PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE CASOS DE SÍFILIS ADQUIRIDA NO TOCANTINS ENTRE OS ANOS DE 2017-2021

EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF ACQUIRED SYPHILIS CASES IN TOCANTINS BETWEEN THE YEARS 2017-2021

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10070531


Bruno Souza Santana¹
Larissa Alencar de Oliveira¹
Layza Lopes da Silva¹
Leide Maria Soares de Sousa¹
Luana Tamyris Santana de Sousa¹
Marina Farias de Paiva¹
Nataly Araújo da Silva¹
Renata de Alencar Nogueira¹
Rodson Melo Xavier¹
Vinícius Alves Nascimento¹


RESUMO

Introdução: a sífilis adquirida é uma patologia definida como uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) de acometimento sistêmico, em que apresenta como agente etiológico a bactéria Treponema pallidum. Sua via de transmissão é a sexual. A doença apresenta três fases, que são sífilis primária, secundária e terciária. Tais fases ativas são alternadas com períodos de latência. O diagnóstico da doença é definido por informações e manifestações clínicas, testes diagnósticos e investigação de exposição ao T. pallidum. Os principais testes diagnósticos são divididos em exames diretos e imunológicos. O tratamento padrão-ouro se dá pela administração de penicilina benzatina imediatamente após o diagnóstico. Objetivos: identificar o perfil epidemiológico da sífilis adquirida no estado do Tocantins no período de 2017 a 2021. Metodologia: trata-se de um estudo observacional analítico transversal, realizado pela coleta de dados acessados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), e de artigos encontrados no Google Acadêmico e Scielo. Conclusão: no período estudado, foram identificados um total de 5.341 casos notificados no estado do Tocantins. Por isso, torna-se importante que estratégias eficazes sejam adotadas diminuindo a incidência da sífilis adquirida, e estimulando a sua prevenção e diagnóstico precoce.

Palavras-chave: Sífilis adquirida. Treponema pallidum. Tocantins. Prevenção.

ABSTRACT

Introduction: acquired syphilis is a pathology defined as a systemic Sexually Transmitted Infection (STI), in which the bacterium Treponema pallidum is the etiological agent. Its transmission route is sexual. The disease has three phases, which are primary, secondary and tertiary syphilis. Such active phases are alternated with periods of latency. The diagnosis of the disease is defined by clinical information and manifestations, diagnostic tests and investigation of exposure to T. pallidum. The main diagnostic tests are divided into direct and immunological tests. The gold standard treatment is the administration of benzathine penicillin immediately after diagnosis. Objectives: to identify the epidemiological profile of syphilis acquired in the state of Tocantins in the period from 2017 to 2021. Methodology: this is a cross-sectional analytical observational study, carried out by collecting data accessed by the Notifiable Diseases Information System (SINAN), and articles found on Google Scholar and Scielo. Conclusion: during the studied period, a total of 5,341 reported cases were identified in the state of Tocantins. Therefore, it is important that effective strategies are adopted to reduce the incidence of acquired syphilis, and encourage its prevention and early diagnosis.


Keywords: Acquired syphilis. Treponema pallidum. Tocantins. Prevention.

1. INTRODUÇÃO

Sífilis é uma patologia definida como uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) de acometimento sistêmico, em que apresenta como agente etiológico a bactéria Treponema pallidum. Esse patógeno apresenta alta virulência devido suas capacidades orgânicas de aderência às células do hospedeiro e quimiotaxia, contribuindo para sua habilidade de invasão, fixação e de transpor tecidos. Sua transmissão pode ocorrer através de vias sexuais (adquirida) e verticais (congênita) e, uma vez infectado, o patógeno etiológico não confere imunidade protetora ao indivíduo, podendo esse ser acometido pela mesma patologia inúmeras vezes. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021)

A evolução da doença é caracterizada por alternância entre períodos da doença ativa e latente, que são marcados por aspectos distintos de marcadores imunológicos, clínicos e histopatológicos. As fases ativas são denominadas de sífilis primária, secundária e terciária, em que o início desse processo evolutivo se dá após o período de incubação da T. pallidum, em que varia de duas a seis semanas. (SILVEIRA et al, 2020)

As principais manifestações clínicas de cada estágio evolutivo da doença são, principalmente, lesões genitais e sistêmicas. A sífilis primária é marcada pelo surgimento de lesão genital, também conhecido como cancro duro, na região de inoculação após três semanas da infecção. O cancro duro é uma manifestação que possui desenvolvimento, iniciando como uma pápula e progredindo até a ulceração, podendo estar associado a manifestações inflamatórias ao seu redor. É caracterizado como uma lesão ulcerada, única e indolor, com bordas duras e ferimento coberto por material seroso. (AVELLEIRA; BOTTINO, 2006)

Seguindo o processo evolutivo patológico, a sífilis secundária é descrita como acometimento da pele e órgãos internos após um período de latência de aproximadamente seis semanas, marcando a atividade da doença. Ocorrem lesões dermatológicas definidas como pápulas eritematosas de duração rápida, progredindo para pápulas eritemo-acobreadas, de superfície lisa, descamativas e formato arredondado, acometendo principalmente regiões palmares e plantares. Também podem ocorrer placas esbranquiçadas em mucosas, e tais lesões descritas nesse estágio são de alto grau de contágio. Os demais sintomas associados são: poliadenomegalia generalizada, mialgia, cefaleia, febre baixa, faringite, hepatoesplenomegalia e glomerulonefrite. (AVELLEIRA; BOTTINO, 2006)

Por fim, a sífilis terciária é definida por acometimento de pele, mucosas, sistema nervoso (neurossífilis) e cardiovascular. A respeito das lesões dermatológicas, essas são caracterizadas como nódulos únicos, assimétricos e endurecidos, com ausência de treponemas. A neurossífilis é marcada por infecção persistente das meninges, devido a invasão das mesmas pelo T. pallidum. Tal estágio acontece em um período de até 18 meses após a infecção inicial, e pode ser de caráter sintomático ou assintomático. Já o acometimento do sistema cardiovascular é marcado por manifestações tardias, de até 30 anos após o início da doença, ocasionando aortite de aorta ascendente, em que é classicamente assintomático. (AVELLEIRA; BOTTINO, 2006)

O diagnóstico da doença é definido por informações e manifestações clínicas, testes diagnósticos e investigação de exposição ao T. pallidum. Os principais testes diagnósticos são divididos em exames diretos e imunológicos. Os exames diretos são aqueles que visam detectar o T. pallidum em amostras de lesões, em que podem ser, por exemplo: imunofluorescência direta, microscopia de campo escuro e microscopia de material corado. Já os testes imunológicos objetivam detectar anticorpos em amostras coletadas, em que podem ser testes treponêmicos, que detectam anticorpos IgG e IgM, como ELISA, teste de hemaglutinação e testes rápidos; ou testes não treponêmicos, que detectam a titulação dos anticorpos, em que os principais dessa categoria são o VDRL e RPR. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021)

Em uma última análise, o tratamento padrão-ouro da sífilis adquirida é a administração de penicilina benzatina, dose única, imediatamente após o diagnóstico. Outras opções terapêuticas são ofertadas, como exemplo: ceftriaxona, doxicilina e eritromicina, de acordo com a particularidade de cada paciente. Além disso, o acompanhamento da doença e da eficácia ou não do tratamento é de extrema importância, e o mesmo pode ser através da realização de testes não treponêmicos. (MENEZES et al, 2021)

Sendo assim, devido a gravidade da doença e possibilidade de inúmeras complicações de acordo com seu processo evolutivo, torna-se necessário o conhecimento acerca da epidemiologia de seus casos diagnosticados, de modo que haja conscientização da população acerca de formas de prevenção, e que a mesma seja instruída a procurar serviços de saúde desde os primeiros sintomas, devido a facilidade diagnóstica e terapêutica, diminuindo as taxas de incidência, complicações e maiores gastos de saúde pública.

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO PRIMÁRIO

Identificar o perfil epidemiológico da sífilis adquirida no estado do Tocantins no período de 2017 a 2021.


2.2 OBJETIVOS SECUNDÁRIOS

  • Quantificar a incidência da sífilis adquirida no Tocantins;
  • Contribuir com medidas públicas mais eficazes.

3. METODOLOGIA

A seguinte pesquisa é um estudo observacional analítico transversal, realizado pela coleta de dados acessados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), disponibilizados pelo DATASUS, equivalente aos anos de 2017-2022 inseridos no estado do Tocantins.

Refere-se a um estudo epidemiológico descritivo, observacional e retrospectivo, analisando casos de sífilis adquirida. Além disso, também foram utilizados artigos ofertados pelo Google Acadêmico e Scielo para o desenvolvimento da pesquisa. As variáveis utilizadas foram: quantidade de casos confirmados, raça, sexo e faixa etária.

4. ANÁLISE DE DADOS

De acordo com os dados conquistados que estão evidenciados na TABELA 1, no período analisado, houve um total de 5.341 casos notificados de sífilis adquirida no estado do Tocantins. Os anos de 2018 e 2019 obtiveram a maior incidência de casos notificados, correspondendo a uma quantidade de 1.269 e 1.453 casos, respectivamente. No entanto, percebe-se que houve redução considerável de casos nos anos de 2020 e 2021, possivelmente devido a adoção de meios de prevenção, como a utilização de preservativos.

TABELA 1: Disposição da quantidade de casos de Sífilis Adquirida entre os anos de 2017-2021, no Tocantins.

Fonte: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).

Ao se analisar a prevalência da patologia de acordo com a raça, percebe-se que pacientes pardos são os mais acometidos, com um total de 3.492 casos, obtendo maior incidência entre eles em todos os anos observados. Em controversa, os indígenas reúnem a menor concentração de casos notificados, acumulando apenas 59 casos totais. (TABELA 2)

TABELA 2: Prevalência da Sífilis Adquirida de acordo com a raça no estado do Tocantins, entre anos de 2017 a 2021.

Fonte: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).

Verificando a prevalência da patologia de acordo com o sexo acometido, como na TABELA 3, a população masculina concentra o maior número de casos em todos os anos estudados, confirmando que os homens são mais vulneráveis à IST estudada.

TABELA 3: Incidência da Sífilis Adquirida de acordo com o sexo no Tocantins entre 2017-2021.

Fonte: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).

Em última análise, ao desenvolver pesquisas a respeito da prevalência da doença segundo a faixa etária, percebe-se que pacientes de 20 a 39 anos concentram o maior número de diagnósticos, com um total de 3.253 casos. Em segundo lugar, encontram-se pacientes na faixa etária de 40 a 59 anos, com o total de 1.181 casos. Além disso, percebe-se que sua incidência diminui com a idade, tendo menor prevalência entre os idosos, como o disposto na TABELA 4.

TABELA 4: Relação dos casos notificados de Sífilis Adquirida entre as faixas etárias, no estado do Tocantins.

Fonte: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).

5. CONCLUSÃO

Diante das informações expostas, é de extrema importância que haja maiores investimentos na conscientização da população acerca da prevenção da sífilis adquirida, com foco na adoção de métodos para efetivar relações sexuais seguras. Nesse caso, como a via de transmissão mais importante é a sexual, como mencionado, é necessário a adoção de métodos que incentivem a utilização de preservativos por parte da população.

Nessa mesma análise, é importante o esclarecimento acerca da necessidade do diagnóstico precoce, assim que os primeiros sintomas sejam evidenciados, por se tratar de uma patologia com evolução para possíveis casos graves caso não haja intervenção e tratamento adequado.

Por fim, torna-se importante que estratégias eficazes sejam adotadas diminuindo a incidência da sífilis adquirida, abrangendo a mudança de hábitos sociais e uma maior disponibilidade de testes rápidos diagnósticos entre a população, de modo que haja estímulo para prevenção e diagnóstico precoce, visando diminuir o número de casos e complicações relacionadas a patologia.

REFERÊNCIAS

AVELLEIRA, João Carlos Regazzi; BOTTINO, Giuliana. Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle. Anais brasileiros de dermatologia, v. 81, p. 111-126, 2006.

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual técnico para o diagnóstico da sífilis. Brasília, 2021.

MENEZES, Iasmim Lima et al. Sífilis Adquirida no Brasil: Análise retrospectiva de uma década (2010 a 2020). Research, Society and Development, v. 10, n. 6, p. e17610611180-e17610611180, 2021. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/11180. Acesso em: 20 out. 2023.

SILVEIRA, Silvestre JS et al. Análise dos casos de sífilis adquirida nos anos de 2010-2017: um contexto nacional e regional. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 5, p. 32496-32515, 2020.Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/articl e/view/10862. Acesso em: 20 out. 2023.