundida. Da documentação referente à época da escravatura, o pouco que existia foi queimado por ordem de Ruy Barbosa, Ministro da Fazenda do governo de Marechal Deodoro da Fonseca em 1890 (OLIVEIRA 1989 apud FONTOURA; GUIMARÃES 2002, p. 141 apud CAMPOS 2009, p. 17).

Não saber, de fato, a verdade acerca dessa origem, possivelmente, lesa a população negra, a qual ainda sofre com os fragmentos provenientes da maldade dos colonizadores. Nesse contexto, Rego (1968) manifesta-se dizendo que, infelizmente, o conselho Ruy Barbosa nos prestou um mau serviço ao tomar a atitude de pôr fim em registros da época da escravatura no Brasil (REGO 1968, p.9 apud CAMPOS 2009, p.33). Entretanto, por mais que se tenham apagado parte do que se tinha documentado, ainda notamos ser possível resgatar elementos importantes para contextualizar a história da escravização do povo preto, que tanto nos afeta e a qual notamos está diretamente ligada ao surgimento da capoeira. De acordo com Campos (2009), Araujo (1995),

Referindo-se à historicidade da capoeira, argumenta existir um “número significativo de dúvidas” que cresce com o passar do tempo. E chama a atenção para “carência de um maior rigor científico” nessa questão. Observa, ainda, a necessidade de maior aprofundamento em campos de estudos diversificados (CAMPOS, 2009, p.33).

Diversos fatos da historicidade da escravização, os conhecimentos tradicionais, assim como a capoeira, perpetuaram-se através da oralidade, garantindo-se a continuidade de práticas culturais de matrizes africanas, sejam elas religiosas, sejam elas corporais, e refletindo o modelo de resistência utilizado pelo povo preto para sobrevivência da cultura de seus ancestrais. Assim, continuaram-se as perseguições contra a população negra, e as práticas das manifestações culturais afrobrasileiras passaram a ser proibidas. Diante dessa conjuntura, de acordo com Muricy (2015), a capoeira pode ser entendida

como um dos símbolos de resistência e luta do povo negro desde o período escravocrata brasileiro. Momento em que os colonizadores do Brasil exploraram a mão de obra escrava de índios, já residentes nas terras brasileiras e, depois, de negros vindos das rotas que envolviam os continentes europeu, africano e americano. (MURICY, 2015, p. 31).

Historicamente, com a força mostrada pelos negros escravizados, a capoeira se tornou uma ameaça para os opressores e, por tanto, passou a ser proibida pelos donos de engenho, o que ocasionou sua proibição, através de decreto, com a Proclamação da República em 1889, época em que a capoeira foi inserida, no novo código penal republicano, como crime. Relata Costa (s.d) que o Código Penal da época previa de dois a seis meses de prisão celular aos praticantes dos “exercícios de agilidade e destreza corporal, conhecidos pela denominação de capoeiragem” (COSTA, s.d., p.14).

Diante da proibição, por lei, da prática da capoeira, criou-se medo na população negra em praticá-la, além de tirar o direito de expressar outras manifestações oriundas de matrizes africanas, como as práticas de religiosidade candomblé e umbanda. Qualquer desses atos seriam julgados perigosos para os brancos e pelos brancos, configurando descumprimento da lei. Assim a capoeira passou por um período de marginalização que reprime os negros, levando estes a se adaptarem a esse contexto, a fim de resistir e continuar a existir. Segundo Soares et al (1992):

A capoeira, sobretudo é um dos movimentos de luta por liberdade do negro no Brasil escravocrata com uma série de gestos, expressa, a forma clara de dá vazão a voz do oprimido com o opressor. “A capoeira encerra em seus movimentos a luta de emancipação do negro no Brasil escravocrata. Em seu conjunto de gestos, a capoeira expressa, de forma explicita a “voz” do oprimido na sua relação com o opressor.” (SOARES et al, 1992, p.76 apud MATOS, 2013, p.23).

Apenas no século XX, observamos um novo cenário para a capoeira, a partir da conquista de sua descriminalização, a qual, para muitos capoeiras,

estaria vinculada ao esforço do mestre Bimba em promover a capoeira como educação física ainda na década de 1930. Além disso, outro fator que teria influenciado a extinção da capoeira do Código Penal estaria relacionado a uma apresentação que mestre Bimba fez, também em 1937, na Bahia, para Getúlio Vargas, então presidente do Brasil. (OLIVEIRA E LEAL, 2009, p. 32).

Dois grandes nomes se destacam por contribuir para a sobrevivência da capoeira: (i) o mestre Pastinha, representante do estilo conhecido como capoeira de angola e; (ii) o mestre Bimba representante do estilo conhecido como capoeira regional. Com isso, em 2008, a capoeira foi reconhecida, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, e, em 2014, a Roda de Capoeira passou a ser reconhecida, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Hoje a capoeira é praticada livremente e ganhou espaços além das ruas, sendo formalmente inseridas em espaços formais (escolas, universidades) e não-formais (associações, academias), permitindo a seus praticantes tanto o desenvolvimento de seu repertório motor quanto a valorização de uma herança cultural de identidade afrobrasileira.

PRÁTICAS COM A CAPOEIRA EM JACOBINA – BAHIA

Na presente seção apresentamos algumas atividades que promoveram/promovem a prática da capoeira na cidade de Jacobina, compreendidas no período de 2005 a 2024, as quais foram selecionadas em virtude de serem vivências que perpassaram a formação acadêmica de discentes do curso de Educação Física, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Departamento de Ciências Humanas, Campus IV, Jacobina, e ganham destaque por proporcionarem a prática da capoeira a diversificados grupos sociais.

Atividades escolhidas que serão a seguir descritas foram: (1) a disciplina obrigatória “Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Capoeira”, do curso de Educação Física, UNEB – Campus IV; (2) o Grupo Oiá Capoeira; (3) o projeto “Vivências em práticas corporais de matriz africana”, promovido pela UNEB – Campus IV; e (4) a oficina de Capoeira, através do programa Educa Mais Bahia, oferecida no Centro Educacional Deocleciano Barbosa de Castro.

1. Disciplina “Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Capoeira” do curso de Educação Física, UNEB – Campus IV

O Departamento de Ciências Humanas, Campus IV (DCH IV), da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), atualmente oferta a Graduação em Educação Física, licenciatura e bacharelado, na modalidade presencial, o qual apresenta, em seu Projeto Pedagógico Curricular (PPC), a capoeira como uma das disciplinas obrigatórias, desde seu primeiro currículo de licenciatura, implementado em 2005, ano da integração do curso referido à instituição.

Observamos que a disciplina “Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Capoeira”, com a carga horária de 60 (sessenta) horas, é parte integrante do currículo de 2005 e permaneceu obrigatória no currículo de 2010, tendo como ementa curricular a proposta de estudar o contexto histórico e cultual da capoeira bem como orientar metodologicamente o aprendizado dos movimentos e sequências básicas do jogo da capoeira. Com a implementação do atual currículo, para o curso, em 2020, a disciplina dedicada à capoeira foi reformulada sob o nome “Conhecimento e Metodologia da Capoeira”, mas permaneceu com a carga horária de 60 (sessenta) horas.

Entendemos, nesse contexto, que, desde o início do curso de graduação em Educação Física, do DCH IV, UNEB, a capoeira é assumida como componente curricular necessário ao processo formativo dos futuros profissionais de Educação Física, na Bahia, reconhecendo-a como uma cultura corporal que abrange fundamentos necessários à prática docente e à atuação em espaços formais e não formais, mediante o desenvolvimento de saberes sobre os aspectos históricos e metodológicos da capoeira e sobre elementos da identidade étnica do povo brasileiro. 

Figura 1 – Acolhimento ao semestre 2022, na Universidade do Estado da Bahia, Campus IV, Jacobina, promovido pelo Colegiado de Educação Física

Fonte: https://www.instagram.com/p/ChpsAxeuaWf/?igsh=anRqMnlpZWxoNW9l&img_index=2

2. Grupo Oiá Capoeira

O grupo denominado Oiá Capoeira tem origem no ano de 2016 e nasceu do projeto intitulado “Criança na Roda”, o qual foi idealizado por egressos do curso de licenciatura em Educação Física, da UNEB, Campus IV, como fruto de suas vivências com a cultura afrobrasileira somadas à formação acadêmica e à missão de valorizar a capoeira, enquanto manifestação de identidade do povo negro.

O projeto surgiu com o objetivo de inserir o público infantil na capoeira, mas, com tamanha aceitação da sua prática na cidade de Jacobina, passou a abranger todos os públicos, promovendo diversas atividades voltadas ao mundo da capoeiragem, como, rodas de capoeira, apresentações culturais, socializações musicais, oficinas de instrumentos musicais da capoeira, grupo de trabalho e estudos acerca da diáspora africana e suas interfaces com a capoeira, batizados e troca de graduações.

Atualmente o grupo é formado por, aproximadamente, 30 (trinta) integrantes, entre contramestre, professores, estagiários e alunos, reunindo-se na sede do projeto social Viva Itaitú, no distrito de Itaitú, às sextas-feiras, e na Associação Comunitária da Vila Feliz, às terças e quintas-feiras. A atuação do grupo tem alcançado, especialmente, pessoas de classes sociais menos favorecidas, dando-lhes oportunidade de desenvolvimento físico, ético e cultural, a partir da partilha e ensino de movimentações corporais, valores, musicalidade, oralidade e ludicidade que acompanham a prática da capoeira.

Figura 2 – Evento de capoeira promovido pelo Oiá Capoeira, na Praça do Céu, Jacobina, no ano 2019

Fonte: https://www.facebook.com/share/xhEgYyJke63VHDEi/?mibextid=oFDknk

3. Projeto “Vivências em práticas corporais de matriz africana”, promovido pela UNEB – Campus IV

O projeto “Vivências em práticas corporais de matriz africana”, coordenado pelo professor Ângelo Maurício de Amorim, foi parte integrante de um projeto maior intitulado “Promoção de saúde para estudantes cotistas da UNEB”, promovido pela Pró-Reitoria de Ações Afirmativas (PROAF – UNEB), o qual era direcionado, principalmente, a pessoas negras, indígenas, ciganas, pessoas com deficiência e LGBTQIAPN+, para promoção de saúde mental e física, por meio de incentivos ao autocuidado, através da epistemologia decolonial.

No que se refere as atividades elaboradas pelo projeto “Vivências em práticas corporais de matriz africana”, foram realizadas, entre os anos 2021 e 20222, durante o período pandêmico, pelo vírus da Covid-19, lives feitas através da página @descolonizarcomvida, com temáticas voltadas à manifestação cultural da capoeira, cujo os títulos foram divulgados da seguinte forma: (i) um bate papo sobre inclusão e desafios para pessoas com deficiência nas manifestações culturais; (ii) socialização musical de capoeira; (iii) apresentando as músicas e toques da capoeira ; (iv) reconhecendo os instrumentos musicais da capoeira: toques, ritmos e funções; (v) socialização musical de capoeira com convidados; (vi) aula prática de movimentos da capoeira; (vii) roda ao vivo de capoeira.[3]

Percebemos que o projeto foi um meio importante de divulgação e disseminação do ensino de elementos que se manifestam através da capoeira, abrangendo aspectos históricos, fundamentos metodológicos, práticas corporais e musicalidade. Vale destacar que o projeto ainda oportunizou a abordagem crítico-superadora, a qual propõe dialogar com o indivíduo, aproximando-o de elementos de sua própria realidade, uma vez que os conteúdos abordados nas lives foram especificamente direcionados a descendentes afrobrasileiros, trazendo componentes relevantes de sua ancestralidade étnico-racial.

Figura 3 – Live “Socialização musical de capoeira com convidados” realizada em 21/04/2022

Fonte: https://www.instagram.com/p/CcoOlUJJK5D/?utm_source=ig_web_copy_link

4. Oficina de Capoeira – Educa Mais Bahia

Educa Mais Bahia, programa do governo do estado que seleciona projetos de intervenção para que sejam aplicadas oficinas educativas aos estudantes em ensino integral, busca oportunizar formações que partam da contextualização com o território a que os estudantes pertencem e que possuam vínculo com os seus projetos de vida. Sendo assim, em 2024, o projeto “Capoeira no âmbito escolar: vivências de práticas corporais de matriz africana”, submetido pelo professor em formação pela UNEB – Campus IV, Mailson Souza de Jesus, está sendo aplicado no Centro Educacional Deocleciano Barbosa de Castro, da cidade de Jacobina, tendo por objetivo propor e acompanhar vivências de práticas corporais de matriz africana, trabalhando de forma lúdica com os movimentos da capoeira, dentre outras manifestações culturais afrobrasileiras.

Tal projeto vem sendo desenvolvido em formato de oficina para três turmas, compostas por 35 (trinta cinco) alunos cada. As propostas do projeto abarcam o ensino de movimentos básicos da capoeira, fundamentos de jogo, princípios básicos de roda e instrumentos musicais, introdução a historicidade da capoeira, oficina de canto e instrumentos da capoeira (musicalidade e oralidade).                    

Dessa forma, o projeto “Capoeira no âmbito escolar: vivências de práticas corporais de matriz africana” estimula o resgate da prática de atividades de matrizes africanas, através de movimentos corporais, respeitando as especificidades e condições dos estudantes, por meio da capoeira, pois as práticas corporais de matriz africana são derivadas de atividades físicas que estabelecem uma vinculação positiva com a ancestralidade e a herança cultural africana e diaspórica.

Figura 4 – Aplicação de oficina de capoeira pelo projeto “Capoeira no âmbito escolar: vivências de práticas corporais de matriz africana”, no ano 2024

Fonte: Arquivo pessoal

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A prática da capoeira, uma manifestação de matriz africana, é derivada de atividades que estabelecem uma vinculação positiva com a ancestralidade e a herança cultural africana e diaspórica. Assim, além de proporcionar hábitos saudáveis e regulares de atividade física, a capoeira configura-se como um conjunto de conhecimentos deixados pelos antepassados para que as novas gerações possam entender a história do seu povo, mantendo sua origem, trajetória e resistência ao longo dos anos. A capoeira pode ser empregada, por tanto, como uma forte influência na construção social e cultural do indivíduo e, principalmente, como um forte meio para o resgate da identidade ancestral do povo negro.

Como pudemos observar neste artigo, com a seção “Práticas de capoeira em Jacobina”, a cidade de Jacobina vem experimentando, ao longo dos anos, uma série de atividades que têm/tiveram como foco promover conhecimento acerca da capoeira, possibilitando saberes tanto teóricos quanto práticos, que desenvolvem a valorização e promoção desta manifestação cultural de matrizes africanas.

É importante destacar que, embora a cidade seja conhecida pela preservação de manifestações culturais como a Micareta, a Marujada e a Capoeira, esta última por encontrar na academia, através do curso de Educação Física, da UNEB, DCH IV, um espaço formal de ensino, pesquisa e extensão acerca de fundamentos e metodologias da capoeira, tem contado com a promoção de diversificadas atividades que proporcionam aos cidadãos jacobinenses vivências de práticas da capoeiragem, através de iniciativas de docentes, egressos e discentes do curso. Entendemos que esta realidade evidenciada aproxima os sujeitos por ela alcançados de uma realidade sociocultural plural, contribuindo para a valorização da capoeira, enquanto manifestação cultural imaterial, e ressignificação de práticas e valores herdados dos povos negros.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção em Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes nacionais para a atenção integral à saúde de adolescentes e jovens na promoção, proteção e recuperação da saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. (Série A. Normas e Manuais Técnicos). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_nacionais_atencao_saude_adolescentes_jovens_promocao_saude.pdf. Acessado em:  01/05/2023.

CAMPOS, Helio. Capoeira na Universidade: uma trajetória de resistência. Salvador: EDUFBA, 2001. 184p.:il.

CAMPOS, Hellio, 1947 – Capoeira Regional: a escola de Mestre Bimba. Salvador: EDUFBA, 2009. 306 p.: il. Disponível em: https://books.scielo.org/id/p65hq/pdf/campos-9788523217273-00.pdf. Acessado em: 04 jul. 2023.

CONDURU. Guilherme Frazão. As metamorfoses da capoeira: contribuição para uma história da capoeira. Ministério das Relações Exteriores – Revista textos do Brasil. 2008. p. 21-33. Disponível em: http://www.portalcapoeira.com/interatividade/downloads/artigos-e-publicacoes/151-revista-textos-do-brasil-edicao-no-14-capoeira/file. Acessado em: 02/05/2023.

MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 18 ed. Petrópolis: Vozes, 2001.

MIRANDA, Carmélia Aparecida Silva. Festas e comemorações: versos, danças e memórias – a festa da marujada em Jacobina. Proj. História, São Paulo, v. 28, p. 451-458, jun. 2004.

MURICY, Jalicia Lima Santos. PIBID na Capoeira: uma discussão de gênero. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade do Estado da Bahia, 2015.

OLIVEIRA, Josivaldo Pires; LEAL, Augusto Pinheiro. Capoeira Identidade e Gênero: Ensaios sobre a História Social da Capoeira no Brasil. Salvador: EDUFBA, 2009.

PONSO, Caroline Cao; ARAÚJO, Maíra Lopes. Capoeira: A circularidade do saber na Escola. Porto Alegre: Sulina, 2014.

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

BRASIL. Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Lei que Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm. Acessado em: 08 de julho de 2024.

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[1] Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Jacobina, Bahia, Brasil.

[2] Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Salvador, Bahia, Brasil.

[3] Todas as lives permanecem disponibilizadas na página @descolonizarcomvida e podem ser acessadas pelos links abaixo transcritos: