PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES ASSISTIDOS NO AMBULATÓRIO DO PROGRAMA DE INFECÇÃO SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEL HIV/AIDS NO MUNICÍPIO DE IMPERATRIZ NOS ANOS DE 2022 E 2023

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202411300703


Ana Clara Diniz Pereira
Maysa Batista Casanova
Rayssa Saraiva Batista
Orientadora:Profa. Andreia Nappo Dalla Libera Rego de Medeiros


RESUMO 

Introdução: Transcorrido mais de 35 anos desde a identificação do vírus do HIV, o qual constitui um fenômeno global e oscilante, a AIDS ainda se apresenta à frente de epidemias de diversas proporções regionais no Brasil. Decorrida das desigualdades sociais do cenário brasileiro, a propagação do vírus em questão, sendo inicialmente limitada às grandes cidades, hoje em dia há de apoiar-se na realidade precária de alguns municípios médios e pequenos no que condiz a propagação na população mais carente. Em conjunto com essa problemática, observa-se a reiterada dificuldade em analisar os pacientes acometidos por tal síndrome da imunodeficiência nessas áreas mais interiorizadas, uma vez que a falta de registro é marcante. À vista disso, urge a necessidade de abordar a temática do perfil epidemiológico nos pacientes assistidos no ambulatório do programa de infecção sexualmente transmissível HIV/AIDS no município de Imperatriz, para que assim, torne-se possível analisar e traçar estratégias de prevenção.  Objetivos:  Analisar o perfil epidemiológico dos pacientes assistidos no programa de infecção HIV/AIDS no município de Imperatriz, identificando aspectos sociodemográficos e clínicos dos indivíduos avaliados. Metodologia:  Foram selecionados os prontuários de pacientes com HIV/AIDS atendidos nos anos de 2022 e 2023 no ambulatório do Programa Municipal de Infecção Sexualmente Transmissível HIV/AIDS no município de Imperatriz, totalizando 634 prontuários como amostra. Após a seleção, foi desenvolvido um formulário na plataforma Google Forms com o objetivo de coletar informações individuais para serem aplicadas no estudo epidemiológico. Foi realizada a análise de alguns dados, sendo eles: ano de admissão no Serviço de Atendimento Especializado (SAE), ano de diagnóstico, sexo, faixa etária, escolaridade, orientação sexual, raça/cor, estado civil, residência (Imperatriz ou outro município), forma de transmissão, profissão e condições clínicas. Após a coleta de dados, foram traçados os percentis de cada característica, que foram apresentados nos resultados como tabelas construídas a partir de ferramentas de planilha do Excel e discutidos com referências encontradas nas bases de artigos disponíveis no Google Acadêmico, nas plataformas da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e SciELO. Resultados: O estudo observou que houve um aumento nas admissões de pessoas vivendo com HIV (PVHIV) em 2023 em comparação a 2022, sendo eles residentes no município onde se concentra o serviço ambulatorial de HIV/AIDS. A pesquisa revelou uma prevalência do sexo masculino em relação ao sexo feminino na população de pessoas vivendo com HIV/AIDS, além de uma maior incidência de diagnósticos na faixa etária entre 20 e 34 anos. Ademais, a via sexual foi o meio de transmissão mais observado na análise de dados, com a relação heterossexual sendo a mais prevalente. Considerações finais: O estudo traz dados recentes que contribuem significativamente para a integração de estudos epidemiológicos à prática clínica, auxiliando na abordagem de medicina fundamentada em evidências que guiem as decisões de saúde. Ademais, os achados estabelecem uma base sólida para o desenvolvimento de estratégias que priorizem a educação em saúde, para que transformem o cenário atual e assegurem um manejo mais eficaz da infecção pelo HIV. 

Palavras-Chave: Perfil epidemiológico; HIV; AIDS. 

 1. INTRODUÇÃO: 

A Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida (AIDS) é uma doença infectocontagiosa causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), um retrovírus intracelular obrigatório que adentra os linfócitos T, acometendo o sistema de defesa do organismo. Consequentemente, ele leva a uma fragilização do sistema imunológico do seu portador, que compõe um processo infeccioso lento com diversas repercussões clínicas (Aguiar et al., 2022). 

Tal enfermidade enquadra-se no grupo de infecções sexualmente transmissíveis, um conjunto de seis patologias transmitidas excepcionalmente por contato sexual, sejam eles oral, vaginal ou anal, de maneira desprotegida, tendo como agentes infecciosos grupos de microrganismos, vírus e bactérias. Essas doenças podem ocorrer também por meios indiretos, como transmissão vertical, no período gestacional das mães para com as crianças, ou também interação com mucosas ou até mesmo contato com fluídos corporais. (Brasil, 2018). 

Identificada pela primeira vez em 1981, nos Estados Unidos, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) marcou a humanidade à medida que vem representando, desde o seu surgimento, um fenômeno que se manifestou de forma global, determinada pelos diferentes comportamentos individuais e coletivos dos seres humanos. No Brasil, a referida doença deu-se nessa mesma década e foi marcada como uma epidemia, classificada como concentrada, uma vez que o vírus da imunodeficiência humana (HIV) superou a taxa de 5% em uma ou mais subpopulações (Brito; Castilho; Célia, 2001). 

Na atualidade, essa infecção ainda representa um problema grave na saúde pública, justificada pelo fato de a AIDS ser uma das causas mais comuns de morte entre adultos no mundo. No Brasil, estima-se que cerca de 718 mil pessoas estão vivendo com o HIV. Desses, apenas 83% conhecem seu diagnóstico e 56% estão em uso de tratamento antirretroviral (TARV), apesar dessa terapia ser disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 1996 (Castro et al., 2018; Rodrigues et al., 2022).  

A ocorrência epidêmica, que é configurada por um agrupamento de subepidemias regionais com múltiplas dimensões, vem sofrendo transformações epidemiológicas significativas, ultrapassando o âmbito único dos comportamentos humanos e passando a ser analisada por uma perspectiva socioeconômica. 

As desigualdades sociais no cenário brasileiro atual e a mudança na predominância das vias de transmissão são as grandes responsáveis por essa propagação e investigação mais multifacetada da infecção por HIV no País (Souza; Carmo; Welch, 2001). Isso porque, o que antes restringia-se aos grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro, e a práticas sexuais homossexuais de homens, hoje encaminha-se para os processos de heterossexualização, feminização e interiorização. Estando fortemente interligados, o aumento de transmissão heterossexual é um dos responsáveis pelo aumento em mulheres, a exemplo disso, aborda-se os pacientes estudados no período de 1996 a 2016 no município de Vilhena-RO, onde entre os 457 pacientes analisados, houve um aumento do número de casos em mulheres, em que a prevalência de infecção pelo HIV encontrada foi de 65% nas mulheres (IMAMURA et al., 2019). Observou-se ainda a pauperização, que seria o aumento dos casos em indivíduos com menor escolaridade, e a estabilização da faixa etária, a qual anteriormente abrangia pessoas mais jovens (Rodrigues et al., 2022).  

Nesse contexto, são colocados em discussão todos os estigmas que ainda permeiam essa doença, os quais, atualmente, criam um fenômeno social repleto de comportamentos negativos voltados a uma população que se acredita ser mais vulnerável à infecção do HIV, pautado na antiga prevalência de acometimento da doença. Todos esses fatores influenciam no atraso do processo de integração das populações acometidas pela infecção abordada ao sistema de saúde, levando a um atraso no diagnóstico e no tratamento, além de dificultar a prevenção de outras IST (SÃO PAULO. Secretaria Municipal de Saúde, 2024).  

Passados mais de 40 anos do início da pandemia de HIV/AIDS que se alastrou no território nacional, os perfis epidemiológicos dos portadores de HIV, que servem para analisar detalhadamente à saúde dessa população específica, ainda são desconhecidos ou escassos em municípios de pequeno e médio porte, apesar do aumento da contaminação nesses locais e na desaceleração dessa disseminação nas cidades grandes. Assim, o conhecimento mais integral da realidade das regiões brasileiras há de se obstaculizar e, consequentemente, prejudicar a prevenção e promoção à saúde adequada para controlar cada vez mais o HIV (SCHUELTER- TREVISOL et al., 2013). Visto isso, o imprescindível papel do estudo epidemiológico é ressaltado para garantir a melhoria na qualidade de assistência aos pacientes acometidos por essa enfermidade. 

Dessa forma, o presente trabalho provém da necessidade de analisar os dados dos pacientes assistidos no ambulatório do programa de infecção sexualmente transmissível HIV/AIDS a fim de ampliar e consolidar as intervenções de prevenção e promoção à saúde em Imperatriz, Maranhão. Isso porque a análise da situação permitirá a constatação dos pontos críticos que requerem uma solução imediata nesse município. 

Nesse sentido, o projeto apresentado contribuirá para a temática à medida que levantará dados de forma detalhada das características sociais, econômicas e demográficas, identificando as principais dificuldades e possibilitando traçar estratégias para viabilizar uma melhor qualidade de vida na região delimitada. 

O trabalho visa ainda disponibilizar a base de dados para eventuais estudos, melhorando assim os indicadores socioeconômicos relacionados a essa infecção na região, tendo em vista o melhor desempenho da promoção e prevenção a saúde a partir do reconhecimento do perfil epidemiológico. 

Destarte, essa pesquisa fundamentou-se na justificativa de produzir mecanismos e ferramentas para a abordagem segura e de forma excludente de tabus da temática, tendo como foco e fonte principal de pesquisa os pacientes assistidos no ambulatório do programa de infecção sexualmente transmissível HIV/AIDS no município de Imperatriz, para que assim, torne-se possível analisar e traçar estratégias de prevenção. Uma vez que, ainda, são altos os índices de acometidos com a patologia em questão e nos últimos tempos pouco se tem abordado a temática, algo contraditório mediante aos dados alarmantes. 

2. OBJETIVOS: 

2.1 Objetivo Geral: 

Analisar o perfil epidemiológico dos pacientes assistidos no programa de infecção HIV/AIDS no município de Imperatriz nos anos de 2022 e 2023. 

2.2 Objetivos Específicos: 

• Levantar dados sobre a infecção HIV/AIDS a partir do perfil dos pacientes avaliados; 

• Caracterizar o perfil epidemiológico dos pacientes atendidos no ambulatório do programa de infecção sexualmente transmissível HIV/AIDS; 

• Identificar no perfil epidemiológico os aspectos sociodemográficos e clínicos de indivíduos avaliados no ambulatório do programa de infecção sexualmente transmissível HIV/AIDS.     

3. REFERENCIAL TEÓRICO/ REVISÃO DA LITERATURA: 

O HIV é um retrovírus humano que pertence ao gênero Lentivirus e à família Retroviridae (Pieri; Laurenti, 2012). É o agente causador da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (AIDS), que possui o potencial de deprimir o sistema imunológico do hospedeiro (McMichael et al., 2010; Kahn; Walker, 1998). Seu alvo principal são os linfócitos T CD4+, além de afetar macrófagos e células dendríticas, desempenhando um papel fundamental na modulação imunológica e na resposta imune adaptativa. O retrovírus invade o interior dos linfócitos por meio da interação com as proteínas da membrana celular, resultando em uma disfunção que reduz a contagem de linfócitos T CD4+. Essa diminuição compromete o sistema imunológico, aumentando a suscetibilidade a infecções oportunistas, neoplasias e comprometimento do sistema nervoso central (Menezes et al., 2018). 

O retrovírus da imunodeficiência humana possui maior sensibilidade ao meio externo, sofrendo inativação por agentes físicos e químicos, com uma viabilidade de cerca de 1 hora fora do organismo humano (CDC, 2010; Brasil, 2010). Segundo Arakaki et al. (2006), a molécula de linfócito T CD4 é o principal receptor da superfície celular para o HIV, mas a descoberta de células suscetíveis à infecção viral sem a presença dessa molécula indica que outros receptores, como os correceptores CCR5 e CXCR4, também são funcionais na entrada do HIV na célula. Após a entrada na célula, o RNA viral é transcrito para DNA proviral, que se integra ao cromossomo celular e é utilizado na produção de novas partículas virais. Esse ciclo celular do vírus é fundamental para o desenvolvimento de estratégias de combate ao HIV. 

A AIDS representa o estágio mais avançado da doença e se configura, segundo os critérios de definição de caso (CDC adaptado), em pessoas que não estão em terapia antirretroviral (TARV) efetiva e que apresentam redução no nível de linfócitos T CD4+ (RODRIGUES et al., 2022). O marco definidor da AIDS é caracterizado por infecções oportunistas (como pneumocistose, neurotoxoplasmose, tuberculose pulmonar atípica ou disseminada, meningite criptocócica e retinite por citomegalovírus) e neoplasias (como sarcoma de Kaposi, linfoma não-Hodgkin e câncer de colo uterino em mulheres jovens), geralmente apresentando contagem de LT-CD4+ abaixo de 200 céls/mm³.  

Atualmente, é possível classificar o HIV por meio da análise filogenética das sequências nucleotídicas do vírus. Essa classificação consiste em uma hierarquia que engloba grupos, subtipos e formas recombinantes. Os tipos HIV- 1 e HIV-2 são considerados distintos e possuem uma distância filogenética significativa (Geretti, 2006). Segundo Levinson (2010), ambos os subtipos, HIV1 e HIV-2, possuem potencial de virulência para causar AIDS; no entanto, o HIV1 é encontrado em âmbito global, enquanto o HIV-2 é mais prevalente na África Ocidental. 

Como descrito pelo Ministério da Saúde (2018), em seu Protocolo Clínico e Diretrizes para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos, após a contaminação pelo HIV, segue-se um processo de infecção aguda que ocorre nas primeiras semanas, as quais são marcadas por uma replicação viral intensa. A primeira fase desse processo é a de eclipse, ela ocorre por cerca de dez dias e, durante esse período, o RNA viral é indetectável, fazendo com que os testes de detecção sejam ineficazes. A resposta imunológica que se estabelece nesse período é a inata. Esse processo faz com que células T sejam atraídas e, consequentemente, aumentem a replicação e levem a um pico de viremia por volta de 21 a 28 dias após a exposição ao HIV. 

A disseminação viral subsequente inicia-se nos linfonodos locais e estende-se sistemicamente, caracterizando a fase de expansão e disseminação sistêmica. Ocorre uma resposta imune que, a esse ponto da infecção, já é tardia e insuficiente para erradicá-la. Assim, na ausência de terapia adequada, procede-se a depleção de linfócitos T-CD4+ e a eventual progressão para AIDS, sendo este um processo lento e progressivo (Brasil, 2018). 

Esse mecanismo fisiopatológico está intrinsecamente relacionado com os aspectos clínicos que o paciente pode apresentar. Inicialmente, na infecção aguda, o indivíduo torna-se altamente infectante devido a alta carga viral do HIV e a depleção dos linfócitos T-CD4+, levando aproximadamente 2 a 4 semanas para expressar os sintomas, que costumam durar 2 semanas (Rodrigues et al., 2022). O conjunto de manifestações clínicas é denominado Síndrome Retroviral Aguda (SRA), uma condição autolimitada que pode incluir, segundo o Ministério da Saúde (2018), febre, astenia, adenopatia, faringite, exantema, mialgia, sudorese. Ademais, pode ocorrer esplenomegalia, letargia, astenia, anorexia, depressão, sintomas digestivos e manifestações neurológicas, como cefaleia e dor ocular e, mais raramente, meningite asséptica, neurite periferias sensitiva ou motora, paralisia do nervo fácil ou síndrome de Guillan-Barré.  

Após essa etapa, o vírus torna-se latente e a maiorias dos pacientes ficam assintomáticos, podendo persistir apenas uma linfadenopatia e alterações laboratoriais, sem grandes repercussões clínicas. Concluído esse episódio, eventos indicativos de infecção progressiva aparecem em forma de sintomas constitucionais, diarreia crônica, alterações neurológicas e lesões orais. Estas podem marcar a redução de linfócitos T-CD4+ para 200 a 300 cél/mm3. A partir disso, a doença inicia sua fase mais avançada, em que existe a manifestação de infecções oportunistas e neoplasias, as quais caracterizam a AIDS propriamente dita (Brasil, 2018; Rodrigues et al., 2022). 

Para realizar o diagnóstico da infecção pelo HIV, o Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV em Adultos e Crianças, do Ministério da Saúde (2018), define algumas estratégias de testagem que podem ser implementadas. Dentre os testes mais comumente usados para o diagnóstico dessa doença, estão os de imunoensaio (IE), que possui quatro gerações; há também os testes rápidos, que são IE simples obtidos por punção digital ou amostra de fluido oral, apresentando resultado em até 30 minutos; os testes moleculares são os mais eficazes para a confirmação diagnóstica, pois detectam infecções agudas; por fim, os testes complementares convencionais (western blot – WB, imunoblot – IB ou imunoblot rápido – IBR) são mais utilizados em indivíduos chamados controladores de elites, aqueles que conseguem manter a viremia em um nível de difícil detecção para os testes moleculares. 

O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos, do Ministério da Saúde (2024), aborda a importância de certos exames complementares para a abordagem inicial de pessoas vivendo com HIV (PVHIV), a fim de pesquisar comorbidades e coinfecções, avaliar o estado de saúde geral do paciente e a eficácia do TARV. Entre esses exames, pode ser realizado para todos os pacientes: contagem de LT-CD4+, carga viral de HIV, hemograma completo, glicemia de jejum, dosagem de lipídios, avaliação hepática e renal, teste imunológico para sífilis, testes para hepatites virais, IgG para toxoplasmose, prova tuberculínica (PT), radiografia de tórax. A genotipagem pré-tratamento é específica para certos públicos, como gestantes, casos novos com  coinfecção TB-HIV, pessoas que tenham se infectado com parceria em uso de TARV e crianças e adolescentes pré-tratamento com ARV. Ademais, pode ser realizada a sorologia para HTVL I e II e Chagas na triagem de indivíduos oriundos de áreas endêmicas. 

Como forma de realizar o diagnóstico definitivo de HIV, Pinto Neto et al. (2021) aborda que é necessário que o paciente apresente dois resultados positivos a partir de dois testes diferentes, que utilizaram metodologias distintas. Os testes válidos incluem as seguintes combinações: a primeira, ELISA de quarta geração (+) e carga viral HIV (PCR); a segunda combinação, ELISA de terceira geração (+) e carga viral HIV (PCR) (+); a terceira combinação possível, ELISA de terceira geração (+) e Western Blot HIV (+); e a quarta combinação cabível seria a utilização de TR1 (+) e TR2 (+) com carga viral (PCR) (+). 

Ainda referente ao abordado Protocolo do Ministério da Saúde (2024), realiza-se o monitoramento laboratorial da infecção por meio da contagem de LT-CD4+ e da carga viral, que é o exame padrão-ouro para monitorar a eficácia e a adesão da TARV. A frequência de solicitação desses dois exames é de acordo com a situação clínica do paciente.  

Conforme Greco (2016), em 1981, o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos evidenciou sua primeira descrição de infecção em jovens homossexuais, surgindo posteriormente uma grande epidemia de caráter letal entre a comunidade e revelando enormes dificuldades de manejo e terapias eficazes para o controle da afecção, demonstrando ainda disparidades de acessibilidade no controle epidemiológico e na disponibilização de medicações entre os países. 

O primeiro caso de infecção por HIV no Brasil foi registrado em 1980, na cidade de São Paulo, no entanto, o diagnóstico propriamente dito só foi feito dois anos depois, em 1983. Inicialmente, a transmissão foi observada em indivíduos que possuíam relações homossexuais, mas, posteriormente, foram identificadas outras formas de disseminação, como a transfusão sanguínea e o compartilhamento de agulhas entre usuários de drogas injetáveis (Godoy et al., 2008). De acordo com o Ministério da Saúde, em 1982, a infecção por HIV/AIDS era denominada a “doença dos 5H”, referindo-se a cinco grupos específicos: homossexuais, hemofílicos, haitianos, heroinômanos (usuários de heroína injetável) e hookers (profissionais do sexo). 

Atualmente, a infecção por HIV/AIDS não se restringe a um grupo específico de indivíduos, abrangendo uma ampla parcela da população, incluindo mulheres, jovens, crianças e homens envolvidos em relações heterossexuais. Ademais, é importante ressaltar que, além das vias sexual e sanguínea de transmissão, também foi observada a transmissão vertical, que ocorre da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou o aleitamento materno (Santos et al., 2002, p. 288; Goulart et al., 2021). 

Entretanto, apesar de acometer diversos grupos populacionais, grupos específicos ainda apresentam maiores taxas de contaminação, sendo esses formados por pessoas transexuais, que compreendem entre 17% e 37%; usuários de álcool e outras drogas, correspondendo a 5%; homens que fazem sexo com homens (18%); e profissionais do sexo, abrangendo 5%. Tais dados demonstram que o sistema de saúde ainda precisa adotar medidas mais abrangentes e eficazes a fim de reduzir essas disparidades entre os grupos populacionais mencionados, com enfoque não somente no tratamento, mas também na prevenção e educação em saúde, para que essas taxas continuem em declínio (Pinto Neto et al., 2021). 

As principais formas de transmissão compreendem as relações sexuais desprotegidas e a transmissão vertical, que ocorre da mãe para o filho durante a gestação e amamentação. O vírus HIV está presente nos fluidos corporais, podendo ser transmitido a partir da secreção vaginal, sêmen, sangue e lactação. Reconhecer as formas de contágio é essencial para endossar a necessidade de educação em saúde, sobretudo nas populações de risco, que estão vulneráveis à contaminação, garantindo, dessa forma, a redução da propagação por meio do acesso à informação. (Pinto Neto et al., 2021). 

Em território brasileiro, a epidemia de HIV/AIDS tem sido considerada estável. Desde 2012, as taxas de detecção de acometidos por HIV/AIDS vêm reduzindo progressivamente, com uma queda de 21,4 a cada 100.000 mil habitantes no ano de 2012 para 17,8 em 2018, o que significa que houve uma redução percentual de 16,8%. Essa redução pode indicar uma tendência para os próximos anos, sugerindo que as políticas públicas estão atuando de maneira eficaz, especialmente após a medida de incentivo ao tratamento universal, independente dos níveis de células T CD4+, implementada em dezembro de 2013 (Pinto Neto et al., 2021). 

Greco (2016) destaca que, no Brasil, o início do controle da afecção começou em 1985, por meio da colaboração entre a sociedade civil e a acadêmica, que fomentaram a criação do SUS em 1988 e, posteriormente, implementaram o Programa Nacional de Controle das DST/AIDS. Este foi um marco histórico mundialmente, tornando o Brasil o primeiro país a disponibilizar um tratamento direcionado para pessoas convivendo com HIV/AIDS, na saúde pública. Essa iniciativa teve um impacto significativo na história do país, estabelecendo-o como um modelo em políticas públicas de saúde, democratizando o acesso e mantendo o controle epidêmico.  

Segundo o Ministério da Saúde (2024), todas as pessoas que receberam o diagnóstico de HIV devem dar início ao tratamento com Terapia Antirretroviral (TARV), independente do nível de CD4, devendo ser iniciado no mesmo dia ou até sete dias após o diagnóstico. O tratamento visa prevenir a transmissão, reduzir a progressão da doença, a coinfecção por tuberculose, as comorbidades associadas e a morbimortalidade, além de aumentar a expectativa de vida. 

O Ministério da Saúde (2024) também informa que o esquema inicial de tratamento deve incluir três medicamentos contendo: dois inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleotídeos e uma terceira classe inibidora da integrase, inibidor da protease potencializado com ritonavir ou um inibidor da transcriptase reversa não análogos de núcleosídeos. 

O tratamento preferencial consiste na combinação de tenofovir, lamivudina e dolutegravir. Caso haja intolerância ou contraindicação ao dolutegravir, recomenda-se a substituição por darunavir/ritonavir ou efavirenz. Em casos de intolerância ou contraindicação ao tenofovir, é possível a substituição por abacavir, desde que o teste HLA-B*5701 seja negativo, pois esse alelo está relacionado à hipersensibilidade ao medicamento abacavir (Ministério da Saúde, 2024). 

O regime de tratamento consiste no uso de duas pílulas, cuja tolerância é bem estabelecida e apresenta mínimas interações medicamentosas. Isso é encorajador para os profissionais de saúde, uma vez que a resistência aos inibidores da integrasse geralmente é baixa. No entanto, uma minoria da população relata de efeitos colaterais adversos, como insônia e cefaleia (Pinto Neto et al., 2021). 

De acordo com Carvalho et al. (2017), a adesão ao tratamento é um processo de responsabilidade do paciente e ocorre de forma dinâmica, variando conforme a faixa etária e as especificidades de cada idade, dependendo da confiança e do vínculo estabelecido entre a equipe de saúde e o paciente. Para alcançar os objetivos terapêuticos, é fundamental uma supressão máxima da carga viral, sendo a adesão satisfatória essencial para a eficácia do tratamento. Essa questão deve ser abordada desde a primeira consulta, contribuindo para a melhoria dos indicadores de saúde e desempenhando um papel crucial na manutenção da saúde pública (Pinto Neto et al., 2021). 

O Ministério da Saúde (2024) relata que as pessoas vivendo com HIV podem receber todas as imunizações presentes no Programa Nacional de Imunizações, desde que não apresentem imunodepressão agravada. É considerado prudente postergar a administração de vacinas com agentes vivos em pacientes sintomáticos, para que o caso não se exacerbe com CD4 inferior a 200 células/mm³. 

É evidente que a alta prevalência de casos de HIV/AIDS e a subnotificação destes levam a repercussões negativas no combate dessa patologia. Por isso, surgiu a necessidade de implementar medidas que possibilitariam o acesso da população brasileira à serviços que viabilizem o diagnóstico e a prevenção do HIV e das demais Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s). Assim, em 1998 foram feitos os Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), a partir da Política Nacional de DST/AIDS implementada em 1988 (Silva; Santos, 2023). 

O CTA é um serviço imprescindível para as pessoas acometidas pelo HIV/AIDS, visto que está inserido em um conjunto de estratégias de prevenção, aconselhamento e diagnóstico para esses pacientes. Esses aconselhamentos são realizados pré e pós-teste, para gestantes, casais soropositivos e sorodiscordantes, fornecendo orientações e atendimento por livre demanda ou encaminhamento. As ações preventivas baseiam-se em campanhas, que podem ser feitas em parcerias com outras instituições, além da oferta de insumos, como preservativos. Todas essas atividades são realizadas com a equipe multidisciplinar do Serviço de Assistência Especializada (SAE), que presta assistência ambulatorial por meio de um atendimento que visa ser integral (Brasil, 2020). 

Devido a essas políticas públicas para o controle da infecção pelo HIV, o Brasil é visto como destaque no contexto mundial, sendo ainda o primeiro país do mundo a fornecer acesso gratuito à TARV. Apesar disso, ainda é possível se deparar com pessoas vivendo com HIV (PVHIV) afetadas por condições de vida desfavoráveis, fato esse associado principalmente ao diagnóstico tardio. Tal adversidade há de ter repercussão social, visto que contribui para a perpetuação e aumento da transmissão da doença, além do pior prognóstico, uma vez que atrasa o  início do TARV. (Silva; Santos, 2023).    

4. METODOLOGIA: 

4.1 População/Amostra 

A pesquisa tem como ambiente principal o ambulatório do Programa Municipal de Infecção Sexualmente Transmissível HIV/AIDS no município de Imperatriz, Maranhão. Esse Programa é referência em Imperatriz e na região pela prestação de serviços, atendendo uma ampla gama de pacientes, tanto residentes quanto oriundos de municípios próximos. O presente estudo tem como população-alvo todas as pessoas vivendo com HIV/ AIDS atendidos nesse local, que apresentavam a referida doença e foram admitidas no Serviço de Atendimento Especial (SAE) nos anos de 2022 e 2023. 

Com essa finalidade, utilizou-se como fonte de coleta de dados os prontuários fornecidos pela Instituição, resguardando o sigilo de cada paciente. Tendo em vista que foram disponibilizados todos os registros e informações dos pacientes ativos no Programa, tornou-se necessário aplicar os critérios de inclusão e exclusão, resultando em um total de 634 prontuários. O critério de inclusão considerado foi a data de admissão no SAE nos anos de 2022 e 2023, enquanto o de exclusão foi todos os prontuários que estavam fora do período de consulta ou inativos. 

Para a análise dos dados obtidos nos prontuários, foi desenvolvido um formulário na plataforma Google Forms com o objetivo de coletar informações individuais para serem aplicadas no estudo epidemiológico. As informações coletadas incluíram: ano de admissão no Serviço de Atendimento Especializado (SAE), ano de diagnóstico, sexo, faixa etária, escolaridade, orientação sexual, raça/cor, estado civil, residência (Imperatriz ou outro município), forma de transmissão, profissão e condições clínicas. Essas categorias abordaram os seguintes indicadores: 

• Ano de admissão no Serviço de Atendimento Especializado (SAE): 2022 e 2023; 

• Ano de diagnóstico: indicador individualizado de acordo com o ano que o paciente foi diagnosticado, podendo abranger qualquer ano; 

• Faixa etária: menos de 1 ano, 1 a 4 anos, 5 a 9 anos, 10 a 14 anos, 15 a 19 anos, 20 a 34 anos, 35 a 49 anos, 50 a 54 anos, 65 a 79 anos, 80 anos e mais;  

• Escolaridade: analfabeto, ensino fundamental incompleto, ensino fundamental completo, ensino médio incompleto, ensino médio completo, ensino superior incompleto, ensino superior completo, ignorada; 

• Sexualidade: heterossexual, homossexual, bissexual, ignorado; 

• Raça/cor: branca, preta, amarela, parda, indígena, ignorado; 

• Estado civil: solteiro sem união estável, solteiro com união estável, casado, divorciado, ignorado; 

• Residência: imperatriz, outro município, ignorado; 

• Transmissão: relação sexual com homem, relação sexual com mulher, relação sexual com homem e mulher, transmissão vertical, transmissão sanguínea, ignorado; 

• Clínica: Foi analisado se o paciente era uma pessoa vivendo com HIV ou com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, se apresentava alguma doença associada no momento do diagnóstico ou durante o tratamento e, no caso das mulheres, se estavam gestantes ou não no período do diagnóstico. 

Após esse processo de obtenção de dados, estes foram transferidos para uma planilha do Excel e organizados em uma tabela. Essa mesma plataforma realizou a contabilização dos aspectos analisados em cada tópico do projeto, além da criação de gráficos para representar visualmente as informações obtidas. Por fim, realizou-se uma pesquisa avançada nas plataformas da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Google Acadêmico e Scielo e obteve-se artigos para realizar a discussão. 

4.2 Procedimentos:  

1. Definição do tema; 

2. Levantamento bibliográfico sobre o tema; 

3. Escrita e elaboração do projeto; 

4. Submissão do projeto à Comissão de Ética em Pesquisa (CEP); 

5. Aprovação da Comissão de Ética em Pesquisa (CEP); 

6. Coleta de dados no Programa Municipal de Infecção Sexualmente Transmissível HIV/AIDS de Imperatriz-MA utilizando formulário do Google Forms; 

7. Análise dos dados coletados em planilha no Excel; 

8. Caracterização do perfil epidemiológico por meio de apresentação gráfica; 

9. Discussão dos resultados comparando com outras referências; 

10. Elaboração do relatório final de projeto de pesquisa. 

4.3 Análise Estatística:   

Para realizar a análise de dados obtidos dos formulários no Programa Municipal de Infecção Sexualmente Transmissível HIV/AIDS de Imperatriz-MA, as informações foram armazenadas em uma planilha do programa Microsoft Office Excel e em seguida foram quantificadas por meio de uma análise estatística descritiva. Primeiramente as variáveis foram expressas em valores absolutos e percentuais e depois foram usadas para montar os gráficos apresentados. 

4.4 Aspectos éticos   

A pesquisa em questão passou por uma avaliação ética, sendo realizada mediante submissão e aprovação, em abril de 2024, do Comitê de Ética em Pesquisa, por meio do número 77529423.2.0000.5084 do Certificado de Apresentação de Apreciação Ética, sob o número do parecer 6.738.842. Como os dados foram extraídos de prontuários, sem contato direto com o paciente, excluiu-se a necessidade do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), sendo feito o Pedido de Dispensa do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 

O estudo cumpre e respeita os aspectos éticos exigidos, uma vez que está fundamentado e em conformidade com a Resolução N°466/ 2012 do Conselho Nacional de Saúde, o qual incorpora como princípios de bioética a autonomia, não maleficência, justiça e equidade. Dessa forma, o projeto garante a confidencialmente, proteção de imagem e privacidade dos pacientes cujos prontuário está sendo utilizado, não utilizando as informações para prejuízo da pessoa e para outro aspecto que foge do objetivo da pesquisa. Além disso, possui relevância social, tendo uma destinação sócio-humanitária, e utiliza os métodos adequados para responder às questões estudadas. 

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO: 

A presente pesquisa realizou a análise de variáveis dos pacientes assistidos no ambulatório do Programa de Infecção Sexualmente Transmissível de Imperatriz-MA nos anos de 2022 e 2023, buscando traçar o perfil epidemiológico de HIV/AIDS. Foram encontrados um total de 634 prontuários, sendo este o número de casos totais notificados nesse período. 

5.1 Ano de admissão no Serviço de Assistência Especializada 

O Serviço de Atendimento Especializado (SAE) é uma unidade assistencial ambulatorial que funciona dentro do local de estudo, sendo responsável pelo vínculo do paciente que vive com HIV/AIDS com uma equipe multiprofissional, que o fornecerá uma abordagem integral ao longo essa enfermidade (Silva, 2007). É nesse local que as informações do paciente são inicialmente coletadas. 

Como demonstrado na Tabela 1 e no Gráfico 1, no período dos anos de 2022 e 2023 foram admitidos 634 prontuários no SAE, em que 311 (49,05%) correspondem a 2022, enquanto 323 (50,95%) correspondem a 2023, obtendo assim um aumento de 3,86%. De acordo com o Boletim Epidemiológico de HIIV e AIDS (Brasil, 2023), ao comparar os anos referentes ao período de 2020 a 2022, observou-se que o número de casos de infecção pelo HIV aumentou 17,2%, principalmente no Norte e Nordeste, sendo esta a região que Imperatriz está inserida. Assim, percebe-se uma tendência de aumento, fato também observado no presente trabalho. 

Tabela 1 – Distribuição dos prontuários quanto o ano de admissão no Serviço de Assistência Especializada (SAE) 

FONTE: dados da pesquisa, 2024 

Gráfico 1 – Distribuição dos prontuários quanto o ano de admissão no Serviço de Assistência Especializada (SAE) 

5.2 Ano de diagnóstico segundo ano de notificação (2022 e 2023)  

Em relação ao ano de diagnóstico, as variáveis são mais amplas, abrangendo um total de 17 anos diferentes. Como indicado na Tabela 2 e no Gráfico 2, nos anos de 2022 e 2023, que correspondem ao período de admissão analisado, registrou-se a maioria dos casos, totalizando 577. Dentre esses, 281 são referentes a 2022, representando 44,32%, enquanto 296 correspondem a 2023, ocupando 46,69%. 

Alguns anos apresentaram apenas 1 caso referente ao ano de diagnóstico, sendo eles 2004, 2007, 2008, 2011 e 2015, equivalendo a 1,6% do total, cada um deles. O ano de 2014 registrou 2 casos, correspondendo a 0,32%; em 2009 e 2012, foram 3 casos, com 0,47%; em 2013 e 2018, 4 casos, representando 0,63%; em 2017 e 2019, 5 casos, com 0,79%; em 2020, 7 casos, com 1,10%; em 2016, 8 casos, com 1,26%. Por fim, o ano de 2021 documentou 11 casos, totalizando 1,74%. 

Tabela 2 – Distribuição dos prontuários quanto o ano de diagnóstico segundo ano de notificação (2022 e 2023) 

FONTE: dados da pesquisa, 2024 

5.3 Sexo 

Segundo os resultados referentes ao sexo, descritos na Tabela 3 e no Gráfico 3, 72,87% da amostra, 462 prontuários, são correspondentes ao sexo masculino, enquanto 27,13%, 172 prontuários, ao sexo feminino. Assim, apesar do aumento significativo nos casos de mulheres infectadas pelo vírus HIV nos últimos anos, percebe-se que a prevalência ainda é maior entre os homens. 

O predomínio de indivíduos do sexo masculino segue uma tendência nacional no estudo realizado segue uma tendência nacional. Isso porque, de acordo com o Boletim Epidemiológico de HIIV e AIDS (Brasil, 2023), dos casos de infecção notificados no Brasil de 2007 a 2023, 345.069 (70,5%) eram homens e 144.369 (29,5%) eram mulheres. Refere-se ainda que houve um aumento dessa prevalência masculina ao longo dos anos, visto que em 2007 era de 14 homens para cada dez mulheres, passando a ser de 28 homens para cada 10 mulheres. 

Essa tendência crescente de acometimento do sexo masculino cenário é corroborada por Guerriero, Ayres e Hearst (2002), que destacam que a incidência entre homens está ligada a comportamentos mais arriscados, como a falta do uso de preservativos e a uma menor percepção de risco, resultando em uma maior vulnerabilidade à infecção pelo HIV. Ademais, a prevalência entre esse público pode estar relacionada à baixa procura desses indivíduos pelos serviços de saúde e à falha do sistema de saúde em não os abordar de maneira adequada em relação às doenças sexualmente transmissíveis (Ceratti, Vechi Corrêa, Silva et al., 2023). 

Tabela 3 – Distribuição dos prontuários quanto ao sexo 

FONTE: dados da pesquisa, 2024 

5.4 Faixa etária  

Conforme os dados apresentados na Tabela 4 e no Gráfico 4, no que se refere a faixa etária, o grupo de pessoas com a idade entre 20 e 34 anos apresentou a maior prevalência, totalizando 48,26% dos casos, com 306 prontuários. Em seguida, destaca-se a faixa de 35 a 49 anos, que corresponde a 226 da amostra, com 35,65%. Esses dois dados corroboram com a análise de Souza et al. (2023) e Rodrigues et al. (2022), os quais abordam a tendência de concentração de infecção por HIV em adultos e jovens com 20 a 49 anos, enfatizando os indivíduos adultos jovens dessa faixa etária. Portanto, um direcionamento de ações em saúde para esse grupo torna-se necessário. 

Com relação às faixas etárias menos prevalentes, em ordem decrescente, há os anos de 50 a 64 anos, com 69 prontuários (10,88%); 15 a 19 anos, contabilizando 18 casos (2,84%); 65 a 79 anos, com 11 registros (1,74%); 80 anos e mais, com 2 casos (0,32%). Por fim, os pacientes com a idade entre 1 a 4 anos e 5 a 9 anos representaram apenas 0,16% do total, com 1 caso cada. Não houve registros de pacientes na faixa etária menor de 1 ano e de 10 a 14 anos. 

Tabela 4 -Distribuição dos prontuários quanto à faixa etária 

FONTE: dados da pesquisa, 2024. 

5.5 Escolaridade  

No Brasil, um país ainda marcado pela falta de instrução e pela evasão escolar, é de suma importância realizar a análise sobre a escolaridade, visto que o maior o acesso à informação, especialmente sobre as Infecções Sexualmente Transmissíveis, resulta em cuidados mais eficazes para prevenir essas doenças (Aguiar et al, 2022). Ademais, a escolaridade pode ser utilizada como indicador socioeconômico, fato de extrema importância, visto que, desde o descobrimento da infecção pelo HIV, houve um processo de pauperização, caracterizado pelo aumento dessa doença em indivíduos com baixa escolaridade (Schuelter-Trevisol et al, 2013). 

No presente estudo, observou-se que esse processo se estabilizou. Conforme ilustrado na Tabela 5 e no Gráfico 5, a maioria dos casos está concentrada em pacientes com ensino médio completo, abrangendo 207 prontuários (32,65% do total), seguidos por aqueles com ensino fundamental incompleto, com 135 casos (21,29%). Outra variável com nível elevado é o ensino superior completo, compondo 16,40% da amostra, com 104 prontuários. Os demais elementos, que apresentaram valores mais baixos foram, em ordem decrescente: casos com escolaridade ignorada, com 44 ocorrências (6,94%); ensino superior incompleto, 43, correspondendo a 6,78%; ensino médio incompleto, com 41 casos (6,47%); ensino fundamental completo, 37 casos, representando 5,84%. Por fim, a menor taxa foi representada pelos analfabetos, com apenas 23 casos (3,63%). 

Tabela 5 – Distribuição dos prontuários quanto à escolaridade 

FONTE: dados da pesquisa, 2024. 

FONTE: dados da pesquisa, 2024. 

5.6 Sexualidade  

Os primeiros casos de HIV/AIDS que ocorreram no Brasil foram em indivíduos homossexuais. Atualmente, esse quadro mudou, não se restringindo a um grupo específico de exposição, sendo prevalente entre aqueles que apresentam comportamentos de risco, como sexo sem proteção e uso compartilhado de utensílios perfurocortantes (Godoy et al., 2008). Segundo Soares (2014, p. 61), a epidemia de HIV/AIDS se dividiu em três fases, sendo a última delas o aumento da transmissão em indivíduos heterossexuais, o que corrobora com os dados desta pesquisa, uma vez que a categoria heterossexual se encontra em maior número. 

A Tabela 6 e o Gráfico 6 definem que, dos 634 prontuários analisados, o percentual da população adepta a sexualidade heterossexual chegou a 44,48% (282 prontuários), desmistificando a ideologia de que a transmissão de HIV/AIDS seja restrita a um grupo específico. Entre os homossexuais, foram registrados 153 prontuários (24,13%), enquanto indivíduos bissexuais representam 8,52% (54 prontuários). Ademais, em 145 prontuários (22,87%), foi ignorado o questionamento sobre a sexualidade dos indivíduos. 

Tabela 6 – Distribuição dos prontuários quanto a sexualidade 

FONTE: dados da pesquisa, 2024. 

5.7 Raça/cor 

Foi constatado, como ilustrado na Tabela 7 e no Gráfico 7, que 417 (65,77%) dos prontuários correspondem a indivíduos da cor parda, 109 (17,19%) à cor branca, 73 (11,51%) à cor preta, 4 (0,63%) à cor amarela e 6 (0,95%) a indivíduos indígenas. Notou-se que 25 prontuários (3,94%) não continham informações sobre a cor/raça do paciente. 

Fry et al. (2007, p. 497-507) relatou que, nos últimos 10 anos, a maior ocorrência de infecções por HIV foi entre pessoas brancas, porém a incidência percentual desse grupo vem diminuindo. Em contrapartida, há um aumento significativo entre outras etnias, especialmente entre indivíduos pardos, indicando uma mudança no perfil epidemiológico da infecção e sugerindo que fatores sociais e econômicos influenciam a vulnerabilidade das populações. 

Tabela 7 – Distribuição dos prontuários quanto a raça/cor 

FONTE: dados da pesquisa, 2024. 

5.8 Estado civil  

Na Tabela 8 e no Gráfico 8 é ilustrado o estado civil dos pacientes que tiveram seus prontuários analisados. O estado civil que mais se destacou foi o de solteiro sem união estável, com o total de 445 prontuários (70,19%), seguido pelos casados 87 (13,72%), solteiro sem união estável 55 (8,68) e divorciados 15(2,37%). Notavelmente, 32 prontuários (5,05%) não apresentaram informações sobre o estado civil do indivíduo. 

Tabela 8 – Distribuição dos prontuários quanto ao estado civil 

FONTE: dados da pesquisa, 2024. 

5.9 Residência  

No tocante ao local/município de residência, a maioria (52,05%, correspondente a 330 prontuários) residia no município onde se localiza o serviço de saúde, como descrito na Tabela e no Gráfico 9. Ademais, 291 prontuários (45,90%), referem-se a indivíduos provenientes de outros municípios, enquanto 2,05% não informaram o local de origem.  

Segundo Brito et al. (2001), a epidemia do HIV, que inicialmente se concentrava nas grandes metrópoles, se disseminou ao longo dos anos para outras regiões, observando-se um processo de interiorização da doença HIV/AIDS, que não se iguala a magnitude da epidemia observada nas capitais e em grandes metrópoles. 

Tabela 9 – Distribuição dos prontuários quanto a residência 

FONTE: dados da pesquisa, 2024. 

5.10 Transmissão  

Em relação à essa variável, como apresentado pela Tabela 10 e pelo Gráfico 10, predominou-se a via sexual, com 563 casos (88,81%), destacando-se a relação sexual entre homens (49,37%, correspondente a 313 prontuários). Em segundo lugar, prevaleceu a relação sexual com mulheres, totalizando 200 prontuários (31,55%). Adicionalmente, 50 indivíduos (7,89%) relataram relações com ambos os sexos.  

A transmissão sanguínea foi responsável por apenas 1 caso (0,16%) . A transmissão vertical foi identificada em 4 casos (0,63%), fato que seguiu a tendência observada por Soares (2014, p.61), o qual atribuiu a diminuição da transmissão vertical às políticas de testagem e tratamento de gestantes. Por fim, 66 casos (10,41%) tiveram a forma de transmissão ignorada. 

Tabela 10 – Distribuição dos prontuários quanto a transmissão 

FONTE: dados da pesquisa, 2024. 

Uma vez que a via sexual foi altamente prevalente quando comparada com as outras, uma análise mais profunda desse aspecto foi realizada. A partir disso, foi perceptível uma prevalência da relação sexual heterossexual, resultando em 342 casos (60,92%). Esse dado corrobora com o que foi descrito por Soares (2014, p.61) ao relatar o aumento da transmissão heterossexual nos últimos anos, o que resultou em uma contaminação mais efetiva de mulheres.  

Em segundo lugar, observou-se a relação sexual homossexual, com 171 casos (30,38%). Nesta, destaca-se a via sexual de homens que fazem sexo com homens (HSH), representando 29,31% desse total, o que entra em concordância com o abordado pelo autor Rodrigues et al. (2022), o qual demonstrou essa maior incidência como consequência da transmissão em relações sexuais anais desprotegidas e do contexto sociocultural e político desfavorável para esse público. Como já analisado, a via pela relação bissexual somou 7,89%dos casos. 

Tabela 11 – Distribuição dos prontuários quanto a transmissão pela via sexual 

FONTE: dados da pesquisa, 2024. 

5.11 Profissão  

Pereira et al. (2016) descreve que as condições socioeconômicas, assim como um trabalho remunerado, são fatores essenciais para o processo de manutenção de adesão ao tratamento para HIV/AIDS. Ademais, como é abordado por Cassano; Frias; Valente (2000), as ocupações possuem uma grande relação com as classes sociais, as quais implicam em diferentes condições ambientais e comportamentos psicossociais. Assim, infere-se que o processo saúde-doença da infecção por HIV pode ter influência dos diferentes grupos ocupacionais, as quais, assim como a escolaridade, funcionam como indicador socioeconômico.  

Assim como mostra a Tabela 11 e o Gráfico 11, dentre as inúmeras profissões exercidas, onze ocupações apareceram com uma maior frequência nos prontuários, sendo elas: lavrador (12,93%), autônomo (a) (6,47%), estudante (5,84%), dona de casa (5,52%), desempregado (a) (4,73%), professor (a) (4,42%), vendedor (a) (2,68%), aposentado (a) (2,52%), serviços gerais (2,05%), doméstica (1,89%) e técnico de enfermagem (1,58%). 

Tabela 12 – Distribuição dos prontuários quando a profissão 

FONTE: dados da pesquisa, 2024. 

FONTE: dados da pesquisa, 2024. 

5.12 Aspectos clínicos 

Conforme relatado por Rodrigues et al. (2022), o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA/AIDS) são dois conceitos interligados, mas distintos. A AIDS, que é uma doença desencadeada pelo HIV, representa o estágio avançado do processo infectocontagioso causado por esse vírus. Essa condição acarreta diferentes e mais significativas repercussões clínicas quando comparado à de uma pessoa apenas soropositiva, sendo de extrema importância o seu diagnóstico preciso. 

Segundo os dados apresentados na Tabela 12 e no Gráfico 12, 456 dos prontuários do local de estudo correspondem a pessoas vivendo com HIV (PVHIV), ou seja, que são soropositivas, mas não desenvolveram a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA/AIDS), esse número corresponde a 71,92% dos casos. 19,24% dos casos são de pessoas que possuem a AIDS, com 122 caos. Ademais, 33 pacientes da amostra não indicavam a hipótese diagnóstica, disponibilizando apenas as informações provenientes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), as quais indicaram AIDS, totalizando 33%. Dos 634 prontuários analisados, 23 (3,63%) foram ignorados ou estavam inconclusivos. 

Tabela 13 – Distribuição quanto a doença diagnosticada no paciente (HIV/AIDS) 

FONTE: dados da pesquisa, 2024 

De acordo com os dados apresentados na Tabela 13, 14 comorbidades associadas ao HIV/ AIDS foram encontradas, representando 16,93% dos casos. A sífilis foi a comorbidade mais relacionada a essa doença, representando 11,83% dos casos analisados, com 75 prontuários. De acordo com o Ministério da Saúde (2018), a prevalência de sífilis entre as pessoas vivendo com HIV (PVHIV) é maior do que nas pessoas com HIV negativas. Essa aquisição de sífilis e outras IST em PVHIH confirma o comportamento sexual de risco e a falha na adesão às orientações de prevenção, podendo ser explicado pelo acesso limitado aos centros de saúde devido a questões econômicas e sociais, como a estigmatização.  

Entre as outras doenças, observou-se 1 caso (0,16%) de candidíase oral, herpes simples, neurocriptococose, leishmaniose visceral humana e peritonite bacteriana espontânea; 2 ocorrências (0,32%) de gonorreia, herpes zoster, tuberculose, neurotoxoplasmose e hanseníase; 3 casos de pneumonia; e 6 casos (0,95) de transtornos psiquiátricos, abrangendo transtornos mentais, dependência química ou alcoolismo. 

Tabela 14 – Distribuição quanto às doenças associadas ao quadro de HIV/AIDS 

FONTE: dados da pesquisa, 2024. 

O Boletim Epidemiológico de HIV e AIDS do Ministério da Saúde (2023) evidenciou que, no período de 2000 até junho de 2023 foram notificadas 158.429 gestantes /parturientes/ puérperas com infecção pelo HIV. Para esse público, é de extrema importância o diagnóstico precoce e as medidas de prevenção nesse momento, uma vez que essas são medidas eficazes para evitar a transmissão vertical. Como evidenciado na Tabela 14, em uma amostra de 172 mulheres, retiradas do número total de 634 prontuários, 33 delas estavam gestantes no momento do diagnóstico, totalizando 19,19%. 

Tabela 15 -Distribuição dos prontuários quanto a gestação no ano de diagnostico segundo sexo feminino 

FONTE: dados da pesquisa, 2024 

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS  

A pesquisa realizada destacou diversos grupos vulneráveis ao HIV/AIDS, sendo assim de extrema importância o monitoramento rigoroso dessa população. Os dados obtidos, incluindo a análise de 634 prontuários, indicaram um aumento de 3,86% na incidência de casos em relação a 2022. Essa situação ressalta a urgência de estratégias de intervenção voltadas para a educação em saúde, especialmente por meio de políticas públicas direcionadas. Os resultados evidenciaram ainda a discrepância entre o ano de diagnóstico e o de notificação, resultando em um quadro de subnotificação, que leva a um comprometimento da implementação de estratégias de saúde pública inovadoras e eficazes para reduzir a incidência de casos de infecção.  

Além disso, o sexo masculino demonstrou ser mais acometido do que o feminino. Esse fato é preocupante, pois indica que os homens não estão recebendo educação em saúde adequada, além de apresentarem uma baixa adesão a métodos preventivos, sejam eles métodos contraceptivos de barreira, PrEP ou PEP.  

A faixa etária mais afetada, entre 20 e 34 anos, concentra 48,26% dos casos. Assim, é possível afirmar que, na região analisada, o maior acometimento ocorre entre jovens em sua segunda e terceiras décadas de vida, sublinhando a necessidade de direcionar políticas de educação em saúde para esse grupo específico.  

Em relação ao estado civil, o público mais acometido foi o de solteiros sem união estável, sugerindo que esse grupo pode apresentar comportamentos de risco devido à ausência de apoio emocional, seguido pelo público casado, que corresponde a 13,72% do total de acometidos. Juntas, essas categorias formam as classes de estado civil mais afetadas. Essa alta prevalência de infecções entre solteiros (70,10%) também aponta para a importância de intervenções que abordem comportamentos de risco associados ao estado civil. 

Quanto às formas de transmissão mais prevalentes, observou-se que a maioria dos casos ocorreu por relações sexuais entre homens, com 313 acometidos, correspondendo a 49,37%. A segunda forma de transmissão mais comum foi a relação sexual com mulheres, com 200 acometidos, totalizando 31,55%. Reconhecer as dinâmicas de relacionamentos dos acometidos é fundamental para que a taxa de infecções diminua, uma vez que essa compreensão colaboraria para o desenvolvimento de campanhas de conscientização mais efetivas, assim como é importante para considerar as particularidades sociais de cada indivíduo. 

Os resultados desta pesquisa não apenas elucidam aspectos epidemiológicos, como também oferecem uma base para a formulação de estratégias de intervenção que visem à redução das taxas de infecção. A implementação de políticas públicas que promovam a educação em saúde, especialmente entre grupos vulneráveis, é crucial para modificar o panorama atual e garantir um manejo mais eficaz da infecção pelo HIV. 

Diante do exposto, conclui-se que, em concordância com os resultados obtidos por meio da coleta de prontuários e da análise epidemiológica nos anos de 2022 e 2023, é necessário realizar um monitoramento rigoroso da população vulnerável, assim como compreender as especificidades do público-alvo e seus fatores de risco.  

Além disso, é evidente a contribuição do trabalho na associação entre estudos epidemiológicos à prática clínica, promovendo uma medicina baseada em evidências que possa guiar decisões em saúde. Assim, será possível fomentar uma maior capacitação profissional para promover estratégias baseadas em evidências científicas robustas no enfrentamento da epidemia de HIV/AIDS. Desse modo, o cenário vigente poderá ser readequado, melhorando a qualidade de vida e o prognóstico das pessoas que convivem com o HIV.  

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Documentos Suplementares (Apêndice e Anexos): 

• Questionários de Pesquisa: 

Para a análise de dados dos prontuários foi criado um formulário no Google Forms para realizar o preenchimento conforme infromacao descrita no prontuário. Link para acesso: https://docs.google.com/forms/d/1-zc_cvbCeC7I6ZwROrQyJdSRncVkpDmxBCOAwQiVto/prefill.  

Pergunta 1: 

Ano de admissão no Sistema de Assistência Especializada 

(  ) 2022 

(  ) 2023 

Pergunta 2 

Ano de diagnóstico  

Pergunta 3 

Sexo  

(  ) Feminino 

(  ) Masculino  

Pergunta 4 

Faixa etária 

(  ) Menos de 1 ano 

(  ) 1 a 4 anos  

(  ) 5 a 9 anos  

(  ) 10 a 14 anos  

(  ) 15 a 19 anos  

(  ) 20 a 34 anos  

(  ) 35 a 49 anos 

(  ) 50 a 64 anos  

(  ) 65 a 79 anos  

(  ) 80 anos e mais  

Pergunta 5 

Escolaridade  

(  ) Analfabeto 

(  ) Ensino fundamental incompleto 

(  ) Ensino fundamental completo  

(  ) Ensino médio incompleto  

(  ) Ensino médio completo 

(  ) Ensino superior incompleto 

(  ) Ensino superior completo 

(  ) Ignorado 

Pergunta 6 

Sexualidade 

(  ) Heterossexual  

(  ) Homossexual 

(  ) Bissexual  

(  ) Ignorado 

Pergunta 7 

Raça/cor 

(  ) Branca  

(  ) Preta 

(  ) Amarela 

(  ) Parda  

(  ) Indígena 

(  ) Ignorado 

Pergunta 8 

Estado civil 

(  ) Solteiro sem união estável   

(  ) Solteiro com união estável   

(  ) Casado 

(  ) Ignorado 

Pergunta 9 

Residência 

(  ) Imperatriz  

(  ) Outro município  

(  ) Ignorado 

Pergunta 10 

Residência 

(  ) Relação sexual com homem   

(  ) Relação sexual com mulher   

(  ) Relação sexual com mulher e homem  

(  ) Transmissão vertical 

(  ) Transfusão sanguínea  

(  ) Ignorado 

Pergunta 11 

Profissão  

Pergunta 12 

Clínica 

• Protocolos de Coleta de Dados: 

Formulário utilizado pelo Serviço de Assistência Especializada (SAE) no ambulatório do Programa de Infecção Sexualmente Transmissível HIV/AIDS de Imperatriz, Maranhão, para coletar os dados epidemiológicos. 

FONTE: dos autores, 2024 

• Certificados de Ética em Pesquisa: 

FONTE: dos autores, 2024. Página 1 do Certificado em Ética e Pesquisa 

FONTE: dos autores, 2024. Página 2 do Certificado em Ética e Pesquisa 

FONTE: dos autores, 2024. Página 3 do Certificado em Ética e Pesquisa