REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10819738
Fagna Araújo de Lana,
Eduarda Gomes Alves pereira,
Profº orientador: Ricardo kiyoshi Yamashita
RESUMO
O efeito da mudança da cor nos dentes referente ao manchamento é uma condição clínica frequentemente encontrada. A mancha extrínseca escura é provocada por diversos fatores, incluindo a má higienização, acumulo de saliva o consumo de alimentos pigmentados, o uso de remédios ou compostos metálicos, quando já localizado nos dentes, as manchas não saem com uma simples escovação. Além do incômodo estético que elas provocam nos pacientes, elas podem aumentar e se instalar nas outras faces dos dentes tornando um pouco desagradável. Objetivo: Realizar uma revisão de literatura sobre a pigmentação por bactérias cromogênicas: Que são divididas em dois grandes grupos, intrínsecas e extrínsecas. Sua manifestação se dá nos dentes como linhas escuras próximas a margem gengival e seu fator etiológico são as bactérias cromogênicas. Conclusão: Essa bactéria esta associada à presença de microrganismos específicos no biofilme bucal, e que produzem pigmentos, sendo, adquirido por uma dieta rica em cálcio e ferro.
Palavras-chave: Bactérias cromogênicas. Manchas extrínsecas. Pigmentação.
ABSTRACT
The effect of color change on teeth due to staining is a frequently encountered clinical condition. Dark extrinsic stains are caused by several factors, including poor hygiene, accumulation of saliva, consumption of pigmented foods, use of medicines or metallic compounds. When already located on the teeth, the stains do not come off with simple brushing. In addition to the aesthetic discomfort they cause in patients, they can enlarge and settle on other surfaces of the teeth, making them a little unpleasant. Objective: To carry out a literature review on pigmentation caused by chromogenic bacteria: Which are divided into two large groups, intrinsic and extrinsic. Its manifestation occurs on the teeth as dark lines close to the gingival margin and its etiological factor is chromogenic bacteria. Conclusion: This bacterium is associated with the presence of specific microorganisms in the oral biofilm, which produce pigments, being acquired through a diet rich in calcium and iron
Keywords: Chromogenic bacteria. Extrinsic stains. Pigmentation.
1 INTRODUÇÃO
O dente é um elemento policromático (NAVARRETE; MACHADO, 2022). Seu aspecto amarelado é estabelecido pela dentina, cuja cor é atenuada pela translucidez do esmalte dental. Alguns princípios básicos como cor, forma, tamanho, textura e brilho são fundamentais para a composição de um sorriso harmonioso (ALMEIDA et al., 2019).
No entanto, diversos fatores, classificados em intrínsecos e extrínsecos, podem ocasionar o escurecimento dos dentes e tornálos visivelmente menos estéticos. Um dos fatores de relevância é o envelhecimento dental fisiológico, que confere um escurecimento natural da dentina devido ao acúmulo progressivo de dentina secundária e pigmentos. Levando em conta o conceito da Odontologia Minimamente Invasiva (OMI), buscando sempre respeitar as características biológicas de cada um dos tecidos que compõem o órgão dental, e dispondo de recursos que mantenham ao máximo a vitalidade do dente (NETO et al., 2021).
A alteração da cor dentária em virtude da descoloração ou manchamento é uma condição clínica frequentemente encontrada no consultório odontológico. Existem vários tipos de manchas nos dentes: das claras às escuras, extrínsecas ou intrínsecas, causadas por alimentos, medicamentos ou por alterações no desenvolvimento dentário. (PENIDO et al., 2013)
A pigmentação negra ocorre pela ação das bactérias cromogênicas, como Prevotella melaninogênica e do ferro presente na saliva e no fluido gengival (COSTA MT, et al., 2012), e outros agentes microbiológicos, como Porphyromonas gingivalise Actinomyces naeslundbaixa contagem de Fusobacterium nucleatume Lactobacillus sp. (HEINRICH-WELTZIEN R, et al.,2014)
As manchas extrínsecas negras apresentam-se como uma linha contínua ou não, ao longo da margem gengival ou com forma difusa, com pontos escuros, formando uma linha paralela à margem gengival, atingindo em pelo menos dois dentes. Os sulcos, fóssulas e fissuras podem também se encontrar impregnados por tais pigmentações, as quais, particularmente nessas áreas, são de difícil remoção. ( RACHED et al., 2013)
A deficiência de ferro é um importante fator para o desenvolvimento da anemia uma vez que essa substância se caracteriza como um micronutriente que atua principalmente na síntese de glóbulos vermelhos do sangue, sendo necessário para a obtenção de uma adequada função eritropoiética; além de participar da respiração (transporte de oxigênio no organismo), produção de energia, síntese de DNA e proliferação celular (CAMASCHELLA C, 2015).
Como são necessários métodos mecânicos como raspagem, ultrassom ou jato de bicarbonato para sua remoção, existe uma preocupação com o desgaste excessivo do esmalte dentário, já que há a tendência de recidiva. (RACHED et al., 2013).
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 PIGMENTAÇÃO DENTÁRIA
A etiologia das manchas extrínsecas negras pode estar relacionada à presença de bactérias cromógenas e à tendência natural do paciente para a formação de um biofilme mucinoso, pelo qual a bactéria possui afinidade. (ANRAKU, R. Y.; GUEDES, C. C., 2013).
A literatura sugere que as manchas dentais extrínsecas estão associadas à presença de bactérias cromogênicas no biofilme dentário, ingestão de alimentos pigmentados, utilização de agentes terapêuticos orais e compostos metálicos (Queiroz al., 2016). Muitos autores mencionam que pacientes com pigmentações negras do esmalte apresentam uma experiência de cárie reduzida ou mesmo nula (BRANCO et al., 2016)
As manchas negras de dentes extrínsecos têm estado sob o escopo de evidências clínicas nos dias atuais, e podem estar associadas a questões estéticas e cáries, sendo uma preocupação para milhões de crianças e adultos. (MORIMOTO et al, 2018).
2.2 BACTÉRIA CROMOGÊNICA
A mancha preta é definida como um depósito fino e preto em uma linha estreita acima da gengiva livre. Também pode se apresentar como pontos escuros distintos que se estendem além do terço cervical da coroa, às vezes afetando fossetas e fissuras (LAVINE et al, 2018)
Bactérias cromogênicas Bactérias cromogênicas, como a da espécie Prevotella melaninogênica, têm sido relacionadas à pigmentação negra do biofilme dentário (RACHED et al., 2013). Este tipo de manchamento atua como uma forma de placa bacteriana, que possui em sua estrutura um composto férrico insolúvel, resultado da interação entre o sulfito de hidrogênio (produzido pela microflora bacteriana) com o ferro presente na saliva ou no exsudato gengival, bem como um alto teor de cálcio e fosfato (PEREIRA; SANTOS; CONCEIÇÃO, 2021).
Pigmentação negra em dentes decíduos. (Fonte: Alessandra Loureiro de Moura et al., 2013)
3 ETIOLOGIA DA PIGMENTAÇÃO DENTÁRIA
A etiologia dessas pigmentações e os fatores que influenciam o seu aparecimento, permanência e controle, são, ainda, temas controversos na literatura (BRANCO et al., 2016). A literatura é escassa na quantificação do efeito real que a pigmentação extrínseca confere ao esmalte dentário íntegro (DIAS, 2018).É de suma importância que mais estudos sejam feitos a respeito da etiologia das manchas extrínsecas. Da mesma forma, seriam interessantes pesquisas longitudinais com o objetivo de observar se há realmente esta tendência de diminuição das manchas ao longo da vida do paciente e a baixa prevalência de cárie (SILVA& SANTANA, 2018)
Pigmentações são causadas pela presença de cromóforos originados de compostos orgânicos (p. ex. caroteno), inorgânicos (íons metálicos) ou da combinação de ambos, podendo ser extrínsecas ou intrínsecas à estrutura dental (ALKHATIB et al., 2004 apud JOINER; THAKKER, 2004). Os agentes clareadores atuam através da oxidação de compostos orgânicos, e quando entram em contato com a estrutura dental liberam radicais livres capazes de oxidar o pigmento (ARAÚJO et al., 2015).
Aliado a isso, o oxigênio é capaz de penetrar nos túbulos dentinários agindo nos compostos com anéis de carbono que são muito pigmentados, transformando em compostos mais simples e, consequentemente, mais claros. Assim, todos os fatores que afetam o esmalte e a dentina são passíveis de influenciar na cor dos dentes (VISCIO, 2000).
4 PIGMENTAÇÃO INTRÍNSECA
As causas exógenas de caráter intrínseco podem ser originárias do interior da câmara pulpar, em situações que envolvam trauma dental que levou à extirpação da polpa, necrose pulpar, iatrogenias, hemorragias internas e materiais obturadores. Os materiais de obturação que contêm prata ou iodofórmio podem manchar a cor natural dos dentes, até os cones de gutapercha convencionais se deixados na porção coronal levam ao escurecimento, devendo sempre ser cortados 1 mm aquém da divisão coroa/raiz (MACEDO; SILVA, 2011).
5 PIGMENTAÇÃO EXTRÍNSECA
A raspagem periodontal desempenha papel importante para evitar e/ou remover estes fatores, como o acúmulo de biofilme e o cálculo dental. Segundo Bazzi et al. (2012), a profilaxia profissional após clareamento reduz o manchamento pela dieta e, principalmente, pelo cigarro. Além disso, o uso de medicamentos é um grande responsável pelo manchamento dental, pois a pigmentação pode ocorrer através do uso direto de medicamentos como enxaguatórios com sais metálicos, suplementação de ferro, tetraciclina e amoxicilina com ácido clavulânico (REIS; MINTO; VIDAL, 2018).
6 PLANO DE TRATAMENTO
Com relação à remoção das machas enegrecidas, segundo Cabrita (2012) no plano de tratamento deve ser utilizada técnicas pouco invasivas por conta da estrutura do esmalte dentário, ressaltando a boa higiene oral e indicação de uma boa dieta alimentar para a redução de alimentos cromogênicos. Moura et al. (2013) propõe que o tratamento seja realizado pelo profissional através de profilaxia com raspagem e polimento coronário, com substâncias abrasivas, pois o tratamento caseiro com uso de escova dentária e dentifrício para a remoção dessas manchas não traz os devidos resultados, pois as mesmas estão aderidas firmemente ao dente. No relato de Queiroz et al. (2016) alguns estudos apontam que essas manchas são comumente encontradas em dentes decíduos, por esta razão é de suma importância o acompanhamento periódico após sua remoção, pois, é muito frequente que haja recidiva nessa fase.
7 CONCLUSÃO
Constata-se que, conforme com a literatura escolhida, o escurecimento dental pode ser intrínseco ou extrínseco, aparentando dentes não-vitalizados ou vitalizados. A etiologia do escurecimento dental muda para cada paciente e pode ser multifatorial. Dentre as causas do escurecimento dental extrínseco, pode-se citar: tabagismo; bactérias cromogênicas; dieta do paciente. Relativo às causas do escurecimento dental intrínseco, destacam-se: necrose e hemorragias pulpares; materiais obturadores e descoloração por íons metálicos. Sendo assim, conclui-se que a etiologia vai mudar para cada paciente, podendo ser identificado através de uma anamnese e exame clínico detalhado, para a remoção da mancha, sendo um procedimento não invasivo e com acompanhamento para possíveis recidivas.
REFERÊNCIAS
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