INTRADENTINAL PINS IN DENTAL REHABILITATION: AN EFFECTIVE ALTERNATIVE IN RESTORATIVE DENTISTRY
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202510230711
Gustavo Alves Barbosa1
Amanda Vitória Sousa Cavalcante2
Maurílio de Souza Zampieri3
Resumo
Apesar dos avanços apresentados na odontologia nos últimos anos, principalmente no desenvolvimento de técnicas e materiais adesivos que permitem mínimo desgaste da estrutura dental, restaurações extensas em dentes anteriores podem apresentar pouca longevidade, sendo importante adotar técnicas que promovem maior retenção, como a utilização de pinos intradentinários. O objetivo deste trabalho é relatar um caso clínico, em que os elementos 11, 12 e 13 com grande desgaste coronário foram restaurados em resina composta, utilizando pinos intradentinários para promover maior adesividade da restauração.
Palavras-chave: Pino. Intradentinário. Restauração. Endodontia
1 INTRODUÇÃO
É necessário compreender a gravidade das doenças bucais e o seu significativo impacto na saúde pública, especialmente no aumento das perdas dentárias, que é uma das principais sequelas, e embora haja uma redução ao longo das décadas, notamos que essa questão persiste, especialmente entre a população idosa, sendo que a promoção contínua de cuidados odontológicos é essencial para enfrentar esse desafio (TAVARES et al, 2020).
Segundo Silva et al (2022), a perda dentária impacta todo sistema estomatognático, afetando não apenas a estética, mas também as funções vitais como deglutição, mastigação e fala, o que causa implicações significativas na qualidade de vida, gerando não apenas desordens funcionais, mas também repercussões psicológicas, interferindo no convívio social e na autoestima dos indivíduos afetados.
É notável o avanço das técnicas minimamente invasivas na odontologia, devido um comprometimento crescente com os processos biológicos dos tecidos dentários, através do desenvolvimento de materiais adesivos e a adoção de postura consciente dos profissionais, especialmente os mais jovens, que busca, uma abordagem mais cuidadosa na preservação das estruturas durante os procedimentos restauradores (NETO et al, 2021)
A resina composta tem se destacado como uma opção versátil para corrigir diversas insatisfações estéticas nos dentes anteriores, oferecendo melhorias em tamanho, cor, forma e alinhamento de forma a alinhar estética e conforto ao paciente, dessa forma, uso crescente de materiais adesivos e restauradores reflete avanços na qualidade estética e funcional em comparação com opções anteriores (CRUZ et al, 2023)
Entretanto, é necessário enfatizar que em alguns casos é necessário utilizar recursos adicionais para a retenção do material, como pinos intradentinários que são frequentemente utilizados em dentes vitais, pois permitem o preenchimento com mínimo desgaste da estrutura dental saudável, buscando preservar a vitalidade pulpar e, ao mesmo tempo, garantir a estabilidade da restauração, contribuindo para resultados eficazes e minimamente invasivos (PEREIRA et al, 2016).
O objetivo deste trabalho é relatar um caso clínico, em que os elementos 11, 12, 13 e 21 com grande desgaste coronária foram restaurados em resina composta, utilizando pinos intradentinários para promover maior adesividade da restauração.
2 CASO CLÍNICO
Paciente com 49 anos de idade procurou atendimento odontológico queixando-se de baixa autoestima e dificuldades de mastigação. Ao exame clínico intra-oral notou-se a presença de desgastes coronários nos elementos dentários 11, 12, 13, 21 e 22, na arcada inferior, os elementos 31, 32, 33, 41, 42, 43 e 44 apresentavam alto grau de mobilidade. Foi realizada radiografia panorâmica (Figura 2) e teste de vitalidade pulpar nos elementos dentários desgastados, havendo resposta positiva aos testes nos elementos 11, 12 e 13, mesmo com a extensão da destruição coronária. Apenas os elemento 21 e 22 necessitavam de tratamento endodôntico, já que havia comprometimento da câmara pulpar, associado a lesão periapical. Dessa forma, optou-se por realizar a instalação de pinos intradentinários (Angelus) (Figura 3) nos elementos 11, 12 e 13, como forma de oferecer maior retentividade para a restauração em resina composta, dispensando a necessidade do tratamento endodôntico. Primeiramente foi realizado o isolamento relativo com auxílio de afastadores, e a confecção dos biseis na face vestibular e palatina, com a broca diamantada 2135 (kg sorensen). Com uma broca em espiral (Angelus) (Figura 4) foram realizados orifícios com distância média de 1,5 mm da margem cavitária. Os orifícios foram então condicionados com ácido fosfórico e depois aplicado adesivo (Adpter single bond 3M) e fotopolimerizado por 20 segundos (Valo grand cordless). Os pinos foram condicionados com ácido fluorídrico (FGM), silano (Prosil FGM), adesivo (Adpter single bond 3M), fotopolimerizado por 20 segundos (Valo grand cordless) e cimentados com cimento resinoso (Allcem core FGM), seguindo as orientações do fabricante.
Após a cimentação dos pinos (Figura 5), foi realizado o condicionamento com ácido fosfórico 37% na região de esmalte e dentina, seguida da aplicação do sistema adesivo (Adpter single bond 3M), seguida da fotopolimerização por 20 segundos (Valo grand cordless). Utilizando a guia palatina confeccionada com silicona, colocou-se uma fina camada de resina composta translucida (Forma zircônia nano-hybrida composite) iniciando a confecção da face palatina, após foi utilizado resina na cor DA2 (Resina IPS Empress Direct – Ivoclar Vivadent) e resina composta EA2 (Resina IPS Empress Direct – Ivoclar Vivadent) para finalização da reconstrução. Após finalizar as reconstruções, removeu-se o isolamento e foi realizado o ajuste oclusal, acabamento e polimento (Figura 7)
Nos elementos 21 e 22 foi realizado o tratamento endodôntico e a instalação de pino intraradicular de fibra de vidro, e reconstrução em resina composta seguindo a mesma sequência dos elementos anteriores. Na arcada inferior foi realizada a exodontia de todos os elementos remanescentes e a confecção de uma prótese total (Figura 8)
Figura 1: Fratura coronária em vários elementos dentários

Figura 2: Radiografia panorâmica

Figura 3: Pino Intradentinário (Angelus)

Figura 4: Broca em espiral (Angelus)

Figura 5: Pinos intradentinários após a cimentação

Figura 6: Confecção da face palatina

Figura 7: Resultado final após acabamento e polimento

Figura 8: Resultado final

3 DISCUSSÃO
Atualmente, a odontologia minimamente invasiva considera as restaurações diretas em resina composta uma ótima opção para o tratamento de cárie, pois além da resina composta oferecer estética e permitir a preservação do tecido dentário saudável, o desenvolvimento dos sistemas adesivos garantem a retenção e longevidade das restaurações (HOSAKA et al, 2021).
Segundo Oliveira, Rossinholli e Tognetti (2022), a sociedade contemporânea busca um sorriso estético padronizado, e a odontologia estética desenvolveu técnicas capazes de oferecer harmonia estética e devolver a funcionalidade do sistema estomatognático. Os biomateriais restauradores adesivos permitem maior retenção, adaptação marginal, microinfiltração reduzida e vedação, dessa forma, possibilita a existência de uma variedade de técnicas restauradoras estéticas, sejam elas diretas ou indiretas (D’ONOFRE et al, 2020).
O tratamento restaurador com resina composta em dentes anteriores vêm sendo amplamente utilizado, pois além de apresentar propriedades ópticas semelhantes à estrutura dental, consiste em uma técnica de menor custo e tempo clínico (LACERDA et al, 2020). Entretanto, segundo Shah et al (2020), alguns problemas podem afetar a longevidade das restaurações em resina composta nos dentes anteriores, como fraturas, desgastes excessivos e falhas na técnica adesiva, além disso, restaurações classe IV estão sujeitas a sobrecargas mastigatórias, e às vezes, necessitam de técnicas para promover retenção adicional.
Em algumas situações é necessário utilizar técnicas para promover mais longevidade das restaurações, como os pinos, que foram introduzidos na odontologia para oferecer retenção e suporte para a confecção de restaurações, já que em algumas situações a estrutura dental remanescente não é suficiente para suportar as cargas mastigatórias (SÁ, AKAKI, MELO SÁ; 2010)
O tratamento endodôntico exige um grande desgaste de estruturas anatômicas do dente, como cristas, cúspides e o teto da câmara pulpar, reduzindo significativamente a dentina remanescente, além disso, pesquisas indicam que a remoção da dentina pericervical impacta negativamente as respostas mecânicas e biológicas, aumentando o estresse na coroa e nas raízes, o que eleva o risco de fraturas, devido a perda de elasticidade e de substâncias orgânicas, e pode levar até mesmo à perda do dente após o tratamento endodôntico (TORRES, 2013).
Dessa forma, segundo Pereira et al (2016), a utilização de pinos dentinários é uma técnica adequada para aumentar a longevidade de restaurações confeccionadas com resina composta, pois além de aumentar a retenção dos materiais adesivos e diminuir a possibilidade de fratura, principalmente em dentes anteriores, também é considerado um método simples e de baixo custo, que permite a manutenção da estrutura dentária e vitalidade pulpar em dentes severamente desgastados.
4 CONCLUSÃO
Restaurar dentes anteriores que apresentam grande perda de estrutura dentária é considerado um desafio, sendo que na maioria dos casos, será necessário empregar técnicas que aumentam a longevidade dessas restaurações, como a utilização de pinos. Entretanto, em dentes que apresentam vitalidade pulpar, é mais interessante utilizar pinos intradentinários, pois é uma técnica simples e de baixo custo, além de dispensar necessidade de tratamento endodôntico prévio, o que mantém estrutura dental remanescente, elasticidade e diminui o risco de fraturas.
REFERÊNCIAS
TAVARES, P. B. V. et al. IMPACTO DA PERDA DENTÁRIA E NECESSIDADE PROTÉTICA NA QUALIDADE DE VIDA. Rev Pesq Saúde, 21(1): 7-10, jan-abr, 2020
SILVA, M. M. et al RELAÇÃO ENTRE A PERDA DE DENTES APARENTES NO SORRISO COM A QUALIDADE DE VIDA. Revista Brasileira de Saúde Funcional REBRASF. Volume 10, Número 1, Maio 2022. DOI 10.25194/REBRASF.V10I1.1527
NETO, J. M. A. S. et al. Os avanços da odontologia minimamente invasiva nos dias atuais. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 13 (2), e6267, fevereiro, 2021.
CRUZ, K. F. et al. AS PRINCIPAIS FALHAS NA EXECUÇÃO DE FACETAS EM RESINA COMPOSTA EM DENTES ANTERIORES: Revisão de literatura. Revista Cathedral (ISSN 1808-2289), v. 5, n. 3, ano 2023. http://cathedral.ojs.galoa.com.br/index.php/cathedral
PEREIRA, L. C. G. et al. Em conduta clínica conservadora ainda há aplicação para os pinos intradentinários?. FOL-Faculdade de Odontologia de Lins/Unimep, 26(1) 44-52, jan.-jun. 2016
HOSAKA, K. et al. Clinical effectiveness of direct resin composite restorations bonded using one-step or two-step self-etch adhesive systems: A three-year multicenter study. Dental Materials Journal 2021; 40(5): 1151–1159. doi:10.4012/dmj.2020-428
OLIVEIRA, E. R. C.; ROSSINHOLLI, G.; TOGNETTI, V. M. A MÍDIA COMO GRANDE INFLUENCIADORA DA CULTURA PERFECCIONISTA DENTRO DA ODONTOLOGIA ESTÉTICA. RECIMA21 – REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR, v.3, n.12, 2022
D’ONOFRE, P. L. et al. Faceta direta em resina composta como técnica restauradora minimamente invasiva para harmonização do sorriso. Research, Society and Development, v. 9, n. 8, e123985437, 2020. DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i8.5437
SHAH, Y. R. et al. Long-term survival and reasons for failure in direct anterior composite restorations: A systematic review. J Conserv Dent. 2021 Sep-Oct; 24(5): 415–420. doi: 10.4103/jcd.jcd_527_21
SÁ, T. C. M.; AKAKI, E.; SÁ, J. C. M. PINOS ESTÉTICOS: QUAL O MELHOR SISTEMA?. Arqu bras odontol 2010;6(3):179-84
TORRES, M. Q. Revascularização/regeneração pulpar como opção terapêutica na endodontia. Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Odontologia de Piracicaba. Piracicaba, SP. 2013.
1Discente do Curso Superior de Odontologia da Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel (FATEFIG) e-mail: gustavo.barbosa@faculdadegamaliel.com.br
2Discente do Curso Superior de Odontologia da Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel (FATEFIG) e-mail: amanda.cavalcante@faculdadegamaliel.com.br
3Docente do Curso Superior de Odontologia da Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel (FATEFIG) e-mail: maurilio.zampieri@faculdadegamaliel.com.br
