SOCIODEMOGRAPHIC PROFILE OF ADOLESCENT STUDENTS IN THE PUBLIC SCHOOL SYSTEM OF MONTES CLAROS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202411300839
Nathan Alves de Souza¹; Carla Silvana de Oliveira e Silva¹; Leandro Felipe Antunes da Silva²; Rita de Cássia Caldeira Santos Goes³; Amanda de Andrade Costa¹; Rafael Fernandes Gomes¹; Juliane Costa Nere²; Wilson Ruas da Rocha Junior¹; Maria Fernanda Rodrigues Lima²; Adelia Dayane Guimarães Fonseca¹; Andreza Faria de Magalhães²; Micaela Santos Pereira²; Mariany Lara Rocha Lomes²; Ricardo Jardim Neiva¹; Marlete Scremin⁴; Marcos Gabriel de Jesus Rodrigues¹; Fernandez Fonseca Almeida¹; Renata Batista Rocha Aguilar¹; Lunny Anelita Pereira Souza².
Resumo
Objetivo: avaliar o perfil sócio demográfico de adolescentes de 10 a 16 anos das instituições de ensino públicas da cidade de Montes Claros, Minas Gerais. Metodologia: trata-se estudo epidemiológico, transversal e descritivo realizado com adolescentes entre 10 a 16 anos de ambos os sexos, regularmente matriculados no turno matutino e vespertino do ensino fundamental e médio da rede pública da cidade de Montes Claros, Minas Gerais. Para compor a amostra da pesquisa, um total de 63 unidades de ensino foram divididas em regiões da cidade: norte, sul, leste e oeste; posteriormente listou-se os números de escolares públicas, totalizando 77.833 escolares. Os diretores das escolas também assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido que autorizava a participação das instituições na pesquisa. Para a coleta de dados foi utilizado um questionário estruturado autoaplicável, com perguntas claras e objetivas que avaliou as características do perfil sócio demográfico (sexo, idade, cor da pele, renda familiar, questões socioambientais), A análise de dados foi feita com o Statistical Package for Social Sciences para Windows (SPSS, versão 20.0), o qual viabilizou a análise estatística descritiva, o projeto de pesquisa foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa com parecer consubstanciado número 1.503.680. Resultados: Observou-se maior percentual do sexo feminino (60%), os resultados encontrados evidenciam que os fatores sociodemográficos são diversificados devido englobar diferentes variáveis. No que se refere à distribuição de discentes de acordo com raça/cor, notou-se maior percentual de cor parda (57%), do total de pesquisados. De cor branca (18,7%), negro (17,3%), amarelo ou oriental (3,3%) e indígena (3,2%). Segundo os dados encontrados, houve prevalência de alunos com renda familiar mensal de até três salários mínimos, tanto renda mensal quanto renda dicotomizada sendo (83,9%) do total estudado. Conclusão:os fatores sociodemográficos englobam importantes variáveis, com achados importantes, devendo ser analisadas pelos profissionais da saúde como forma de avaliar potencialidades e meio de investigação para eventos relacionados a este perfil
Descritores: Adolescente; Perfil de saúde; Saúde do Adolescente.
Abstract
Objective: To evaluate the sociodemographic profile of adolescents aged 10 to 16 years from public schools in the city of Montes Claros, Minas Gerais. Methodology: this is an epidemiological, cross-sectional and descriptive study conducted with adolescents between 10 and 16 years of age of both sexes, regularly enrolled in the morning and afternoon shifts of elementary and high school in the public school system of the city of Montes Claros, Minas Gerais. To compose the research sample, a total of 63 teaching units were divided into regions of the city: north, south, east and west; Subsequently, the number of public schoolchildren was listed, totaling 77,833 schoolchildren. The school principals also signed the free and informed consent form that authorized the participation of the institutions in the research. For data collection, a self-administered structured questionnaire was used, with clear and objective questions that evaluated the characteristics of the sociodemographic profile (gender, age, skin color, family income, socio-environmental issues), Data analysis was performed using the Statistical Package for Social Sciences for Windows (SPSS, version 20.0), which enabled the descriptive statistical analysis. The research project was approved by the Research Ethics Committee with confirmed opinion number 1,503,680. Results: A higher percentage of females (60%) was observed, and the results show that sociodemographic factors are diversified due to the fact that they encompass different variables. Regarding the distribution of students according to race/color, there was a higher percentage of brown color (57%) of the total number of students surveyed. White (18.7%), black (17.3%), yellow or Oriental (3.3%) and indigenous (3.2%). According to the data found, there was a prevalence of students with a monthly family income of up to three minimum wages, both monthly income and dichotomized income (83.9%) of the total studied. Conclusion: sociodemographic factors encompass important variables, with important findings, which should be analyzed by health professionals as a way to assess potentialities and means of investigation for events related to this profile.
Keywords: Adolescent; Health profile; Adolescent Health.
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, é considerado criança, a pessoa com idade compreendida até 12 anos incompletos e adolescente entre 12 e 18 anos de idade.1-2 De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), adolescente é definido a pessoa com idade de 12 à 19 anos completos.3
A adolescência é um período que está compreendido entre infância e vida adulta, resultando na formação da identidade. Essa identidade é criada por meio das mudanças físicas, mentais, sexuais, relações sociais e esforços do indivíduo em alcançar seus objetivos, relacionados as expectativas da sociedade em que se encontram.1
Os adolescentes têm representação significativa no cenário mundial: somam 1,8 bilhão de pessoas, correspondendo a 24% da população global. No Brasil, o Censo de 2022 aponta para a existência de 13.674.961 de adolescentes de 10-14 anos, o que corresponde a 14,85% da população total.4-8
Nesse sentido, normalmente, os adolescentes não frequentam os serviços de saúde. Devido a resistência dos mesmos, alguns programas foram criados para proporcionar melhor assistência de saúde aos jovens. Pode-se citar o Programa de Saúde na Escola (PSE), criado pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério da Educação, com o objetivo de facilitar as ações de saúde no ambiente escolar. Este programa proporciona articulação entre escolas e serviços de saúde, oferecendo promoção de saúde, prevenção de doenças e apoio às condições clínicas dos educandos.4
A rapidez do processo de transição sociodemográfica impacta no trabalho de pesquisadores e gestores da área da saúde, porque torna-se difícil estabelecer um padrão de intervenções para determinado problema. Todas estas questões permitem compreender melhor o tema estudado, como também identificar essas variantes e chegar à conclusão procurada.5 Assim, avaliar o perfil sociodemográfico desta população é de grande relevância, porque compreende muitas variáveis que influenciam nos desfechos de saúde. Dentre a esta questão se enquadram: raça, idade, gênero, classe social, grau de instrução, questões ambientais em variados períodos de referência e espaço geográfico.
Sob o ponto de vista da saúde, o interesse em estudar essa população não se limita ao seu tamanho representativo na sociedade, mas sim ao fato de que tais indivíduos estão mais suscetíveis, nessa fase da vida, ao desenvolvimento de adoecimentos psíquicos, pois várias partes do cérebro ainda se encontram em um processo de amadurecimento.9 No entanto, no contexto da adolescência, a escola pode proporcionar um ambiente mediador e até promover ações visando à melhoria da qualidade de vida de seus alunos. Assim, com o conhecimento sobre como os adolescentes escolares concebem suas vidas, é possível um melhor entendimento sobre a saúde. Nesse contexto, o presente estudo objetiva avaliar o perfil sociodemográfico de adolescentes de 10 a 16 anos matriculados nas instituições de ensino públicas da cidade de Montes Claros, Minas Gerais.
Trata-se de um trabalho de pesquisa integrada maior intitulada: Influência de um programa de atividade física em adolescente com risco cardiovascular e apresenta um estudo epidemiológico, transversal e descritivo. Participaram do estudo, adolescentes entre 10 a 16 anos de ambos os sexos, regularmente matriculados no turno matutino e vespertino do ensino fundamental e médio da rede pública da cidade de Montes Claros, Minas Gerais. Para compor a amostra da pesquisa, um total de 63 unidades de ensino foram divididos em regiões da cidade: norte, sul, leste e oeste; posteriormente listou-se o número de escolares públicos, totalizando 77.833 escolares, quantificando assim o número de alunos matriculados. O tamanho da amostra assumiu o intervalo de confiança de 95% como um erro amostral de 5%. A seleção dos elementos dos conglomerados ocorreu de forma aleatória probabilística para que todos tivessem a mesma chance de serem escolhidos.
A participação dos adolescentes no estudo foi voluntária. Adotou-se, além do termo de consentimento encaminhado aos pais ou responsáveis os seguintes critérios de inclusão aos adolescentes: estarem regularmente matriculados nas turmas selecionadas; estarem presentes no dia de aplicação do instrumento; responderem integralmente ao questionário e idade de 10 a 16 anos. Os diretores das escolas também assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido que autorizava a participação das instituições na pesquisa.
Para a coleta de dados foi utilizado um questionário estruturado autoaplicável, com perguntas claras e objetivas que avaliou as características do perfil sócio demográfico (sexo, idade, cor da pele, renda familiar, questões socioambientais).
A análise de dados foi feita com o Statistical Package for Social Sciences for Windows (SPSS, versão 20.0), o qual viabilizou a análise estatística descritiva.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Montes Claros, Minas Gerais, conforme Resolução CNS n° 466/12, sob o parecer número 1.503.680.
RESULTADOS
Participaram do estudo 633 escolares. A organização e análise dos dados é um aspecto prioritário no desenvolvimento de uma pesquisa. A sistematização dos dados coletados se deu pela segregação dos mesmos, de acordo com as variáveis: sexo, cor/raça, renda mensal e renda dicotomizada.
A pesquisa foi constituída por 633 alunos, representando um total da população em estudo. De acordo com a tabela observou-se maior percentual do sexo feminino (60%), predominância de cor parda (57,5%) e maior número de discentes com renda mensal de até 3 salários mínimos (83,9%).
Tabela 1. Resultados da análise descritiva das variáveis sócio demográficas de discentes assistidos em escolas públicas na cidade de Montes Claros – Minas Gerais – Brasil.
Os resultados encontrados evidenciam que os fatores sociodemográficos são diversificados devido englobar diferentes variáveis. Estudar o perfil sociodemográfico é de extrema relevância porque através deste trabalho consegue-se nortear outros trabalhos, já que este perfil é composto por vários fatores. Esta questão se corrobora por outros autores que apontam que, os fatores sociodemográficos possibilitam a caracterização da população, o conhecimento dos papéis sociais que assumem e de que maneira essas características se relacionam a determinadas comorbidades.6
O período da adolescência é marcado por profundas mudanças biopsicossociais e culturais. Nesse sentido, a adolescência deve ser compreendida como categoria social, culturalmente construída, definindo, assim, formas singulares sobre o ser adolescente10, que são marcadas por diferentes contextos socioculturais. O ciclo vital da adolescência, como qualquer outra fase de desenvolvimento humano, deve ser considerado como um momento singular, particular e contextual, exigindo que o cuidado a esses indivíduos receba a atenção necessária às individualidades e à integralidade.
Trata-se de um público numericamente significativo, o que chama a atenção de organismos internacionais, tais como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), bem como do Ministério da Saúde do Brasil, que vêm elaborando políticas públicas, no sentido de assistir essa parcela da população, com a finalidade de assegurar seu adequado desenvolvimento biopsicossocial.11 No entanto, a população adolescente não está sendo contemplada no conjunto geral das políticas de atenção à saúde, conforme preconiza a lei. Embora ainda inexistam políticas exclusivamente voltadas à saúde do adolescente, há diretrizes que versam sobre a necessidade da integralidade da atenção e articulação intersetorial.12
Na presente pesquisa, observou-se predomínio do sexo feminino (60%) do total de participantes. A discrepância na configuração de acordo com o sexo também pode ser observada em outros estudos, a exemplo do estudo de Brunet, Chaput, Tremblay13 que em sua pesquisa com 61 escolares, encontrou 18 do sexo masculino e 43 do sexo feminino. De acordo com o estudo realizado pela Pesquisa Nacional de Saúde da Escola (2015) coordenada pelo IBGE, no Brasil tem-se maior predominância de escolares do sexo feminino equivalendo a 51,3%, e 48% correspondendo ao sexo masculino.
No que se refere a distribuição de discentes de acordo com raça/cor, notou-se maior percentual de cor parda (57%), do total de pesquisados. De cor branca (18,7%), negro (17,3%), amarelo ou oriental (3,3%) e indígena (3,2%).
Dados do IBGE ressaltam que os fatores socioeconômicos são imprescindíveis para a progressão física, psicológica e social das crianças e adolescentes. As discrepâncias socioeconômicas, por sua vez constituem um importante determinante social, tanto para esta faixa etária em estudo, quanto da população em geral.7 Segundo os dados encontrados, houve prevalência de alunos com renda familiar mensal de até 3 salários mínimos, tanto renda mensal quanto renda dicotomizada sendo (83,9%) do total estudado.
Nessa discussão, as Diretrizes Nacionais para a Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e Jovens reconhecem que os gastos de recursos públicos no atendimento de políticas públicas garantidoras da qualidade de vida dos adolescentes –notadamente as que privilegiem a energia e todo o poder criativo e inovador que os jovens têm a oferecer à sociedade –têm o condão de influenciar o desenvolvimento do País.14 Esses achados reforçam a importância da criação de políticas públicas no sentido de assistir essa parcela da população, com a finalidade de assegurar seu adequado desenvolvimento biopsicossocial.15
O presente estudo reforça que fatores sociodemográficos englobam importantes variáveis, com achados significativos, devendo ser analisadas pelos profissionais da saúde como forma de avaliar potencialidades e meio de investigação para eventos relacionados a este perfil. Foi observada associação estatística para sexo e questões socioeconômicas. As limitações deste trabalho estão conectadas ao tipo de estudo, o qual foi transversal, o que impossibilitou ligações de causa e efeito. Desta forma não foi possível identificar mudanças no perfil sociodemográfico em um determinado período de tempo. Nesse contexto, os dados do presente estudo são importantes, uma vez que, traçam caminhos para pesquisas e outros trabalhos. Espera-se que os resultados encontrados possam contribuir e auxiliar em novas análises acrescentando informações úteis e adequadas para inquéritos epidemiológicos.
REFERÊNCIAS
1-Quiroga FL, Vitalle MSS. Os adolescentes e suas representações sociais: apontamentos sobre a importância do contexto histórico. Physis 23 (3) • Set 2013.
2- Brasil. Ministério da Saúde; Secretaria de Atenção à Saúde. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: obesidade. Brasília: MS; 2014.
3- World Health Organization. Global nutrition targets 2025: childhood overweight policy brief [Internet]. Geneva: WHO; 2014 [cited 2024 Oct 20]. Available from: http://www.who.int/nutrition/publications/globaltargets2025_policybrief_overweight/en/
4- Vieira CENK, Dantas DNA, Miranda LSMV, Araújo AKC, Monteiro AI, Enders BC. School Health Nursing Program: prevention and control of overweight/obesity in adolescents. Rev Esc Enferm USP. 2018;52:e03339.
5-Carlot et al. Perfil sócio demográfico e de hábitos de vida da população de um município da região norte de Rio Grande do Sul, Brasil, 2015.
6- Costa CRB, Melo ES, Antonini M, Jesus GJ, Pontes PS, Gir E, Reis RK. Associação entre fatores sociodemográficos e comportamentais com a síndrome metabólica em pessoas vivendo com HIV. Revista Gaúcha Enfermagem. 2019;40.
7- IBGE -Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -IBGE. Pesquisa nacional de saúde do escolar: 2019. Rio de Janeiro: IBGE. 2021.
8. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira: 2020. Rio de janeiro: IBGE, 2023.
9. Rich, M, Tsappis, M, Kavanaugh, JR. Uso problemático de mídias interativas entre crianças e adolescentes: dependência, compulsão ou síndrome? In: K. S. Young, & C. N. Abreu (Orgs.). Dependência de internet em crianças e adolescentes: fatores de risco, avaliação e tratamento. Porto Alegre: Artmed, p. 7-31, 2019.
10. Brasil. Agência Nacional de Saúde Suplementar Diretoria de Normas e Habilitação dos Produtos. Gerência-Geral de Regulação Assistencial. Gerência de Monitoramento Assistencial. Coordenadoria de Informações Assistenciais. Manual de diretrizes para o enfretamento da obesidade na saúde suplementar brasileira [recurso eletrônico]. Rio de Janeiro: ANS, 2017.
11. Bueno, GN. Dependência de internet, ansiedade, depressão e uso de substâncias psicoativas na adolescência tardia, 2020. Tese (Doutorado). – Centro de ciências da saúde, Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva, da Universidade Federal do Espírito Santo. 2020. Disponível em: https://sappg.ufes.br/tese_drupal/tese_14733_Tese%20de%20Doutorado%20-%20George%20Nunes%20Bueno Acesso em 30 de mar. de 2023
12. Solha, RKT. Sistema Único de Saúde: Componentes, diretrizes e políticas públicas. 1ª ed. São Paulo 2014.
13. Brunet M, Chaput JP, Tremblay A. The association between low physical fitness and high body mass index or waist circumference is increasing with age in children: the ‘Québec en Forme’ Project. Int J Obes (Lond). 2007;31(4):637-43.
14. Brasil. Ministério da Saúde. Diretrizes Nacionais para a Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e Jovens na Promoção, Proteção e Recuperação da Saúde. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010.
15. OMS – Organização Mundial de Saúde (2019). Child and adolescent health and development. Genebra: OMS. Disponível em http://www.who.int/child-adolescent-health/ Acesso em: 10 de maio 2022.
¹Universidade Estadual de Montes Claros.
²Faculdade de Saúde e Humanidades Ibituruna.
³Centro Universitário do Norte de Minas.
⁴Universidade da Região de Joinville.