REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202504270815
Andréia Escorcio1
Edmila da Silva Santos2
Jaine Aparecida de Araújo dos Santos3
Patrícia Aparecida Gimenez4
Roberto Flores Gomes5
Vanderlice Araújo dos Santos6
RESUMO
O presente projeto visa tratar da inclusão de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), em especial na EMEIF e Suplência Monteiro Lobato, localizada em Sandovalina–SP. A Síndrome do Espectro Autista (TEA) surge como uma das principais deficiências que levam os profissionais em busca de novas metodologias, para atender e auxiliar essas crianças no seu desenvolvimento escolar. Visando contribuir com a aprendizagem de alunos com autismo em seu processo de Leitura e Escrita, os integrantes deste projeto tiveram como objetivo desenvolver um material pedagógico chamado Prancha Silábica, para auxílio e inclusão de um aluno do 1º ano do Ensino Fundamental I. Como metodologia, foram utilizadas pesquisa de campo, pesquisa qualitativa juntamente com pesquisa bibliográfica por meio de livros, artigos relacionados ao tema; contribuindo de forma assertiva na inclusão, propondo atividades que auxiliem na aprendizagem deste aluno.
PALAVRAS – CHAVE: inclusão; aprendizagem; autismo; deficiência.
1. INTRODUÇÃO
A inclusão na educação tem se tornado um tema central nas discussões pedagógicas, especialmente quando se trata de garantir que todas as crianças, independentemente de suas condições ou necessidades, tenham acesso a uma educação de qualidade. Crianças atípicas — aquelas que apresentam necessidades específicas, como deficiências físicas, cognitivas ou transtornos — enfrentam desafios que exigem uma adaptação do ambiente escolar e das práticas educativas. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um dos principais exemplos de condições que demandam uma abordagem pedagógica diferenciada. O TEA afeta a comunicação, a interação social e o comportamento, com diferentes graus de comprometimento, o que torna imprescindível o uso de materiais didáticos adaptados e metodologias específicas.
A educação especial, por sua vez, tem sido objeto de diversas investigações devido aos desafios que apresenta para educadores e outros profissionais da área. O autismo destaca-se como uma das condições que impulsionam esses profissionais a buscarem novas estratégias de ensino, visando atender às necessidades dessas crianças e apoiar seu desenvolvimento escolar e social. A inclusão de crianças autistas no ambiente escolar não é apenas uma questão de direitos, mas uma oportunidade de enriquecer a comunidade escolar. Compreender as particularidades do TEA é essencial para que educadores, pais e colegas possam oferecer um ambiente acolhedor e estimulante, promovendo o desenvolvimento integral das crianças.
Nesse contexto, a elaboração de materiais didáticos lúdicos torna-se fundamental para facilitar o processo de ensino-aprendizagem de crianças com TEA. O uso de recursos como imagens, objetos e cores, associados a atividades interativas, favorece a compreensão dos conteúdos e torna o aprendizado mais acessível e atrativo. Um exemplo é a Prancha Silábica, ferramenta educativa utilizada no ensino da leitura e escrita, composta por imagens e palavras divididas em sílabas, que facilita a compreensão do funcionamento da língua nas fases iniciais da alfabetização. Esse recurso lúdico não só estimula o aprendizado, como também contribui para o desenvolvimento de habilidades de comunicação, interação social e autonomia, fundamentais para a inclusão efetiva.
Este Projeto Integrador (PI), desenvolvido na Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Suplência Monteiro Lobato, em Sandovalina – SP, com o apoio da professora Rosângela Rocha, busca promover a inclusão por meio do desenvolvimento e uso de materiais didáticos adaptados. O objetivo é criar condições que garantam o acesso a uma educação de qualidade, valorizando as diferenças e potencializando o desenvolvimento integral de crianças autistas e de outras com necessidades específicas. Por meio de práticas inclusivas e de ferramentas como a Prancha Silábica, o projeto visa construir um ambiente educacional que ofereça equidade e promova o máximo potencial de cada aluno, contribuindo para uma educação mais inclusiva e justa.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 OBJETIVOS
2.1.1 OBJETIVO GERAL
Promover a inclusão escolar de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) por meio da elaboração e utilização de materiais didáticos lúdicos e adaptados, com o intuito de garantir uma educação de qualidade que atenda às necessidades específicas dessas crianças, favorecendo o desenvolvimento integral de suas habilidades cognitivas, sociais e motoras, e contribuindo para a criação de um ambiente educacional inclusivo e equitativo.
2.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Identificar os desafios de aprendizagem específicos de cada aluno e abordá-los de maneira saudável e eficaz, assegurando que as necessidades individuais sejam respeitadas no processo educativo
- Elaborar materiais didáticos lúdicos adaptados para facilitar o aprendizado de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), considerando suas particularidades cognitivas e sensoriais.
- Facilitar o processo de aprendizagem por meio de atividades lúdicas que tornem o ensino mais dinâmico e eficaz, promovendo o desenvolvimento de habilidades e competências dos alunos de forma interativa.
- Adaptar o ambiente escolar e os recursos pedagógicos para atender às necessidades de alunos com autismo, garantindo que o aprendizado ocorra de forma inclusiva e personalizada.
- Identificar os desafios de aprendizagem específicos de cada aluno e abordá-los de maneira saudável e eficaz, assegurando que as necessidades individuais sejam respeitadas no processo educativo.
2.2 JUSTIFICATIVA E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA
A elaboração de material didático adaptado para alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é de fundamental importância para promover uma educação inclusiva e de qualidade, conforme garantido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN) e pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O Projeto Integrador, ao focar na criação de ferramentas didáticas lúdicas, responde diretamente ao desafio de incluir alunos com necessidades especiais no ambiente escolar, especialmente no que se refere ao desenvolvimento de habilidades acadêmicas e sociais de forma eficaz.
Este trabalho está focado na necessidade de atender de maneira mais eficaz a inclusão de crianças com TEA, tendo em vista a dificuldade muitas vezes enfrentada por professores e instituições para fornecer um ambiente de aprendizagem adequado às necessidades específicas desses alunos. O aumento de casos de TEA, aliado à carência de estratégias pedagógicas voltadas para esse público, reforça a urgência de projetos que busquem soluções concretas, como materiais didáticos adaptados, que tornem o aprendizado mais acessível, motivador e eficaz.
Ao desenvolver jogos educativos que integram o aprendizado e a interação lúdica, este projeto promove não apenas o aprendizado cognitivo, mas também o desenvolvimento motor, social e emocional dos alunos, conforme proposto por Vygotsky, que enfatiza o papel das interações no desenvolvimento cognitivo e da aprendizagem social. A inclusão não se limita à presença física do aluno na sala de aula, mas envolve a criação de um ambiente em que todos possam participar ativamente, respeitando as particularidades de cada um. Ele argumenta que o aprendizado ocorre de forma mais eficaz quando a criança recebe apoio e interações que ajudam a superar desafios além de suas capacidades atuais.
No contexto do uso de jogos e atividades lúdicas, defende ainda que, essas práticas são fundamentais para o desenvolvimento cognitivo das crianças. Segundo ele, ao brincar, as crianças não apenas reproduzem o que sabem, mas exploram situações imaginárias que ampliam suas habilidades cognitivas e sociais. O jogo, portanto, permite que a criança desenvolva novas competências ao interagir com outras pessoas, facilitando a internalização de conceitos e habilidades importantes para seu crescimento.
Portanto, a relevância de fornecer estratégias pedagógicas inclusivas, capacitar os professores para lidar com a diversidade e, sobretudo, contribuir para uma educação mais equitativa, onde o aluno com TEA possa ser parte ativa do processo de ensino-aprendizagem, a inclusão de atividades lúdicas no processo de crianças com necessidades educacionais especiais, como aquelas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), torna-se uma estratégia eficaz.
Isso ocorre porque os jogos podem atuar como “mediadores” no processo de aprendizagem, ajudando a criança a entender e interagir com o mundo de forma mais dinâmica e significativa. As atividades lúdicas, especialmente os jogos estruturados, ajudam a criança a desenvolver competências sociais (respeitar regras, interagir com colegas), cognitivas (aprender conceitos por meio de brincadeiras) e emocionais (desenvolver autoconfiança e regulação emocional).
2.3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Baseado no tema norteador do Projeto Integrador IV para desenvolvimento de material didático para alunos com deficiência, faremos uma breve explanação sobre TEA (Transtorno de Espectro do Autismo), suas características, dificuldades de inclusão e a contribuição do material lúdico para aprendizagem da criança autista.
2.3.1 CARACTERÍSTICAS DO AUTISMO
Conforme classificação dos transtornos mentais da Associação Americana de Psiquiatria e do DiagnosticandStatistical Manual of Mental Disordens – IV (DSM-IV), o termo autismo (TEA – Transtorno de Espectro do Autismo) é conferido a um transtorno global do neurodesenvolvimento, caracterizado por comportamento atípico de forma acentuada na interação social, comunicação e limitação de realização de tarefas e movimentos repetitivos, onde algumas áreas do cérebro não funcionam como deveriam funcionar, afetando o seu desenvolvimento intelectual e motor. Estes comportamentos podem ser observados antes dos três anos, porém após esta idade, fica mais perceptível o comprometimento dessas áreas de desenvolvimento. A condição de autismo não é caracterizada nem como síndrome, nem como doença por desconhecimento do seu gene causador, portanto, como afirma Praça (2011, p.25 apud Camila Freitas, et.al.) o autismo é caracterizado por comportamento voltado para o próprio indivíduo:
“[…] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dos estímulos que a cerca no mundo externo. Outro motivo para o autista permanecer em seu universo interior, é que, em geral, o autista sente dificuldade em se relacionar e se comunicar com outras pessoas, uma vez que ele não usa a fala como meio de comunicação. Não se comunicando com outras pessoas acaba passando a impressão de que a pessoa autista vive sempre em um mundo próprio, criado por ela que não se interage fora dele. Praça (2011, p.25 apud Camila Freitas, et.al.)”
Contudo, apesar de muitas das vezes o autista ser considerado uma pessoa apática, por não ter essa interação social, há outras características, e nem todos os autistas são iguais, além de variação de graus conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V, 2013), subdividindo-se em três níveis de suporte (necessidades):
- Nível 1 – leve, onde há pouco prejuízo no desenvolvimento, não precisa de suporte;
- Nível 2- há prejuízo de algumas áreas de desenvolvimento, necessita de suporte, tipo comunicação e interação social, interesse excessivo por determinado objeto (hiperfoco), rigidez cognitiva (dificuldade com mudanças);
- Nível 3 – severo, a criança tem prejuízo significativo, precisando de suporte inclusive para necessidades básicas, tais como alimentar-se, cuidados pessoais e comunicação, pode adotar comportamentos repetitivos, como bater ou girar o corpo contra algo, apresenta estresse acentuado ao mudar de tarefa.
Geralmente, os níveis 2 e 3 de suporte vêm acompanhados de comorbidades que acentuam o comportamento, sendo elas: depressão, TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade), TOC (transtorno obsessivo compulsivo), ansiedade, epilepsia, distúrbios de sono e fala, deficiência intelectual, distúrbios gastrointestinais e dificuldade de coordenação motora. No entanto, estudos comprovam que pode ocorrer movimentação do indivíduo nesses níveis de acordo com tratamentos precoces adequados a fim de gerar independência e autonomia dos mesmos.
2.3.2 INCLUSÃO ESCOLAR
Partindo que a educação inclusiva é uma questão legal, conforme Lei nº 12.764/2012 que criou a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA) estabelecendo os direitos e obrigações para promover a inclusão social e combater a discriminação para garantir o direito à educação e ao ensino profissionalizante. Neste sentido, de acordo com Santos (2008) a escola é fundamental na observação precoce de sinais de autismo, visto que, é o primeiro local fora do “ninho familiar” que terá contato social no qual terá que adaptar-se a novas regras.
Como afirma Araújo e Martins (2016), “a inclusão das crianças com autismo na educação infantil é um desafio para toda a sociedade, que deve estar comprometida em garantir o acesso aos direitos fundamentais dessas crianças”.
O professor como mediador e facilitador do conhecimento, precisa estar preparado para lidar com diferentes limitações e conhecer seus alunos autistas, com finalidade de realizar intervenções assertivas após observadas as particularidades do indivíduo, visto que, um autista é diferente do outro, portanto, é necessária a formação continuada do professor e contextualização entre a teoria e a prática. (Gadotti, 2011).
De acordo com Cunha (2009) a intervenção do professor tem o poder de derrubar ou criar barreiras na aprendizagem, desenvolvimento social, afetivo e cognitivo do seu aluno autista. Sendo necessário um olhar atento do professor para esse aluno, criando vínculo, proporcionando-lhe segurança, previsibilidade nas rotinas e atividades que desencadeiam o interesse desse aluno para as atividades escolares.
2.3.3 CONTRIBUIÇÃO DO MATERIAL PEDAGÓGICO PARA ALUNO COM TRANSTORNO ESPECTRO AUTISTA (TEA)
Para garantir uma educação inclusiva e de boa qualidade para alunos com TEA, o material pedagógico deve ser adequado para cada necessidade do aluno. Quais são esses materiais pedagógicos? São recursos visuais, táteis ou interativos que auxiliam no processo de aprendizagem, promovendo a compreensão, a participação e o engajamento dos alunos com Transtorno Espectro Autista (TEA).
Esses materiais ajudam os alunos a superar as dificuldades, oferecem suporte na comunicação, ao desenvolvimento de habilidades sociais e os conhecimentos para o dia a dia, também conseguem auxiliar na redução da ansiedade, facilitando a aprendizagem desse aluno. A alfabetização de um aluno com TEA pode ser desafiadora, pois a metodologia utilizada pode ser diferente da aplicada a outros alunos. O professor deve observar a forma como cada um aprende. E um dos melhores métodos para ter a atenção do aluno é o lúdico, porque o professor pode trabalhar o mesmo assunto de várias formas, fazendo com que o aluno aprenda de um jeito descontraído.
Segundo Campos (1986 apud GRILO, QUEIROZ, SOUZA, 2002, p. 03), “a ludicidade poderia ser a ponte facilitadora da aprendizagem se o professor pudesse pensar e questionar-se sobre sua forma de ensinar, relacionando a utilização do lúdico como fator motivante de qualquer tipo de aula”.
2.4 APLICAÇÃO DAS DISCIPLINAS ESTUDADAS NO PROJETO INTEGRADOR
O trabalho apresentado fez uso das seguintes disciplinas aplicadas no curso de Pedagogia:
- Alfabetização e Letramento: nesta matéria pudemos compreender alguns princípios de ensino e práticas da escola tradicional, sua evolução histórica e avaliamos os impactos no processo de aprendizagem. Pois, como afirma Rubem Alves “A vida é permanentemente uma tarefa inconclusa que está se modificando o tempo todo”.
- Avaliação Educacional e da Aprendizagem: aprendemos sobre as concepções e embates teóricos da avaliação e a abrangência da avaliação diagnóstica. Antes de iniciar o ano letivo, o professor precisa saber quais conhecimentos prévios seus alunos possuem, pois através dela consegue avaliar suas habilidades. (LUCKESI, 2005).
- Didática: A disciplina está relacionada com o aparecimento e desenvolvimento da escola, ela busca articular a relação entre aluno e professor, aplica meios alternativos para aprendizagem, identifica os diferentes níveis de planejamento, nela entendemos que existe uma diferença entre o saber e o fazer, a mensagem da didática e promover o aluno como agente participativo na aprendizagem.
- Metodologias ativas de aprendizagem (projetos interdisciplinares): através desta disciplina aprendemos o que é um projeto interdisciplinar (ao criar um projeto faz-se uma pergunta para resolver um problema complexo), como organizá-lo, as estratégias utilizadas para obter êxito. Tem o objetivo de desenvolver competências nos alunos para atuarem no cotidiano, construir conhecimentos (aprender fazendo) e trabalhar em colaboração com colegas interagindo com a sua realidade. Portanto, essa metodologia foi primordial para o desenvolvimento deste Projeto Integrador.
2.5 METODOLOGIA
Para o desenvolvimento deste projeto, fizemos uso de pesquisa qualitativa e pesquisa de campo. Inicialmente, fizemos uso de pesquisa bibliográfica através de trabalhos acadêmicos e livros, para construção da fundamentação teórica e assim argumentarmos sobre o desenvolvimento do material didático, e para um maior entendimento sobre o contexto do universo TEA, fizemos pesquisas em sites, com artigos relacionados a psicologia e psicopedagogia, buscando compreender o dia a dia de uma criança autista na fase escolar.
Avançamos para a pesquisa de campo, onde fizemos uma entrevista, que se encontra em anexo, com a professora de Educação Especial, Rosângela Rocha, da EMEIF e Suplência Monteiro Lobato, responsável por atender os alunos com transtornos de aprendizagem, onde coletamos todas as informações necessárias para o desenvolvimento do projeto. Após a coleta de dados, iniciamos a elaboração do plano de aula, onde propomos atividades com uso da Prancha Silábica, para auxiliar na aprendizagem da Leitura e Escrita deste aluno com autismo.
2.6 RESULTADOS PRELIMINARES: SOLUÇÃO INICIAL
Com base na metodologia indicada pela UNIVESP, seguindo os passos de ouvir, criar e implementar, e diante dos estudos desenvolvidos, algumas reuniões com os participantes do grupo e a professora que foi entrevistada na escola na qual foi aplicada a atividade, resolvemos que nosso trabalho seria o desenvolvimento de uma atividade voltada para a parte da alfabetização das crianças com TEA (autista), pois, de acordo com nossa pesquisa inicial, foi possível observar que na escola em questão, há vários alunos com grau de suporte variado e cada um possui uma dificuldade diferente. Com base no curso de pedagogia, focamos na questão da alfabetização, pois consideramos que seja um processo de grande importância, a base para um desenvolvimento escolar. Sendo assim aplicamos nossa atividade com o aluno Felipe, do 1º ano, portador do TEA (Transtorno do Espectro Autista), que segundo laudo médico fornecido à escola, possui nível de suporte 1, sendo uma criança ativa, e que permite contato com estranhos, não tendo muita dificuldade em socializar. Sua dificuldade no que se refere à aprendizagem escolar, é maior no que chamamos de registro de atividades e constância no que está fazendo, não conseguindo manter o foco se a atividade não for lúdica e despertar o seu interesse.
A prancha silábica estruturada é um recurso de alfabetização que pode ser usada para ajudar as crianças a aprenderem a ler e escrever, e a ampliar o vocabulário. Porém, observamos uma facilidade para os alunos com autismo praticarem, e obtendo um resultado satisfatório. Por ser uma atividade lúdica, atraiu bastante a atenção do aluno. A prancha silábica estruturada pode ser usada de diversas formas, como:
- Identificar a letra ou sílaba inicial de uma palavra.
- Separar as palavras em sílabas.
- Perceber as sílabas.
- Separar as vogais das consoantes.
- Associar imagens.
Ela é considerada um material eficaz para alfabetizar, pois apresenta as sílabas com imagens e possui um sistema de dicas visuais, com cores, para facilitar o aprendizado e manter a motivação. Consiste em uma base (prancha) que foi impressa e plastificada com polaseal para uma maior durabilidade. Nessa base há o espaço para as consoantes que são variáveis, as vogais são impressas para facilitar o processo, possui ainda espaço para colocação da sílaba formada (a consoante móvel + a vogal fixa), uma figura com a inicial referente à sílaba e o nome correspondente.
Figura 1: Prancha Silábica

Figura 2: Aplicação da atividade

A aplicação da atividade aconteceu de forma tranquila e satisfatória. A professora Rosangela acompanhou o processo, nos orientando como seria a melhor abordagem com o aluno Felipe, que mesmo sendo uma criança com TEA, nos recebeu muito bem, e não demonstrou muita dificuldade em conhecer as letras e a formação das sílabas, a dificuldade maior em relação a atividade foi realmente manter o foco no que estava sendo proposto, até o momento que identificou cores e figuras, o que o fez realizar com mais calma e interesse.
De acordo a professora, que o acompanha desde fevereiro quando se iniciou a ano letivo, vem havendo uma evolução na aprendizagem do aluno, e após o uso da prancha silábica o processo de alfabetização deu uma avançada, pois como deixamos a mesma para o uso da professora em sala no dia a dia, ela aplicou a atividade com ele várias vezes, o que possibilitou identificar uma maior facilidade em assimilar e reconhecer as sílabas e até palavras com sílabas simples o aluno já está conseguindo formar, o que para nós é muito satisfatório, ver esse avanço e acompanhar a evolução em uma fase tão importante como a alfabetização, que é um processo complexo para algumas crianças.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste trabalho foi, por meio da elaboração e utilização do recurso lúdico da prancha silábica, promover a inclusão escolar de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Diante das dificuldades de alfabetização de uma criança com TEA, percebemos que a ludicidade permite maior envolvimento, desperta curiosidade e, consequentemente, proporciona maior interação e confiança entre professor e aluno, tornando-se um estímulo e facilitador no processo de aprendizagem. A prancha silábica trabalhada no projeto ativo ou na área sensorial do aluno pelo tato (a exploração do toque, o ato de girar); reforçou o aprendizado visual (permitindo a identificação de letras, sílabas e até a associação de imagens) e, com o suporte da docente, trabalhou-se o auditivo, possibilitando que o estilo de aprendizagem se adequasse ao aluno.
Portanto, o projeto atingiu seu objetivo, uma vez que uma criança, após o uso da prancha silábica, evoluiu do nível silábico para o silábico-alfabético e está praticamente transpondo para o nível alfabético até a finalização deste trabalho. No entanto, reiteramos que este material, embora tenha sido eficaz, foi criado especificamente para o aluno Felipe. Assim, é necessário um olhar individualizado para cada criança autista, pois cada uma apresenta características únicas.
Esperamos que este trabalho contribua para futuras pesquisas e reforce a importância de um maior espaço amostral para uma análise mais abrangente dos resultados. Este estudo reforça, portanto, a relevância de recursos lúdicos adaptados, como a prancha silábica, na inclusão e no desenvolvimento educacional de crianças com TEA. Ao promover o engajamento do aluno e facilitar o processo de alfabetização, ferramentas como essa mostrar são fundamentais para tornar o aprendizado mais acessível e prazeroso. No entanto, confirmamos que o sucesso da prancha silábica com o aluno Felipe não garante sua aplicabilidade universal a todas as crianças com TEA, visto que o transtorno apresenta uma ampla gama de manifestações individuais.
Desta forma, recomendamos que futuros estudos considerem não apenas a replicação deste recurso, mas também uma adaptação personalizada conforme as necessidades e o perfil de cada aluno. Além disso, uma investigação com uma amostra ampliada e distribuída poderia fornecer dados mais robustos sobre a eficácia desse tipo de material no contexto da educação inclusiva. Esperamos que este trabalho inspire novos estudos e que a abordagem lúdica continue a ser explorada como uma estratégia eficaz na educação de alunos com necessidades específicas, promovendo uma educação verdadeiramente inclusiva e significativa.
REFERÊNCIAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14724: Informação e documentação. Trabalhos Acadêmicos – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.
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CUNHA, Eugênio. Autismo e inclusão: psicopedagogia e práticas educativas na escola e na família. Rio de Janeiro: Wak, 2009.
FERREIRA, A. L.; MOURÃO, R. S. A inclusão de crianças com autismo na educação infantil: desafios e possibilidades. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 23, n. 1, p. 79- 92, 2017.
GADOTTI, Moacir. Boniteza de um sonho: ensinar e aprender com sentido. 2.ed.São Paulo: Instituto Paulo Freire, 2011.
SANTOS, Ana Maria Tarcitano. Autismo: um desafio na alfabetização e no convívio escolar. São Paulo: CRDA, 2008.
VIGOTSKY, Lev Semyonovich. A formação social da mente: o desenvolvimento social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2007
https://institutoinclusaobrasil.com.br/dsm-5-tr-e-cid-11-diagnostico-de-transtorno-do espectro-autista/ acesso em 27/09/2024
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https://uniateneu.edu.br/wp-content/uploads/2023/04/TCC-19.pdf – acesso em 24/09/2024.
1RA nº:2222136
2RA nº:2209854
3RA nº:2219506
4RA nº:2225495
5RA nº:2228045
6RA nº:2207661