PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA UROLITÍASE NO BRASIL NO PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE 2012 A 2022 

EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF UROLITHIASIS IN BRAZIL FOR  THE PERIOD FROM 2012 TO 2022 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202408062148


José Eduardo Rivas da Silva1
Laise Maria Volgran de Alencar Franco1
Luiz Eduardo Gomes Araújo1
Douglas José Angel2


RESUMO 

Introdução: Urolitíase ocorre quando há um ou mais cálculos no interior de órgãos  ou canais do trato urinário, desde as membranas renais até a bexiga. É uma patologia  que apresenta aumento progressivo de sua incidência ao longo dos anos. Objetivo:  Evidenciar o perfil epidemiológico da urolitíase no Brasil no período compreendido  entre 2012 e 2022. Método: Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, com  coleta de informações nas bases de dados eletrônicos Medical Literature Analysis and  Retrievel System Online (MEDLINE), National Library of Medicine (PUBMED) e  Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), em estudos  publicados no período compreendido entre 2012 a 2022. Resultados: Evidenciou se uma maior ocorrência da nefrolitíase entre o sexo masculino, em adultos com idade  entre 30 e 55 anos e crianças dos 4 aos 12 anos. E possui outros fatores de risco  como baixa ingesta hídrica, obesidade, situação de vulnerabilidade socioeconômica,  indivíduos com dieta rica em sódio/proteína, habitação em regiões de clima com  temperatura elevada, histórico de litíase renal na família e realização prévia de bypass  gástrico. Conclusão: Percebeu-se que alguns fatores associados a nefrolitíase são  determinados geneticamente, como o sexo e o histórico familiar, porém, a maioria dos  fatores de risco são modificáveis, sendo passíveis de prevenção, demonstrando,  portanto, a necessidade do desenvolvimento de políticas públicas efetivas para  prevenção e diminuição da ocorrência desta patologia. 

Palavras-chave: Urolitíase. Epidemiologia. Brasil.

ABSTRACT 

Introduction: Urolithiasis occurs when there are one or more stones inside organs or  channels of the urinary tract, from the kidney membranes to the bladder. It is a  pathology that has seen a progressive increase in incidence over the years. Objective: To highlight the epidemiological profile of urolithiasis in Brazil in the period between  2012 and 2022. Method: This is a systematic review of the literature, with information  collected in the electronic databases Medical Literature Analysis and Retrievel System  Online (MEDLINE), National Library of Medicine (PUBMED) and Latin American and  Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), in studies published in the period  between 2012 and 2022. Results: There was a greater occurrence of nephrolithiasis  among males, in adults aged between x and x years and children x to x. And it has  other risk factors such as low water intake, obesity, socioeconomic vulnerability,  individuals with a diet rich in sodium/protein, living in regions with a high temperature  climate, history of renal lithiasis in the family and previous gastric bypass. Conclusion: It was noticed that some factors associated with nephrolithiasis are genetically  determined, such as sex and family history, however, the majority of risk factors are  modifiable and can be prevented, therefore demonstrating the need for the  development of public policies effective measures to prevent and reduce the  occurrence of this pathology. 

Keywords: Urolithiasis. Epidemiology. Brazil. 

1. Introdução  

Urolitíase, também chamada de litíase renal, nefrolitíase, cálculo ou calculose  urinária, ocorre quando há um ou mais cálculos no interior de órgãos ou canais do  trato urinário, desde as membranas renais até a bexiga¹. A litíase afeta os humanos  desde a antiguidade, com relatos que datam de 5.000 a.C. e achados arqueológicos confirmando a patologia nos egípcios em 4.200 a.C². 

Essa alteração acontece devido à formação de grupamentos cristalinos e de  matriz orgânica, que se desenvolvem no interior do trato urinário devido a  hipersaturação urinária, podem ter tamanhos variados e são capazes de causar  sintomas e crises álgicas de alta prevalência e recorrência1.  

A maior parte dos cálculos são formados por oxalato de cálcio, que é o cálculo  renal mais comum, com menor frequência existem outros tipos de sais, como fosfato  de cálcio, fosfato de amônio magnesiano, ácido úrico e cistina, sendo a prevalência  de cálculos renais variável de acordo com a idade, sexo, raça/etnia e geografia³.  

Estima-se que de 4 a 15% da população mundial apresenta algum episódio de  calculose renal ao longo da vida, devido a condições climáticas e hábitos de vida4.

A nefrolitíase é uma doença muito comum em todo o mundo, com prevalência  variando de 7,1% em mulheres a 10,6% em homens na América do Norte. Dados  epidemiológicos de Espanha, Alemanha, Japão e Itália mostraram uma incidência de  nefrolitíase de 114-720 por 100.000 pessoas e uma prevalência de 1,7-14,8%. Essas  taxas estão em franco crescimento em quase todos os países. No Japão foi observado  um aumento progressivo, com baixa incidência na infância e na terceira idade e pico  na quarta a sexta décadas de vida5. Estudos apontam ainda um aumento progressivo  de sua incidência ao longo dos anos, sendo o mesmo atribuído à gradual elevação  dos índices de obesidade, do sedentarismo e da ingestão salina da população  mundial6

No Brasil, é uma patologia responsável por um grande problema de saúde  pública, uma vez que, possui um elevado custo socioeconômico devido ao grande  acometimento de pessoas em idade produtiva, sendo a mesma, frequente, recidivante  e afeta principalmente os adultos, entre a segunda e sexta décadas de vida, com  maior ocorrência em pessoas do gênero masculino7. Em 2012, o Sistema Único de  Saúde (SUS) gastou mais de 32,5 milhões de reais em tratamento e internação de  urolitíase8

O presente artigo tem como problemática da pesquisa: “Qual é o perfil  socioepidemiológico da urolitíase no Brasil?”, como hipótese associada uma maior  prevalência da doença em indivíduos do sexo masculino; Situação de vulnerabilidade  social; Antecedente pessoal/familiar de litíase; Obesidade; Baixa ingesta  hídrica/desidratação; Sedentarismo; Consumo de dieta rica em sódio ou proteínas;  Infecção do trato urinário e pessoas submetidas a cirurgia bariátrica com o método de  bypass gástrico prévio. 

Estudos revelam que a formação de cálculos urinários está associada a várias  morbidades graves, além de estar associada à redução da produtividade, acarretando  um grande impacto socioeconômico por conta desta patologia. Mediante à grande  prevalência e aumento progressivo de sua incidência ao longo dos anos, torna-se  necessário a ênfase nos fatores de risco associados a ela, apresentando diretamente  intervenções específicas de prevenção que justificam a necessidade da realização do  presente estudo, que tem por objetivo evidenciar o perfil epidemiológico da urolitíase  no Brasil no período compreendido entre 2012 e 2022.

2. Método  

O estudo em questão trata-se de uma revisão sistemática da literatura, com  metodologia dedutiva, abordagem qualitativa e objetivo descritivo. As etapas  utilizadas na realização dessa revisão foram: (1) Identificação de um problema de  saúde pública; (2) Escolha da questão norteadora; (3) Pesquisa de evidências  científicas a partir de critérios de exclusão e inclusão; (4) Avaliação das evidências  encontradas nos artigos incluídos na revisão; (5) Extração e análise dos dados obtidos  e (6) Discussão dos resultados dos estudos.  

A coleta de dados foi obtida nas seguintes bases de dados eletrônicas: Medical  Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE), National Library of  Medicine (PUBMED) e Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde  (LILACS) com a adoção dos seguintes descritores: “Urolithiasis AND Epidemiology  AND Brazil”. A pergunta norteadora adotada para o estudo foi: Qual é o perfil  socioepidemiológico da urolitíase no Brasil? 

Para seleção dos estudos originais publicados sobre a temática proposta, os  critérios de inclusão utilizados foram, o período de janeiro de 2012 a dezembro de  2022, sem restrição de idioma ou localização, disponíveis online na íntegra e com  abordagem completa do conteúdo. E foram excluídos da amostra de estudo artigos  de revisão, relatos de caso, metanálise, documentos, publicações não pertencentes  ao período de tempo delimitado e que não contemplassem a temática abordada. Após  a leitura por extenso dos artigos, também foram excluídos os estudos que não  respondiam à pergunta norteadora da pesquisa e os estudos duplicados nas  plataformas escolhidas. 

A pesquisa resultou em 44 publicações. Após a utilização dos critérios de  inclusão e exclusão mencionados, foram encontrados 14 artigos, em seguida,  selecionaram-se todos estes estudos para a leitura na íntegra e análise completa, os  quais compõem a amostra final desta revisão. 

Os dados obtidos das publicações analisadas foram dispostos e sintetizados em  dois quadros desenvolvidos no programa Microsoft Word para possibilitar a integração  dos achados, com as seguintes variáveis: título, autor, ano, local, objetivo, resultados  e conclusão, possibilitando uma análise comparativa, que viabiliza a elaboração de  considerações sobre o tema em estudo.

3. Resultados 

Neste estudo, foram analisados 14 artigos que preencheram os critérios de  inclusão e exclusão para composição da análise proposta. A seleção final é  apresentada nos quadros 1 e 2, que expõem os principais resultados das pesquisas  referente ao padrão epidemiológico da urolitíase no Brasil. 

Quadro 1: Distribuição dos estudos de acordo com título, autor, país/ano 

TÍTULO AUTORES PAÍS/ANO
(1) COVID-19: The impact on urolithiasis treatment in Brazil Korkes et al. Brasil/2022
(2) Hospital morbidity and financial impacts for urolithiasis in bahia, brazil Júnior et al. Brasil/2021
(3) Nephrolithiasis in gout: prevalence and characteristics of Brazilian patients Hoff et al. Brasil/2020
(4) Perfil clínico-epidemiológico de 106 pacientes pediátricos portadores de  urolitíase no Rio de Janeiro.Barata et al. Brasil/2018
(5) Epidemiology of urolithiasis consultations in the Paraíba Valley Silva et al. Brasil/2016
(6) A large 15 – year database analysis on the influence of age, gender, race,  obesity and income on hospitalization rates due to stone diseaseMello et al. Brasil/2016
(7) Urolitíase pediátrica: experiência de um hospital infantil de cuidados terciários Amancio et al. Brasil/2016
(8) American and Brazilian Children With Primary Urolithiasis: Similarities and  DisparitiesPenido et al. Brasil/2014
(9) Influence of socioeconomic disparities, temperature and humidity in kidney  stone compositionCunha et al. Brasil/2020
(10) Prevalence of Kidney Stones and Vertebral Fractures in Primary  Hyperparathyroidism Using Imaging TechnologyCipriani et al. Brasil/2015
(11) Influence of climate on the number of hospitalizations for nephrolithiasis in  urban regions in BrazilJúnior et al. Brasil/2020
(12) Urinary Evaluation After RYGBP: a Lithogenic Profile with Early Postoperative  Increase in the Incidence of UrolithiasisValezi et al. Brasil/2013
(13) Metabolic syndrome and associated urolithiasis in adults enrolled in a  community-based health programPinto et al. Brasil/2012
(14) Lithiasis in 1,313 Kidney Transplants: Incidence, Diagnosis, and Management Cassini et al. Brasil/2012

Fonte: Adaptado pelos autores, 2023. 

No quadro 1, apresentam-se as 14 publicações selecionadas, destacando título,  autores e ano das pesquisas, no qual, os artigos utilizados para a projeção dos  resultados da presente revisão foram publicados entre o ano de 2012 e 2022. E em  relação ao país de origem dos estudos selecionados, todos são do Brasil. Sendo os  artigos publicados em diferentes bases de dados sendo elas, Medical Literature  Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE), National Library of Medicine  (PUBMED) e Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde  (LILACS).

Quadro 2: Resumo dos artigos selecionados contendo, objetivo, principais resultados e conclusão.

OBJETIVO RESULTADOS CONCLUSÃO
(1) Avaliar o impacto da  pandemia nas internações  hospitalares por urolitíase no  sistema público de saúde  brasileiro.O impacto do surto de COVID-19 nas  internações de mulheres foi  significativamente mais intenso do que nos  homens, reduzindo de 48,91% para 48,36%  do total (p=0,0281). Os extremos de idade  pareceram ser mais afetados, com  pacientes menores de 20 anos e maiores de  60 anos apresentando redução significativa  no acesso aos serviços hospitalares  (p=0,033). Evidenciou-se uma  redução considerável nas  internações gerais para  tratamento de urolitíase no  sistema público de saúde  brasileiro durante o  primeiro ano da pandemia  de Covid-19. Mulheres e  indivíduos com mais de 60  anos foram especialmente  afetados.
(2) Descrever os casos de  morbidade hospitalar e  impactos financeiros por  urolitíase no estado da  Bahia, Brasil no período de 2012 a  2016.Foram registrados 15.171 casos de  morbidade hospitalar por urolitíase, o que  corresponde a 0,46% do total das  internações. A maior prevalência ocorreu na  macrorregião leste (n=6.920), entre o sexo  masculino (n=7.815), em idade entre 35 e  39 anos (n=1.877) e cor/raça ignorada  (n=8.031).De acordo com os  resultados, observa-se a  necessidade de tornar a  macrorregião leste como  prioritária para as ações de  controle e prevenção da  patologia.
(3) Os objetivos deste artigo  foram avaliar a prevalência  da nefrolitíase e os fatores 
associados à nefrolitíase em  pacientes brasileiros com gota primária.
Cento e quinze (93,5%) pacientes eram do  sexo masculino, com média de idade de  62,9 ± 9,4 anos. Vinte e três (18,7%)  pacientes apresentavam nefrolitíase  assintomática (detectada apenas por  ultrassonografia), 7 (6,0%) apresentavam  nefrolitíase sintomática (detectada por  ultrassonografia e história clínica positiva) e  13 (10,0%) tinham histórico de cálculos  renais, mas a ultrassonografia na avaliação  não mostrou nefrolitíase. Portanto, 35,0%  dos pacientes apresentavam nefrolitíase  (detectada por ultrassonografia e/ou história  clínica positiva). A nefrolitíase foi associada  ao sexo masculino (43 [100%] vs 72 [90%],p  =0,049), o uso de citrato de potássio (13  [30,2%] vs 0,p <0,001) e o uso de  medicamentos para diabetes (10 [23,3%] vs  8 [10%],p =0,047) e dislipidemia (15 [34,9%]  vs 10 [12,5%], p =0,003); a benzbromarona  teve uma associação inversa com  nefrolitíase (21 [48,8%] vs 55 [68,8%],p  =0,030). A prevalência de  nefrolitíase na gota primária  foi de 35,0% e 18,7% dos  pacientes eram  assintomáticos. A  nefrolitíase foi associada ao  sexo masculino, diabetes e  dislipidemia. Uma história  positiva de nefrolitíase  provavelmente influenciou  a prescrição de citrato de  potássio e benzbromarona. 
(4) Descrevendo a frequência, o  perfil clínico e condutas  adotadas em portadores de  urolitíase no setor de  nefropediatria do Hospital  Federal dos Servidores do  Estado na cidade do Rio de  Janeiro.A frequência de urolitíase no período foi de  13,6%, e as características mais frequentes  foram sexo masculino, cor da pele branca,  eutrofia, idade entre 5 e 10 anos, história  familiar de urolitíase, infecção urinária  prévia e eliminação espontânea do cálculo.  Dor abdominal, em flanco e hematúria  macroscópica foram as queixas mais  comuns. Distúrbios metabólicos mais  frequentes: hipercalciúria, hiperuricosúria e hipocitratúria. A hipocitratúria foi associada  à história de infecção urinária prévia  (p=0,004). A ultrassonografia de abdome ou  aparelho urinário foi o exame mais utilizado  para diagnóstico. Hidronefrose ocorreu em  54,4% dos casos, 81,1% dos cálculos  estavam nos rins e os bilaterais eram  associados com história familiar de  urolitíase (p=0,030). Houve recidiva em  29,3% dos casos (maior parte com distúrbio  metabólico); 12,3% submeteram-se à  litotripsia; 24,5%, à cirurgia, principalmente  pielolitotomia; e apenas 7,6% dos pacientes  tiveram cálculos analisados (mais  frequente: oxalato de cálcio).A frequência de urolitíase  nessa população pediátrica  foi próxima à da literatura.  Os achados sugerem a  necessidade de  investigação metabólica  mais ampla e a análise  mais frequente dos  cálculos. 
(5)Conhecer o perfil  epidemiológico dos  pacientes com urolitíase, na  região do Vale do Paraíba,  identificando sua prevalência  e distribuição espacial.Ocorreram 1901 atendimentos por urolitíase nos 35 municípios do Vale do Paraíba nos  três anos estudados, sendo 52,3% dos  pacientes do sexo feminino. Do total, 70,1%  dos atendimentos foram em caráter de  urgência. Os atendimentos femininos, na  sua maioria (67,2%), também foram de  urgência (p<0,01). A prevalência geral  encontrada para a urolitíase foi  31,7/100.000 habitantes. A prevalência  masculina foi 30,7/100.000 e a feminina de  32,7/100.000 (p>0,05). A relação de  prevalência encontrada foi 0,9 homens para  cada mulher. A faixa etária com o maior  número de pacientes atendidos foi entre 30  e 39 anos, com 23,1% do total. Nas  estações quentes ocorreram 51,6% dos  atendimentos, enquanto nas frias 48,8%  (p>0,05).Foi possível identificar que  na região do Vale do  Paraíba o sexo feminino é  mais acometido pela  urolitíase do que o  masculino, fato inédito na  literatura. Não se encontrou  relação entre a estação do  ano e a doença. Foram  identificados municípios  onde ações de prevenção  da litogênese urinária são  necessárias.
(6) Avaliar a taxa de  hospitalização pública por  doença de cálculos num  grande país em  desenvolvimento durante um  período de 15 anos e sua  associação com dados  sociodemográficosO número de hospitalizações relacionadas  com cálculos aumentou de 15,7%, embora  a taxa de hospitalização ajustada à  população tenha permanecido constante  em 0,04%. A proporção homem: mulher  entre os pacientes hospitalizados manteve se estável (49,3%:50,7% em 1998;  49,2%:50,8% em 2012), embora tenha  havido uma redução significativa na  prevalência de internações masculinas (- 3,8%;p=0,041). Em 2012, 38% dos  pacientes internados por litíase tinham entre  40 e 59 anos. O≥O estrato de 80 anos  apresentou a diminuição mais significativa (- 43,44%;p=0,022), seguido pelas coortes de  20 a 39 anos (-23,17%;p<0,001) e de 0 a 19  anos (-16,73%;p= 0,012). No geral, as  menores taxas relativas de internação foram  encontradas para amarelos e indígenas. O  número de indivíduos com  sobrepeso/obesidade aumentou  significativamente (+20,6%), acompanhado  de um aumento de +43,6% na renda per  capita. Foi encontrada correlação significativa apenas entre renda e  obesidade (R=0,64;p=0,017).A prevalência de litíase que  requer hospitalização no  Brasil permanece estável,  com proporção equilibrada  entre homens e mulheres.  Há tendência de diminuição  das taxas de hospitalização  de homens, <40 e≥ Indivíduos com 80 anos. A  obesidade e a renda têm  uma correlação mais  pronunciada entre si do que  com cálculos da doença.
(7) Evidenciar as características  demográficas e clínicas da  urolitíase pediátrica, a  etiologia, condutas  terapêuticas, recidiva da  doença e evolução dos  pacientes em um hospital  infantil de cuidados  terciários.Nesse estudo foram avaliados 106  pacientes (65%M) pediátricos. Idade média  ao diagnóstico 8,0 ± 4,2, dessa amostra  85% tinham histórico familiar positivo para  urolitíase. Dor abdominal, cólica nefrética  clássica e infecção urinária foram as  principais manifestações. 93,2% tinham  alteração metabólica, sendo a hipercalciúria  a mais comum. O tratamento farmacológico  foi instituído em 78% dos casos. Utilizou-se  citrato de potássio e hidroclorotiazida.  Tratamento cirúrgico foi realizado em 38%  dos pacientes. Houve resposta ao  tratamento em 39% deles, com recidiva da  urolitíase em 34,2%. A urolitíase na população  pediátrica requer avaliação  metabólica detalhada após  sua apresentação inicial,  para que seja possível  realizar o devido  tratamento, acompanhamento e  prevenção da formação  lítica e de suas  complicações.
(8) Identificar possíveis fatores  associados ao aumento da  incidência de urolitíase,  comparando crianças  americanas e brasileiras com  cálculos.Não houve diferenças entre idade e sexo no  momento do diagnóstico. As crianças  brasileiras eram mais magras, mas em  nenhuma população a taxa de obesidade  excedeu a da população em geral. O  ultrassom foi mais utilizado para  diagnosticar cálculos, ainda mais em  brasileiros. A diminuição do fluxo urinário foi  mais comum entre os americanos (P= .004),  hipercalciúria entre brasileiros (P= .001), e  elevada relação Ca/citrato entre os  americanos (P= .009). Não houve  diferenças entre os grupos na frequência de  hipocitratúria, hiperuricosúria, hiperoxalúria  absortiva e cistinúriaApesar de algumas  diferenças entre as  populações, as principais  causas de urolitíase entre  ambas foram “oligúria”,  hipercalciúria e elevada  relação Ca/citrato. Em  nenhum dos países a  obesidade foi a razão para  o aumento da incidência de  urolitíase, nem o uso de  tomografia  computadorizada. 
(9) Avaliar a frequência e  composição dos cálculos  renais e suas associações  com temperatura, umidade e  índice de desenvolvimento  humano (IDH).O oxalato de cálcio monohidratado (COM)  foi detectado em 38,8% dos pacientes;  oxalato de cálcio dihidratado (COD) em  22,1%; mistos de COD/apatita em 9,4%;  apatita pura em 1,9%; brushita em 1,8%;  estruvita em 8,3%, ácido úrico puro em  11,1%; mistos de ácido úrico / COM em  5,6% e cistina/tipos raros em 0,8%. O IDH  médio de todas as cidades em conjunto foi  de 0,780 ± 0,03. No entanto, indivíduos que  vivem em regiões com IDH <0,800  apresentaram duas vezes a razão de  chances de ter cálculo de estruvita do que  aqueles que vivem em cidades com IDH >  0,800 (OR = 2,14; IC 95% 1,11- 4,11). Além  disso, um aumento progressivo na  frequência de cálculos de estruvita de 4,5  para 22,8% foi detectado em IDH> 0,800 até  IDH <0,700. Não foi observada nenhuma  diferença significativa para outros tipos de  cálculos. Modelos separados de regressão  logística foram utilizados para avaliar a  associação de cada tipo de cálculo com  gênero, temperatura, umidade e IDH como  covariáveis. Pacientes que vivem em  áreas com baixo IDH são  mais propensos a  desenvolverem cálculos de  estruvita, possivelmente  devido ao menor acesso à  assistência médica. A  temperatura e a umidade  não representaram um fator  de risco específico para  qualquer tipo de cálculo na  presente amostra.
(10) Avaliar a prevalência de  cálculos renais e fraturas  vertebrais em pacientes com  hiperparatireoidismo  utilizando tecnologia de  imagem não invasiva.Cinquenta e cinco por cento de todos os  indivíduos tinham cálculos renais por  ultrassonografia, 62,9% tinham osteoporose  pelo escore T em qualquer local e 35,1%  tinham fratura vertebral por raio-x. Não  houve diferença na incidência de fratura  vertebral e osteoporose densitométrica  entre pacientes sintomáticos e  assintomáticos, enquanto mais cálculos  renais foram detectados em sintomáticos  (78%) do que assintomáticos (35,5%). 22%  dos pacientes classificados como  assintomáticos no início do estudo sem  osteoporose pela absorciometria por raios X com dupla energia apresentaram cálculos  renais e/ou fratura vertebral.Nefrolitíase e fraturas  vertebrais são comuns em indivíduos assintomáticos  com hiperparatireoidismo  primário assintomático. Os  resultados fornecem  evidências que apoiam  recomendações recentes  de que uma abordagem  mais proativa seja adotada  para detectar doenças  silenciosas de cálculos e  ossos em  hiperparatireoidismo  assintomáticos.
(11) Determinar a associação  entre clima e número de  internações por nefrolitíase  (IN) em cidades brasileiras  localizadas em diferentes  regiões climáticas.Foi identificada associação positiva entre o  número de internações por nefrolitíase e  temperatura ((TMB vs. IN; R2 = 0,218;  P<0,0001) (TM vs. IN; R2 = 0,284;  P<0,0001) (TMA vs. IN; R2 = 0,317;  P<0,0001)) e associação negativa entre o  número de internações por nefrolitíase e  umidade relativa do ar (UR vs. IN; R2 =  0,234; P <0,0001). Também foram  observadas interações entre TM e UR com  relação aos seus efeitos sobre a IN,  conforme descrito por um modelo linear (IN  = 4,668 + 0,296 x TM – 0,088 x UR). IN foi  mais acentuada nas cidades com climas  tropicais do que nas cidades com climas  subtropicais (82,4 ± 10,0 vs. 28,2 ± 1,6;  P<0,00001).Existe associação entre  número de internações por  nefrolitíase e variações de  temperatura e umidade  relativa.
(12) Objetivo deste estudo foi  avaliar preditores de  formação de cálculos  recentes após bypass  gástrico Roux en Y.A mediana do IMC diminuiu de 44,1 para  27,0 kg/m2 (p < 0,001) no pós-operatório. O  oxalato urinário (24 versus 41 mg; p < 0,001)  e o ácido úrico urinário (545 versus 645 mg;  p < 0,001) aumentaram significativamente  no pós-operatório (pré-operatório versus  pós-operatório, respectivamente). Volume  urinário (1.310 versus 930 ml; p < 0,001), pH  (6,3 versus 6,2; p = 0,019), citrato (268  versus 170 mg; p < 0,001), cálcio (195  versus 105 mg; p < 0,001) e magnésio (130  versus 95 mg; p = 0,004) diminuiu  significativamente no pós-operatório (pré operatório versus pós-operatório,  respectivamente). Os formadores de  cálculos aumentaram de 16 (10,6%) para 27  (17,8%) pacientes na análise pós-operatória  (p = 0,001). Os preditores de novos  formadores de cálculos após BGYR foram  oxalato urinário pós-operatório (p = 0,015) e  ácido úrico (p = 0,044).O bypass gástrico Roux en  Y determinou alterações  profundas na composição  urinária que predispuseram  a um perfil litogénico. A  prevalência de litíase urinária aumentou quase  70% no pós-operatório.  Oxalato urinário pós operatório e ácido úrico  foram os únicos preditores  de novos formadores de  cálculos.
(13) Estimar a prevalência de  história de urolitíase em uma  amostra não randomizada de  adultos atendidos por um programa de saúde  comunitário e analisar sua  associação com a síndrome  metabólica.Foram incluídos 740 adultos (M: F = 0,85;  43±12 anos; 30% brancos e 70% não  brancos). Quase metade dos indivíduos (42,5%) apresentavam síndrome metabólica. A prevalência de urolitíase na amostra foi de  10,1%. Cor da pele branca, história familiar  e síndrome metabólica foram  independentemente associadas à urolitíase  (P <0,05). Indivíduos com a síndrome  (excluindo casos em uso de diuréticos)  apresentaram urina mais ácida (P = 0,014),  aumento de natriurese (P = 0,01) e maior  uricosúria (P = 0,001) em comparação com  os não afetados. A prevalência de urolitíase  aumentou proporcionalmente ao número de  critérios para síndrome metabólica (P para  tendência <0,005).A síndrome metabólica é  um fator modificável  associado à urolitíase, de  forma que a frequência de história positiva aumenta  proporcionalmente ao  número de seus critérios  diagnósticos. Esses  achados reforçam a  recente ligação sugerida  entre urolitíase e fatores de  risco cardiovascular.
(14) Avaliar a incidência, o  diagnóstico e o manejo  terapêutico da litíase renal  em rins transplantados em  uma única instituição.Dentre os enxertos, 17 pacientes (1,29%)  apresentaram nefrolitíase: 9 mulheres e 8  homens. A idade variou de 32 a 63 anos  (média = 45,6 anos). Quinze pacientes  receberam rins de doadores cadáveres e  apenas 2 de doadores vivos aparentados.  Dois cálculos, ambos localizados no interior  do ureter, foram identificados durante a  cirurgia de transplante (11,7%). Três casos  de litíase foram diagnosticados  incidentalmente por ultrassonografia  durante a avaliação do enxerto, em até 7  dias após a cirurgia (17,6%); todos os três  estavam nos cálices. Os 12 pacientes  restantes tiveram os cálculos  diagnosticados tardiamente (70,58%): 6 nos  cálices, 3 na pelve renal e 3 no interior do  ureter.A litíase urinária é uma  complicação rara no  transplante renal. Na  maioria dos pacientes a  condição ocorre sem dor.  As opções de diagnóstico e  tratamento para urolitíase  de enxerto são  semelhantes às dos  pacientes com nefrolitíase  na população geral. A  litotripsia extracorpórea por  ondas de choque foi o  método de tratamento mais  comum.

Fonte: Adaptado pelos autores, 2023. 

Quanto ao delineamento da pesquisa, foi constatado que todos os artigos  selecionados fizeram referência a características epidemiológicas da urolítiase em  diferentes regiões do Brasil e os principais resultados obtidos através das pesquisas  em questão estão sintetizados no quadro 2. 

4. Discussão  

A urolitíase consiste em uma patologia na qual ocorre a formação de cálculos  renais e é considerada uma das afecções mais prevalentes que acometem o trato  urinário em todo o mundo. Esses cálculos são caracterizados conforme sua  composição e localização. Quanto a composição dos cálculos da litíase urinária é  classificada em cálculos de oxalato de cálcio puro, oxalato de cálcio e fosfato; fosfato  de cálcio puro; estruvita (fosfato amoníaco magnesiano); ácido úrico; e cistina. E referente à localização podem ser classificados em caliciais piélicos, coraliformes,  ureterais (proximais, mediais ou distais), vesicais e uretrais9

Nas últimas décadas, observou-se um aumento progressivo de sua incidência e  prevalência em todas idades e sexos, principalmente nos países industrializados.  Desta forma, consiste em uma condição que resulta em grandes gastos pelo sistema  de saúde em todo o mundo10

Segundo Mello et al. a possibilidade de apresentar cálculos renais varia  conforme determinados, dentre eles idade, sexo, raça, localização geográfica e índice  de massa corporal. Penido et al. cita ainda fatores adicionais como o aquecimento  global, mudanças no estilo de vida, aos hábitos nutricionais e possivelmente fatores  ambientais. O aquecimento global por resultar na redução da produção de urina e  mudanças nos fatores dietéticos com elevado consumo de alimentos industrializados  ricos em sódio e diminuição de alimentos naturais ricos em potássio, podendo levar à  hipercalciúria e hipocitratúria. 

Com relação ao sexo, os achados do presente estudo demonstraram que a  prevalência da urolítiase foi maior em indivíduos do sexo masculino, Souza Júnior et  al. cita que os homens apresentam incidência e prevalência de 3 a 4 vezes maior em  relação ao sexo feminino, os autores Hoff et al., Cunha et al. e Pinto et al em seus  respectivos estudos obtiveram resultados que demonstram também maior incidência  no sexo masculino.  

Em contrapartida, Silva et al. em seu estudo demonstrou que a prevalência é  maior em indivíduos do sexo feminino (52,3%). O autor Mello et al. em seu estudo  mostrou que a proporção homem/mulher entre os pacientes hospitalizados no período  de 1998 a 2012, não tem grandes discrepâncias, porém, houve uma redução na  prevalência de internações masculinas. Historicamente a urolitíase tem sido mais  frequente em homens do que em mulheres, porém, alguns estudos demonstram que  a relação epidemiológica entre o sexo masculino e feminino está mudando, à medida  que há um aumento anual dos atendimentos de mulheres com queixas relacionadas  à urolitíase nas unidades de urgência10. 

No que se refere a população pediátrica, Barata et al. demonstrou que 50,9%  das crianças acometidas eram do gênero masculino e 49,1% do gênero feminino. Na  análise do autor Amancio et al. foi evidenciado prevalência de 65,1% em indivíduos  do sexo masculino e 34,9% no sexo feminino.

Em relação a idade, o autor Júnior et al., demonstrou na sua pesquisa maior  acometimento em indivíduos entre 35 e 39 anos. Na análise de Silva et al., a idade  entre 30 e 49. Mello et al. evidenciou que a prevalência de internações por litíase na  população brasileira separada por idade populacional foi de 7,1% de 0 a 19 anos;  39,6% 20-39 anos; 38,0% 40-59 anos; 13,7% 60-79 anos; e 1,5%≥80 anos. Pinto et  al. cita maior prevalência na quarta década de vida (41 a 55 anos). 

Cassini et. al. procedeu um estudo mostrando a litíase renal em pacientes que  realizaram transplantes renais e demonstrou que mesmo a litíase sendo uma condição  rara no transplante renal, dentre os enxertos, 17 pacientes (1,29%) apresentaram  nefrolitíase, dessa amostra 9 em mulheres e 8 homens e a idade variou de 32 a 63  anos.  

Mello et al. cita que a prevalência da doença dos cálculos aumenta com a idade,  sendo incomum antes dos 20 anos de idade. Porém, a incidência aumenta  rapidamente e atinge o pico entre as idades de 40 e 60 anos e depois diminui a partir  dos 65 anos. Em sua análise foi demonstrada uma diminuição da prevalência de  internamentos em todas as faixas etárias, com exceção das populações dos 40-59 e  dos 60-79 anos, sendo assim, jovens menos hospitalizados enquanto os mais velhos  apresentam taxas de internação estáveis, fato este que pode ter influência direta ou  indireta da obesidade, síndrome metabólica e diabetes mellitus, bem como por outras  comorbidades associadas a idades mais avançadas.  

Existem comorbidades que podem estar associadas a prevalência da nefrolítiase  no Brasil, Hoff et al. em seu estudo, expõe que os pacientes mais acometidos com  nefrolitíase são do sexo masculino e em sua maioria estavam em tratamento médico  para diabetes e dislipidemia.  

Na população pediátrica, Barata et al. concluiu que existe maior prevalência em  crianças com idade entre 5 e 10 anos. Amancio et al. em sua análise concluiu que a  idade média de início dos sintomas da urolitíase na infância é de 4 a 12 anos. E Penido  et al., apresentou uma variação de 5 a 11 anos. 

A vulnerabilidade socioeconômica também é um fator de risco associado à  ocorrência da urolítiase. Cunha et al. em sua pesquisa mostrou que pessoas que  vivem em cidades com índice de desenvolvimento humano (IDH) abaixo de 0,800  tiveram duas vezes mais chances de desenvolver cálculo de estruvita do que aquelas  que vivem em cidades com IDH mais alto. Os cálculos de oxalato de cálcio e de ácido úrico foram os tipos mais frequentes, porém notou-se maior prevalência de cálculos  de estruvita em regiões de baixo IDH do país, sendo assim, quanto menor o IDH,  maior foi a prevalência de cálculos de estruvita. Korkes et al. em sua pesquisa cita um  estudo antes da era COVID-19 onde foi demonstrado que os pacientes que vivem em  áreas com baixo IDH são mais propensos a desenvolver cálculos de estruvita,  possivelmente por um acesso mais inadequado aos cuidados de saúde, resultado que  corrobora com a pesquisa de Cunha et al.  

Em relação ao fator climático, Cunha et al. em seu estudo demonstrou haver  uma associação direta entre estação do ano e clima, com maior prevalência de  cálculos renais e episódios de cólica renal ou número de internações hospitalares para  tratamento de urolitíase nos meses mais quentes do ano. A temperatura diária elevada  é considerada um fator de risco para urolitíase, uma vez que provoca perda de água  e pode levar a desidratação, com isto, resulta em baixo volume urinário e pH, fatores  estes que aumentam a saturação urinária e possibilitam a formação de vários tipos de  cálculos. O estudo de Júnior A. et al. evidenciou também que a temperatura mais alta  apresenta associação significativa com aumento de internações por nefrolitíase, além  disso, o aumento da umidade do ar também foi associado a queda de internações por  nefrolitíase. 

Mello et al, cita a existência de outros fatores de risco associados à ocorrência  de nefrolitíase, que podem desempenhar um papel no risco crescente da ocorrência  desta patologia, sendo eles a luz solar e o calor, o consumo dietético de proteína  animal, sal e água, e certas condições clínicas como o sobrepeso e obesidade. Vale  ressaltar, que os cálculos renais são formados a partir da alta concentração de cristais  na urina, sendo assim, sua formação também pode estar relacionada a baixa ingestão  hídrica, ingestão de comidas ricas em sódio e o consumo excessivo de proteínas que  também é um fator importante. 

O autor Valezi et. al. realizou uma pesquisa referente a avaliação urinária após  o procedimento de bypass gástrico em Y-de-Roux e em sua análise demonstrou um  perfil litogênico aumentado no pós-operatório precoce na incidência de urolitíase, uma  vez que, o bypass gástrico em Y-de-Roux estabeleceu alterações profundas na  composição urinária que predispuseram a um perfil litogênico, desta forma, foi  evidenciado que a prevalência de litíase urinária aumentou quase 70% no pós-operatório, sendo o oxalato urinário e ácido úrico os únicos preditores de novos  formadores de cálculos no pós-operatório.  

Cipriani et al, elaborou um estudo, onde analisou a prevalência de cálculos  renais em pacientes com hiperparatireoidismo primário (HPTP) utilizando tecnologia  de imagem não invasiva, na amostra de estudo houve um total de 140 pacientes com  HPTP (127 mulheres e 13 homens; idade média, 63,2 ± 11 anos) e cinquenta e cinco  por cento de todos os indivíduos tinham cálculos renais demonstrados por ultrassom,  demonstrando, portanto, relação entre as duas patologias.  

5. Conclusão 

Por meio das evidências apresentadas e com base nos estudos mais atuais  relacionados à temática do perfil epidemiológico da urolitíase no Brasil, é possível  afirmar que nos adultos o acometimento varia entre 30 e 55 anos, enquanto nas  crianças a idade vai dos 4 aos 12 anos. A urolitíase se mostrou mais prevalente no  sexo masculino em comparação aos indivíduos do sexo feminino e outros fatores  como baixa ingesta hídrica, obesidade, situação de vulnerabilidade socioeconômica,  dieta rica em sódio/proteína, regiões de clima tropical e subtropical, histórico de litíase  renal na família e mais recentemente mostrou-se relação entre a presença da  nefrolitíase com o procedimento de bypass gástrico, sendo estes fatores diretamente  ligados a ocorrência da patologia. Dito isto, percebeu-se que alguns dados  epidemiológicos da nefrolitíase estão associados a fatores genéticos, como o sexo e  o histórico familiar, porém, a maioria dos fatores de risco são modificáveis, ou seja,  passíveis de prevenção, demonstrando, portanto, a necessidade do desenvolvimento  de políticas públicas efetivas para prevenção e diminuição da ocorrência desta  patologia. Dessa forma, esta revisão expõe a importância da educação em saúde e  divulgação dos principais fatores de risco da doença, no intuito de diminuir diretamente  sua incidência.

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1Acadêmicos de Medicina. Centro Universitário Uninorte, Rio Branco, AC, Brasil.
*Autor correspondente José Eduardo Rivas da Silva: eduardorivasgt18@gmail.com
2Orientador e Docente do Centro Universitário Uninorte, Rio Branco, AC, Brasil.