PERFIL SOCIODEMOGRAFICO DE GESTANTES ADOLESCENTES DE UM MUNICIPIO NO INTERIOR DE PERNAMBUCO

SOCIODEMOGRAPHIC PROFILE OF ADOLESCENT PREGNANT WOMEN IN A MUNICIPALITY IN THE INTERIOR OF PERNAMBUCO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10203828


Emanuelle Joselia de Souza Bezerra1
Fabiane Nunes de Oliveira2
Laura Cristina Montenegro dos Santos3
Débora Rachel de Mendonça Andrade4
Bruna Victória Prado da Silva5
Marcella Lira de Melo Pimentel6
Laís Polyane Assis Gomes7
Givaldo Batista da Silva
Maria das Graças Andrade Gomes
Camerino Ferreira de Oliveira Neto10 
Mariane Nascimento Domingues11 
Isabela Regina Alvares da Silva Lira12
Thaís Abreu Santos Reggiani13
Dayvit Keffen dos Reis Vasconcelos14
Iara Bianca da Silva Cabral15
Cybele Herminio Leão 16


Resumo:

Atualmente a sexualidade na adolescência é algo curioso e atrativo, desenvolvida a partir de uma fase especial da vida, com inúmeras transformações hormonais que se exacerbam nos adolescentes pelas descobertas da própria sexualidade. Este artigo tem por objetivo descrever o perfil sociodemográfico das gestantes adolescentes do município de Gravatá-PE. Foi realizado um estudo epidemiológico com base nos dados do Sistema de Informação Sobre Nascidos Vivos e Sistema de Informação de Acompanhamento do Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento. Observou-se que a maioria das adolescentes gestantes estavam na faixa etária de 15 a 19 anos (> 96%), possuía baixo nível de escolaridade (98,51%), eram solteiras (68,20%) e de cor / raça parda (71,33%). A gestação quando ocorre na adolescência traz inúmeros prejuízos, que podem ocorrer a curto, médio e longo prazo, com reflexos em várias áreas da vida, como por exemplo a educação, comprometendo assim a qualidade de vida sua e do seu filho, no futuro.

Palavras-chave: Adolescente; Gravidez na adolescência; Gravidez.

1    Introdução

A adolescência é um período natural da vida, vivenciado entre a infância e a vida adulta, marcado por transformações no desenvolvimento psicológico, emocional, físico, sexual e social e pela vontade do indivíduo, que deseja fazer parte e contribuir, com a cultura e a sociedade em que vive. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a cronologia da adolescência vai dos 10 aos 19 anos de idade (EISENSTEIN, 2005).

1 Centro Universitário da Vitória de Santo Antão – UNIVISA. Discente do curso de Bacharelado em Enfermagem do Centro Universitário da Vitória de Santo Antão – UNIVISA emanuellejoselia789@hotmail.com . 2 Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Mestre Docente do curso de Bacharelado em Enfermagem do Centro Universitário da Vitória de Santo Antão – UNIVISA viegasjulyana@gmail.com .

No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), conforme a lei 8.069, define como sendo adolescentes pessoas na faixa etária de 12 a 18 anos de idade em seu artigo 2o (BRASIL, 1990). A adolescência vai delineando uma identidade sexual, familiar e laboral, permitindo que ele exerça determinados papéis dentro da sociedade (BRASIL, 2008).

Atualmente, a sexualidade é algo curioso e atrativo, desenvolvida a partir de uma fase especial da vida, com inúmeras transformações hormonais que se exacerbam nos adolescentes pelas descobertas da própria sexualidade. Onde a falta ou o pouco conhecimento destes, em relação à temática abordada estão diretamente relacionados com o aumento de gravidez precoce e infecções sexualmente transmissíveis (RIBEIRO et al, 2019).

A gravidez é um acontecimento excepcional, que marca a vida de todos os membros das famílias e, principalmente, a da mulher. Quando acontece na adolescência, geralmente agrega para a adolescente uma exposição maior de vulnerabilidades e riscos sociais tanto para as mães quanto para os filhos (MDS, 2019). Além dos riscos associados a complicações de saúde maternas propiciados pela gravidez precoce.

As transformações físicas e emocionais próprias da gestação, o pesar da responsabilidade por outro ser, requer uma maturidade psicológica, biológica, e socioeconômica, que são necessários para garantir suas necessidades e as do filho, que geralmente ainda não existe nessa fase da vida, e traz consigo consequências que irão perdurar por toda vida (MDS, 2019).

A gravidez na adolescência tem despertado o olhar das políticas públicas em todo o mundo, inclusive no Brasil, conforme podemos observar na lei n° 13.798, que institui a semana nacional de prevenção da gravidez na adolescência, em razão das suas altas taxas de incidência e prevalência (BRASIL, 2019).

Segundo dados do Ministério da saúde, no país, de cada cinco bebês nascidos, um é filho de mãe adolescente. Diariamente ocorrem cerca de 930 nascimentos de bebês filhos de mães adolescentes e jovens, totalizando mais de 434,5 mil ao ano (BRASIL, 2020). Metade delas moram na região nordeste, e de cada cinco mães adolescentes, três não trabalham nem estudam (UNFPA, 2017).

Mesmo ocorrendo a diminuição dos números nos indicadores, que apontam a redução entre os anos de 2000 e 2018, cerca de 40% no número de bebês de mães

adolescentes (15-19 anos), e 27% em adolescentes menores de 15 anos, quando comparado com indicadores de países da América Latina e Caribe, o Brasil registra uma das maiores taxas, chegando a marca de 68,4 nascidos vivos para cada mil adolescentes e jovens (BRASIL,2020).

Dados do SINASC – Sistema de Informações Sobre Nascidos Vivos, mostram que nos anos de 2015 a 2018 o estado de Pernambuco registrou 108.293 crianças nascidas de mães adolescentes e o município de Gravatá atingiu o quantitativo de 887 nascimentos de filhos de mães adolescentes (DATASUS,2020). Diante do exposto, o presente estudo tem como objetivo descrever o perfil sociodemográfico das gestantes adolescentes do município de Gravatá-PE, a fim de corroborar com a literatura, visto que a gravidez na adolescência tem se apresentado como um problema de saúde pública em muitos países do mundo, inclusive no Brasil.

2        Metodologia

Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo de corte transversal do tipo ecológico. A população foi constituída por gestantes adolescentes que entraram nos registros do SISPRENATAL (Sistema de Informação sobre pré-natal) e SINASC (Sistema de Informação de Nascidos Vivos) no município de Gravatá-PE nos anos de 2017, 2018 e 2019.

Foram incluídas na pesquisa todas as gestantes adolescentes que tiveram seus registros notificados no SISPRENATAL e SINASC no município de Gravatá nos anos de 2017, 2018 e 2019, enquanto que foram excluídas do banco de dados, todas as notificações que não estejam de acordo com os parâmetros do trabalho (município de residência, idade, ou com informações duplicadas).

Inicialmente foi solicitado a Secretaria Municipal de Saúde de Gravatá-PE o banco de dados referente as informações de adolescentes gestantes registradas no SISPRENATAL E SINASC nos anos de 2017, 2018 e 2019, com todas as variáveis disponíveis. Posteriormente, foi realizada uma análise crítica dos dados no intuito de trabalhar as variáveis específicas do estudo.

Para análise dos dados foi construído um Banco de Dados no Microsoft Excel 2013 com as variáveis incluídas no estudo. Para análise desses dados, foram utilizadas medidas de tendência central (média) e de variabilidade (desvio padrão) para observar a dispersão entre as

variáveis coletadas, distribuídas em suas frequências absolutas e relativas e analisadas através de percentual simples.

O referido estudo segue os preceitos éticos da resolução n° 510 de 2016, que dispõe da não necessidade de aprovação do CEP/CONEP, em seu art. 1°, pois utiliza informações de acesso público, em concordância com a lei n° 12.527, de 18 de novembro de 2011, também pesquisa com bancos de dados, onde não é possível a identificação individual (MDS, 2016).

3        Resultados e Discussão

A análise dos dados permitiu identificar que nos anos de 2017 e 2018 a média de gestantes adolescentes foi de 211, o que corresponde respectivamente a 19,31% e 19,29% das gestantes registradas. Já no ano de 2019 houve uma redução de 3,04%, trazendo a média para 202,3.

A idade das adolescentes variou entre 10 e 19 anos, porém quando se observa especificamente a faixa etária constata-se que cerca de 96,21% das gestantes adolescentes encontram-se na faixa etária entre 15 a 19 anos de idade.

Esses dados vão ao encontro dos estudos realizados por (RIBEIRO et al, 2019) no município de Nova Iguaçu/RJ (80%) e (DAMACENA et al, 2018) em Guimarânia/MG (100%), onde a maior parte das adolescentes, pertencem a essa mesma faixa etária.

Tabela 1 – Características das gestantes segundo as variantes sociodemográficas. Gravatá-PE, 2017, 2018, 2019.

VariáveisN%
Faixa etária  
10 a 14233,78
15 a 1958496,21
Escolaridade  
Sem escolaridade00
Ensino fundamental59898,51
Ensino médio91,48
Ensino superior00
Estado civil  
Solteira41468,20
Casada233,78
União estável17028
Viúva00
Cor / raça  
Branca16427,01
Amarela10,16
Parda43371,33
Preta91,48

Fonte:DATASUS

Em relação aos resultados encontrados quanto à escolaridade, não houve nenhuma adolescente analfabeta e com nível superior, prevalecendo o nível fundamental com média de 98,51. Dados semelhantes foram encontrados no estudo realizado por (Arruda et al., 2018) no qual 66,67% das adolescentes possuem apenas ensino fundamental.

Sobre o estado civil foi possível observar que houve o predomínio de adolescentes solteiras (68,20%), seguida das que possuem união estável (28%), casadas (3,78%), não havendo nenhum registro de viúvas. Resultado análogo ao encontrado por (Aguiar et al., 2018) em seu estudo realizado em um município da região norte do Ceará, onde foi constatado que 80% das adolescentes eram solteiras.

Observou-se quanto a cor / raça mais prevalente foi a parda (71,33%), branca (27,01%), preta (1,48%) e amarela (0,16%). Desfecho similar ao obtido por (Ribeiro et al., 2019) em Nova Iguaçu/RJ, em que a maior prevalência foi a das adolescentes autodeclaradas pardas (48%).

4        Conclusões

Esta análise permitiu conhecer o perfil sociodemográfico das adolescentes gestantes do município de Gravatá-PE. Onde foi possível constatar que a gravidez na adolescência ocorre predominantemente na faixa etária de 15 a 19 anos de idade, e que a maioria das meninas possuía baixa escolaridade, eram solteiras e de cor parda.

Esses resultados, assim como os encontrados por autores 4,13,14,15 deixam bem evidente que a gestação quando ocorre na adolescência traz inúmeros prejuízos para essas meninas, que podem ocorrer a curto, médio e longo prazo com reflexos em várias áreas da vida, como por exemplo a educação, comprometendo assim a qualidade de vida sua e de seu filho, no futuro.

 Nesse sentido faz-se necessário que haja um olhar especial para esse grupo cheio de vulnerabilidades, por parte dos profissionais de saúde, em especial pelo profissional enfermeiro e pelas autoridades em saúde.

5        Referências

 

  1. Eisenstein E. Adolescência: definições, conceitos e critérios. Adolesc Saude. 2005;2(2):6-7.     Disponível                                                em: http://adolescenciaesaude.com/detalhe_artigo.asp?id=167. Acesso: 26 de agosto. 2020.
  • Brasil. Lei 8.069, de 13 de Julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília:     Ministério   da                       Justiça,   1990.              Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 26 de agosto. 2020.
  • Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde do adolescente: competências e habilidades. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2008. Disponível em:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_adolescente_competencias_habilid ades.pdf. Acesso em: 26 de agosto. 2020.
  • Ribeiro, W.A et al. A gravidez na adolescência e os métodos contraceptivos: a gestação e o impacto do conhecimento. Rev. Nursing (São Paulo) ; 22(253): 2990- 2994,jun.2019. Disponível em: http://www.revistanursing.com.br/revistas/253/pg98.pdf. Acesso em: 26 de agosto. 2020.

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  • Brasil. Lei 13.798, de 3 de janeiro de 2019. Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília:        Ministério        da         Justiça,        1990.                                         Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13798.htm. Acesso em: 26 de agosto. 2020.
  • Brasil. Ministério da Saúde. Banco de dados do Sistema Único de Saúde-DATASUS, Sistema de Informação Sobre Nascidos Vivos. Nascimento por residência da mãe – por idade da mãe segundo município 2015-2018. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinasc/cnv/nvpe.def. Acesso em: 19 de setembro de 2020.
  1. Brasil. Resolução 510, de 7 de abril de 2016. Ministério da Saúde. Conselho Nacional     de       Saúde.                   Disponível         em: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf. Acesso em: 21 de maio de 2021.
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  1. Arruda, G.T et al. Perfil das nutrizes adolescentes e características relacionadas ao aleitamento materno em uma cidade do sul do Brasil. Arq. Ciências saúde UNIPAR;                22(1):       23-26,jan.-abr.2018.tab.                    Disponível                                   em: https://www.revistas.unipar.br/index.php/saude/article/view/6255/3557. Acesso em: 20 de maio. 2021.
  1. Aguiar, F.A.R et al. Experiência da gravidez entre adolescentes gestantes. Rev. enferm. UFPE on line; 12(7): 1986-1996,jul.2018. Disponível em: Experiência da gravidez entre adolescentes gestantes | Rocha Aguiar | Revista de Enfermagem UFPE on line. Acesso em: 20 de maio. 2021.
  1. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades-Gravatá. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pe/gravata/panorama. Acesso em: 02 de junho de 2021.