QUALITATIVE RESEARCH, SIMILARITIES AND DIFFERENCES: ETHNOGRAPHY, AUTOETHNOGRAPHY AND NETNOGRAPHY
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202502081053
Stella Maris Souza Marques1
Izadora Lemes de Oliveira2
Leandro de Paulo Bomfim3
Rafaella Freitas Marques4
Marina Abreu Dias5
Resumo
A Ciência é um processo sistemático voltado para compreender, interpretar e atuar sobre a realidade. Ela se orienta por questões previamente formuladas, fundamentando-se em princípios e métodos que garantem a construção consistente do conhecimento. Considerando que os métodos científicos representam as estratégias mais confiáveis criadas pela humanidade para organizar e controlar os elementos que envolvem um fato, permitindo a construção de uma compreensão precisa dos fenômenos, o escopo desse artigo é conceituar, bem como realizar aproximações e distanciamentos entre três métodos, quais sejam, etnografia, autoetnografia e netnografiaf através da revisão narrativa de literatura. Como resultado, temos que, apesar dos três métodos compartilharem semelhanças, como o foco no contexto sociocultural, o uso de métodos qualitativos e a flexibilidade metodológica, essas abordagens diferem em aspectos fundamentais. Notadamente, a etnografia ocorre em campos presenciais e físicos, enquanto a autoetnografia parte do mundo interno do(a) pesquisador(a) para explorar as questões socioculturais e a netnografia se concentra no ambiente notadamente virtual. Desse modo, as diferenças encontradas tornam cada método adequado a contextos e objetivos distintos, ampliando as possibilidades da pesquisa qualitativa. Em conjunto, essas abordagens enriquecem o campo da pesquisa qualitativa, promovendo uma compreensão mais ampla e contextualizada da experiência humana em suas múltiplas dimensões.
Palavras-chave: Métodos de pesquisa. Técnicas de pesquisa. Pesquisa científica. Abordagem qualitativa. Revisão narrativa de literatura.
1 INTRODUÇÃO
A pesquisa é o elemento central da Ciência, permitindo a compreensão e a análise da realidade a ser explorada. Trata-se de um processo contínuo e inacabado, que avança por meio de aproximações gradativas à realidade, oferecendo bases para uma atuação concreta no mundo real. É resultado de um inquérito ou exame minucioso, cujo objetivo é solucionar algum problema através de procedimentos científicos (Gerhardt & Silveira, 2009).
Desse modo, a Ciência é um processo sistemático voltado para compreender, interpretar e atuar sobre a realidade. Ela se orienta por questões previamente formuladas, fundamentando-se em princípios e métodos que garantem a construção consistente do conhecimento (Gerhardt & Silveira, 2009).
A partir de Minayo (2007), “a ciência é a forma hegemônica de construção do conhecimento, embora seja considerada por muitos críticos como um novo mito da atualidade por causa de sua pretensão de ser único motor e critério de verdade” (Minayo, 2007, p. 35). E, para compreender a natureza do método científico e construirmos conhecimento, há alguns conceitos substanciais, como tipo de pesquisa, abordagem, método, hipótese, objetivos, orientação teórica, entre outros, escolhidos conforme o pesquisador e suas perguntas (Tartuce, 2006).
Em relação aos tipos de pesquisa, temos abordagens, quais sejam, pesquisa qualitativa e quantitativa. Quanto à natureza, há a pesquisa básica e a pesquisa aplicada e, quanto aos objetivos, é possível classificar as pesquisas em exploratórias, descritivas e/ou explicativas (Gerhardt & Silveira, 2009).
Na comparação com a abordagem quantitativa, cada método tem o seu papel, lugar e adequação. Assim, ambos podem colaborar e conduzir a resultados essenciais sobre a realidade (Minayo, 2007). Especificamente acerca da abordagem qualitativa, esta possui algumas características, como a objetivação do fenômeno; a priorização de etapas como descrição, compreensão e explicação; a precisão na relação entre aspectos globais e locais de um determinado fenômeno; a busca de resultados mais fidedignos; a valorização das distinções entre o mundo natural e o mundo social; o respeito pela interação entre objetivos, orientações teóricas e dados empíricos; e, por fim, a rejeição ao pressuposto que defende apenas um modelo de pesquisa para todas as ciências (Gerhardt & Silveira, 2009).
Mais sobre, a abordagem qualitativa foca em aspectos da realidade que não podem ser medidos numericamente, direcionando-se para a compreensão e análise das dinâmicas das relações sociais (Gerhardt & Silveira, 2009). Em sintonia, a abordagem supracitada permite “desvelar processos sociais ainda pouco conhecidos referentes a grupos particulares” e “propicia a construção de novas abordagens, revisão e criação de novos conceitos e categorias durante a investigação” (Minayo, 2007, p. 49).
Neste sentido, a pesquisa qualitativa lida com um universo composto por significados, motivações, aspirações, crenças, valores e atitudes, explorando dimensões mais profundas das relações, processos e fenômenos que não podem ser limitados à simples quantificação ou operacionalização de variáveis (Minayo, 2001).
Entretanto, a pesquisa qualitativa, como contraponto à pesquisa quantitativa, inicialmente aplicada em estudos de Antropologia e Sociologia e, posteriormente, Psicologia e Educação, é criticada pela sua subjetividade, envolvimento emocional do pesquisador e empirismo (Minayo, 2001). Para tanto, o pesquisador deve estar atento a certos limites e riscos inerentes à pesquisa qualitativa, como: confiar excessivamente em si mesmo como principal instrumento de coleta de dados; o perigo de que a reflexão intensa sobre as notas de campo se torne uma tentativa de abarcar a totalidade do objeto estudado; a necessidade de controlar a influência do observador sobre o objeto de estudo; a falta de transparência nos processos que levaram às conclusões; a ausência de consideração por diferentes perspectivas sobre os mesmos aspectos; a confiança excessiva do pesquisador em seus próprios dados; a sensação de domínio absoluto sobre o objeto de estudo e o envolvimento emocional ou pessoal com a situação ou os sujeitos pesquisados (Gerhardt & Silveira, 2009).
Após o exposto, ressalta-se a importância em aproximarmos cada vez mais da realidade. E, já que os métodos científicos representam as estratégias mais confiáveis criadas pela humanidade para organizar e controlar os elementos que envolvem um fato, permitindo a construção de uma compreensão precisa dos fenômenos (Gerhardt & Silveira, 2009), o escopo desse artigo é conceituar, bem como realizar aproximações e distanciamentos entre três métodos, quais sejam, etnografia, autoetnografia e netnografia.
2 METODOLOGIA
Com o objetivo de conceituar os métodos etnográfico, autoetnográfico e netnográfico, optou-se pelarevisão narrativa de literatura (RNL), a qual possui caráter amplo, ou melhor, não possui muita especificidade por não se basear em critérios rígidos durante a coleta de dados. Por se tratar de questões mais abrangentes, a revisão narrativa é pouco empregada em temas extremamente específicos (Cordeiro et al., 2007). É mais frequentemente utilizada para embasar teoricamente trabalhos de conclusão de curso, teses, dissertações ou “descrever o estado da arte de um assunto específico, sob o ponto de vista teórico ou contextual” (Botelho et al., 2011, p. 125).
Ainda, a revisão narrativa funciona como uma ferramenta pedagógica, sendo útil por sua capacidade de organizar e sistematizar as informações. É amplamente empregada para a descrição e discussão de diversos temas em diferentes áreas do conhecimento, embora não deixe claro quais fontes de informação foram utilizadas nem detalhe necessariamente o método de busca empregado para obter os resultados (Ribeiro, 2014).
Portanto, a síntese de conhecimento, obtida a partir da revisão narrativa de literatura, permite a identificação de lacunas de conhecimentos, bem como semelhanças e distinções entre os objetos de estudos e, consequentemente, a realização de novas pesquisas.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Conceitos da etnografia
A etnografia foi elaborada por antropólogos no final do século XIX e no início do século XX para que pudessem conhecer e investigar as comunidades culturalmente distintas das quais habitavam. O interesse dos pesquisadores era conhecer a cultura, os comportamentos e as relações entre os grupos, para isso, acreditavam que a forma mais eficiente de se aproximarem de outras comunidades era se aproximar do território que residiam a fim de conhecer as experiências humanas (Ataídes et al., 2021).
Desse modo, o método etnográfico foi sistematizado, inicialmente, por Bronislaw Malinowski, antropólogo, que valorizava a coleta de dados empíricos e enfatizava a importância de estar in loco para observar cada elemento da produção humana que compõe a cultura (Wilkis, 2024). Contudo, consoante Laplantine (2003), Franz Boas pode ser considerado o pioneiro da etnografia, uma vez que foi o primeiro a considerar a sociedade como uma totalidade autônoma, estudá-la e preocupar-se com a descrição precisa dos fatos. Apesar da falta de consenso, Boas e Malinowski passaram a ser conhecidos como os fundadores da etnografia (Angrosino, 2009).
Como exemplo de experiência científica etnográfica, temos a obra “Argonautas do Pacifico Ocidental” de Malinowski (1922) que observou a cultura dos habitantes das Ilhas Trobriand a fim de observar as suas práticas, comportamentos e cultura, o que contribuiu para dissolver a percepção de superioridade e de evolucionismo entre os povos, além de romper com o distanciamento do(a) pesquisador(a) do objeto de pesquisa, já que, para ele(a), a cultura deve ser observada de dentro (Malinowski, 1922; Ataídes et al., 2021).
A partir do antropólogo Malinowski (1922) e de tantos outros(as) pesquisadores(as), a etnografia foi se constituindo um método consideravelmente utilizado na pesquisa qualitativa. E, apesar das divergências sutis entre os(as) autores(as) que atuam com o método etnográfico, Geertz (1989) apontou que existe uma compreensão comum de que a etnografia se refere ao estudo, investigação e aprendizado das culturas, práticas e dinâmicas sociais a partir da perspectiva dos próprios grupos visando entender os significados atribuídos pelos indivíduos às suas ações e aos contextos nos quais estão inseridos.
De acordo com Geertz (1989), o trabalho etnográfico consiste em produzir uma “descrição densa” que vai além das aparências para capturar as camadas de significados presentes nos fenômenos sociais. Essa abordagem é fundamentada na imersão do(a) pesquisador(a) no campo de estudo, permitindo uma compreensão aprofundada do ponto de vista dos(as) participantes e rompendo com o viés ético (externo) para o êmico, ou seja, aquele que parte de dentro (Green et al., 2005).
Em sintonia, de acordo com Spreadley (1979), a etnografia busca desvendar os significados da vida cotidiana das comunidades a partir da perspectiva interna dos próprios grupos, evitando as distorções frequentemente provocadas por abordagens externas que tentam interpretar esses fenômenos de maneira alienada.
Como metodologia de pesquisa qualitativa, a etnografia é ferramenta poderosa para captar nuances dos fenômenos sociais e culturais. Enquanto a pesquisa qualitativa fornece o arcabouço interpretativo para estudar o significado das experiências humanas, a etnografia oferece uma metodologia específica para explorar em profundidade os contextos socioculturais nos quais esses significados emergem. Assim, a pesquisa qualitativa e a etnografia se complementam, promovendo uma compreensão mais rica e contextualizada das dinâmicas humanas.
Na prática, a etnografia envolve várias possibilidades de coleta de dados, como a observação participante, entrevistas abertas, análise documental e registro detalhado das interações sociais em formas e conteúdos verbais, não-verbais, comportamentos, padrões de ações, registros e documentos (Ludke & André, 1986). Contudo Flick (2009) destacou que o papel do(a) pesquisador(a) na etnografia não é apenas observar, como também interpretar e reconstruir os significados compartilhados pela comunidade estudada.
Desse modo, o objetivo da etnografia é construir um retrato rico e contextualizado do fenômeno em análise ao enfatizar a singularidade e a complexidade das interações humanas. Para tanto, é substancial que o problema de pesquisa seja flexível, permitindo que seja refinado a partir da imersão do(a) pesquisador(a) na comunidade. Além disso, o contato do(a) pesquisador(a) com a comunidade deve ser o mais próximo e genuíno possível. Ainda, recomenda-se que o(a) pesquisador(a) tenha familiaridade com outras comunidades, o que facilita a compreensão das definições e significados atribuídos a determinados conceitos dentro do grupo estudado (Ludke & André, 1986).
E, embora a etnografia permita e incentive a interação de trocas de significados entre pesquisador(a) e pesquisado(a), como desvantagem temos a tendência do(a) pesquisado(a) mudar o seu modo de agir por causa da presença do(a) pesquisador(a), invasão de privacidade, problemas éticos, possibilidade do(a) pesquisador(a) perder o foco, bem como o longo período em campo, o que pode acarretar em mais gastos e tempo (André, 2012).
Conceitos da autoetnografia
Consoante Ellis, Adams e Bochner (2011), a autoetnografia combina características da autobiografia e da etnografia, pois analisa a experiência pessoal com o objetivo de gerar insights sobre as práticas culturais e sociais. Esse método permite que o(a) pesquisador(a) seja, simultaneamente, sujeito e objeto de investigação ao proporcionar uma perspectiva única e reflexiva sobre os fenômenos investigados.
A autoetnografia enfatiza a escrita narrativa e reflexiva, explorando as interseções entre o pessoal e o coletivo. Como apontado por Richardson (2000), a escrita autoetnográfica vai além da descrição, uma vez que essa escrita é uma prática de análise crítica que revela como as experiências individuais estão profundamente enraizadas em contextos socioculturais específicos. Assim, a autoetnografia não é apenas uma ferramenta para explorar o “eu”, como também um meio de compreender como as identidades, relações e práticas são construídas e negociadas dentro de contextos culturais.
Esse método apresenta algumas vantagens, como a possibilidade de acessar camadas mais profundas de significado e de oferecer uma visão autêntica sobre os fenômenos subjetivos. No entanto, também enfrenta desafios, como a necessidade de equilibrar a subjetividade do(a) pesquisador(a) com a rigorosidade analítica. Para tanto, Ellis et al. (2011) destacaram que a autoetnografia exige um alto grau de honestidade e reflexividade, além de uma escrita que conecte o pessoal ao social de maneira significativa.
Continuando, a autoetnografia, portanto, é um método de pesquisa qualitativa usado com o escopo de investigar os fenômenos humanos em suas dimensões mais complexas. Enquanto a pesquisa qualitativa proporciona o arcabouço metodológico para explorar as experiências e significados, a autoetnografia oferece uma abordagem inovadora e reflexiva que une o pessoal ao coletivo, promovendo uma compreensão rica e contextualizada das dinâmicas socioculturais.
Enquanto na etnografia tradicional, já comentada acima, o(a) pesquisador(a) age como um estranho que observa de fora, focando em culturas e sociedades diferentes da sua, na autoetnografia o foco é exatamente na experiência do(a) investigador(a). Essa peculiaridade permite uma compreensão mais contextualizada e nuançada dos fenômenos culturais, além de alcançar informações que os outros métodos de pesquisa não alcançariam (Ademowo, 2023).
O primeiro ao usar o termo “autoetnografia” foi o antropólogo americano Karl Heider em 1975 para se referir ao relato que os alunos faziam sobre si mesmos, ao serem perguntados sobre o que faziam. Em seguida, David Hayano (1979) escreveu sobre as descobertas de Heider e criou uma distinção clara entre autoetnografia e etnografia (Mattos, Santos & Grion, 2024). E, em 1995, Carollyn Ellis utilizou o termo “autoetnografia” no livro Final Negotiations: A Story of Love, Loss, and Chronic Illness, no qual combinou a observação etnográfica e narrativa pessoal a fim de descrever a sua experiência acompanhando uma pessoa com uma doença crônica (Ademowo, 2023).
Desse modo, foi Hayano quem delimitou o termo e significado, mas foram Carollyn Ellis e Arthur Bochner que ampliaram o uso do autoetnografia promovendo-a como método de pesquisa transgressora e que rejeita as formas tradicionais de escrita etnográfica (Mattos, Santos & Grion, 2024).
No artigo Good Autoethnography, os editores da revista Journal of Autoethnography Adams e Herrman (2023) descreveram os critérios utilizados para criticar e avaliar manuscritos autoetnográficos e, para tanto, enfatizaram os componentes centrais da autoetnografia, no caso o “auto-”, o “-etno-” e o “-grafia”.
Estritamente, a parte “auto-” da autoenografia refere-se a experiência vivida e a subjetividade do(a) pesquisador(a). Nesse ponto, Adams e Herrmann (2023) foram objetivos ao delimitar que os manuscritos de autoetnografia que falam sobre a experiência de outras pessoas ou possuem poucas páginas sobre a experiência pessoal do pesquisador não podem ser definidos como autoetnografia. Portanto, a experiência pessoal é valiosa no projeto autoetnográfico e é ela que oferece insights que não são possíveis em outros métodos.
No entanto, na pesquisa autoetnográfica, a experiência subjetiva deve estar impulsionada para fora, compondo a parte “-etno-”. Além disso, a pesquisa deve usar algumas técnicas etnográficas para identificar e descrever os fenômenos culturais. Já a parte da “-grafia” representa a escrita da pesquisa autoetnográfica. Os autores citados anteriormente enfatizaram que a escrita é um componente essencial da pesquisa etnográfica e autoetnográfica, ou melhor, a escrita nesse tipo de pesquisa não pode ser estéril e entediante, mas deve ser boa e fácil de ser decifrada e compreendida (Adams & Herrmann, 2023).
E, apesar da autoetnografia possuir vantagens, como a capacidade do(a) pesquisador(a) assumir a empatia como passo de pesquisa, confeccionar uma pesquisa narrada em primeira pessoa, possuir um aspecto transgressor e fornecer insights (Feitosa e Paiva & Oliveira, 2022), há certos limites e desvantagens, como a falta de privacidade, a ética durante a investigação, as críticas recebidas por ocupar um lugar ambivalente entre a ciência e a arte, bem como as dificuldades do consentimento informado e do compartilhamento dos resultados da pesquisa com pessoas próximas que fazem parte do universo pesquisado (Maia & Batista, 2020).
Conceitos da netnografia
Robert V. Kozinets, professor de marketing da Universidade Iorque de Toronto, foi quem apresentou uma abordagem metodológica para as pesquisas realizadas na Internet, conhecida como netnografia (Martins, 2012; Braga, 2013). Contudo, o termo “netnografia”, o qual corresponde a combinação das palavras net e ethnography, foi cunhado pelos pesquisadores norte-americanos Bishop, Star, Neumann, Ignacio, Sadunsky e Schatz em 1995 com o objetivo de descrever o desafio metodológico de preservar os detalhes da observação em campo etnográfico usando o meio eletrônico para acompanhar os indivíduos (Martins, 2012; Braga, 2013).
Desse modo, embora o termo “netnografia” não tenha sido cunhado por Kozinets (2014), ele foi um dos teóricos responsáveis pela popularização do termo netnografia e não é favorável ao uso de diversos termos semelhantes, pois acredita que a variação terminológica gera problemas. A nível histórico, Amaral, Natal e Viana (2008) observaram que o termo “netnografia” é mais utilizado por pesquisadores das áreas de marketing e administração; e “etnografia virtual” é o termo preferido nas áreas da antropologia e das ciências sociais.
Notadamente sobre o método netnográfico, diferentemente do(a) pesquisador(a) realizar a pesquisa in loco como no método etnográfico, anteriormente explicado, a pesquisa é realizada no meio virtual acompanhando os sujeitos e observando o objeto de estudo selecionado. No tocante à origem, a netnografia se originou através do desenvolvimento, popularização e apropriação das novas tecnologias da informação e da comunicação, pois surgiram outras formas de agregação social, como as comunidades virtuais, online ou eletrônicas (Corrêa & Rozados, 2017) e, consequentemente, um método afim para investigar as interações, percepções e crenças dos indivíduos nas comunidades.
Assim, a netnografia caracteriza-se pelo novo modo de compreender os fenômenos sociais contemporâneos por meio de um novo processo e técnica (Soares & Stengel, 2021). Consoante Kozinets (2014), a netnografia é uma forma especializada de etnografia. Em outras palavras, a netnografia se originou através da etnografia e, embora não se trate apenas de uma transposição metodológica, é impossível dissociá-las (Martins, 2012).
A netnografia, especificamente, emprega as interações mediadas por computador como base de dados para analisar e representar etnograficamente um fenômeno cultural no ambiente online e é adaptada para estudar fóruns, grupos de notícias, blogs, redes sociais etc. Para isso, exige que o netnógrafo acompanhe as transformações socioculturais e seus impactos, demonstrando criatividade para desenvolver soluções e métodos flexíveis que permitam explorar as atividades e o contexto de pesquisa (Soares & Stengel, 2021).
Relacionado a flexibilidade, a netnografia instaurou a transposição de espaço e tempo, já que expandiu a possibilidade para a “desterritorialização e atemporalidade” (Soares & Stengel, 2021, p. 4)de modo que as informações podem ser acessadas em qualquer lugar e tempo, ou melhor, as vivências humanas postadas/publicadas são expandidas em um contínuo virtual, em que nada é perdido ou apagado (Soares & Stengel, 2021).
Como método de pesquisa, a netnografia possui um passo a passo na sua aplicação e condução, como 1) a construção da pergunta de pesquisa; 2) identificação do público da internet a ser estudado; 3) a inserção a campo por meio de observação participante ou coleta de dados; 4) análise dos dados; 5) redação e articulação dos dados com a teoria (Soares & Stengel, 2021).
A partir do exposto, é substancial ressaltar as semelhanças entre a netnografia e a etnografia, uma vez que a netnografia se originou através da etnografia. Logo, o escopo das duas é “mergulhar no modo de ver e pensar o mundo daquele grupo, a fim de poder falar sobre ele” (Martins, 2012, p. 1). Estritamente, a netnografia se assemelha à etnografia por apresentar as seguintes características: naturalista, imersiva, descritiva, multimétodos e adaptável (Kozinets, 2014). Em outras palavras,
a) é naturalista, pois possibilita o estudo das manifestações sociais que surgem espontaneamente no ambiente virtual;
b) é imersiva, pois proporciona ao pesquisador uma compreensão profunda de seu objeto de estudo;
c) é descritiva, pois busca retratar uma determinada realidade, com os seus significados culturais ocultos e artefatos relacionados (elementos gráficos, desenhos, símbolos, sons, fotos e vídeos);
d) é multimétodos, pois pode combinar diferentes instrumentos e técnicas de pesquisa, possibilitando novos insights através da triangulação;
e) é adaptável, pois pode ser empregada no estudo de diferentes ferramentas de comunicação mediada por computador, tais como fóruns de discussão, blogs, wikis, mundos virtuais, sites de redes sociais, podcasts, entre outras (Kozinets, 2010 apud Corrêa & Rozados, 2017, p. 3).
Mais sobre as semelhanças, a etnografia trata as comunicações como interações sociais, expressões carregadas de significado e artefatos culturais (Corrêa & Rozados, 2017) e, em sintonia, na análise netnográfica é levada em consideração não apenas as palavras usadas nas interações sociais, como também os elementos do fórum, características dos interlocutores, linguagem, significados, história e tipo de interação (Kozinets, 2010).
E, embora o método netnográfico possua vantagens, como maior rapidez; menor dispêndio de custos; facilidade na busca de dados, uma vez que estão publicados; amplitude da coleta e do armazenamento; ausência da necessidade de transcrição dos dados, pois já estão transcritos (Kozinets, 2002); maior conforto durante a pesquisa; investigação feita à distância e menor risco à saúde devido a práticas de higiene duvidosa, há também as desvantagens, como menor quantidade de informações advindas dos seus sentidos (Ferro, 2015) devido ao “mergulho” ocorrer apenas no virtual, ou melhor, o(a) pesquisador(a) limita-se apenas ao texto; dificuldade de confirmar a identidade e veracidade dos participantes; dificuldade de verificar a veracidade das informações postadas (Kozinets, 2002); exigência de alta especialização; dificuldade do consentimento informado; problemas de privacidade e confidencialidade; facilidade em perder o foco da pesquisa; e até mesmo necessidade de guardar os rastros digitais das interações entres os atores e os sistemas devido à rapidez e facilidade de atualização dos dados (Montardo & Passerino, 2006; Polivanov, 2013).
Discussões sobre semelhanças e diferenças entre os 3 métodos
A etnografia, a autoetnografia e a netnografia são métodos de pesquisa qualitativa que compartilham o objetivo de compreender os fenômenos sociais e culturais, embora apresentem diferenças significativas entre elas quanto ao foco, posição do(a) pesquisador(a) e contexto em que são aplicados. Essas abordagens destacam-se pela ênfase na subjetividade, na interpretação profunda e no reconhecimento da complexidade dos significados atribuídos pelos indivíduos às suas experiências, mas cada uma apresenta características metodológicas e epistemológicas específicas.
Por exemplo, a etnografia é um método tradicional que se concentra no estudo de grupos sociais e culturais em seus ambientes naturais, explorando comportamentos, práticas e crenças coletivas. O seu principal objetivo é compreender a partir do ponto de vista dos participantes, frequentemente por meio da observação participante, em que o(a) pesquisador(a) se insere no contexto estudado para vivenciar diretamente as dinâmicas sociais. Esse método é amplamente aplicado em comunidades, organizações e outros contextos presenciais, posicionando o(a) pesquisador(a) como um(a) observador(a) que busca interpretar o “outro” sem necessariamente integrar-se ao grupo como membro. Conforme Geertz (1989), a etnografia proporciona uma “descrição densa”, capaz de revelar os significados implícitos nas ações culturais.
Em síntese, a autoetnografia é utilizada como base para explorar questões culturais e sociais mais amplas. Essa abordagem combina elementos autobiográficos com análise crítica do contexto sociocultural, permitindo que o(a) pesquisador(a) seja simultaneamente sujeito e objeto da pesquisa. Ellis, Adams e Bochner (2011) destacaram que a autoetnografia conecta experiências individuais a práticas coletivas, além de promover uma análise reflexiva que transcende a simples descrição pessoal. Esse método é particularmente útil para investigar temas relacionados à identidade, pertencimento e exclusão, onde as vivências do pesquisador se tornam fundamentais para a construção do conhecimento.
Já a netnografia, desenvolvida por Kozinets (2014), adapta os princípios da etnografia especificamente para o ambiente digital, investigando interações, práticas e culturas que emergem em espaços virtuais. Diferentemente das outras abordagens, a netnografia utiliza dados provenientes de plataformas online. O(A) pesquisador(a) atua como observador(a) no ambiente digital e analisa as dinâmicas das interações mediadas por tecnologia. A netnografia é especialmente relevante em um mundo cada vez mais conectado, possibilitando a investigação de fenômenos contemporâneos que ocorrem exclusivamente no ciberespaço, como movimentos sociais digitais, práticas de consumo online e culturas de nicho.
Portanto, apesar de compartilharem semelhanças, como o foco no contexto sociocultural, o uso de métodos qualitativos e a flexibilidade metodológica, essas abordagens diferem em aspectos fundamentais. Por exemplo, a etnografia ocorre em campos presenciais e físicos, enquanto a autoetnografia parte do mundo interno do(a) pesquisador(a) para explorar as questões socioculturais, e a netnografia se concentra no ambiente notadamente virtual. Além disso, a posição do(a) pesquisador(a) varia, pois na etnografia, ele(a) é um observador(a) externo que se envolve com o grupo; na autoetnografia, é o sujeito central da pesquisa; e na netnografia, é um(a) observador(a) do mundo digital.
Essas diferenças tornam cada método adequado a contextos e objetivos distintos, ampliando as possibilidades da pesquisa qualitativa. Enquanto a etnografia oferece um olhar abrangente sobre os grupos sociais em suas interações cotidianas, a autoetnografia proporciona uma análise introspectiva e crítica e a netnografia permite explorar as dinâmicas socioculturais emergentes no ambiente digital. Em conjunto, essas abordagens enriquecem o campo da pesquisa qualitativa, promovendo uma compreensão mais ampla e contextualizada da experiência humana em suas múltiplas dimensões.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Já que processo de apreender conceitos, construir conhecimento e de fazer ciência pode ocorrer de formas distintas, por meio de pesquisas quantitativas e qualitativas, o objetivo do presente artigo foi conceituar, bem como realizar aproximações e distanciamentos entre três métodos, quais sejam, etnografia, autoetnografia e netnografia através da revisão narrativa de literatura a fim de facilitar os(as) discentes a aprenderem a pesquisar e os(as) docentes a ensinar como pesquisar.
Estritamente a respeito da pesquisa qualitativa, há métodos que cumprem a função de alcançar um objetivo, de compreender uma realidade ou fenômeno e de alcançar dados, informações e resultados. Esses métodos se direcionam a uma compreensão analítica, interpretativa e menos quantitativa dos fenômenos. A partir disso, conhecer e conceituar métodos distintos, torna-se fundamental para a construção de estudos qualitativos científicos mais precisos e com rigor metodológico.
Os três métodos estudados no escopo deste artigo, quais sejam, etnografia, autoetnografia e netnografia, apresentam aproximações e distanciamentos. Como aproximações, oferecem a possibilidade de compreensão de fenômenos sociais e culturais e reconhecem os significados e vivências atribuídos pelos participantes. Dentre os três métodos investigados, o método etnográfico configura-se como o mais tradicional, no qual desdobrou-se os demais métodos. Este método estuda grupos sociais ou culturais em seus ambientes com a finalidade de compreender aspectos coletivos dos comportamentos, crenças e práticas.
Ao passo que a autoetnografia se aproxima da experiência pessoal do(a) pesquisador(a) no ambiente social, de modo que ele(a) se insere como sujeito e objeto da pesquisa. Em um outro ambiente, virtual neste caso, a netnografia se insere na investigação de comportamentos, culturas e interações nos espaços digitais, como fóruns e redes sociais.
Dessa forma, além de compreenderem os fenômenos sociais, os três métodos investigam os ambientes e a influência destes nos comportamentos dos indivíduos, a fim de explorar os aspectos culturais e a influência destes nos sujeitos. As diferenças entre os métodos ampliam as possibilidades de investigação e enriquecem a compreensão sobre a cultura, o ser humano e a interação entre ambos.
Por fim, este estudo não pretende esgotar o tema nem abranger a ampla gama de autores relevantes nos métodos escolhidos. Seu objetivo é contribuir com discentes e docentes que estão em processo de aprendizagem da pesquisa ou que atuam cotidianamente no ensino e na pesquisa científica. Contudo, é importante destacar as limitações do trabalho, como a escolha restrita a três métodos e a utilização de um número reduzido de referências, visando manter a objetividade e o interesse do leitor. Para futuras pesquisas, sugere-se a análise de outros métodos, considerando as suas semelhanças e diferenças, bem como vantagens e desvantagens.
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1Mestra em Psicologia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). stella_msm@hotmail.com;
2Mestra em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). izadora_lemes@hotmail.com;
3Especialista em Gestalt-terapia pelo Institut Français de Gestalt-thérapie (IFGT). leandrodepaulopsicologo@gmail.com;
4Graduada em Psicologia pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). rafaellafreitasm@gmail.com;
5Especialista em Psicologia Hospitalar e Psicologia da Saúde pelo Conselho Regional de Psicologia (CRP – 4ª região). marinaabreupsi@gmail.com