PLANTAS MEDICINAIS NO TRATAMENTO DE TRANSTORNOS MENTAIS: UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR ENTRE CIÊNCIA E A PSICOLOGIA EM PROL DA SAÚDE MENTAL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202503181321


Elisabete Soares de Santana¹; Felipe Gustavo Soares da Silva²; Nelson Pinto Gomes³; Azize Capucho Jorge⁴.


RESUMO

O uso de plantas medicinais como tratamento alternativo de transtornos mentais tem ganhado destaque, especialmente como alternativa natural e eficaz aos tratamentos convencionais. Diversas pesquisas apontam que plantas como Lavandula angustifolia (lavanda), Passiflora incarnata (maracujá) e Valeriana officinalis (valeriana) possuem propriedades terapêuticas, como efeitos ansiolíticos e antidepressivos, sendo eficazes no alívio de sintomas de ansiedade, depressão e estresse. A combinação dessas plantas com psicoterapia tem mostrado resultados positivos, proporcionando uma abordagem mais holística e personalizada no cuidado dos pacientes. No entanto, desafios como a falta de padronização nos extratos e a variabilidade nos compostos ativos das plantas ainda dificultam a comprovação científica robusta desses benefícios. Além disso, a adesão dos pacientes às terapias naturais é favorecida pela busca por tratamentos menos invasivos, mas é necessário um acompanhamento profissional adequado para garantir a segurança e eficácia do uso dessas terapias. A interdisciplinaridade entre farmacologia, psicologia e medicina se apresenta como uma estratégia essencial para integrar essas práticas terapêuticas, otimizando os resultados e oferecendo tratamentos mais seguros. A continuidade das pesquisas científicas e a formação de profissionais sobre os benefícios e riscos das plantas medicinais são fundamentais para validar e aprimorar esses tratamentos. Em resumo, embora promissores, os tratamentos com plantas medicinais exigem mais estudos para garantir sua efetividade e segurança no contexto da saúde mental, sendo a abordagem integrada uma chave para o sucesso dessas terapias.

Palavras-chave: Fitoterapia, Psicologia, Plantas Medicinais, Transtornos Mentais, Tratamento Natural.

ABSTRACT

The use of medicinal plants as an alternative treatment for mental disorders has gained prominence, especially as a natural and effective option compared to conventional treatments. Several studies indicate that plants such as Lavandula angustifolia (lavender), Passiflora incarnata (passionflower), and Valeriana officinalis (valerian) possess therapeutic properties, including anxiolytic and antidepressant effects, proving effective in alleviating symptoms of anxiety, depression, and stress. The combination of these plants with psychotherapy has shown positive results, providing a more holistic and personalized approach to patient care. However, challenges such as the lack of standardization in plant extracts and variability in active compounds still hinder robust scientific validation of these benefits. Additionally, patient adherence to natural therapies is driven by the search for less invasive treatments, but professional supervision is essential to ensure their safety and effectiveness. The interdisciplinary approach involving pharmacology, psychology, and medicine is crucial for integrating these therapeutic practices, optimizing outcomes, and providing safer treatments. Continued scientific research and professional training on the benefits and risks of medicinal plants are essential to validate and improve these treatments. In summary, while promising, treatments with medicinal plants require further studies to ensure their effectiveness and safety in the context of mental health, with an integrated approach being key to the success of these therapies.

Keywords: Phytotherapy, Psychology, Medicinal Plants, Mental Disorders, Natural Treatment.

RESUMEN

El uso de plantas medicinales como tratamiento alternativo para los trastornos mentales ha ganado relevancia, especialmente como una opción natural y eficaz en comparación con los tratamientos convencionales. Diversos estudios indican que plantas como Lavandula angustifolia (lavanda), Passiflora incarnata (maracuyá) y Valeriana officinalis (valeriana) poseen propiedades terapéuticas, incluyendo efectos ansiolíticos y antidepresivos, demostrando ser eficaces en el alivio de síntomas de ansiedad, depresión y estrés. La combinación de estas plantas con la psicoterapia ha mostrado resultados positivos, proporcionando un enfoque más holístico y personalizado en la atención a los pacientes. Sin embargo, desafíos como la falta de estandarización en los extractos y la variabilidad en los compuestos activos aún dificultan la validación científica sólida de estos beneficios. Además, la adhesión de los pacientes a las terapias naturales se ve favorecida por la búsqueda de tratamientos menos invasivos, pero es fundamental un seguimiento profesional adecuado para garantizar la seguridad y eficacia de su uso. El enfoque interdisciplinario entre farmacología, psicología y medicina es clave para integrar estas prácticas terapéuticas, optimizar los resultados y ofrecer tratamientos más seguros. La continuidad de la investigación científica y la formación de profesionales sobre los beneficios y riesgos de las plantas medicinales son esenciales para validar y mejorar estos tratamientos. En resumen, aunque prometedores, los tratamientos con plantas medicinales requieren más estudios para garantizar su efectividad y seguridad en el contexto de la salud mental, siendo el enfoque integrado la clave para el éxito de estas terapias.

Palabras clave: Fitoterapia, Psicología, Plantas Medicinales, Trastornos Mentales, Tratamiento Natural.

INTRODUÇÃO

O uso de plantas medicinais como tratamento alternativo de transtornos mentais têm ganhado crescente interesse, principalmente devido à busca por alternativas mais naturais e eficazes aos tratamentos convencionais. A pesquisa científica tem demonstrado que muitas dessas plantas possuem propriedades terapêuticas que podem atuar como adjuvantes no controle de sintomas de doenças como ansiedade, depressão e estresse. Segundo  Aciole et al. (2021), as plantas medicinais oferecem uma vasta gama de compostos bioativos que podem interferir diretamente no sistema nervoso central, proporcionando alívio a diversos distúrbios psíquicos.

A psicologia, enquanto ciência que investiga os processos mentais e comportamentais, tem se tornado cada vez mais receptiva à integração de tratamentos naturais, incluindo o uso de fitoterápicos. É claro que não se pretende aqui depreciar o papel científico da Psiquiatria, todavia, é útil destacar que uma gama de medicamentos utilizados para intervenções psiquiátricas acarretam efeitos colaterais. O uso de uma medicina natural, pode ser um fator que contribui com a dinâmica medicinal pela qual o sujeito que sofre algum tipo de angústia pode eventualmente ser submetido como maneira de reduzir ou até mesmo eliminar os efeitos colaterais dos medicamentos tradicionais. De acordo com Garlet et al. (2024), a psicoterapia, quando associada ao uso de plantas medicinais, pode potencializar os efeitos terapêuticos, promovendo uma abordagem mais holística do cuidado. Essa combinação entre intervenções psicológicas e fitoterapia tem mostrado ser promissora, principalmente no manejo de condições crônicas, como a ansiedade generalizada e a depressão.

No entanto, a integração entre a ciência e a psicologia ainda enfrenta desafios relacionados à padronização de tratamentos e à comprovação científica dos efeitos terapêuticos de determinadas plantas. Estudos como o de Sousa et al. (2020) sugerem que a falta de ensaios clínicos controlados e a variabilidade na composição dos fitoterápicos dificultam a evidência sólida dos benefícios. Além disso, muitos pacientes recorrem ao uso de plantas medicinais sem a orientação adequada, o que pode acarretar em riscos à saúde, como interações medicamentosas indesejadas e efeitos adversos (Danilevicz, Vatsi Meneghel. 2020). Outrossim, cumpre destacar que não é atribuição do psicólogo a recomendação de medicamento, cabe ao médico psiquiatra tal atribuição. Oportunamente, a medicação natural é indicada muitas vezes no meio familiar. Ao psicólogo caberia ainda sim, verificando a necessidade de acompanhamento médico do sujeito, o encaminhamento ao profissional médico que então avaliaria a possibilidade de intervenção medicamentosa natural ou tradicional.

Por outro lado, a interdisciplinaridade entre diferentes áreas do conhecimento, como a farmacologia, a medicina e a psicologia, tem sido uma estratégia essencial para aprofundar o entendimento sobre o papel das plantas medicinais no tratamento de transtornos mentais. Estudo realizado por Santos et al. (2023) destaca que a colaboração entre profissionais dessas áreas pode proporcionar uma visão mais abrangente e segura para o manejo desses transtornos, aliando os conhecimentos tradicionais e científicos na busca por soluções inovadoras.

Dessa forma, o uso de plantas medicinais no tratamento de transtornos mentais representa uma área de grande potencial e desafios, que demanda uma abordagem integrada entre ciência e psicologia. Embora as evidências iniciais sejam promissoras, é fundamental que mais estudos sejam conduzidos para confirmar sua eficácia e segurança, garantindo que os pacientes se beneficiem de tratamentos cada vez mais seguros e eficazes (De Albuquerque et al., 2024). O trabalho conjunto entre profissionais dessas áreas poderá facilitar a implementação de tratamentos personalizados, respeitando as particularidades de cada paciente e promovendo um cuidado mais completo e humanizado (Ferreira et al., 2022).

O objetivo deste estudo é investigar o uso de plantas medicinais como alternativa terapêutica no tratamento de transtornos mentais, com foco na integração interdisciplinar entre a ciência farmacológica e a psicologia. A pesquisa busca analisar a eficácia de diferentes plantas medicinais no alívio de sintomas associados a condições como ansiedade, depressão e estresse, além de explorar os benefícios de uma abordagem integrada entre psicoterapia e fitoterapia. Também pretende-se identificar as lacunas existentes no conhecimento científico sobre a segurança e eficácia desses tratamentos, promovendo um diálogo entre as áreas envolvidas e sugerindo estratégias para aprimorar a prática clínica. O estudo visa, ainda, destacar os desafios e potencialidades do uso de plantas medicinais como complementos no cuidado a pacientes com transtornos mentais, visando a promoção de tratamentos mais acessíveis e personalizados.

2. METODOLOGIA:

A metodologia deste estudo foi estruturada como uma revisão sistemática da literatura, com o objetivo de avaliar o uso de plantas medicinais no tratamento de transtornos mentais, considerando a abordagem interdisciplinar entre a ciência farmacológica e a psicologia. A pesquisa foi realizada entre agosto e setembro de 2024 nas bases de dados Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e Scientific Electronic Library Online (SCIELO). Foram utilizados os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) “Plantas Medicinais”; “Transtornos Mentais”; “Psicologia”; “Tratamento Natural”; “Fitoterapia”, combinados com termos relacionados como “Ansiedade”, “Depressão”, “Estratégias Terapêuticas” e “Integração Terapêutica”, estruturando a busca com o operador booleano “AND” para assegurar a relevância dos resultados.

Os critérios de inclusão contemplaram artigos completos, disponíveis gratuitamente nas bases de dados, publicados de 2020 a 2024, em português, inglês ou espanhol, que abordassem a temática central do uso de plantas medicinais no tratamento de transtornos mentais, com foco na integração entre fitoterapia e psicoterapia. Os critérios de exclusão incluíram artigos incompletos, pagos, repetidos nas bases, artigos de revisão, estudos em outros idiomas e aqueles que não tratavam diretamente da temática do estudo.

Na etapa inicial da busca, foram identificados 1.110 artigos. Com a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, a amostra foi reduzida a 60 artigos. Após leitura completa e avaliação de elegibilidade, 23 artigos foram selecionados para a análise final. Os dados coletados foram organizados e categorizados conforme a contribuição de cada estudo para o tema, abordando aspectos como as propriedades terapêuticas das plantas medicinais, o impacto da fitoterapia no tratamento de transtornos mentais, a combinação entre terapias psicológicas e naturais, e os desafios e avanços na aplicação de tratamentos integrados.

Essa metodologia permitiu uma análise aprofundada sobre o uso de plantas medicinais no tratamento de transtornos mentais, proporcionando uma visão abrangente das inovações e desafios no manejo de condições psíquicas por meio da integração entre a ciência farmacológica e a psicologia.

RESULTADOS:

A análise dos artigos selecionados revelou que as plantas medicinais têm se mostrado promissoras no tratamento de transtornos mentais, com uma ênfase crescente na combinação de terapias naturais e psicológicas. De acordo com De Silva et al. (2020), diversas plantas, como a Lavandula angustifolia (lavanda) e a Passiflora incarnata (maracujá), têm demonstrado propriedades ansiolíticas e antidepressivas, sendo eficazes no alívio de sintomas relacionados à ansiedade e depressão. O uso dessas plantas tem sido associado a uma melhora no bem-estar emocional dos pacientes, especialmente quando integradas a tratamentos convencionais de psicoterapia.

O estudo de Carvalho et al. (2021) destaca que a Valeriana officinalis (valeriana) é outra planta que tem mostrado resultados significativos na redução de sintomas de estresse e insônia. A combinação de terapias farmacológicas com fitoterápicos de ação ansiolítica, segundo os autores, contribui para a redução da dosagem de medicamentos convencionais, minimizando os efeitos adversos em pacientes com transtornos mentais crônicos. Além disso, a sinergia entre o uso de plantas medicinais e a psicoterapia pode proporcionar um tratamento mais completo, como sugerido por De Silva et al. (2024), que observou que a psicoterapia comportamental, aliada ao uso de fitoterápicos, promoveu uma melhora significativa na qualidade de vida de pacientes com transtornos de ansiedade.

Por outro lado, diversos estudos identificaram desafios no uso das plantas medicinais, como a falta de padronização nos extratos utilizados e a variabilidade nos compostos ativos presentes nas plantas. Segundo Cortez et al. (2021), essas limitações dificultam a reprodutibilidade dos resultados em larga escala e a comparação entre diferentes estudos. No entanto, os autores enfatizam que a contínua pesquisa em fitoterapia e a validação de protocolos terapêuticos mais precisos são essenciais para superar esses obstáculos e garantir a eficácia dos tratamentos (Cerqueira et al., 2023).

Além disso, a importância da integração entre diferentes áreas do conhecimento, como a farmacologia, a psicologia e a medicina, tem sido cada vez mais reconhecida. Pacheco et al. (2021), observam que a abordagem interdisciplinar pode potencializar os efeitos terapêuticos das plantas medicinais, principalmente quando associada a um acompanhamento psicológico adequado. A colaboração entre esses profissionais é fundamental para garantir a segurança e a eficácia no tratamento de transtornos mentais, proporcionando ao paciente uma experiência terapêutica mais completa e personalizada (Guedelha et al., 2022).

Em termos de adesão ao tratamento, a utilização de plantas medicinais tem mostrado ser uma alternativa atraente para muitos pacientes, especialmente aqueles que buscam opções mais naturais e menos invasivas. Como mencionado por De Almeida et al. (2022), a aceitação de terapias baseadas em plantas tem crescido, especialmente em contextos onde os tratamentos farmacológicos são vistos com desconfiança devido aos seus efeitos colaterais. Nesse sentido, a psicologia tem desempenhado um papel fundamental na orientação dos pacientes sobre o uso responsável e seguro dessas terapias, promovendo uma abordagem mais holística e personalizada no cuidado da saúde mental (Mendes et al., 2022).

DISCUSSÃO:

A utilização de plantas medicinais no tratamento de transtornos psiquiátricos tem gerado um crescente interesse na comunidade científica, principalmente devido à busca por alternativas terapêuticas mais naturais e acessíveis. Diversos estudos, como os de Pizano et al. (2024), indicam que plantas como a Lavandula angustifolia (lavanda) e a Passiflora incarnata (maracujá) possuem propriedades ansiolíticas e antidepressivas significativas, sendo frequentemente utilizadas para o alívio de sintomas associados à ansiedade e à depressão. Essas plantas têm sido integradas com terapias psicológicas para promover um tratamento mais holístico, como sugerido por Cotta et al. (2024), que afirmam que a combinação de fitoterapia com psicoterapia pode ter um impacto positivo na recuperação emocional de pacientes. No entanto, é essencial considerar as limitações da fitoterapia, como a variabilidade nos compostos bioativos das plantas e a falta de padronização nos tratamentos.

A combinação de plantas medicinais com tratamentos convencionais, como a psicoterapia, é vista por diversos autores como uma estratégia eficaz para a gestão de transtornos mentais. De Abreu et al. (2024) observam que a Valeriana officinalis (valeriana) pode ser especialmente útil no tratamento de insônia e estresse, problemas frequentemente associados a transtornos de ansiedade. A redução da dosagem de medicamentos farmacológicos, associada ao uso de fitoterápicos, tem mostrado uma melhora nos efeitos adversos frequentemente relatados pelos pacientes que utilizam terapias convencionais. A proposta de uma abordagem integrada entre psicoterapia e fitoterapia, conforme enfatizado por Guedelha et al. (2022), pode garantir uma recuperação mais eficiente e duradoura ao paciente, proporcionando-lhe um cuidado que respeita sua individualidade.

No entanto, um dos maiores desafios dessa abordagem interdisciplinar é a falta de evidências científicas robustas que comprovem a eficácia e a segurança do uso de plantas medicinais no tratamento de transtornos mentais. Como apontado por Santos et al. (2023), a variabilidade na composição química das plantas e a falta de estudos clínicos bem controlados dificultam a comprovação científica de seus benefícios terapêuticos. Isso gera uma lacuna no conhecimento que precisa ser preenchida para que as plantas medicinais possam ser utilizadas de forma mais ampla e segura no contexto terapêutico. A necessidade de maior padronização no cultivo, extração e uso de plantas medicinais é fundamental para garantir sua eficácia e segurança no tratamento de transtornos mentais (De Araújo et al., 2023).

Além disso, é importante que os profissionais de saúde, especialmente psicólogos e médicos, estejam bem informados sobre as propriedades terapêuticas das plantas medicinais e sobre como integrá-las ao tratamento de transtornos mentais de maneira segura. Segundo Mendes et al. (2022), a educação contínua e o treinamento de profissionais de saúde para lidar com terapias naturais são essenciais para o sucesso dessa abordagem integrada. A falta de conhecimento adequado sobre as plantas medicinais pode levar ao uso inadequado e à ocorrência de efeitos adversos, o que reforça a necessidade de uma formação interdisciplinar que inclua aspectos farmacológicos, psicológicos e clínicos (Pereira et al., 2023).

Outro ponto crucial na discussão é a aceitação dos pacientes às terapias baseadas em plantas medicinais. Estudos como o de Pacheco et al. (2021) indicam que muitos pacientes se mostram mais receptivos a tratamentos naturais, especialmente aqueles que têm resistência ao uso de medicamentos sintéticos devido aos seus efeitos colaterais. Isso pode ser um fator positivo na adesão ao tratamento, uma vez que as plantas medicinais são frequentemente vistas como mais naturais e menos agressivas. No entanto, é importante que os pacientes sejam orientados sobre os riscos potenciais, como interações medicamentosas e o uso inadequado das plantas, a fim de garantir a eficácia e segurança do tratamento (Netto et al., 2022).

Em suma, embora o uso de plantas medicinais no tratamento de transtornos mentais tenha mostrado promissores resultados, a abordagem interdisciplinar entre psicologia, farmacologia e medicina é essencial para garantir a eficácia e a segurança dessa prática. A combinação de terapias naturais com psicoterapia tem o potencial de proporcionar tratamentos mais personalizados e humanizados, como apontado por Neri et al. (2020), mas a falta de estudos conclusivos sobre sua eficácia ainda é um obstáculo. A continuidade das pesquisas e a educação profissional são fundamentais para que as plantas medicinais possam ser integradas de forma segura e eficaz no tratamento de transtornos mentais, oferecendo aos pacientes novas alternativas terapêuticas (Rodrigues et al., 2020). Nos parece que a medicação natural pode encontrar mais aceitação na medida em que seja usada como fator preventivo de problemas mentais, por exemplo, as situações de ansiedade e insônia, como falamos, são muito comuns a maioria dos adultos, porém, quando extrapolam as medidas de funcionalidade do sujeito, precisam sim de uma intervenção médica. Cabe ao sujeito numa busca de autoconhecimento identificar em que medida tais sintomas lhe comprometem o cotidiano para buscar ajuda. O uso de medicamentos tradicionais, não afasta a possibilidade de uso da medicina natural nem tampouco da psicoterapia. Ao psicólogo cabe acolher a demanda do cliente, orientá-lo sobre os riscos e potencialidades do uso de medicina alternativa e, se for o caso, fazer o devido encaminhamento ao psiquiatra, bem como acompanhar a evolução e seguimento correto do tratamento por parte do cliente.

CONCLUSÃO:

O uso de plantas medicinais no tratamento de transtornos mentais apresenta um potencial significativo para complementar as terapias convencionais, como a psicoterapia, oferecendo alternativas mais naturais e acessíveis aos pacientes. A integração de fitoterapia e psicologia tem mostrado resultados promissores no alívio de sintomas de transtornos como ansiedade, depressão e estresse, proporcionando um tratamento mais holístico e personalizado. No entanto, ainda há desafios, como a falta de padronização dos tratamentos, a variabilidade nas composições das plantas e a carência de estudos clínicos robustos que comprovem a eficácia e segurança dessas terapias. Para que essas alternativas possam ser utilizadas de forma ampla e segura, é essencial a realização de mais pesquisas que validem os protocolos terapêuticos e a educação contínua de profissionais de saúde sobre as propriedades e riscos associados às plantas medicinais.

Portanto, a abordagem interdisciplinar entre farmacologia, psicologia e medicina é crucial para garantir a eficácia e segurança no uso de plantas medicinais no tratamento de transtornos mentais. Ao integrar o conhecimento científico e tradicional, os profissionais podem oferecer aos pacientes tratamentos mais eficazes e personalizados, respeitando suas necessidades individuais. A continuidade das pesquisas, juntamente com a formação adequada dos profissionais, é fundamental para avançar no entendimento sobre as plantas medicinais e suas aplicações terapêuticas, promovendo alternativas seguras e inovadoras para o cuidado da saúde mental.

 REFERÊNCIAS

ACIOLE, Danila Cristiny de Araújo Moura; SILVA, Josevânia da. Concepções e itinerários terapêuticos de pessoas em sofrimento psíquico em contextos quilombolas. Psicologia & Sociedade, v. 33, p. e229558, 2021.

CARVALHO, Luzia Gomes; DA COSTA LEITE, Samuel; COSTA, Débora de Alencar Franco. Principais fitoterápicos e demais medicamentos utilizados no tratamento de ansiedade e depressão. Revista de Casos e Consultoria, v. 12, n. 1, p. e25178-e25178, 2021.

CORTEZ, Arthur Dellazeri et al. Efeito antioxidante e anti-inflamatório e potencial efeito antidepressivo de extratos de Aloysia citriodora. Jornada de Iniciação Científica e Tecnológica, v. 1, n. 11, 2021.

COTTA, Bruna Amaro; GARCIA, Ruth Maria Alves. Os benefícios do uso das plantas medicinais e fitoterápicos no tratamento da ansiedade em universitários no Brasil. Revista Fitos, v. 18, 2024.

DANILEVICZ, Vatsi Meneghel. Semeaduras: uma cartografia na Atenção Primária em Saúde. Psicologia & Sociedade, v. 32, p. e218672, 2020.

DE ALBUQUERQUE, Janaina Vital et al. Plantas medicinais atenuam os sintomas de ansiedade em tempos de pandemia?. FLOVET-Boletim do Grupo de Pesquisa da Flora, Vegetação e Etnobotânica, v. 2, n. 13, p. e2024011-e2024011, 2024.

DE ABREU MENEZES, Mariana Sousa; COSTA, Kallyne Bezerra; DE ABREU SILVA, Elen Sousa. Implantação do Centro de Assistência à Saúde Integrativa e Plantas Medicinais-CASIPLAM em um município do estado do Maranhão: um relato de experiência exitosa. Revista Foco, v. 17, n. 7, p. e5346-e5346, 2024.

DE ALMEIDA, Jonas Ferreira et al. A visão dos médicos e a utilização de plantas medicinais pelo sistema de saúde. Research, Society and Development, v. 11, n. 11, p. e394111131427-e394111131427, 2022.

DE ARAÚJO ALCÂNTARA, Raabe Alves et al. Promoção de saúde bucal às pessoas com transtorno mental: uma revisão integrativa. Cadernos UniFOA, v. 18, n. 52, 2023.

DA SILVA, Alana Luisa Sampaio et al. Uso de plantas medicinais no tratamento de ansiedade no ambiente acadêmico. Brazilian Journal of Natural Sciences, v. 3, n. 3, p. 458-458, 2020.

DA SILVA, Beatriz Castro Santana; COLACITE, Jean; DE SOUZA, Layse Fernanda António. O uso de fitoterápicos no tratamento da ansiedade: Uma revisão de literatura. Research, Society and Development, v. 13, n. 6, p. e11813646095-e11813646095, 2024.

DE SOUZA, Josinaldo Furtado et al. Prevalência da prática de automedicação entre estudantes de psicologia: um estudo transversal. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 12, p. 98105-98116, 2020.

FERREIRA, Barbara Maria Rodrigues et al. Atividade farmacológica da Passiflora incarnata ao tratamento da ansiedade e depressão: revisão sistemática. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 8, n. 12, p. 31-42, 2022.

GARLET, Tanea Maria Bisognin; RUPPELT, Bettina Monika. Plantas medicinais com potencial para tratamento de transtornos de ansiedade e depressão: uma revisão integrativa. Revista Fitos, v. 18, n. Suppl. 3, p. e1572-e1572, 2024.

GUEDELHA, Carla Sousa et al. Saberes e práticas de mulheres ribeirinhas no climatério: autocuidado, uso de plantas medicinais e sistemas de cuidado em saúde. Research, Society and Development, v. 11, n. 3, p. e17511326391-e17511326391, 2022.

PACHECO, Rosana Teixeira et al. Uso de plantas medicinais no tratamento da depressão e seus benefícios. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 7, n. 9, p. 643-651, 2021.

PEREIRA, Iago Lucas Araújo et al. Passiflora incarnata no tratamento da ansiedade: uma revisão integrativa. Research, Society and Development, v. 12, n. 5, p. e25712541846-e25712541846, 2023.

PIZANO, Natália dos Anjos Alves et al. Avaliação do conhecimento e utilização de plantas medicinais e fitoterápicos para o tratamento de ansiedade e sintomas associados. Epitaya E-books, v. 1, n. 90, p. 36-51, 2024.

MENDES, Flaviano Diego Meirelles; CAMPOS, Estela Márcia Saraiva; WENCESLAU, Leandro David. Intervenções psicossociais para transtornos mentais comuns: percepções e demandas formativas na medicina de família e comunidade. Revista de APS, v. 25, 2022.

NERI, João Vítor Denis; TESTON, Ana Paula Margioto; DE MEDEIROS ARAÚJO, Daniela Cristina. Uso de ansiolíticos e antidepressivos por acadêmicos da área da saúde: uma revisão bibliográfica. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 10, p. 75673-75686, 2020.

NETTO, Antônio de Araújo Tavares et al. O Piper methysticum G. Forster, conhecido popularmente como Kava-Kava, na luta contra ansiedade. Brazilian Journal of Case Reports, v. 2, n. Suppl. 3, p. 655-660, 2022.

RODRIGUES, Mariana Leal; CAMPOS, Carlos Eduardo Aguilera; SIQUEIRA, Bianca Alves. A fitoterapia na Atenção Primária à Saúde segundo os profissionais de saúde do Rio de Janeiro e do Programa Mais Médicos. Cadernos Ibero-Americanos de Direito Sanitário, v. 9, n. 4, p. 28-50, 2020.

SANTOS, Andresa Torres et al. Plantas medicinais no auxílio dos sintomas da ansiedade e depressão: uma revisão integrativa. Revista de Ciências da Saúde Nova Esperança, v. 21, n. esp. 2, p. 540-555, 2023.


¹Acadêmica em Farmácia, Faculdade Santíssima Trindade (FAST), Nazaré da Mata – Pernambuco, Brasil. E-mail: elisabetesoares349@gmail.com. ORCID: 0009-0000-5773-3879;
²Psicólogo Clínico, Especialista em Psicomotricidade, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Paulista – Pernambuco, Brasil. E-mail: felipefgsds@gmail.com. ORCID: 0000-0002-8497-6101;
³MD, MSC, PhD, Médico Especialista em Psiquiatria pela Ordem dos Médicos (cédula profissional nº 59515), Membro do Conselho Científico da European Medical Association em Bruxelas como Expert em Psiquiatria, Membro Associado da World Medical Association (WMA), Mestre em Peritagem Médica e Avaliação do Dano Corporal, Mestre em Medicina Forense e Legal, Associado da Associação Portuguesa de Avaliação do Dano Corporal (APADAC) nº 1017, PhD em Medical Science pela Université Catholique de Louvain (UCL), Bélgica. E-mail: npgomes5@hotmail.com. ORCID: 0009-0000-2549-7402;
⁴Médica Generalista, Faculdade Brasileira de Ensino Multivix, Vila Velha – ES, Brasil. E-mail: azizecapuchojorge@gmail.com. ORCID: 0000-0001-7079-7949.