PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PUÉRPERAS E RECÉM-NASCIDOS NO PIAUÍ, NO PERÍODO DE 2013 A 2020, UM COMPARATIVO COM A REGIÃO NORDESTE: ESTUDO DESCRITIVO

EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF PUERPERAL WOMEN AND NEWBORN IN PIAUÍ, FROM 2013 TO 2020, A COMPARISON WITH THE NORTHEAST REGION: DESCRIPTIVE STUDY

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10060012


Andressa Aparecida da Silva Ribeiro¹
Maria Eduarda Barbosa Carvalho¹
Prof. Dr. Wellington dos Santos Alves²


RESUMO

Objetivo: o presente estudo tem como objetivo acompanhar dados que delimitará o perfil epidemiológico de mulheres após o parto relacionando com o nascido vivo, desse modo, irá contribuir para a sociedade informações de evidências. Metodologia: estudo epidemiológico de característica descritiva, prospectiva, com abordagem qualiquantitativa, elaborado com fundamento na coleta de dados na base do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus) Tabnet. Resultados: a maioria resultou em igual ou acima de 7 consultas de pré-natal, duração da gestação entre 37 a 41 semanas, em união consensual entre 20 a 24 anos de idade no estado do Piauí e solteiras entre 21 a 34 anos de idade na região nordeste, mais frequentemente encaixadas no grupo 01 e grupo 05 na classificação de Robson, com partos cesarianos e nível de instrução entre 8 a 11 anos. Conclusão: o Piauí possui uma boa posição em relação à quantidade de consultas pré-natal, a duração gestacional se adequa aos padrões de normalidade, a idade da mãe se classifica como favorável. Além disso, as puérperas apresentam bom nível instrucional e boa classificação no Grupo de Robson. Chama a atenção o número elevado de parto por via cirúrgica, o que contradiz com a recomendação da OMS. Vale ressaltar que o estado conjugal da mãe no estado do Piauí se sobressai em união consensual, que pode influenciar de forma positiva no desenvolvimento psicossocial da criança quando comparado com a mãe na condição de solteira.

Palavras-chave: Gestantes. Puérperas. Recém-nascidos. Perfil epidemiológico.

ABSTRACT

Objective: the present study aims to monitor data that will define the epidemiological profile of women after childbirth relating to live births, thus, it will contribute evidence information to society. Methodology: epidemiological study with a descriptive, prospective characteristic, with a qualitative and quantitative approach, prepared based on data collection based on the Information Technology Department of the Unified Health System (Datasus) Tabnet. Results: the majority resulted in equal to or more than 7 prenatal consultations, duration of pregnancy between 37 and 41 weeks, in consensual union between 20 and 24 years of age in the state of Piauí and single women between 21 and 34 years of age in northeast region, most frequently placed in group 01 and group 05 in Robson’s classification, with cesarean births and education level between 8 and 11 years. Conclusion: Piauí has a good position in relation to the number of prenatal consultations, the gestational duration meets normal standards, the mother’s age is classified as favorable. Furthermore, postpartum women have a good educational level and good classification in the Robson Group. The high number of surgical deliveries draws attention, which contradicts the WHO recommendation. It is worth mentioning that the marital status of the mother in the state of Piauí stands out in terms of consensual union, which can positively influence the psychosocial development of the child when compared to the mother as a single mother.

Keywords: Pregnant women. Postpartum women. Newborns. Epidemiological profile.

1. INTRODUÇÃO

A fase puerperal, momento instalado na mulher após o parto, que possui período de seis a oito semanas, pode ser composto de três fases: 1° ao 10°, considerado período imediato, do 11° ao 45° dia, sendo nomeado como período tardio, e após o 45° dia é considerado como período remoto. Nessa etapa, carregada de modificações, o qual é a transição da vida intrauterina para extrauterina, a mulher é acometida por transformações no seu corpo, organismo e em questões psíquicas, onde a mesma precisará receber cuidados como na gestação, porém com outras circunstâncias. (Andrade et al, 2015)

Desse modo, o pós-parto deve ser assistido pela Atenção Primária de Saúde, sendo essa integração a responsável em oferecer atenção nas questões preventivas, de acolhimento, de apoio, de acompanhamento na vida da mulher/mãe, observar as mudanças tanto fisicamente como emocionalmente e encaminhar para profissionais específicos quando necessário. (Baratiri, 2019).

Diante disso, ao analisar estudos do Estado do Piauí, até novembro de 2022 ocorreram 38.546 nascimentos, dos quais 23.570 foram por parto cesáreo. 26.945 na faixa de 20 a 34 anos e 260 em menores de 14 anos, em ambiente hospitalar houve 38.329 e 26.797 ocorreram tendo 07 ou mais consultas pré-natais. Em sua capital, Teresina, o Número de Nascidos Vivos, segundo a faixa etária da mãe, até novembro de 2022, foi de 40 gestantes menores que 14 anos, 954 entre 15-19 anos, 7.740 entre 20-34 anos e 2.24 com 35 anos ou mais. (Secretaria de Estado da Saúde do Piauí, 2022).

A priori, o presente estudo tem como objetivo acompanhar dados que delimitará o perfil epidemiológico de mulheres após o parto relacionando com o nascido vivo, dessa forma, esse trabalho de característica descritiva irá contribuir para a sociedade informações de evidências e colaborar com o planejamento de ações para proporcionar melhorias na qualidade da atenção destinada a esse grupo social (puérperas e recém-nascidos).

2. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, epidemiológico, prospectivo, com abordagem qualiquantitativa, coletado na base de dados Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus) Tabnet. Foram coletados dados referentes a idade da mãe; tipo de parto; duração da gestação; estado civil da mãe; consulta pré-natal; grupos de Robson. A pesquisa abordou o comparativo entre o perfil epidemiológico de puérperas e recém-nascidos do Piauí com outros estados da região Nordeste, os dados coletados foram feitos por partes.

O Tabnet é uma ferramenta de tabulação on-line que permite a seleção de variáveis e a criação de tabelas consolidadas, desenvolvido pelo Datasus que disponibiliza diversas informações referente à saúde pública de forma objetiva e quântica que possibilita a análise da situação sanitária. Os dados obtidos auxiliam no planejamento de ações e tomada de decisões baseada em evidências.

Após acessar a plataforma de dados citada, segue para a coleta das informações do Estado do Piauí, as variáveis escolhidas categorizadas foram: estatísticas vitais; nascidos vivos – desde 1994; nascidos vivos; abrangência geográfica, Piauí; seleções disponíveis (informações do assunto abordado do presente estudo para pesquisa); coluna, as opções devem ser escolinha de acordo com elemento elegido; linha, macrorregião de saúde; conteúdo, nascimento p/ residência da mãe; ano, 2013 a 2020. Já a coleta de dados para os estados da região Nordeste, diferenciou-se, a busca em abrangência geográfica que foi Brasil por Região e Unidade de Federação e a opção linha que ocorreu por região.

Dessa forma, os dados coletados no sistema Datasus Tabnet, foram armazenados em planilhas do programa Excel e posteriormente processados no programa GraphAd 8.0, onde foi feito a estatística descritiva dos mesmos para análise e discussão, apresentados em forma de gráficos. Os critérios de exclusão utilizados na coleta foram dados referentes às cidades que estão fora do território piauiense. O estudo realizado, por se tratar de um levantamento de domínio público, não foi submetido à apreciação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP).

3. RESULTADOS

Figura 1 – Apresenta o número de mulheres que fizeram consulta pré-natal no Estado do Piauí, no período de 2013 à 2020.

Figura 2 – Comparativo dos dados do Estado do Piauí com a Região Nordeste. Número de consultas pré-natal no período de 2013 à 2020.

Figura 3 – Duração do período gestacional de mulheres grávidas no Estado do Piauí, no período de 2013 a 2020.

Figura 4 – Comparação dos dados do Estado do Piauí com a Região Nordeste. Período gestacional de mulheres grávidas no intervalo dos anos 2013 à 2020.

Figura 5 – Análise do estado civil das mulheres grávidas no Estado do Piauí, no período de 2013 a 2020.

Figura 6 – Análise comparativa dos dados sobre o estado civil de mulheres grávidas, entre o Estado do Piauí e a Região Nordeste. Período de 2013 a 2020.

Figura 7 – Idade das mães gestantes no Estado do Piauí, por faixas etárias. Dados percentuais. Distribuição no período de 2013 a 2020.

Figura 8 – Idade das mães gestantes na Região Nordeste, por faixas etárias. Dados percentuais. Distribuição no período de 2013 a 2020.

Figura 9 – Distribuição dos Grupos de Robson no Estado do Piauí, no período de 2013 a 2020.

Figura 10 – Distribuição dos Grupos de Robson na Região Nordeste, no período de 2013 a 2020.

Figura 11 – Números de partos, por tipos diferentes, um comparativo entre os dados do Piauí e Nordeste no período de 2003 a 2020.

Figura 12 – Instrução das mulheres gestantes, por ano de escola, no Estado do Piauí, em comparação com a Região Nordeste, no período de 2013 à 2020. Os valores representam média do número de casos registrados no período.

4. DISCUSSÃO

No presente estudo, quanto à caracterização do perfil da puérpera, verificou-se no estado do Piauí no período de 2013 a 2020 as consultas pré-natal constam que são iguais ou maiores do que 7 consultas (figura 1). Levando em consideração os mesmos valores quando comparado com a região Nordeste (NE), (figura 2). Nesse aspecto, é um ponto positivo, pois desperta interesse por parte da mãe em procurar à assistência pré-natal durante a gestação. Além disso, chama atenção ainda o número de mulheres grávidas que realizam menos do que 7 consultas. A assistência pré-natal é necessária e precisa ser realizada rotineiramente no período gravídico-puerperal no intuito de melhores desfechos perineais.

Para o Ministério da Saúde a duração gestacional normal deve ser entre 37 a 41 semanas. O mesmo informa que quando o parto não ocorre em até 41 semana, é necessário encaminhar a gestante para avaliação do bem-estar fetal e para tomada de condutas que promova o nascimento da criança. Dessa forma, em relação ao perfil obstétrico do Piauí e NE, destaca-se a termo, ou seja, seguindo devidamente as modificações fisiológicas na gestação no tempo esperado.

Quanto ao estado civil, os dados destacam que no Piauí (figura 5) a união consensual prevalece, sendo divergente com NE (figura 6), em que a maioria das mulheres grávidas são solteiras. Ao analisar a situação conjugal da mãe na presente pesquisa, quando se tem uma relação insegura isso reflete diretamente nas alterações psicossociais e geralmente trás menor instabilidade econômica podendo ser um fator de risco.

A idade materna é significante para que haja uma gestação saudável, uma vez que, quanto mais favorável a idade da mulher maior são as probabilidades de não acontecer intercorrências durante esse período. Dentre os dados do Piauí apresentados nesse estudo, foi constado que a maior parte dessas mulheres possuem idade entre 20 a 24 anos (figura 7) e quando associado a outros estados do NE, o resultado é o mesmo (figura 8), o que é conveniente ao que a literatura requer.

No Estado do Piauí, o maior grupo de mulheres se encaixa no Grupo 01 dentre as classificações de Robson (figura 9), sendo nulíparas, com feto único, cefálico, maior ou igual a 37 semanas e em trabalho de parto espontâneo. Quando comparado com a NE, o Grupo 03 se destaca (figura 10), sendo multíparas sem cesáreo, com feto único, cefálico, maior ou igual a 37 semanas, em trabalho de parto espontâneo. É importante afirmar a relevância dessa escala na redução de taxas de partos cesáreos, a qual separa por grupos as gestantes de acordo com as características obstétricas com fito de monitorar e comparar esses dados.

Referente ao tipo de parto no estudo proposto, as informações da figura 11, dados do estado do Piauí e da Região Nordeste, prevalece o tipo de parto cesariano em ambos. O que entra em contradição com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a qual recomenda que a taxa de partos cesáreos seja menor que 15% mundialmente.

Em relação à instrução da mãe, os dados apontam que no Piauí (figura 12) o maior grupo de mulheres possui entre 8 a 11 anos de tempo de instrução. Fator esse bastante relevante para a designação do nível socioeconômico da família. E quando comparado aos outros estados da região nordeste, o índice é o mesmo. Podemos ainda afirmar que o nível de instrução materna possui correlação com a idade, sendo que quanto mais escolaridade maior o grau de instrução, ou seja, essas mulheres que dispõem de maior conhecimento apresentam mais facilidade de cuidar de si mesma, advindas de uma classe econômica diferenciada, conseguindo optar por melhores condições de saúde e atenção.

5. CONCLUSÃO

Nessa perspectiva, conclui-se que o estado do Piauí possui uma boa posição em relação à quantidade de consultas pré-natal, a duração gestacional se adequa aos padrões de normalidade, a idade da mãe se classifica como favorável para o desenvolvimento gestacional saudável quando comparado com mães mais jovens que podem ter maiores riscos de complicações. Além disso, as puérperas apresentam bom nível instrucional, e sobre a caracterização do recém-nascido, podemos afirmar que possui boa classificação no Grupo de Robson.

Entretanto, chama a atenção o número elevado de parto por via cirúrgica, o que contradiz com a recomendação da OMS. Vale ressaltar que o estado conjugal da mãe no estado do Piauí se sobressai em união consensual, que pode influenciar de forma positiva no desenvolvimento psicossocial da criança quando comparado com a mãe na condição de solteira.

6. REFERÊNCIAS

ANDRADE, Raquel D. et al. Fatores relacionados à saúde da mulher no puerpério e repercussões na saúde da criança. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, Rio de Janeiro, v. 19 (1), janeiro-março, 2015.

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BARATIRI, T. NATAL, S. Ações do programa de puerpério na atenção primária: uma revisão integrativa. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24, novembro, 2019.

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¹Andressa Aparecida da Silva Ribeiro; Maria Eduarda Barbosa Carvalho. Graduandos em Bacharelado em Fisioterapia, Centro Universitário Santo Agostinho-UNIFSA, Teresina-PI.
E-mail: ribeirodeca5@gmail.com; edubarbosa32@gmail.com

²Orientador: Prof. Dr. Wellington dos Santos Alves