REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.6941398
Autora:
Eliane Ramos de Almeida1
Orientadora:
Vanizia Regina de Pádua Antunes da Silva2
RESUMO
Introdução: Analisar dados epidemiológicos sobre indicadores de saúde como morbidade, mortalidade e letalidade por COVID-19 é fundamental para compreender padrões epidêmicos que podem revelar desigualdades regionais no acesso a serviços de saúde especializados em regiões vulneráveis do Brasil, assim, a conclusão de estudos aprofunda a investigação e caracterização dos aspectos epidemiológicos da doença, ajuda a compreender seu comportamento em diferentes populações locais e possibilita intervenções oportunas e adequadas Objetivos: O objetivo do presente estudo é estabelecer o Perfil Epidemiológico de Óbitos por COVID-19 no Estado de Rondônia, no ano de 2021. Metodologia: Trata-se de um estudo que analisa os coeficientes de morbidade, mortalidade e letalidade com base em dados secundários sobre a distribuição de casos confirmados de COVID-19 nos municípios de Rondônia, fornecidos pelo Ministério da Saúde de Rondônia no ano de 2021. Resultados: Se obteve um total de 4935 óbitos no ano de 2021 em Rondônia, dos quais as variáveis como: sexo, faixa etária, raça/cor e comorbidades serão apresentadas a seguir e discutidas. O estudo mostrou uma tendência de queda na taxa de letalidade dos casos de COVID-19 em Rondônia, mas destacou uma tendência de aumento na morbimortalidade por 100.000 habitantes, ressaltando a importância de medidas para conter a propagação do vírus. Considerações finais: A Covid-19 é vista como um grande desafio de saúde pública para o mundo e para Rondônia, com um número de mortes em rápida expansão e um impacto constante na sociedade. Neste estudo, a mortalidade por Covid-19 em Rondônia foi maior entre os homens, e entre aqueles com 60 anos ou mais, e entre os pardos, a comorbidade mais prevalente foi a doença cardiovascular crônica.
Palavras-chave: Óbitos. Covid-19. Vigilância epidemiológica.
ABSTRACT
Introduction: Analyzing epidemiological data on health indicators such as morbidity, mortality and lethality by COVID-19 is essential to understand epidemic patterns that can reveal regional inequalities in access to specialized health services in vulnerable regions of Brazil, thus, the conclusion of studies deepens the investigation and characterization of the epidemiological aspects of the disease, helps to understand its behavior in different local populations and enables timely and appropriate interventions. Goal: The objective of the present study is to establish the Epidemiological Profile of Deaths by COVID-19 in the State of Rondônia, in the year 2021. Methodology: This is a study that analyzes the morbidity, mortality and lethality coefficients based on secondary data on the distribution of confirmed cases of COVID-19 in the municipalities of Rondônia, provided by the Ministry of Health of Rondônia in the year 2021. Results: A total of 4935 deaths were obtained in the year and 2021 in Rondônia, of which variables such as: sex, age group, race/color and comorbidities will be presented below and discussed. The study showed a downward trend in the fatality rate of COVID-19 cases in Rondônia, but highlighted a trend of increasing morbidity and mortality per 100,000 inhabitants, underscoring the importance of measures to contain the spread of the virus. Final considerations: Covid-19 is seen as a major public health challenge for the world and for Rondônia, with a rapidly expanding number of deaths and a constant impact on society. In this study, mortality from Covid-19 in Rondônia was higher among men, and among those aged 60 years or older, and among browns, the most prevalent comorbidity was chronic cardiovascular disease.
Keywords: Deaths. Covid-19. Epidemiological surveillance.
INTRODUÇÃO
A Covid-19 se tornou uma das maiores barreiras do século 21, aparecendo em lares em mais de 100 países e continentes. Suas táticas iniciais foram usadas para conter esse problema de saúde global, como limitar o contato social, ampliar o atendimento hospitalar, fechar escolas, cancelar shows, lockdowns e medidas de higiene, e suas ações se refletiram no debate político sobre a postura do governo. No Brasil, o primeiro caso foi notificado em fevereiro de 2020 e a primeira morte foi notificada em 17 de março de 2020 (DE SOUZA et al.2021).
No entanto, embora a pandemia não tenha se desviado das regiões mais ricas, ela tem sido mais intensa nos estados das regiões mais pobres do Brasil, principalmente no Norte e Nordeste. O Nordeste, região do país com mais de 25% da população brasileira, é considerada uma das regiões com altos índices de pobreza e maior número de casos e óbitos (DE OLIVEIRA et al., 2021).
Devido à sua alta transmissibilidade, a Covid-19 atingiu rapidamente o estado de Rondônia, que é o foco deste estudo, inicialmente focando na concentração de casos e óbitos em sua região metropolitana. Apenas 30 dias após a pandemia, 85 pessoas morreram no estado (MARTINS et al., 2022). (DIAS et al., 2022). Desde então, Rondônia adotou medidas de emergência e padrões de saúde mais rígidos, mas os casos e mortes continuam aumentando, assim como a superlotação de leitos de unidades de terapia intensiva (UTI), sugerindo que as estratégias protocolares são insuficientes para conter a pandemia (DE CARVALHO et al., 2021).
Os óbitos por Covid-19 constituem acompanhamento e observação da evolução da pandemia. O panorama do número de mortos pode servir de ferramenta para expressar a extensão da pandemia e se reflete na análise dessa barreira. No entanto, em menos de um mês, o padrão de casos no Brasil mudou de casos importados e transmissão local (contaminação por contato com pacientes infectados em outro país) para transmissão comunitária em um momento em que as autoridades de saúde não conseguem mais rastrear a fonte do vírus. A infecção, a cadeia de infecção e, portanto, a disseminação, cresce exponencialmente. Esse fato exige precauções e medidas de isolamento mais rígidas (DIAS et al., 2022).
Desde então, alguns estados têm enfrentado situações críticas, pois os leitos das unidades de terapia intensiva estão sobrecarregados e todo o sistema único de saúde está sobrecarregado (CAVALCANTE et al., 2020). O número de mortos notificados oficialmente no Brasil chegou a 150.000 em outubro e o número total de casos confirmados foi em torno de 5 milhões, porém, a falta de um tratamento ou vacina eficaz no curto prazo leva a previsões vagas sobre o desfecho da pandemia (DE CARVALHO et al., 2021). Além disso, observa-se a internalização gradual da doença, visto que municípios de pequeno e médio porte muitas vezes não possuem as estruturas necessárias para dar suporte aos pacientes e precisam ser transferidos para municípios de referência regional de saúde (DE MEDEIROS et al., 2020).
Assim, diante da questão, este estudo justifica-se pela importância de estudar esse mal-estar que persiste e marca a história mundial e o campo da saúde pública. Além disso, é preciso entender o padrão epidemiológico dos óbitos para entender a situação e os padrões dos óbitos em Rondônia. Nessa perspectiva, são levantadas questões relacionadas à pandemia de Covid-19, e dessa forma formulamos a questão norteadora para nossa pesquisa: Qual o cenário epidemiológico das mortes por Covid-19 em Rondônia?
OBJETIVO
Estabelecer o Perfil Epidemiológico de Óbitos por COVID-19 no Estado de Rondônia, no ano de 2021.
MÉTODO
Trata-se de um estudo que analisa os coeficientes de morbidade, mortalidade e letalidade com base em dados secundários sobre a distribuição de casos confirmados de COVID-19 nos municípios de Rondônia, fornecidos pelo Ministério da Saúde de Rondônia no ano de 2021.
O estado de Rondônia, localizado na região norte do Brasil, possui área de 237.765.347 quilômetros quadrados, densidade populacional de 6,58 hab/km², Índice de Desenvolvimento Humano – IDH igual a 0,690 e renda familiar mensal per capita de R$1.169. Segundo estimativas do último censo realizado em 2010, 73,5% da população do estado vive em áreas urbanas.
Além disso, os estados supracitados possuem uma população heterogênea composta por descendentes de brasileiros e estrangeiros de outras partes do país que chegam a este espaço territorial em busca de oportunidades de emprego e riqueza. Historicamente, essa necessidade de migração deu origem a vários confrontos entre aborígenes e não aborígenes. Atualmente, Rondônia enfrenta um conflito agrícola que forma a narrativa da desigualdade social no país, caracterizada pela disputa pela terra e impulsionada por movimentos sociais contra a pressão do agronegócio.
Em 2021, todos os casos notificados de Covid-19 e todos os óbitos nos municípios de Rondônia foram incluídos no estudo. Foram coletadas informações da Secretaria de Estado de Rondônia, que disponibilizou as informações eletronicamente em: https://covid19.sesau.ro.gov.br, uma vez que a notificação está ocorrendo e seus dados estão disponíveis publicamente.
Todas as notificações de casos e óbitos que mencionam COVID-19 foram incluídas no estudo, testadas laboratorialmente usando “U07.1 COVID-19, vírus identificado” da Classificação Internacional de Doenças Relevantes ao Diagnóstico, 10ª Revisão (CID-10) A confirmação é disponível no site do Ministério da Saúde. Foram excluídos os dados inseridos no site do Ministério da Saúde correspondentes a outras patologias.
Foi transferido os dados coletados para uma planilha Excel e calculado a incidência de acordo com Gênero, Faixa etária, Raça/cor e Comorbidades. Análises de tendências foram realizadas para indicadores de morbidade, mortalidade e letalidade. Este método permite que a correção de autocorrelação de primeira ordem seja realizada em valores organizados no tempo.
RESULTADOS
Se obteve um total de 4935 óbitos no ano de 2021 em Rondônia, dos quais as variáveis como: sexo, faixa etária, raça/cor e comorbidades serão apresentadas a seguir e discutidas.
Dentre os óbitos no ano de 2021, 2911 foram do gênero masculino e outros 2024 foram femininos, representando assim 58,99 e 41,01% respectivamente, tais dados são apresentados no Gráfico 1.
GRÁFICO 1 – GÊNERO DOS ÓBITOS POR COVID EM 2021 EM RONDÔNIA
Em relação a idade dos óbitos acometidos por Covid em Rondônia no ano de 2021, 0.39% foi com menos de 20 anos, entre 21 a 40 anos se teve 8,13%, dos 41 a 60 anos, se obteve 33,94% dos óbitos, entre 61 e 80 anos, está 45,69% das mortes, por fim, acima dos 81 anos se teve 11,85% dos óbitos, como é apresentado no Gráfico 2.
GRÁFICO 2 – FAIXA ETÁRIA DOS ÓBITOS POR COVID EM 2021 EM RONDÔNIA
Em relação a raça/cor, 0,65% são classificadas como amarela, outras 32,48% são classificadas como brancas, 52,02% dos óbitos foram de pessoas pardas, sendo ainda 6,18% de pessoas pretas, 0,58% de pessoas indígenas e outros 8,13% foram classificadas como ignorado, apresentado no Gráfico 3.
GRÁFICO 3 – RAÇA/COR DOS ÓBITOS POR COVID EM 2021 EM RONDÔNIA
Quando levantado os dados sobre as comorbidades das pessoas que obtiveram óbito por meio do covid, 1422 pessoas portavam algum tipo, dentre elas: Puérpera (até 45 dias do parto); Portador de doenças cromossômicas ou estado de fragilidade imunológica; Doenças cardíacas crônicas; Imunossupressão; Doenças respiratórias crônicas descompensadas, Obesidade; Diabetes; entre outras, dentre estas, as que são mais recorrentes, são: Diabetes com 19,86%, Doenças cardíacas crônicas apresentando 26,33% dos casos e obesidade sendo 6,84% dos óbitos, relatado no Gráfico 4.
GRÁFICO 4 – DOENÇAS CRÔNICAS APRESENTADAS NOS ÓBITOS POR COVID EM 2021 EM RONDÔNIA
DISCUSSÃO
O estudo mostrou uma tendência de queda na taxa de letalidade dos casos de COVID-19 em Rondônia, mas destacou uma tendência de aumento na morbimortalidade por 100.000 habitantes, ressaltando a importância de medidas para conter a propagação do vírus. Propagação do SARS-CoV-2 no estado.
Ainda nesse contexto, sabe-se que 13,5 milhões de brasileiros viviam em extrema pobreza no Brasil em 2018, portanto a situação na região norte do país é ainda mais preocupante, pois todos os seus estados apresentam indicadores de pobreza acima da média nacional, que pode causam dificuldades de acesso aos serviços de saúde e precárias condições de vida e saúde da população (VARGAS et al., 2021).
Nesse sentido, a alta incidência de COVID-19 no Brasil pode dificultar o acesso dos usuários ao sistema de saúde, carecer de instalações de saneamento básico e manter o isolamento social por meio de um sistema de transporte grande e instável. Nenhuma perda significativa de renda ou trabalho. Além disso, a região norte possui um baixo número de leitos de unidades de terapia intensiva (UTI), profissionais de saúde e equipamentos como ventiladores que são amplamente necessários para tratar e combater complicações da infecção por COVID-19 (PAIXÃO et al., 2021).
Ressalta-se que o governo do estado de Rondônia estabeleceu protocolos de higiene e medidas preventivas contra o vírus SARS-CoV-2, visando promover o distanciamento social, fechamento de escolas, comércios não essenciais e instituições públicas e privadas. Além de melhorar os protocolos de testagem e obrigar o uso de máscaras, entre outras medidas, está tentando conter a propagação da doença em sua região. No entanto, a tendência crescente de morbimortalidade no estudo atual sugere que essas medidas não foram capazes de conter o desenvolvimento da COVID-19 na região em um primeiro momento, especialmente no início do período estudado (FIGUEIREDO et al., 2021).
Portanto, este estudo levanta a questão do uso de dados secundários, que estão sujeitos a influência e modificação, e ajuste para viés de informação. Novas pesquisas durante e após a pandemia devem avançar no entendimento da transmissão de doenças nas áreas estudadas.
Grande parte do Brasil também descreveu alta morbidade e mortalidade observadas em Rondônia em março de 2021. De acordo com alerta emitido pelo Observatório Covid-19 da Fundação Osvaldo Cruz em boletim epidemiológico, no mesmo período, a propagação da doença e suas consequências para todo o sistema de saúde se acelerou devido aos recursos hospitalares limitados, como a falta de recursos assistenciais, disponibilidade de leitos hospitalares, equipamentos, medicamentos, insumos e profissionais de saúde para atender a demanda (SCHAFE et al., 2021).
Em uma análise dos óbitos por Covid-19 no estado de Rondônia, onde a transmissão se acelerou e continuou na região metropolitana, vale ressaltar que o perfil comportamental epidemiológico dos óbitos no estado é influenciado por fatores como a existem mais leitos de UTI na capital, onde há especificidades em termos de determinantes e condições de saúde, como acesso a serviços médicos e higiene social.
Em termos de raça/cor, a maior vantagem é a parda. Isso pode ter algo a ver com o fato de a população brasileira ser predominantemente negra e birracial. Este estudo foi confirmado por Santos et al., Uma pesquisa de 2020 no estado de Alagoas mostrou que a raça/cor predominante foi parda, depois branca. Além disso, vale destacar a situação socioeconômica e a subnotificação dessa população, o que reflete a qualidade dos dados, pois essa variável foi incluída nas etapas posteriores do Boletim Epidemiológico (VILLELA et al., 2021).
Além disso, os homens representam a maior parte das mortes por vírus. Este fato confirma estudo realizado por Schafe et al., (2021) observaram que 70% das mortes foram em homens. Além disso, em um estudo realizado na China, mais de 55% dos infectados eram do sexo masculino. Vários fatores podem estar envolvidos na relação entre gênero e óbito, como doença pré-existente e resposta do sistema imunológico. Além disso, vale destacar que, diferentemente das mulheres, os homens historicamente têm um estigma de demora para procurar atendimento médico, o que aumenta a probabilidade de esse público-alvo atingir mais óbitos.
Em relação à faixa etária, vale destacar que os óbitos se concentram naqueles com 60 anos ou mais, representando a população idosa. Enquanto isso, Escobar, Rodriguez e Monteiro, (2020) também observaram que essa faixa etária foi mais proeminente e sugeriram que isso pode estar relacionado a comorbidades. Desde então, a prevalência de diabetes tem sido 20% maior entre pessoas com 60 anos ou mais. Além disso, segundo Figueiredo et al., (2021), o risco de morte por COVID-19 pode estar relacionado a comorbidades, pois a preexistência de certas doenças reduz a imunidade e torna o organismo mais suscetível a outras doenças.
Na região Norte do Brasil, a maior incidência de COVID-19 do país está concentrada no estado de Rondônia, com 2.843,1 novos casos por 100.000 habitantes e 72,2 mortes por 100.000 habitantes na semana 20, mostram os dados. Durante a pandemia, as taxas de incidência registradas foram superiores à região como um todo, com 3.027,5 casos por 100.000 habitantes e 62,4 óbitos por 100.000 habitantes (ESCOBAR; RODRIGUEZ; MONTEIRO, 2020).
Em seu estudo, Mendonça et al., (2020) argumentam que as comorbidades favorecem a evolução da mortalidade e segundo Vargas et al (2021) observou que o número de comorbidades afeta os resultados do Covid-19. Além disso, Paixão et al., (2021) em seu estudo mostraram que o maior número de pessoas que morreram de Covid-19 foram pessoas com mais de 65 anos com algumas comorbidades. Figueiredo et al., (2021), na análise espacial, as fatalidades se concentraram na macrorregião metropolitana no período estudado, esse achado pode estar relacionado ao fato dessa macrorregião possuir cidades mais densamente povoadas.
O forte impacto da pandemia na área estudada pode estar relacionado aos fatores sociodemográficos da população local. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde, há grandes desigualdades no acesso a serviços médicos entre as regiões do Brasil, com maior proporção de consultas médicas em regiões com melhores condições de vida e maior Índice de Desenvolvimento Humano. Os estados da região norte são os menos desenvolvidos, o que pode ser um dos motivos da alta morbimortalidade da região devido à patologia envolvida.
Além disso, vale destacar que, conforme Segundo Silva et al., (2020), constataram em 2020, o padrão de distribuição dos óbitos no estado parte da capital e grandes centros urbanos, para o rural e pequenas e médias cidades. Além disso, sua lista relacionada mostra que as restrições estão desatualizadas, como a flexibilização da população no uso de medidas farmacológicas de prevenção à Covid-19, refletindo a disseminação do vírus e, portanto, mortes.
Em 2021, a macrorregião metropolitana lidera a Covid-19 com alta taxa de mortalidade, e sua capital, está localizada nessa macrorregião, com aeroporto internacional e porto, o que possibilita a disseminação da Covid-19. No entanto, algumas cidades do interior também apresentam altas taxas, Paixão et al., (2021) apontaram que a população está relacionada à disseminação do vírus, mas esse fator não pode ser considerado isoladamente, pois variáveis como tempo e espaço afetam a transmissibilidade e mortalidade e se tornam fatores de risco.
As taxas de mortalidade em 2021 estão concentradas no centro do estado. Alguns autores explicam as diferentes formas como Rondônia tem sido afetado pelo vírus, citando fatores como densidade populacional, medidas de quarentena e áreas de fronteira. Portanto, é preciso considerar as peculiaridades da região.
Assim, em estudo analisando a evolução da mortalidade pela doença no Brasil de janeiro de 2020 a fevereiro de 2021, os estados da região norte apresentaram alta taxa de mortalidade de 174,9 óbitos por 100 mil habitantes, seguidos pelas regiões central e oeste (150,9), Sudeste (128,8), Sul (99,5) e Nordeste (95,9), as cinco unidades federativas com as maiores taxas por 100.000 habitantes são: Roraima (354,0), Amazonas (298,1), Acre (218,7), Amapá (218,6) e Rondônia (213,5), todos da região Norte (SILVA et al., 2020).
Ao comparar os mapas de 2020 e 2021, é possível observar uma diminuição no número de óbitos em 2021. Isso pode ser devido aos avanços na vacinação que reduziram os casos graves de Covid-19 e as mortes pela doença. Confirmado o estudo de Vargas et al (2021) e Mendonça et al., (2020) em seu estudo mostraram aumento da cobertura vacinal em 2021.
Em relação aos dados de letalidade, ao final do período de análise (maio de 2021), a taxa de mortalidade apresentou taxa decrescente, representando 1,75% do total de casos (BRITO et al., 2022). Ressalta-se que em todo o Brasil, a taxa de letalidade da COVID-19 vem diminuindo gradativamente, porém, essas taxas ainda são superiores ao esperado, ou seja, não houve casos (MENDONÇA et al., 2020).
Notavelmente, este estudo tem limitações. Por serem dados auxiliares do domínio público da ficha de notificação, existem ainda algumas variáveis que carecem de informações. Portanto, a qualidade dos dados afeta as características do óbito.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pandemia da COVID-19 teve um impacto importante na população de todas as regiões de Rondônia, com elevado número de casos notificados e elevado número de óbitos pela doença. Pode-se traçar o comportamento patológico do estado, apresentar seu perfil epidemiológico e promover dados para subsidiar as ações dos gestores de saúde da região.
Portanto, para trabalhos futuros, são recomendados novos estudos capazes de avaliar medidas de prevenção e controle que estão sendo desenvolvidas com populações para medir sua eficácia e eficiência no controle da doença.
Neste estudo, levantou-se a hipótese de que, na faixa etária mais avançada, os homens apresentavam uma taxa de mortalidade maior do que as mulheres, com as taxas mais altas entre pardos e negros, e uma taxa de mortalidade muito maior entre os infectados pelo SARS-COV-2. A etiologia em Rondônia é estatisticamente confirmada em relação a outras etiologias.
A Covid-19 é vista como um grande desafio de saúde pública para o mundo e para Rondônia, com um número de mortes em rápida expansão e um impacto constante na sociedade. Neste estudo, a mortalidade por Covid-19 em Rondônia foi maior entre os homens, e entre aqueles com 60 anos ou mais, e entre os pardos, a comorbidade mais prevalente foi a doença cardiovascular crônica.
Portanto, este estudo serve como subsídio para ações e tomadas de decisões estratégicas, uma contribuição para outras pesquisas relacionadas ao tema, além de serem memórias de cenários de pandemia, pois não são apenas dados, números e proporções, são pessoas.
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1Enfermeira, Mestranda em Terapia Intensiva pelo Centro de Ensino em Saúde.
E-mail: eliane3ramoss@gmail.com
2Enfermeira, Mestre e Doutora em Terapia Intensiva.
E-mail: cepp.direcao@gmail.com