PLANTAS MEDICINAIS E SAÚDE: EFEITO FITOTERÁPICO NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7302281


Artur Valério Marques1
Iago José da Silva Alves1
João Gabriel Garrote Vasconcelos1
João Vitor Queiroz Costa1
Márcio Henrique Ferreira de Souza1
Samarone de Freitas Júnior1
Josana de Castro Peixoto2


RESUMO

A ansiedade pode ser entendida sob diferentes óticas, como uma resposta fisiológica do organismo desencadeada por eventos estressores, ou como uma resposta exagerada à eventos do cotidiano que não seriam categorizados como estressores, caracterizando um transtorno. Para o tratamento dos transtornos relacionados a ansiedade, são utilizados tratamentos medicamentosos e associados a ele tratamentos não-medicamentosos como: a prática de atividade física e a mudança dietética. No entanto, muitos desses medicamentos apresentam efeitos adversos indesejados, o que leva o paciente a buscar por novas alternativas. Nesse cenário, surge o uso dos fitoterápicos, os quais são obtidos, exclusivamente, de matérias-primas vegetais. A presente revisão sistemática objetivou verificar se o uso da fitoterapia está diretamente ligado ao alívio dos sintomas da ansiedade em pesquisas realizadas entre 2015 a 2022 em uma perspectiva de revisão bibliográfica sistemática e integrativa, de caráter exploratória, descritiva e explicativa em diferentes bases de dados científicas, tomando por referência Rezende (2008). Entre os fitoterápicos de efeito carminativos estão a valeriana (Valeriana officinalis), hortelã (Mentha sp.) e camomila (Matricaria chamomilla), Flor de Laranjeira (Citrus sinensis), Erva Cidreira (Melissa officinalis) e Capim Limão (Cymbopogon citratus) que podem tratar de dores agudas e serem sedativas, ainda, o maracujá (Passiflora edulis), e em casos de insônia inclui-se também espinheiro-branco (Crataegus laevigata), e lúpulo (Humulus lupulus), todavia, algumas espécies medicinais pertencentes à família Myrtaceae, Fabaceae e Acanthaceae se apresentaram com maior destaque em uso para alívios da ansiedade. As principais propriedades afins à ansiedade encontradas para as espécies principalmente dos gêneros Eugenia, Myrcia e Psidium que tem ações anti-inflamatória, antioxidante, antibacteriano, anticâncer, acaricida e antifúngica, com destaque para anti-inflamatória, antioxidante. Com estas variáveis, foi possível mensurar e descrever características sobre o transtorno de ansiedade, seu impacto sobre as pessoas, e a utilização de plantas medicinais/fitoterápicos em comparação com o uso de outras drogas.

Palavras-chave: Transtorno de ansiedade, Plantas Medicinais, Fitoterapia.

ABSTRACT

Anxiety can be understood from different perspectives, as a physiological response of the organism triggered by stressful events, or as an exaggerated response to everyday events that would not be categorized as stressors, characterizing a disorder. For the treatment of anxiety-related disorders, drug treatments are used and non-drug treatments associated with it, such as physical activity and dietary change. However, many of these drugs have unwanted adverse effects, which leads the patient to look for new alternatives. In this scenario, the use of phytotherapics arises, which are obtained exclusively from plant raw materials. The present systematic review with statistical meta-analysis aimed to verify whether the use of herbal medicine is directly linked to the relief of anxiety symptoms in research carried out between 2015 and 2021 in a perspective of systematic and integrative literature review, of an exploratory, descriptive and explanatory nature in different bases of scientific data, taking Rezende (2008) as a reference. Among the herbal medicines with a carminative effect are valerian (Valeriana officinalis), mint (Mentha) and chamomile (Matricaria chamomilla), orange blossom (Citrus X sinensis), lemon balm (Melissa officinalis) and lemongrass (Cymbopogon citratus) that can treat passion fruit (Passiflora edulis), and in cases of insomnia, hawthorn (Crataegus laevigata) and hops (Humulus lupulus) are also included, however, some medicinal species belonging to the Myrtaceae family, Fabaceae and Acanthaceae were most prominently used for anxiety relief. The main properties found for the species mainly of the genera Eugenia, Myrcia and Psidium that have anti-inflammatory, antioxidant, antibacterial, anticancer, acaricidal and antifungal actions, especially anti-inflammatory, antioxidant. With these variables, it was possible to measure and describe characteristics about the anxiety disorder, its impact on people, and the use of medicinal plants/herbal medicines in comparison with the use of other drugs.

Keywords: Anxiety disorder, Plant Medicinal, Phytotherapy.

  1. INTRODUÇÃO

A ansiedade pode ser entendida de várias formas, como um sentimento desagradável relacionado ao medo e a apreensão que gera desconforto, ou como uma resposta fisiológica do organismo desencadeada por eventos estressantes (GOMES et al., 2014) (LEAL et al., 2016). O sentimento de ansiedade é comum a qualquer indivíduo, no entanto, o acúmulo de ansiedade devido a situações habituais do cotidiano, pode gerar um desenvolvimento patológico da ansiedade (MOURA et al., 2018). O transtorno de ansiedade (TA) é um problema de saúde publica no Brasil claramente demonstrado por estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) em que a prevalência mundial do Transtorno de Ansiedade (TA) é de 3,6% e 9,3% dos brasileiros em algum transtorno de ansiedade e a depressão afeta 5,8% da população (OMS, 2021). Além disso, os quadros de ansiedade na população geral contribuem com importante parcela da morbidade na comunidade, correspondendo a segunda principal causa de incapacitação entre os quadros mentais. Em comparação com todas as doenças físicas e mentais em estudos feitos nos últimos 25 anos, os transtornos de ansiedade se mantiveram estáveis entre a 17a e 18a posição nos países desenvolvidos (ANDRADE et al., 2019). Num país emergente de média renda como o Brasil, o perfil epidemiológico é semelhante ao dos países desenvolvidos.

Para o tratamento dos transtornos relacionados a ansiedade, são utilizados medicamentos e associados a eles estão a prática de atividade física e a mudança dietética. No entanto, muitos desses medicamentos apresentam efeitos adversos indesejados, o que leva o paciente a buscar por novas alternativas terapêuticas (SOUZA et al., 2016). Nesse cenário, surge o uso dos fitoterápicos, os quais são obtidos, exclusivamente, de matérias-primas vegetais (ANVISA., 2019). Somado a isso, constata-se que o tratamento farmacológico da ansiedade é eficaz quando realizado com fármacos ansiolíticos, porém, o uso inadequado e excessivo pode ocasionar dependência e abstinência. Por isso, a fitoterapia é uma excelente alternativa para o tratamento de transtornos de ansiedade, principalmente em pacientes que não toleram o tratamento com medicamentos convencionais (ANDRADE et al., 2020).

Em adição a esse contexto de tratamento por meio de fitoterápicos, a presença dessa terapia é de grande proporção e diante desse fato, a necessidade de políticas públicas que regulamentem o uso é de fundamental importância. Por tanto, com o objetivo de estabelecer os diretrizes para a atuação do governo na área de plantas medicinais e fitoterápicos, foi elaborada a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF).

Diante da crescente utilização da fitoterapia no tratamento do transtorno de ansiedade, concomitantemente a PNPMF, a Política Nacional de Práticas Integrativas (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS) se faz presente, buscando alternativas terapêuticas com base em plantas medicinais e fitoterápicas objetivando uma maior segurança e eficácia aos pacientes no processo de tratamento da ansiedade e depressão (SANTANA et al.,2015).

Face ao exposto, visto que o Brasil é considerado um país megadiverso em possuir uma das maiores distribuições de biodiversidade mundial, esta ampla distribuição de espécies e a riqueza química que elas possuem favorecem estudos voltados à utilização destes compostos em consonância ao cenário terapêutico atual.

No Brasil, a utilização de plantas com finalidade medicinal é histórica, porém somente em 2008, ocorreu a elaboração da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse do SUS (RENISUS) cuja finalidade é subsidiar o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva de fitoterápicos, inclusive nas ações que serão desenvolvidas pelo Ministério da Saúde e também pelos outros Ministérios participantes no Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, as quais estão relacionadas à regulamentação, cultivo, manejo, produção, comercialização e dispensação de plantas medicinais e fitoterápicos.

A aliança entre as plantas e a medicina extrapola a história das civilizações, pois desde os primórdios a humanidade vem coletando plantas nativas e cultivando outras próximas a suas casas para usar como medicamento cujas propriedades medicinais foram sendo descobertas por meio de experimentos de ensaio e erro e estes conhecimentos passados de geração em geração.

No Brasil, as primeiras descrições sobre a utilização das plantas medicinais foram feitas na época do descobrimento por colonizadores europeus, através da observação do uso dos vegetais pelos índios. Tratando-se ainda da utilização popular de plantas medicinais no Brasil, esta, foi fruto da mistura do conhecimento de índios, africanos e europeus, sendo difundida ao longo dos tempos por raizeiros, curandeiros e benzedeiras. Até os anos 50 os medicamentos utilizados eram quase que exclusivamente de origem vegetal, com o desenvolvimento da tecnologia farmacêutica, a produção de fármacos via síntese química, e a ausência de comprovações científicas de eficácia e segurança das substâncias de origem vegetal, aliada às dificuldades de controle físico-químico, farmacológico e toxicológico dos extratos vegetais até então utilizados, impulsionaram a substituição destes por fármacos sintéticos, e de alto custo.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), ainda hoje, mais de 85% da população global recorre, através das plantas medicinais, à medicina tradicional na busca de cuidados primários às suas doenças, sejam elas crônicas ou infecciosas.

Neste contexto, a crescente utilização de plantas medicinais e/ou fitoterápicos e, a escassez de estudos relacionando a resposta fisiológica no uso destes compostos frente aos pacientes com TAG possibilitarão a verificação do impacto dos fitoterápicos em proporção comparativa ao uso dos ansiolíticos em um aspecto fisiológico.

Diante disso, o objetivo desta pesquisa foi realizar uma breve revisão sistemática na verificação do uso de plantas medicinais pertencentes às diferentes famílias botânicas com potenciais gerais de ação terapêutica e específica utilizadas no alívio dos sintomas da ansiedade em estudos realizados realizadas entre 2015 a 2021.

Este estudo se trata de uma Revisão Sistemática e foi conduzida seguindo o guia PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews em Meta-Analyses) (Hutton et al., 2015). A busca sistemática da literatura considerou os estudos publicados no período de 1 de Janeiro de 2015 a 15 de Maio de 2022, em três bases de dados eletrônicos: Web of Science, PubMed e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde). Para a inserção dos descritores na língua inglesa, foi utilizado como parâmetro o Medical Subject headings (MeSH), da U.S. National Library of Medicine’s (NLM). Para os descritores em português e espanhol, utilizou-se o vocabulário controlado dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS).

Os termos e as combinações utilizadas nas bases de busca foram: (medicinal plant* OR Anxiety OR phytotherapics) AND Brazil* AND (Human Health OR Health risk); (medicinal plant * OR Anxiety OR a lot Anxiety) AND Brazil* AND (respir* OR pulmon* OR asthma* OR cardiac OR cardiovascular); (medicinal plant* OR phytotherapics OR anxiety disorder) AND Brazil* AND Hospital*; (anxiety disorder * OR Anxiety OR public policy) AND Brazil* AND (Mental Health OR anxiety OR depression OR suicide); (public policy OR SUS) AND Brasil* AND (Saúde humana OR risco à saúde OR saúde), (Eugenia OR medicinal plant) AND Brasil*, (Myrcia OR medicinal plant) AND Brasil*, (Psidium OR medicinal plant) AND Brasil*

Diante da seleção das publicações e a análise prévia para a exclusão de artigos duplicados, seguiu-se as etapas de identificação, triagem, elegibilidade e inclusão. Ao fim desta etapa a amostra ficou composta por 19 artigos.

Para cada estudo incluído para análise, foram extraídas as informações básicas, como dados dos autores e data da publicação, o local do estudo, o tipo de metodologia empregada, os participantes envolvidos, os fenômenos estudados e os principais resultados apresentados. 

Em seguida, foi realizada a análise dos resultados dos estudos incluídos e feita uma organização e estruturação sobre os tipos de impactos à saúde relacionados.

A análise do tratamento de transtorno de ansiedade com a utilização de fitoterápicos teve como critérios de inclusão: artigos originais completos disponíveis online da categoria Ensaio Clínico, nos idiomas português, inglês e espanhol e textos publicados entre 2015 e 2022. Além de estar presente os seguintes descritores: ‘’transtorno de ansiedade’’, “fitoterápicos”, “tratamento’’ ‘’ Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos’’. Na sequência os artigos obtidos pela busca foram selecionados primeiramente com a análise de título e na sequência pela leitura completa dos artigos. O grupo controle para comparação será o uso de medicamentos ansiolíticos, e a intervenção se dará por meio do uso de fitoterápicos ou diferentes extratos das plantas medicinais.

Foram encontrados 1.760 artigos na BVS, 1.073 na PubMed, 544 na SciELOe 46 na ScienceDirect, totalizando 140 estudos publicados utilizando-se apenas o descritor Plantas Medicinais e ansiedade. Mas ao usar esse descrito junto com a palavra-chave “ TAG, na forma de expressão, obteve-se 87 artigos. Em seguida, com o auxílio do operador booleano “AND”, cruzou-se a expressão “ Plantas Medicinais e ansiedade + gêneros Eugenia, Psidium e Myrtaceae” com vários descritores. A busca, em cada base de dado, foi encerrada cruzando novamente a expressão “ Plantas Medicinais e ansiedade” com todos os descritores que localizaram artigos, nessa última análise empregou o operador booleano “AND” no cruzamento da expressão “Eugenia” com os descritores e o operador booleano “OR” entre os descritores, conforme mostrado na tabela 1.

Tabela 1. Distribuição das referências bibliográficas obtidas na base de dado BVS segundo os descritores selecionados.
BVSN° de Referência Obtida
Medicinal plant* OR Anxiety OR phytotherapics) AND Brazil1.6
39
(Eugenia punicifolia) AND (Activity)5
(Eugenia punicifolia) AND ((Activity) OR (Drug) OR (Folk Medicine)6
OR (Medicinal Plants) OR (Treatment))
10

Após a exaustiva busca nas bases de dados e a tabulação dos cruzamentos, chegou-se a 1760 artigos, dos quais, 1531 foram excluídos por estarem duplicados. Em seguida, realizou-se a leitura dos títulos e resumos, após esta primeira análise selecionou-se 19 estudos para leitura na íntegra. Após análise e leitura detalhada dos artigos verificou-se que nove trabalhos respondiam a questão norteadora deste estudo e compuseram a amostra final da revisão, sendo seis da BVS e três PubMed (Tabela 2).

Tabela 2. Delineamento dos trabalhos obtidos a partir do cruzamento dos descritores.

Base de DadosReferências obtidasReferências com Resumo analisadoReferências Analisadas na íntegraReferências usadas na Revisão Integrativa
BVS10101006
PubMed13030303
SciELO02020100
ScienceDirect35310900
TOTAL60462309

Com a finalidade de compreender as variáveis relevantes e presentes nos trabalhos, elaborou-se uma tabela contendo informações a respeito dos estudos, o levantamento foi importante, pois, deu maior destaque aos artigos e a partir dela foi possível inferir sobre os pontos de maior relevância.

Percebe-se a predominância dos artigos encontrados na base de dado ScienceDirect, 58,3% (35) do total. Das 56 publicações, 19 foram lidas na íntegra (38,3%) e 09 foram separadas para o estudo (15,0%), pois, correspondia a trabalhos que respondem ao problema de pesquisa.

A respeito do país onde os trabalhos foram desenvolvidos e o idioma que os autores escolheram para publicar, o estudo mostrou que todos os trabalhos foram desenvolvidos no Brasil e publicados na língua inglesa, isto mostra a importância do inglês para a comunidade científica, a sua escolha possibilita uma acessibilidade universal às pesquisas.

Após a análise dos trabalhos, construiu-se quatro categorias de acordo com a junção dos conteúdos referentes à atividade terapêutica e os efeitos farmacológicos relacionados às plantas medicinais utilizadas e ao gênero Eugenia sp. de alguns mediadores pró-inflamatórios, como por exemplo o TNF-α, esse achado corrobora para o estudo de Périco et al. (2019), os quais mostraram a redução de outro mediador inflamatório, Iterleucina-5.

Os estudos de Basting et al. (2014) e Costa et al. (2016) obtiveram dados que também comprovaram a ação anti-inflamatória da E.punicifolia. No trabalho de Costa et al. (2016) estudos invitromostraram a redução da desgranulação celular, secreção de elastase e a inibição da liberação de NETs. Já nas análises in vivo, o extrato da planta inibiu a migração de neutrófilos. Os achados são de grande relevância, pois, elucidam mais um pouco o mecanismo de ação dos componentes da E.punicifolia.

Em relação às açoes analgésica e transtorno de ansiedade destaca-se o estudo de Teixeira el al. (2020) confirma a ideia da ação da planta no sistema nervoso autônomo, os autores conseguiram mostrar, através de suas análises, a atividade vasopressora do ácido babinérvico extraído das folhas da E. punicifolia, os pesquisadores sugerem que a espécie poderia ser usada no tratamento das doenças cardiovasculares.

Outro ponto relevante que pode ser destacado na presente revisão e a carência de trabalho envolvendo o estudo etnobotânico. Pois, ao cruzar a expressão (Eugenia), auxiliado pelo operador booleano “AND”, com os descritores (Ethnobotany OR Folk Medicine) o retorno foi um número muito pequeno de trabalhos em relação ao total, apesar de não ter sido o objetivo desta revisão é algo que precisar ser avaliado futuramente.

Da mesma forma, observou-se o baixo número de estudos em relação a ação antimicrobiana da planta, visto que várias outras espécies de Eugenia já mostraram ter atividade antibiótica, como é o caso da E. involucrata (Toledo et al. 2020), E.brejoensis (Filho et al. 2020) e E.anomala(Simonetti et al. 2015).

A Tabela 4 sintetiza os estudos referentes a outras espécies de plantas medicinais e também fitoterápicos que favorecem o tratamento da ansiedade.

Ano de publicaçãoPeriódicoPrimeiro autorResultados positivosRegião brasileira
2010Brazilian Journal of PsychiatryThalita Thais FaustinoPiper methysticum 140 a 180 kavapironas Passiflora sem dose especificada Ginkgo biloba – 240 a 480mg Camomila sem dose especificada
Vários – revisão
2015
Brazilian Journal of PsychiatrySANTANA, Gabriela S.10 resultados positivosParaná
2016PhytomedicineKEEFE, John R1500mg de camomila/ 58,10%Pennsylvania
2016PhytomedicineMAO, Juan J1500mg de camomila/ 49,60%Pennsylvania
2017Tropical Journal of Pharmaceutical ResearchSHAHDADI, Hosien
16 de 25 (64%)/uma cápsula de 300 mg de açafrão 1x/dia
Sudoeste do Irã
2017HormonesKYROU, Ioannis
redução do score de ansiedade de 9,2 para 5,1/ duas cápsulas de 200 mg de lúpulo 1x/dia


2017Explore
MARTIN, Timothy J
9 de 14 (64,2%)/ 1,5 colher de chá de Agar-35 (Aquilaria agallocha) 1x/dia


2019Australian & New Zeland Journal of PsychiatrySARRIS, Jerome240mg de kava-kava/ 28%Nova Zelândia
2020JACMAMSTERDAN, Jay D1500mg de camomila/ 57%
2020Complementary therapies in medicine
BAZRAFSHAN, M.R
redução do score de ansiedade de 45,47 para 40,07/ 2 g de chá de lavanda diluído em 300ml de água 2x/dia

Larestan, Irã
2019Biomedicine & PharmacoherapyDINIZ, Tâmara C.Annona vepretorum 25, 50 e 100 mg/kg
2019Oxid Med Cell longevCOJOCARIU, RoxanaChrysanthellum americanum L . (Vatke) 100 mg/kg
2020MDPIBORGONETTI, VittoriaHelichrysum stoechas (L.) 30 – 100 mg/kg
2017Pharm BiologyRAHMATI, BatoolLavandula officinalis Chaix. 200 e 400 mg/kg
2018Evid Based Complement Alternative MedicineCARO, Daneiva C.Mentha spicata L. 1000 mg/kg
2016Journal of Evidence-Based Integrative MedicineABADI, Mosayeb N.A.Rosmarinus officinalis. L. 100, 200 e 400 mg/kg
2016Wiley Online JournalMONTEIRO, Talissa M.Herissantia tiubae 50, 100 e 200 mg/kg
2016Pakistan Jounal of Pharmacetical SciencesISHAQ, HumeraMelia azedarach L 75, 125 e 250mg/kg (flores); 125 mg/kg (galhos); 30, 60 e 125 mg/kg (raízes)
2016Pharmaceutical BiologyHAJIAGHAEE, RezaMyrtus communis L. 50 – 200 e 400 mg/kg
2016Revista Brasileira de Plantas MedicinaisVIANA, MDM.Citrus limon L. 200 e 400 µL
2018Revista Brasileira de FarmacognosiaMELO, Ailton C.Tropaeolum majus L. 75, 150 e 300 mg/kg
2019MDPIDE MELO, Nayara C.Aloysia polystachya (Griseb) Moldenke 10 mg/kg e 10 mg/L
2017Pharmaceutical BiologyGonzález Trujano et al. 44Lippia graveolens Kunth. 1 mg/kg

Pode-se encontrar na composição das plantas medicinais vários elementos que agem de diferentes formas nas zonas do sistema nervoso. Pode-se citar as que tem efeito sobre os nervos motores do sistema muscular, nos casos de sensação de dor e espasmos digestivos (Zeraik et al., 2010).

Entre os fitoterápicos de efeito carminativos estão a valeriana (Valeriana officinalis), hortelã (Mentha) e camomila (Matricaria chamomilla), Flor de Laranjeira (Citrus X sinensis), Erva Cidreira (Melissa officinalis) e Capim Limão (Cymbopogon citratus) que podem tratar de dores agudas e serem sedativas, ainda, o maracujá (Passiflora edulis), e em casos de insônia inclui-se também espinheiro-branco (Crataegus laevigata), e lúpulo (Humulus lupulus) (Zeraik et al., 2010).

Considerando a intensa utilização das plantas medicinais no Brasil para a ansiedade e a sua relevância para manutenção da saúde de várias comunidades, busca-se abordar nesse artigo as suas propriedades que beneficiam e previnem tais desequilíbrios orgânicos e/ou doenças, bem como, atividades empíricas de prepará-las de uma forma simples e prática, para assim utilizar os elementos fundamentais para a promoção da saúde humana.

A Passiflora edulis ou mais popularmente conhecida como maracujá ou também como flor da paixão é muito utilizada como calmante, os extratos de suas folhas estão sendo focos da pesquisa. O maracujá é um fruto de grande interesse econômico e social, tem compostos como polifenois, ácidos graxos poli-insaturados e fibras que possuem funcionalidade terapêutica (Silva, 2015).

A família Passifloraceae distribui-se, principalmente, por regiões tropicais nas Américas, África e Ásia. Esta família possui cerca de 600 espécies e 20 gêneros (Masson, 1998).

Seu cultivo é realizado pelo plantio de sementes em local ensolarado e fértil, preferencialmente em lugares quentes. Seu florescimento ocorre na primavera ao final do outono com a frutificação (Boorhen, 1999).

Esta planta contém compostos bioativos tais como a passiflorina que é uma substância semelhante à morfina, além de possuir alcaloides, glucosídeos, flavanóides, alpha-alanina, apigenina, arabidina, ácido cítrico, cumarina, glutaminamharmanina, ácidos fenólicos, pectina e outros. O maracujá também possui seratonina e maracujina, o que pode promover efeito calmante, mas sem dependência, os alcaloides podem causar a diminuição da pressão arterial, ou seja, possuem propriedades antiespasmódicas. As folhas são de uso medicinal, e podem ser usadas como calmante em forma de chás (Boorhen, 1999). É indicada para ansiedade, insônia, hipertensão arterial, taquicardia, palpitações, mialgias.

Esse fruto detém propriedades depressoras do Sistema Nervoso Central que atua na parte dos distúrbios da ansiedade, na sedação e na convulsão, ou seja, tem propriedades ansiolíticas e sedativas (Panizza, 1998), o que resulta em uma ação tranquilizante e antiespasmódica da musculatura lisa (Lorenzi et al., 2006).

O mecanismo de ação da passiflora é a inibição da monoamina oxidase e a ativação dos receptores de GABA (Ácido gama-aminobutírico) este é o principal neurotransmissor inibitório, agindo na interrupção de circuitos neurais, assim com os baixos níveis do GABA se associam com a ansiedade (Matos, 2002).

Para o uso da passiflora é indicado 3g de folhas secas para 150 ml de água, isso para o uso da passiflora alata, p. edulis. Para a passiflora incarnata, que é a mais comum é indicado de 6 a 9g da parte seca em 150 ml de água. O método para elaboração do chá é por infusão. Quando em infusão tomar de 50 a 200ml/dia e quando tintura tomar de 2 a 10ml/dia (Barbosa Filho; Borba, 1992).

Pacientes com histórico de hipersensibilidade e alergia, gestantes, ou lactantes, não deverão fazer uso sem orientação médica, não deve ser utilizado junto a bebidas alcoólicas. Também não deve ser associado a outros medicamentos com efeito sedativo, hipnótico e anti- histamínico. Crianças menores de 12 anos não devem usar sem orientação médica (Brasil, 2017).

Por se tratar de uma fruta amplamente conhecida em todo mundo, a utilização de outras partes da planta (caule, folhas e sementes) também pode ser coadjuvante no tratamento da ansiedade. A utilização em excesso pode causar sonolência.

Uma outra espécie citada foi Cymbopogon citratus é nativa das regiões tropicais da Ásia, no Brasil é conhecida como Capim Limão, capim-cidró, capim cidreira, erva cidreira, capim cheiroso, apresentando grande potencial, pois é utilizada na medicina popular como calmante, sedativa e ansiolítica (Brandão, 2015).

É utilizado como calmante, analgésico (em dores gástricas, abdominais e cefaleia), antifebril, carminativo, digestivo, hipotensor, bactericida em conjuntivites. Também possui efeito antiespasmódico, combate o histerismo e outras afecções nervosas (Brandão, 2015).

  1. CONCLUSÃO

Esta revisão integrativa foi possível verificar o panorama de uso de plantas medicinais no tratamento da ansiedade. Somado a esse achado verificou-se por meio desse levantamento, avaliar o mecanismo de ação dessas plantas medicinais, afinal essa é uma área que não é muito vislumbrada para muitas dessas alternativas medicamentosas.

Os estudos analisados nesta revisão permitiram corroborar com as evidências na literatura internacional no tocante aos impactos das queimadas nos índices de mortalidade, principalmente nos casos de mortalidade prematura. 

Os estudos permitiram constatar que a ansiedade é um dos sintomas mais comuns associados ao estilo de vida moderno. Em contrapartida, percebe-se o aumento pela procura de práticas integrativas e complementares como o uso de plantas medicinais e a fitoterapia para amenizar os sintomas associados à ansiedade, com destaque positivo ao Programa de Plantas Medicinais e Fitoterápicos.

A análise dos artigos sobre o tema proposto possibilitou identificar que o funcionamento e a aplicação de fitoterápicos bem como de plantas medicinais e seus efeitos geram promoção de saúde, especialmente na ansiedade.

Os efeitos dos fitoterápicos na promoção e manutenção da saúde, especialmente na ansiedade, vem sendo essenciais para tratamentos terapêuticos complementares. O consumo de ervas medicinais frescas pode ajudar a melhorar a ansiedade, este efeito é melhorado se combinado com o uso de óleos essenciais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1Discente do Curso de Medicina da Universidade Evangélica de Goiás-UniEVANGÉLICA.

2 Docente do Curso de Medicina e Pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Tecnologia e Meio Ambiente (PPG STMA), Universidade Evangélica de Goiás-UniEVANGÉLICA e do Programa de Pós-Graduação de Territórios e Expressões Culturais do Cerrado (TECCER) da Universidade Estadual de Goiás (UEG).