MAINTENANCE PLANNING FOR CONSTRUCTION MACHINERY: CHALLENGES OF PREVENTIVE ACTION FOR PUBLIC PROCUREMENT
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10265774
Renato Cardoso Vieira1
Wagner Soares de Lima2
Resumo
Este artigo tecnológico, aborda a gestão de manutenção de máquinas de obras em contextos de administração pública municipal. A pesquisa se concentra em identificar as principais dificuldades enfrentadas no planejamento e execução da manutenção, tanto corretiva quanto preventiva, de maquinários essenciais para obras públicas. A questão central investigada é: quais são os desafios e soluções para a implementação eficaz de manutenção preventiva em máquinas de obras públicas, considerando as restrições dos processos licitatórios municipais? O objetivo é propor melhorias no Planejamento e Controle de Manutenção (PCM) das máquinas utilizadas em obras públicas, enfatizando a transição da manutenção corretiva para a preventiva. A metodologia adotada inclui uma pesquisa bibliográfica, análise comparativa de cenários e a utilização de um diagrama de causa e efeito (Diagrama de Ishikawa) para identificar e categorizar os principais fatores que impactam a eficiência da manutenção desses equipamentos. Esta análise revelou que as práticas atuais de manutenção são frequentemente prejudicadas por processos licitatórios burocráticos, resultando em atrasos significativos na aquisição de peças e na execução de reparos necessários. Destaca-se a importância da implementação de um PCM eficiente e a necessidade de reformas nos processos de licitação para facilitar a manutenção preventiva.
Palavras-chave: Manutenção Preventiva, Licitações Públicas, Eficiência Operacional.
Abstract
This technological article delves into the management of maintenance for construction machinery within municipal public administration contexts. The research focuses on identifying the primary challenges encountered in the planning and execution of both corrective and preventive maintenance for machinery essential to public works. The central question investigated is: “What are the challenges and solutions for effectively implementing preventive maintenance on public construction machinery, considering the constraints of municipal procurement processes?” The aim is to propose improvements in the Maintenance Planning and Control (PCM) of machinery used in public works, highlighting the transition from corrective to preventive maintenance. The methodology includes bibliographic research, comparative scenario analysis, and the use of a cause and effect diagram (Ishikawa Diagram) to identify and categorize the key factors impacting the efficiency of equipment maintenance. This analysis has revealed that current maintenance practices are often hindered by bureaucratic procurement processes, leading to significant delays in the acquisition of parts and the execution of necessary repairs. The importance of implementing an efficient PCM and the need for reforms in procurement processes to facilitate preventive maintenance are emphasized..
Keywords: Preventive Maintenance, Public Tenders, Operational Efficiency.
1. INTRODUÇÃO
O Planejamento de manutenção de máquinas de obras desempenha um papel crítico na infraestrutura e no desenvolvimento urbanístico, especialmente dentro do contexto de gestão pública municipal. A operacionalidade contínua desses equipamentos é essencial para a execução eficiente de projetos de obras públicas, que impactam diretamente na qualidade de vida dos cidadãos.
No entanto, muitas cidades do interior enfrentam desafios significativos devido à indisponibilidade operacional de máquinas causada por atrasos na manutenção e na aquisição de peças de reposição. A ineficiência dos processos licitatórios e a falta de uma estratégia de manutenção preventiva frequentemente resultam em deterioração precoce do equipamento, atraso em projetos e aumento de custos.
A pesquisa justifica-se pela necessidade de otimizar a utilização das máquinas, reduzindo o tempo de inatividade e prolongando a vida útil do equipamento. A relevância do estudo amplia-se ao considerar a economia de recursos públicos e o potencial aumento na eficácia dos serviços prestados à comunidade.
Além disso, a discussão sobre as práticas de manutenção e aquisição de peças de reposição é essencial para a elaboração de políticas públicas mais eficientes e responsáveis, ressaltando o valor deste trabalho não só para a administração pública, mas também para a sociedade.
Para o desempenho de qualquer atividade é necessário que todo processo seja desenvolvido de forma coerente e eficaz. A manutenção prévia dos equipamentos pode influenciar significativamente os resultados de forma positiva ou negativamente, disponibilizando a qualidade e os custos obtidos nos sistemas produtivos. (ABRAMAN, 2009).
As organizações têm adotado diversos modelos de gestão das suas áreas de manutenção, na busca de uma sistemática eficaz, aderente às suas estratégias competitivas. Sabemos que a Secretaria de Obras e Serviços Públicos tem por responsabilidade atender ao Município, assistir a população em tudo que se refere a obras públicas, com atuação físico-territorial, atentando aos aspectos sociais e de bem estar, econômicos, administrativos e políticos.
Apresentar a importância da manutenção preventiva para reduzir a indisponibilidade operacional de máquinas de obras, no âmbito da gestão pública municipal. Indicar qual a modalidade eficiente de compras públicas capaz de suprir a demanda contínua por peças de reposição.
2. METODOLOGIA
A metodologia adotada inclui uma pesquisa bibliográfica, análise comparativa de cenários e a utilização de um diagrama de causa e efeito (Diagrama de Ishikawa) para identificar e categorizar os principais fatores que impactam a eficiência da manutenção desses equipamentos.
Esta análise revelou que as práticas atuais de manutenção são frequentemente prejudicadas por processos licitatórios burocráticos, resultando em atrasos significativos na aquisição de peças e na execução de reparos necessários. Destaca-se a importância da implementação de um PCM eficiente e a necessidade de reformas nos processos de licitação para facilitar a manutenção preventiva.
Com base nessa análise, foi elaborada uma tabela comparativa entre o cenário atual e o futuro esperado. Essa tabela evidencia as melhorias necessárias para otimizar a eficiência da manutenção, como a redução dos prazos de aquisição de peças, a implementação de um sistema de gestão integrado e a melhoria no planejamento das ações de manutenção preventiva.
3. CENÁRIO ATUAL PROBLEMÁTICO
No município em questão, a garagem da Secretaria de Obras evidencia uma problemática na gestão de equipamentos públicos. Observa-se a imobilização de maquinários pesados, como tratores e retroescavadeiras, essenciais para a manutenção de vias e suporte à comunidade rural. Esta situação decorre não de falhas técnicas complexas, mas da carência de componentes básicos de reposição, cujo custo é significativamente inferior ao valor total dos equipamentos.
A gestão de manutenção dessas máquinas encontra-se entravada por procedimentos burocráticos, dificultando a aquisição eficiente de peças necessárias. Apesar da disponibilidade de recursos financeiros, o sistema de licitações públicas, regido por normativas específicas, apresenta-se como um entrave, dada sua lentidão e incompatibilidade com as demandas urgentes do setor e a necessidade de eficiência operacional.
Os funcionários da Secretaria enfrentam um ciclo de desafios continuados, atribuído à falta de um programa de manutenção preventiva. Esta deficiência gera falhas mecânicas previsíveis, que evoluem para problemas mais graves e dispendiosos. Como consequência, verifica-se uma redução na capacidade da cidade de atender às necessidades de sua população rural.
O estado atual dos equipamentos reflete a ineficiência de um sistema que não consegue prever e solucionar problemas iminentes. A ausência de um estoque adequado de peças de reposição, aliada aos desafios logísticos e administrativos, não apenas configura um problema operacional, mas também sinaliza um conflito entre as exigências legais e as realidades práticas da gestão municipal.
Há, dentro da Secretaria, um anseio por transformações que permitam uma gestão mais ágil e eficaz dos equipamentos. Projetos futuros incluem a implementação de uma política regular de manutenção preventiva e a otimização dos processos de aquisição, de modo a garantir a disponibilidade constante do maquinário para serviços públicos.
Neste contexto, a realidade atual é marcada por equipamentos paralisados, aguardando peças de baixo custo, mas de alta relevância para a operacionalidade e o atendimento às necessidades comunitárias. O cenário descrito representa um desafio significativo na gestão de manutenção e logística, onde a eficiência ainda precisa ser alcançada.
3.1 Identificação dos problemas atuais
Entendendo a complexidade e os desafios enfrentados na manutenção de máquinas de obras em ambientes de gestão pública municipal, esta seção do artigo introduz a “Figura 1: Diagrama de Causa e Efeito”.
Este diagrama, uma ferramenta vital na identificação sistemática dos problemas dentro da Secretaria de Obras, serve como um mapa visual das causas fundamentais que afetam a eficiência e a eficácia da manutenção das máquinas.
A aplicação deste diagrama é crucial para entender não apenas os problemas enfrentados, mas também para estabelecer uma base sólida para as seções seguintes do artigo. Cada causa raiz identificada no diagrama corresponde a um aspecto específico que será detalhadamente explorado nas próximas seções, abrangendo desde o contexto operacional das máquinas de obras até as complexidades dos processos de licitação e as estratégias para um eficaz Plano de Controle de Manutenção (PCM).
Na Seção 4, “Máquinas de Obras: Contexto da Gestão Pública Municipal”, aprofundaremos nossa compreensão sobre o ambiente em que estas máquinas operam, destacando os desafios únicos desse cenário. Em seguida, na Seção 4.1, “A Importância da Manutenção das Máquinas”, focaremos na necessidade crítica da manutenção, tanto preventiva quanto corretiva, como um elemento chave para garantir a longevidade e o desempenho eficiente das máquinas.
Figura 1: Diagrama de causa e efeito: identificação dos problemas na Secretaria de Obras.
Fonte: Elaborado pelo Autor.
Na Seção 5, “Manutenção Corretiva x Manutenção Preventiva”, contrastamos estas duas abordagens de manutenção, destacando a importância de uma estratégia proativa. A Seção 6, “Desafio Logístico das Compras Públicas”, e a subsequente Seção 6.1, “Modalidades da Licitação”, mergulharam nos complexos processos de aquisição e licitação, um componente crucial na gestão de máquinas de obras.
Finalmente, na Seção 7, “Plano de Controle de Manutenção – PCM”, apresentaremos soluções práticas e estratégias baseadas nas evidências coletadas, destinadas a otimizar o processo de manutenção.
O artigo culmina com uma comparação entre o “Cenário Atual Problemático” e um cenário prospectivo otimizado, onde as soluções teóricas e exemplos práticos são aplicados para transformar os desafios atuais em oportunidades de melhoria. Esta abordagem não apenas oferece insights valiosos para a gestão eficiente de máquinas de obras, mas também serve como um guia prático para administradores públicos e decisores na área de gestão de obras municipais.
4. MÁQUINAS DE OBRAS: CONTEXTO DA GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL
Segundo Queiroz (2007), obra pública refere-se a toda e qualquer tipo de construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação de bem público, executada e controlada pela secretaria de obras, o qual usa fundos municipais estaduais ou governamentais, podendo ser realizada de forma direta, desenvolvida pelo próprio órgão ou entidade de Administração, fazendo uso de seus próprios recursos ou de uma forma indireta, quando a uma contratação de empresas terceiras por meio de licitações e executam a obra.
As obras públicas são formadas por diversos trabalhos de construção, desenvolvidas em vias como estradas e ruas, de forma hidráulica como represa e urbana, organizando e criando iluminações públicas, parques, além de criar construções sociais como hospitais e escolas. (QUEIROZ, 2007).
Ao que precede, as obras públicas precisam atender a algum problema social, precisando planejamentos e uma administração eficaz, obedecendo aos princípios básicos da administração pública, visando ao cumprimento dos prazos e orçamentos estabelecidos, por meio de documentos (BRANDÃO, 2008).
A execução de qualquer obra pública deve obedecer algumas regras legais e econômicas denominadas pela Constituição Federal. O gestor público tem o papel e o dever do cumprimento das leis e procedimentos, onde garantam a qualidade do trabalho e o melhor direcionamento dos valores do dinheiro público gastos sendo capaz de ser responsabilizado, oferecendo uma melhor qualidade de vida para a sociedade em geral. (QUEIROZ, 2007).
Assim como em qualquer outra empresa, para uma excelência no trabalho prestado necessita-se de máquinas e equipamentos eficazes para desempenhar cada função. Muitos servidores que iniciam os trabalhos em obras não conhecem as máquinas que trabalham nas obras e suas funções. (TAVARES, 2005).
Dentre tantas máquinas utilizadas, segundo Tavares (2005), encontram-se:
Retroescavadeira: tem a função de escavar valas e redes, transportar materiais e carregar caminhões;
Escavadeira Hidráulica: tem a função de aterro e desaterro, conformação de taludes, carregamento de caminhões e escavação de redes;
Pá-carregadeira: Tem a função de carregamento de caminhões em pátio de estocagem, trabalhos de carregamento em Usina de Asfalto, Usina de Solos e terraplenagem.
Rolo compactador pé-de-carneiro: Equipamento para terraplenagem.
Depois que a moto niveladora deixa a camada de material pronta, ou no greide, passa-se o rolo para compactar o material no número de feixes (ida e volta) necessários para atingir o “grau de compactação” de projeto.
Além dessas destacadas, pelo autor, existe uma infinidade de máquinas adquirida com recursos públicos e disponibilizada para serviços em vias públicas e outras construções.
Para que haja uma conclusão perfeita do trabalho apresentado para a sociedade, é preciso que todas as engrenagens estejam funcionando, isto é, preciso que haja material de boa qualidade, pessoas competentes a assumirem o trabalho e equipamentos necessários para execução da tarefa, passando desde a tomada de decisão, até a entrega.
4.1 A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO DAS MÁQUINAS
Historicamente, o termo manutenção originou-se junto aos militares, com o significado de manter, nas unidades de combate, o efetivo e os equipamentos bélicos em condições de combate. (FERREIRA, 2010).
A manutenção teve sua evolução passando uma época em que a produtividade não era tão importante, assim de forma resumida as atividades serviços de limpeza, lubrificação e/ou manutenção corretiva. Antes da segunda guerra mundial, a manutenção ocorria quando a indústria era pouco mecanizada, os equipamentos eram simples e na maioria das vezes superdimensionados.
Segundo Ferreira (2010), após finalizar a guerra, viu-se a necessidade de transformar o método de fabricação, pois a produção sofria com a falta de mão de obra qualificada de todo tipo. Neste mesmo período era necessário produzir em larga escala, logo a disponibilidade dos equipamentos foi se tornando vital para a linha de produção das empresas, surgindo assim à manutenção preventiva, que na época era tida basicamente como intervenções realizadas em intervalos fixos.
Após isso, todas as organizações, incluindo o setor público, viram a importância de desenvolver um sistema de manutenção eficaz. A Manutenção tem o propósito de atuar após a falha/avaria dos equipamentos, onde o foco era consertar a máquina e restabelecer os processos. Eram solicitadas habilidades voltadas ao reparo do equipamento. Basicamente, as atividades eram voltadas à manutenção corretiva (MORO, 2017).
Ao observar as dificuldades que os gestores públicos enfrentam para manter em funcionamento e operação máquinas, veículos e outros equipamentos destinados não só a reparos em estradas mais também em outras formas de atendimento público como transporte coletivo de alunos; transporte de pacientes; transporte da produção de pequenos agricultores que são beneficiados com um programa de assistência feito pela secretaria de agricultura, pode-se notar que os problemas enfrentados são parecidos como dificuldade em adquirir peças e componentes de qualidade para a manutenção das frotas.
Para Tavares (2005) os gestores devem ter ampla visão e atuação sistêmica dentro de suas organizações, de tal forma que a diversidade de modelos e fundamentações do planejamento e controle da manutenção, plenamente consolidados, seja útil à maximização dos equipamentos, assim como os lucros da organização.
5. MANUTENÇÃO CORRETIVA x MANUTENÇÃO PREVENTIVA
A manutenção corretiva e a preventiva são dois tipos de manutenção utilizados para garantir o funcionamento e prolongar a vida útil das máquinas. Embora ambas tenham o objetivo de evitar tempo de inatividade não programado, elas diferem em muitos aspectos.
A manutenção corretiva envolve a reparação de falhas no equipamento que está danificado ou não está funcionando adequadamente, é uma medida reativa, pois só é tomada após o surgimento do problema. Um exemplo comum é quando há um vazamento de óleo, nesse caso a máquina é levada para a oficina para reparos e, durante esse tempo, fica inoperante, causando a interrupção das atividades.
Em contrapartida, a manutenção preventiva é realizada de forma planejada e periódica, com o objetivo de evitar problemas futuros. É um tipo de manutenção mais proativa, em que são tomadas medidas antecipadas para evitar falhas e reduzir os riscos de tempo de inatividade não programado. A manutenção preventiva inclui tarefas como verificação regular das condições das peças, troca de óleo, inspeção visual e limpeza. Essas ações ajudam a identificar possíveis problemas antes que eles causem avarias maiores, permitindo que sejam corrigidos a tempo e evitando grandes interrupções no trabalho.
Comparando as duas abordagens, a principal diferença está na maneira como elas são realizadas. Enquanto a manutenção corretiva ocorre após o surgimento de problemas, a preventiva visa evitar que esses problemas ocorram. A manutenção corretiva é mais custosa, enquanto a preventiva é mais planificada e econômica.
6. DESAFIO LOGÍSTICO DAS COMPRAS PÚBLICAS
Outro problema enfrentado pelos gestores são os processos licitatórios, os trâmites como a elaboração de editais e a análise de propostas, demandam um tempo significativo. Além disso, a exigência de documentação extensa e a necessidade de cumprimento de prazos muitas vezes dificultam a rápida contratação de serviços e aquisição de produtos.
A licitação é um processo comum realizado pela administração onde é possível habilitar empresas privadas para o fornecimento de equipamentos variados, peças de reposição e serviços especializados levando em consideração a necessidade, a disponibilidade e o interesse público.
O processo de licitação é um conjunto de procedimentos administrativos para compras e serviços contratados pelos três entes federados. É de responsabilidade do governo comprar e contratar serviços seguindo regras expressas em lei, portanto, a licitação é um processo formal pelo qual há disputas entre os interessados. (GUIMARÃES, 2012).
Para Cretella apud Motta (2011, p. 23), a palavra licitação, no contexto da legislação brasileira, prevaleceu durante longo tempo como concorrência, significando procedimento adotado pela Administração “para selecionar, entre várias propostas apresentadas por particulares que pretendam oferecer serviços ou bens ao Estado, ao que mais atende ao interesse da coletividade”.
Guimarães (2012) ressalta ainda que, como os órgãos públicos efetuam aquisições e realizam contratações utilizando recursos públicos, eles precisam seguir regras e normas regidas pela legislação para que se garanta a boa utilização destes recursos. Assim, todos os processos de licitação devem ser realizados conforme o que está especificado na Lei 8.666 de 21 de junho de 1993, conhecida como Lei das Licitações e Contratos.
Fica claro então que o processo de licitação começa devido à necessidade de alguma obra, peça ou serviço de algum órgão público, sendo fundamental publicar no edital as regras da licitação para que todas as empresas aptas a concorrer possam tomar conhecimento.
As empresas interessadas devem apresentar uma série de condições como habilitação jurídica; habilitação técnica; qualificação econômico-financeira; regularidade fiscal e trabalhista e regularidade com os direitos dos trabalhadores.
Segundo Guimarães (2012), o setor público deve se preocupar com:
– Legalidade: Atributo jurídico de qualquer ato humano ou pessoa jurídica que indica se é ou não contrário às leis, se está ou não dentro do permitido pelo sistema jurídico, seja expressamente ou implicitamente. Se este atributo for positivo, diz-se que é legal, caso contrário é ilegal.
– Impessoalidade: diz respeito à necessidade do Estado agir de modo imparcial perante terceiros, não podendo beneficiar nem causar danos a pessoas específicas, mas sempre visando atingir à comunidade ou um grupo amplo de cidadãos.
– Moralidade: diferenciação de intenções, decisões e ações entre aquelas que são distinguidas como próprias e as que são impróprias.
– Igualdade: é a inexistência de desvios ou incongruências sob determinado ponto de vista, entre dois ou mais elementos comparados, sejam objetos, indivíduos, ideias, conceitos ou quaisquer coisas que permitam que seja feita uma comparação.
– Publicidade: vem do dever de divulgação oficial dos atos administrativos que se configura no livre acesso dos indivíduos a informações de seu interesse e transparência na atuação administrativa.
– Probidade administrativa: consiste no dever de o funcionário servir a Administração com honestidade, procedendo no exercício das suas funções, sem aproveitar os poderes ou facilidades delas decorrentes em proveito pessoal ou de outrem a quem queira favorecer”.
– Vinculação ao instrumento convocatório: evitar que administradores realizem análise de documentos de habilitação de forma arbitrariamente subjetiva.
– E do julgamento objetivo. (GUIMARÃES, 2012).
Uma licitação não pode ser sigilosa. Todos os atos do processo devem ser públicos e acessíveis. “A única parte que é mantida em sigilo são as propostas, até que possam ser abertas.”
Vale destacar também que processos licitatórios existem para proteger a administração de possíveis fraudes e dar mais transparência e economicidade aos gastos de recursos públicos.
Após a identificação dos problemas descritos que será feita uma sugestão dos pontos significativos a serem revistos na gestão da manutenção, pois eles representam sérios obstáculos à eficiência e ao bom funcionamento de uma organização.
O artigo apresenta como alternativa para se ganhar em produtividade a Nova Lei de Licitações com seus principais pontos, que tem como objetivo modernizar e aprimorar os processos licitatórios no país, aliado a um Plano de Controle de Manutenção (PCM) para se evitar falhas frequentes e garantir o bom funcionamento do equipamento.
6.1 MODALIDADES DA LICITAÇÃO
Recentemente, em abril de 2021, foi sancionada uma Nova Lei de Licitações (Lei n.º 14.133/21), modernizando e deixando os processos com mais transparência, agilidade e eficácia aos contratos administrativos. A nova lei de licitações traz diversas vantagens para a administração pública, promovendo maior transparência, agilidade e eficiência nos processos de contratação de bens e serviços.
Uma das principais vantagens é a redução dos gastos públicos. Por meio de uma maior concorrência entre os fornecedores, a administração poderá escolher a proposta mais vantajosa economicamente, garantindo a qualidade do serviço ou produto sem comprometer o orçamento público. Além disso, a lei traz maior segurança jurídica para as licitações, estabelecendo regras mais claras e uniformes para todo o processo. Isso evita possíveis contestações e questionamentos, reduzindo os riscos de corrupção e favorecimentos indevidos.
Outra vantagem é a simplificação dos procedimentos licitatórios, o que diminui a burocracia e torna os processos mais ágeis. Isso permitirá que a administração contrate com maior rapidez, atendendo a demandas emergenciais, evitando atrasos e fortalecendo os mecanismos de controle e fiscalização das contratações, garantindo uma gestão mais eficaz e transparente.
Segundo Machado (2021), a nova lei trouxe algumas mudanças e substituiu a antiga Lei de Licitações, a Lei do Pregão e o Regime Diferenciado de Contratações, o que modificou as normas referentes aos sistemas de contratação da administração pública. As modalidades de licitação conduzem o processo de compra de produtos e de serviços públicos.
De acordo com a Lei 14.133/2021:
Art. 78. São procedimentos auxiliares das licitações e das contratações regidas por esta lei:
I – credenciamento;
II – pré – qualificação;
III – procedimento de manifestação do interesse;
IV – sistema de registro de preços;
V – registro cadastral.
§ 1° Os procedimentos auxiliares de que trata o caput deste artigo obedecerão a critérios claros e objetivos definidos em regulamento.
Sistema de registro de preços: é um conjunto de procedimentos para realização, mediante contratação direta ou licitação nas modalidades pregão ou concorrência, de registro formal de preços relativos à prestação de serviços, a obras e aquisição e locação de bens para contratações futura;
Ata de registro de preços: documento vinculativo e obrigacional, com característica de compromisso para futura contratação, no qual são registrados o objeto, os preços, os fornecedores, os órgãos participantes e as condições a serem praticadas, conforme as disposições contidas no edital da licitação, no aviso ou instrumento de contratação direta e nas propostas apresentadas;
Órgão ou entidade gerenciadora: órgão ou entidade da Administração Pública responsável pela condução do conjunto de procedimentos para registro de preços e pelo gerenciamento da ata de registro de preços dele decorrente;
Órgão ou entidade participante: órgão ou entidade da Administração Pública que participa dos procedimentos iniciais da contratação para registro de preços e integra a ata de registro de preços.
A Ata de registro de preços é a forma mais adequada para se utilizar neste caso, pois permite que o órgão público tenha acesso a uma lista de fornecedores pré aprovados, com valores previamente negociados, o que evita a necessidade de realizar uma licitação para cada compra de peça, isto é especialmente útil em situações de emergência, em que é necessário realizar a reposição de peças com rapidez.
Outro benefício é a possibilidade de reajuste de preços durante a vigência da ata. Isso significa que, caso haja variações no mercado que impactem os valores dos produtos, o órgão público poderá negociar reajustes com os fornecedores cadastrados, garantindo assim uma melhor relação custo-benefício.
7. PLANO DE CONTROLE DE MANUTENÇÃO – PCM
O PCM (Planejamento e Controle de Manutenção) consiste em um conjunto de diretrizes e ações a serem seguidas para a realização da manutenção preventiva, corretiva e preditiva das máquinas. Essa metodologia tem como objetivo principal evitar falhas e garantir a disponibilidade operacional dos equipamentos.
Na manutenção preventiva, são realizadas inspeções regulares nos tratores e caminhões, com o intuito de identificar possíveis desgastes ou problemas antes que se tornem mais graves. Isso inclui a verificação de componentes, como filtros, óleos, correias e pneus, assim como a limpeza geral do equipamento.
Além da manutenção preventiva, o PCM também prevê a manutenção corretiva, que é necessária quando há falha. Nesses casos, é importante que o modelo PCM defina as ações a serem tomadas, como a avaliação e reparo do problema, a substituição de peças ou a realização de ajustes técnicos.
Outra etapa é a manutenção preditiva. Essa prática utiliza técnicas e ferramentas de monitoramento e análise de dados para prever possíveis problemas. Por exemplo, através do acompanhamento da temperatura do motor, vibrações e consumo de combustível, o PCM pode indicar quando uma falha pode ocorrer, permitindo assim a antecipação de reparos ou substituições.
Ao adotar o PCM é possível planejar e controlar todas as atividades relacionadas à manutenção de forma estratégica, otimizando recursos, reduzindo custos e minimizando o tempo ocioso dos equipamentos. Com um planejamento bem estruturado, é possível realizar a manutenção de forma preventiva, evitando quebras e paralisações inesperadas, o que impacta diretamente na produtividade e no cumprimento de diferentes atividades. Além disso, permite que se tenha o controle completo do histórico das manutenções realizadas, o que facilita a identificação de problemas recorrentes e a implementação de ações corretivas eficientes, tornando as máquinas mais confiáveis e duradouras.
8. CENÁRIO FUTURO RESOLVIDO
Em um cenário administrativo otimizado, a garagem da Secretaria de Obras de uma cidade do interior experimenta uma transformação significativa em eficiência e eficiência operacional. As máquinas, que anteriormente enfrentavam períodos de inatividade devido a uma gestão de manutenção ineficaz, agora operam de maneira contínua e produtiva. Esta mudança é atribuída à implementação de um programa de manutenção preventiva, que se tornou um padrão na administração dos equipamentos.
A manutenção preventiva, agora institucionalizada, inclui revisões regulares e cuidadosas dos equipamentos, com o objetivo de prevenir e evitar falhas. Esta abordagem proativa tem resultado em uma diminuição significativa dos custos de manutenção, já que a necessidade de reparos emergenciais, geralmente mais onerosos, foi drasticamente reduzida. Consequentemente, a vida útil das máquinas foi prolongada, garantindo uma prestação de serviços públicos mais eficaz e confiável.
Tabela 1 – Análise Comparativa entre os cenários atual e prospectivo.
Fonte: Elaborado pelo Autor.
A eficiência também foi alcançada na logística de aquisição de peças e consumíveis. Com a reformulação do processo licitatório, incluindo a adoção do pregão como método de compra, foi possível adquirir e manter um estoque de peças de reposição. Esta mudança baseou-se em uma análise detalhada das necessidades históricas e padrões de uso das máquinas, permitindo a formação de um inventário ajustado às demandas da Secretaria, pronto para responder prontamente às necessidades de manutenção.
A interação entre os departamentos de compras e manutenção provou ser essencial para essa transformação. Os técnicos, agora mais versados nos procedimentos legais e operacionais, têm capacidade de planejar as aquisições de forma a atender às necessidades de manutenção, respeitando simultaneamente os requisitos legais. A agilidade e a transparência nesse processo revitalizaram a gestão de ativos no setor público.
Ademais, a integração do modelo PCM aliado à nova lei de licitações proporciona maior transparência nas contratações, através do registro e controle minucioso dos custos envolvidos nas manutenções. Essa transparência é fundamental, pois permite uma maior fiscalização por parte dos órgãos de controle, evitando possíveis desperdícios e irregularidades.
Em resumo, há uma série de benefícios como o planejamento estratégico, controle eficiente das atividades, redução de custos, maior confiabilidade dos equipamentos, maior transparência nas contratações e maior competitividade em processos licitatórios. Essa combinação é essencial para aperfeiçoar a gestão da manutenção e garantir serviços de qualidade para a população.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No cenário futuro resolvido, a garagem da secretaria de obras da pequena cidade do interior renasce como um modelo de eficiência administrativa. A manutenção preventiva se torna prática padrão, reduzindo custos e aumentando a prestação de serviços. A reestruturação do processo de licitação e a colaboração entre os departamentos de compras e manutenção resultam em uma realidade onde:
. As máquinas não fiquem paradas;
∙ Haja regularidade na manutenção preventiva, diminuindo custos e aumentando a vida útil das máquinas e o tempo de disponibilidade para a prestação do serviço público;
∙ E em eventuais quebras, a manutenção corretiva possa dispor de peças para o reparo de forma pré-adquirida no pregão;
∙ Onde haja um sistema de monitoramento contínuo das máquinas, permitindo identificar problemas antes que ocorram falhas completas;
∙ E por fim, haja uma cultura de manutenção preventiva, com a conscientização e capacitação dos colaboradores sobre a importância desse processo.
Essas mudanças garantem uma gestão de ativos transparente e ágil, tornando a cidade exemplo de um governo que funciona e prioriza a continuidade do serviço. A comunidade colhe os benefícios dessa administração eficiente e comprometida com as necessidades de seus cidadãos.
REFERÊNCIAS
BRANDÃO, Jorge, M. M et al. A Importância da Atuação do Controle Interno dos Municípios, na Fase de Execução das Obras Públicas. 2008. 141 f. Monografia (Especialização em Auditoria de Obras Públicas) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.
FERREIRA, José Roberto. A Importância da Manutenção na Indústria. 2007, Monografia, 63f. Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga, Taquaritinga.
FERREIRA, L.A. Uma Introdução à Manutenção. Porto: Publindustria (1998)
QUEIROZ, Mário Nalon de. PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DE OBRAS. Universidade Federal de Juiz de Fora, 2007. 89 p. Disponível em: <http://www.ufjf.br/pares/files/2009/09/APOSTILA-PCO-fev-20072.pdf>. Acesso em: 14 out. 2023.
GUIMARÃES, Eduardo dos Santos. Manual de Planejamento das Licitações Públicas. Curitiba: Juruá, 2012.
MACHADO, Gabriela de Ávila. Considerações sobre a nova lei de licitações. CONJUR – Consultor Jurídico, 2021. Disponível em: HTTPS://www.conjur.com.br/2021-abr-25/gabriela-machado-consideracoes leilicitacoes.
MORO, Norberto; AURAS, André Paegle. Introdução à gestão de manutenção. Disponível em: <http://wwwnorertocefetsc.pro.br/manutencao.pdf>. Acesso em: 10 out. 2023. TAVARES, L. A. Administração Moderna da Manutenção. Rio de Janeiro: Novo Polo Publicações e Assessoria Ltda., 2005.
1Discente do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Comercial do Instituto Federal de Rondônia (IFRO) Campus Avançado de São Miguel do Guaporé; email: cardosorenato168@gmail.com
2Docente do Instituto Federal de Rondônia (IFRO), no Campus Avançado de São Miguel do Guaporé. Leciona nos cursos técnicos de Administração e Agronegócio e na graduação em Agrocomputação. Mestre em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental, especialista em Gestão Pública e graduado em Administração e Segurança Pública. Integrante do grupo de pesquisa Vale do Guaporé: Educação, Inovação e Sustentabilidade (IFRO). Email: wagner.soares@ifro.edu.br