PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS INTERNADOS POR TRANSTORNOS DE HUMOR NO MARANHÃO DE 2018-2022

EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF HOSPITALIZED PEOPLE FOR MOOD DISORDERS IN MARANHÃO FROM 2018-2022

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8263898


Ana Catarina Sousa Taveira¹; Bruna Denise Frazão da Silva²; Dmitri Gomes Fiterman³; Guylherme Fernando Fernandes Ferreira4; Jefferson Costa Pires5; Jhonantan Carlos de Oliveira Sousa6; João Mário Ferraz Bittencourt Lins7; Joice Olivia Medeiros Lima8; Laura Barreira Dias9; Leandro Belfort Miranda Lopes10; Rafaella Freitas Bloise¹¹; Gabriela Dantas Carvalho¹².


Resumo

Introdução: Os Transtornos de Humor (TH) são doenças com oscilação do humor de forma exagerada, intensa e duradoura. O estado do Maranhão oferece serviços de assistência em saúde mental, contudo, ainda são registrados dados expressivos acerca, o que evidencia a necessidade de maior cuidado das políticas publicas. Baseado nisso, busca-se caracterizar a população com TH no Maranhão no período de 2018 a 2020. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, epidemiológico, de série temporal. Foram selecionados dados de hospitais públicos e privados da rede de saúde do Maranhão acerca de TH (afetivo), no período de 2018 a 2022, e excluídos aqueles que falharam no envio de informações. Os resultados foram apresentados em gráficos e tabelas, expressos em números absolutos, percentuais, média, mediana, desvio padrão e coeficiente de variação. Resultados: O total de internações foi de 5.657, com média de 1.104 por ano. Apresentou média de 556,2 homens internados por ano e 547,8 mulheres internadas por ano. Houve predomínio de indivíduos brancos (n=2.048) com idade entre 30-39 anos. O tempo médio de permanência reduziu ao longo dos anos tendo terminado em 2022 com 43.1 dias em média. Conclusão: Essa análise é importante para que as autoridades de saúde possam planejar ações direcionadas ao público-alvo, fortalecendo a atenção básica. Isso inclui combater estigmas por meio de campanhas de conscientização e promover uma abordagem integrada e voltada para a comunidade, não apenas para o paciente.

Palavras-chave: Epidemiologia. Transtorno de humor. Saúde mental.

Abstract

Introduction: Mood Disorders (HT) are diseases with exaggerated, intense and lasting mood swings. The state of Maranhão offers mental health care services, however, significant data are still recorded about it, which highlights the need for greater care in public policies. Based on this, we seek to characterize the population with HT in Maranhão from 2018 to 2020. Methodology: This is a descriptive, epidemiological, time series study. Data from public and private hospitals in the Maranhão health network regarding HT (affective) were selected from 2018 to 2022, and those that failed to send information were excluded. The results were presented in graphs and tables, expressed in absolute numbers, percentages, mean, median, standard deviation and coefficient of variation. Results: The total number of hospitalizations was 5,657, with an average of 1,104 per year. It presented an average of 556.2 men hospitalized per year and 547.8 women hospitalized per year. There was a predominance of white individuals (n=2,048) aged between 30-39 years. The average length of stay has reduced over the years ending in 2022 with 43.1 days on average. Conclusion: This analysis is important so that health authorities can plan actions aimed at the target audience, strengthening primary care. This includes combating stigma through awareness campaigns and promoting an integrated, community-oriented approach, not just the patient.

Keywords: Epidemiology. mood disorder. Mental health.

1 INTRODUÇÃO

Após a Segunda Guerra Mundial, os movimentos de reforma psiquiátrica surgiram em vários países que questionaram as práticas manicomiais destinadas aos indivíduos com problemas mentais. Esses movimentos buscaram incentivar a reorientação dos cuidados de saúde oferecidos pelos sistemas de saúde​ (MICHELI, 2019)​. A partir dessa perspectiva, a Organização Mundial da Saúde em confluência à Comissão Global sobre saúde mental e desenvolvimento sustentável estipularam recomendações no intuito de estabelecer redes integradas e territorializadas de atenção à saúde mental ​(SAMPAIO & BISPO-JÚNIOR, 2021a).

Instituída há mais de duas décadas no Brasil, a lei nº 10.216, que aborda a proteção e direitos de pacientes com transtornos mentais, buscou em sua essência a humanização e o cuidado holístico dos indivíduos-alvo a partir das realidades de assistência particulares de cada território, sendo assim conhecida como Lei da Reforma Psiquiátrica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001 & SILVA et al., 2020)​. Por conseguinte, a Política Nacional de Saúde Mental em vigor é marcada por uma sucessão de mudanças epistemológicas influenciadas pela evolução da ciência em saúde mental, bem como pelos contextos sociais e econômicos ​(SAMPAIO & BISPO-JÚNIOR, 2021b)​.

Em consonância, em 2011, foi promulgada a portaria n° 3.088, estabelecendo a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Por conseguinte, foram propostas diversas políticas de integração a fim de substituir o modelo manicomial hospitalocêntrico por dispositivos comunitários territoriais, dentre os quais citam-se os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Hospitais dia, os Centros de Convivência, entre outros ​(SILVA et al., 2020)​.

Contudo, a fim de haver melhor compreensão sobre o tema, torna-se necessária a definição do objeto causador das mudanças no acolhimento e tratamento de saúde mental e sobre o qual será abordado neste trabalho, em especial, os transtornos de humor (TH). São considerados TH, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5 (DSM-5), doenças que têm como principal alteração a oscilação do humor de forma exagerada, intensa e duradoura, de forma a causar prejuízo. Nesse contexto, o diagnóstico é uma insígnia importante na lida desse sofrimento psíquico, sendo estas medidas orientadas conforme esse mesmo manual, considerando-se critérios específicos, os quais devem persistir por um determinado intervalo de tempo (TEODORO, SIMÕES & GONÇALVES, 2021).

De acordo com o Governo do Maranhão (2023), o estado atualmente oferece 116 serviços de assistência em saúde mental, serviços que estão distribuídos nas 19 Unidades Regionais de Saúde, que fazem parte da RAPS. Apesar disso, ainda são registrados, dados expressivos acerca das internações por transtornos de humor nessa população, o que evidencia a necessidade de maior cuidado a políticas voltadas para o acompanhamento desses pacientes, com intuito de prevenir recaídas, abrandar o estigma dessas doenças e promover uma melhor qualidade de vida para os pacientes.

Dessa forma, é importante caracterizar a população internada por TH, a fim de fornecer subsídios para a saúde pública do Estado e prover dados que embasam futuros projetos de intervenção executáveis e eficazes. Desta feita, o presente estudo tem como objetivo caracterizar a população com diagnóstico de TH assistida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no estado do Maranhão no período de 2018 a 2022. Para tanto, será determinado o perfil epidemiológico dessa população, por meio de variáveis como idade, sexo e cor autodeclarada, e será analisada a prevalência das morbidades em questão nesse mesmo ínterim.

A caracterização do perfil dos pacientes com TH atendidos pelo SUS no estado do Maranhão é de extrema relevância, uma vez que caracteriza como esta se manifesta no referido estado, servindo de comparação para futuros estudos regionais, bem como, como ferramenta para direcionar as medidas adotadas pelas políticas públicas local.

2 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, epidemiológico, de série temporal, de caráter quantitativo sobre o perfil epidemiológico de internações por TH no Maranhão no período de 2018 a 2022. Foram coletados dados secundários, no período de março a junho de 2023, por meio do Sistema de Informações Hospitalares do SUS, disponíveis pelo Departamento de Informática do SUS (TABNET/DATASUS) sobre TH (afetivo) seguindo-se as abas: Epidemiológica e Morbidade – Geral, por local de residência – a partir de 2008 – Abrangência Geográfica: Maranhão.

Os critérios de inclusão são: dados dos hospitais públicos e privados da rede de saúde do Maranhão acerca de TH (afetivo), coletados no período de 2018 a 2022; estando excluídos aqueles que falharam no envio de informações ao banco de dados do SUS.

A fundamentação teórica que subsidiou este artigo foi realizada por intermédio da coleta e estudo de artigos científicos retirados das plataformas PubMed, Scielo e Biblioteca Virtual de Saúde, através da pesquisa, tanto de forma isolada quanto combinada, utilizando-se operadores booleanos “AND” e “OR”, para os seguintes descritores: transtorno bipolar, transtorno depressivo maior, transtorno mental, morbidade por transtorno mental, além de conteúdos de livros acadêmicos consolidados no estudo da Medicina.

As variáveis avaliadas no estudo são: internações, faixa etária, sexo, cor e média de permanência dos internados por TH (afetivo). Organizou-se os dados alocados em planilhas Excel, posteriormente analisadas estatisticamente através do programa BioEstat 5.3, na qual foram observados média, desvio padrão e coeficiente de variação. Os resultados foram apresentados em gráficos e tabelas, expressos em números absolutos, percentuais, média, mediana, desvio padrão e coeficiente de variação.

Por se tratar de um estudo que utiliza dados secundários, de domínio público, não houve necessidade de submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), estando sob as diretrizes da resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Média de internações

O total de internações por transtornos de humor no estado do Maranhão foi de 5.657, com média de 1.104 por ano (DP: 96,9; CV: 8,8%). Em geral, a média de internações foi equivalente entre os dois sexos, com uma média de 556,2 homens internados por ano (DP:41,6; CV: 7,5%) e 547,8 mulheres internadas por ano (DP: 70,4; CV: 12,8%) (Tabela 1).

Tabela 1 – Média das internações por Transtornos de humor (afetivos) no estado do Maranhão, no período entre 2018 a 2022, segundo sexo. Pinheiro, Maranhão, 2023.

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados do DATASUS, 2023.

Para a realização da presente pesquisa, foi observado que não apresenta uma diferenciação entre os tipos de TH e, por isso, não foi possível estabelecer uma caracterização específica sobre o tema, tendo como base as variáveis apresentadas.

Desse modo, os TH podem ser divididos em duas patologias que diferem, entre si, dependendo dos sintomas apresentados. A primeira, denominada Transtorno Depressivo Maior (TDM), possui uma taxa de prevalência entre 5 e 17%, sendo a mais comum entre as duas. A segunda, por sua vez, intitulada Transtorno Bipolar (TB), tem variação em sua prevalência de acordo com seus dois subtipos, tendo, o primeiro, entre 0 e 2,4% e, o segundo, entre 0,3 e 4,4%, respectivamente. Tais dados apresentam relevância na pesquisa por influenciarem, diretamente, o número de casos graves e, consequentemente, o número de internações (SADOCK, SADOCK & RUIZ, 2017).

Foi observado por Crocetta et al. (2020) que pacientes do sexo feminino foram submetidas a mais tratamentos para transtorno depressivo, enquanto para o sexo masculino predominaram os tratamentos para esquizofrenia, transtorno esquizotípicos e transtornos delirantes. Além disso, estudos demonstram que há uma prevalência dos TH entre a população feminina, enquanto os transtornos psicóticos e uso de substâncias acomete mais o sexo masculino (MANGUALDADE et al., 2013; HIANY et al., 2020). A exemplo de um estudo feito no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) em Divinópolis – MG, no qual constatou prevalência do sexo masculino em todas as fases da crise psicótica durante sua internação (FONSECA et al., 2016).

Os potenciais causais subjacentes à manifestação dos TH no público feminino podem ser atribuídos a uma predisposição sócio biológica que resulta da interação entre o sistema neuroendocrinológico e as pressões sociais impostas ao papel feminino na sociedade (GONÇALVES & KAPCZINSKI, 2008).

O Gráfico 1 mostra a relação do sexo ao longo do período analisado, mostrando que houve uma inversão no predomínio de internações, que eram principalmente de homens até o ano de 2021, quando houve um aumento no número de internações de mulheres.

Gráfico 1 – Internações por Transtornos de humor (afetivos) no estado do Maranhão por sexo no período entre 2018 a 2022. Pinheiro, Maranhão, 2023.

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados do DATASUS, 2023.

Thapa et al. (2020) sugerem que este cenário seja consequência do estresse, ansiedade e depressão na população feminina durante a pandemia da COVID-19. Antes da variável distanciamento social, a vulnerabilidade emocional feminina estava vinculada com as alterações hormonais, desigualdades de gênero, as quais fortalecem sobrecargas trabalhistas e a violência contra a mulher. Paralelamente à consolidação das restrições sociais, os índices de violência doméstica, sexual e de gravidez indesejada cresciam1 em decorrência da maior permanência do homem no lar, o que contribui para a significativa prevalência de quadros clínicos psíquicos nas mulheres durante esse período.

Concomitante ao sexo feminino, notou-se que a população que se autodeclara como branca (n= 2.048) possui maior parcela das internações por TH no Maranhão apesar de não representarem a maior parte da população do estado, seguidos dos pardos (n= 934), amarelos (n= 364), pretos (n=115) e indígenas (n=3) (Gráfico 2).

Gráfico 2 – Internações de Transtornos de humor (afetivos) no estado do Maranhão por cor no período entre 2018 a 2022.

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados do DATASUS, 2023.

Nesse ínterim, não há correlação biológica entre as raças que explique essa maior prevalência para a raça branca, e ainda há carência de estudos que revelem o motivo dessa desproporção (SMOLEN & ARÁUJO, 2017). Entretanto, mais de 2 mil internações não foram inseridas as informações sobre a raça do paciente internado, o que revela a dificuldade em coletar dados referentes a cor no sistema do DATASUS, o que limita a cobertura e a qualidade dos registros (GOMES & CRUZ, 2016). 

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, cerca de 24,7% da população Nordestina se considera branca, com 11,4% declaradas pretas e 63,1% se declaram como pardas. Nesse contexto, é perceptível a desproporção entre o número dos pacientes internados por cor no estado do Maranhão, visto que a população parda é, aproximadamente, duas vezes e meia maior que a população branca. Essa problemática pode ter relação com a limitação que a população parda enfrenta para ter acesso aos serviços de saúde, tanto pública como privada, que pode ter relação com a situação socioeconômica dessa população (MOURA et al., 2023).

Em relação a internações por faixa etária, houve predomínio entre a faixa de 30 a 39 anos, com um total de 1.461 pacientes (x̄: 288,6; DP: 18,9; e CV: 6,55%), tendo os dois extremos avaliados com o menor índice de internação (5 a 9 anos (x̄: 0,4; DP: 8,9; e CV: 223,6%) e 80 ou mais (x̄ :3,4; DP: 1,5; e CV: 44,6%, respectivamente)), conforme apresentado no Gráfico 3.

Gráfico 3 – Internações de Transtornos de humor (afetivos) no estado do Maranhão por faixa etária no período entre 2018 a 2022.

Em adição, um estudo realizado por Oliveira et al. (2011) discriminou, mediante análise de perfil sociodemográfico e clínico de pacientes em internações psiquiátricas voluntárias e involuntárias, que há maior tendência à internação precoce do sexo masculino (37,9 anos) em relação ao feminino (41 anos), corroborando com os resultados obtidos na pesquisa.

Sendo assim, é possível vislumbrar que o fundamento disso seja fruto de processos como a fragilização corporal em função da idade, surgimento de comorbidades e aumento dos níveis de estresse por pressão social, que corroboram para o surgimento e/ou agravamento dos sintomas das doenças em comento (MACHADO & SANTOS, 2011).

Tempo médio de permanência hospitalar

Ainda no que concerne ao tempo de internação por idade, a busca de atendimento por demanda espontânea facilita o diagnóstico e tratamento contínuo destes pacientes de maior faixa etária. Isto se dá em virtude de um maior contato e consequente visualização de casos dignos de monitoramento e internação que crescem, seguindo a tendência de proporção anterior, de acordo com a idade (MANGUALDE et al., 2013).

O Gráfico 4 mostra que as internações duraram em média 44,6 dias (DP: 3,1; CV: 6,9%). Houve redução do tempo médio de internação ao longo do período analisado, com queda ao entre o período de 2018 a 2022, com um pico entre os anos de 2019 e 2020.

Gráfico 4 – Média do tempo de permanência por Transtornos de humor (afetivos) no estado do Maranhão ao longo do período entre 2018 a 2022.

Os resultados sugerem que fatores como sexo, faixa etária e cor podem estar associados ao tempo de permanência hospitalar. Homens na faixa etária de 30 a 39 anos apresentaram internações mais longas, possivelmente devido a condições específicas de saúde ou tratamentos mais complexos (FONSECA et al., 2016). Por outro lado, crianças na faixa etária de 5 a 9 anos apresentaram internações mais curtas, o que pode ser explicado pela recuperação rápida de doenças agudas nessa faixa etária (NATIONAL ACADEMIES OF SCIENCES, 2019).

No intervalo analisado, os homens (x̄: 49,2; DP: 3,3; e CV: 6,8%) com faixa etária de 30 a 39 anos (DP: 4,3; e CV: 8,6%) passaram mais tempo internados, com uma média de 49,4 dias. As crianças de 5 a 9 anos tiveram internações mais curtas, com uma média de menos de um dia (x̄: 0,6; DP: 1,3; e CV: 223,6%). Além disso, quanto a cor, indivíduos brancos (x̄: 64,6; DP: 3,2; e CV: 5,2%) e pardos (x̄: 47,9; DP: 3,1; e CV: 6,5%) tiveram, em geral, internações mais prolongadas (Tabela 2).

Tabela 2 – Média da permanência das internações por Transtornos de humor (afetivos) no estado do Maranhão, no período entre 2018 a 2022.

VARIÁVÉISMédiaDesvio PadrãoCoeficiente de Variação
SEXONN%
Masculino49,43,36,8
Feminino39,82,76,7
FAIXA ETÁRIANN%
5 a 9 anos0,61,3223,6
10 a 14 anos9,45,052,7
15 a 19 anos32,89,829,8
20 a 29 anos47,54,49,2
30 a 39 anos49,44,38,6
40 a 49 anos46,83,88,1
50 a 59 anos39,92,76,7
60 a 69 anos35,12,77,7
70 a 79 anos26,415,057,0
80 anos e mais19,517,891,4
CORNN%
Branca61,63,25,2
Preta35,78,323,3
Parda47,93,16,5
Amarela30,75,016,2
Indígena5,67,8139,8
Fonte: Elaboração própria, a partir de dados do DATASUS, 2023.

A associação entre a cor e o tempo de internação também é notável, com indivíduos brancos e pardos tendo internações mais prolongadas. Essa diferença pode estar relacionada a fatores socioeconômicos, acesso aos serviços de saúde ou características específicas da saúde da população, a título de exemplo, a pandemia de SARS-COV-2 na saúde mental dos indivíduos (OLIVEIRA, FERREIRA & QUEROBINO, 2021).

É válido ressaltar que esse estudo possui algumas limitações, pois estão sendo analisados apenas dados sociodemográficos sem levar em conta fatores socioeconômicos, comorbidades associadas, escolaridade dos pacientes, entre outros aspectos. Importante destacar que os dados retirados do DATASUS e utilizados nesta pesquisa podem estar subnotificados, apresentando divergências quanto à fatores como cor, escolaridade e número real de internações (YANO et al., 2021).

4 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

As internações estão associadas às características demográficas, principalmente no que tange ao sexo, o qual possui prevalência diferente a depender do transtorno acometido. Percebeu-se que houve média maior entre os homens, porém as mulheres superaram no último ano. Os indivíduos de cor branca foram mais prevalentes, apesar de dados epidemiológicos demonstrarem pessoas pardas como maioria no Brasil, incluindo o Maranhão. E, por fim, quanto à faixa etária, pessoas entre 30-49 anos se destacaram entre os internados por TH.

Portanto, é importante que seja feita esta análise a fim de que autoridades de saúde possam planejar ações pensando no público-alvo e principalmente em projetos que visem fortalecer a atenção básica, ou seja, por meio do centro de atenção psicossocial e das unidades básicas de saúde. Buscando combater estigmas associado ao TDM e ao TB por meio, principalmente, de campanhas de conscientização, além de um atendimento para com a comunidade, buscando essa integralização e não somente voltada ao paciente. Esse estudo pode subsidiar abordagens epidemiológicas adicionais, e amparar procedimentos que permitam melhorar a capacitação e o direcionamento de medidas preventivas, diagnósticas e terapêuticas.

REFERÊNCIAS

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¹Acadêmico de medicina. Universidade Federal do Maranhão, Pinheiro, Maranhão, Brasil.
ORCID: 0009-0005-3982-5610
E-mail: ana.taveira@discente.ufma.br
²Acadêmico de medicina. Universidade Federal do Maranhão, Pinheiro, Maranhão, Brasil.
ORCID: 0009-0009-0275-3202
E-mail: brunitadenizze@gmail.com
³Acadêmico de medicina. Universidade Federal do Maranhão, Pinheiro, Maranhão, Brasil.
ORCID: 0009-0008-9963-3719
E-mail: dmitri.fiterman@discente.ufma.br
4Acadêmico de medicina. Universidade Federal do Maranhão, Pinheiro, Maranhão, Brasil.
ORCID: 0009-0008-2664-6404
E-mail: guylhermefernando.21@gmail.com
5Acadêmico de medicina. Universidade Federal do Maranhão, Pinheiro, Maranhão, Brasil.
ORCID: 0009-0009-6756-6870
E-mail: jeffersoncosta99@gmail.com
6Acadêmico de medicina. Universidade Federal do Maranhão, Pinheiro, Maranhão, Brasil.
ORCID: 0009-0001-2531-5194
E-mail: jhonantan.carlos@discente.ufma.br
7Acadêmico de medicina. Universidade Federal do Maranhão, Pinheiro, Maranhão, Brasil.
ORCID: 0009-0004-0236-8682
E-mail: mario.joao@discente.ufma.br
8Acadêmico de medicina. Universidade Federal do Maranhão, Pinheiro, Maranhão, Brasil.
ORCID: 0009-0003-2547-0439
E-mail: joice.medeiros@discente.ufma.br
9Acadêmico de medicina. Universidade Federal do Maranhão, Pinheiro, Maranhão, Brasil.
ORCID: 0009-0009-8191-5870
E-mail: laura.barreira@discente.ufma.br
10Acadêmico de medicina. Universidade Federal do Maranhão, Pinheiro, Maranhão, Brasil.
ORCID: 0000-0002-5428-6257
E-mail: leandro.bml@discente.ufma.br
¹¹Acadêmico de medicina. Universidade Federal do Maranhão, Pinheiro, Maranhão, Brasil.
ORCID: 0000-0002-5291-482X
Email: rafaella.bloise@discente.ufma.br
¹²Docente do curso de medicina. Universidade Federal do Maranhão, Pinheiro, Maranhão, Brasil.
ORCID: 0000-0002-9571-3323
Email: gabriela.dantas@ufma.br