PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TRIAGEM NO AMBULATÓRIO DE ONCOLOGIA INFANTIL EM UM CENTRO DE ATENDIMENTO DE BELÉM, PARÁ, BRASIL: JANEIRO DE 2014 A DEZEMBRO DE 2022

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202506212148


Susan C S Oliveira1
Alayde V Wanderley1,2


RESUMO

Este estudo analisou o perfil epidemiológico das crianças atendidas na triagem oncológica infantil no Centro de Atenção à Saúde da Mulher e da Criança (CASMUC) em Belém, Pará, Brasil, de janeiro de 2014 a dezembro de 2022. Apesar dos avanços no tratamento do câncer pediátrico, esta condição continua sendo uma preocupação significativa de saúde pública. Foram analisados 282 prontuários de pacientes com idades entre 0 meses e 12 anos. Mais de 50% dos pacientes eram do sexo masculino, e a maioria residia na região metropolitana de Belém. Aproximadamente um terço das crianças buscaram atendimento em menos de três meses após o início dos sintomas, destacando a importância da detecção precoce. A faixa etária mais comumente atendida foi até os 6 anos de idade. Os sintomas mais frequentes incluíam linfonodos palpáveis, febre e dor. Os exames laboratoriais e de imagem desempenharam um papel crucial no diagnóstico e encaminhamento dos casos suspeitos. Dos casos atendidos, 146 foram considerados suspeitos de câncer infantil, sendo os mais comuns linfoma, leucemia e retinoblastoma. No entanto, houve deficiências na abordagem inicial ao paciente, resultando em atrasos no diagnóstico e tratamento. Este estudo destaca a importância do acesso precoce e facilitado ao atendimento especializado, bem como a necessidade de melhorar a conscientização sobre os sinais e sintomas do câncer infantil entre os pais e profissionais de saúde. Investimentos em educação e conscientização são cruciais para melhorar os desfechos clínicos e reduzir o impacto do câncer pediátrico na sociedade.

Keywords: Oncologia pediátrica; Triagem; Epidemiologia Câncer infantil; Perfil epidemiológico.

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, os estudos oncológicos têm experimentado avanços significativos (Miller et al., 2019), com particular destaque para as pesquisas relacionadas ao tratamento de câncer em crianças e adolescentes (Hewitt et al., 2003). Estes progressos são atribuídos ao contínuo desenvolvimento científico e tecnológico, que tem proporcionado melhorias substanciais na terapia oncológica, resultando em uma melhoria palpável na qualidade de vida dos jovens pacientes (Adamson, 2015).

Apesar desses avanços, o câncer pediátrico permanece como uma preocupação de grande magnitude, sendo a segunda principal causa de morte na faixa etária de um a dezenove anos (Kaatsch, 2010; INCA, 2014). Além disso, representa aproximadamente 2% de todas as neoplasias malignas no panorama oncológico em geral (Reis et al., 1999). As características das neoplasias malignas em crianças, tais como frequência e tipos histológicos, diferem substancialmente daquelas observadas em adultos, com o sistema hematopoiético e os tecidos de sustentação sendo os mais afetados na infância, ao passo que em adultos, as células epiteliais são predominantemente afetadas (Silva et al., 2002). A despeito dessas diferenças, o câncer pediátrico tende a responder bem ao tratamento e geralmente apresenta um prognóstico favorável (INCA, 2010).

A demora no diagnóstico e tratamento do câncer pediátrico é influenciada por uma série de fatores relacionados aos indivíduos, aos profissionais de saúde e ao acesso aos serviços de saúde. A fim de melhorar a sobrevida dos pacientes oncológicos, é fundamental que os pediatras estejam atentos aos sinais e sintomas gerais da doença, visando um diagnóstico precoce, visto que o tempo desempenha um papel importante na identificação e progressão da doença (Hanna et al., 2020; Dobrovoljac et al., 2002; Michalowski, 2012). Na infância, a ausência de medidas efetivas de prevenção primária para o câncer enfatiza ainda mais a importância do diagnóstico precoce, uma vez que o ambiente não desempenha um papel relevante nesses casos (Hadas, 2014).

Embora haja uma escassez de estudos epidemiológicos sobre câncer pediátrico em comparação com adultos, tais estudos são essenciais para fornecer informações básicas e orientar a formulação de estratégias eficazes para melhorar o atendimento ao paciente oncológico e aprimorar as práticas relacionadas ao controle do câncer em termos de saúde pública (Reis et al., 1999; Rodrigues & Camargo, 2003).

A apresentação clínica do câncer em crianças e adolescentes frequentemente se assemelha aos sintomas de outras doenças, o que pode dificultar o diagnóstico. No entanto, um diagnóstico precoce possibilita tratamentos menos agressivos e com menores sequelas, destacando a importância de uma abordagem integrada para garantir o acesso a terapias adequadas (Hadas et al., 2014; Howard & Wilimas, 2005).

Neste contexto, o protocolo de acesso à rede de assistência oncológica no Estado do Pará estabelece diretrizes para a regulação dos serviços de alta e média complexidade em oncologia ambulatorial e hospitalar. Isso inclui a intermediação pela atenção primária para o agendamento de consultas especializadas em casos de suspeita de câncer pediátrico, garantindo um monitoramento eficaz do atendimento em tempo hábil (SESPA, 2021).

OBJETIVO 

Caracterizar o perfil epidemiológico da triagem oncológica infantil em um centro de atendimento em Belém, Pará, Brasil.

Objetivos Específicos
  • Quantificar o número de crianças atendidas na triagem oncológica, distinguindo entre casos suspeitos e não suspeitos.
  • Avaliar o intervalo de tempo decorrido desde o surgimento do primeiro sintoma até a chegada na triagem do ambulatório de oncologia.
  • Identificar características epidemiológicas das crianças atendidas na triagem oncológica do CASMUC, incluindo idade, procedência e sexo.
  • Identificar as características clínicas apresentadas que levaram à suspeita de câncer pediátrico.
  • Identificar os principais tipos de câncer suspeitos na triagem oncológica.
METODOLOGIA

Este estudo consiste em um levantamento do perfil epidemiológico, de natureza observacional e retrospectiva, realizado por meio da análise dos registros contidos nos prontuários dos pacientes submetidos à triagem no ambulatório oncológico infantil do Centro de Atenção à Saúde da Mulher e da Criança (CASMUC). Todo o protocolo foi submetido previamente à aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital Bettina Ferro de Souza (HUFBS).

A pesquisa foi conduzida no serviço ambulatorial de triagem oncológica pediátrica do CASMUC, localizado em Belém do Pará, e abrangeu os atendimentos realizados no período de janeiro de 2014 a dezembro de 2022. Para fins de análise, foram incluídos pacientes com idades entre 0 meses e 12 anos, atendidos durante o período mencionado, desde que seus prontuários físicos estivessem devidamente preenchidos e completos. Foram excluídos os pacientes que não se enquadravam nessa faixa etária, bem como aqueles cujos prontuários apresentavam dados relevantes ausentes para a pesquisa ou que foram atendidos fora do intervalo de tempo estabelecido.

As variáveis consideradas na análise dos dados incluíram gênero, idade, procedência, principais suspeitas, tempo decorrido até a chegada ao serviço, suspeita de malignidade, sinais e sintomas apresentados, exames realizados e destino do encaminhamento. Com base nessas características clínicas e epidemiológicas, as variáveis foram analisadas com intervalos de confiança de 95%, sendo consideradas diferenças estatisticamente significativas quando P<0,05.

RESULTADO

No presente estudo, foram analisados um total de 282 prontuários completos de crianças com idades compreendidas entre 0 meses e 12 anos, atendidas no período de 2014 a dezembro de 2022. Dentre esses prontuários, 178 correspondiam a pacientes residentes na região metropolitana de Belém, enquanto os outros 96 eram de crianças residentes em diferentes municípios do estado do Pará. Seis (6) pacientes eram residentes no Amapá, e dois (2) residiam fora da Região Norte, nos Estados do Maranhão e do Rio Grande do Sul (Tabela 1).

Tabela 1: Número de prontuários completos por município de procedência no período de janeiro de 2014 a dezembro de 2022.

Quando analisados separadamente, observou-se que 156 crianças eram do sexo masculino, enquanto 126 eram do sexo feminino. Dentre esses pacientes, mais de 50% dos prontuários indicavam histórico familiar de câncer, sendo relatado por acompanhantes de 106 meninos e 80 meninas (Figura 1).

Figura 1: Presença ou ausência de histórico de câncer na família da criança, agrupados por gênero e suspeita dos casos.

Em relação à busca pelo serviço ambulatorial oncológico infantil do CASMUC, é importante destacar que 35,43% das crianças atendidas chegaram ao serviço em menos de três meses após o início dos sintomas (Tabela 2).

Tabela 2: Tempo de chegada ao CASMUC desde o primeiro sintoma observado.

Considerando a relevância do tempo para o diagnóstico e encaminhamento de crianças para serviços especializados, outro aspecto significativo foi a faixa etária atendida. Observou-se, ao analisar os prontuários, uma maior demanda de atendimento até os 6 anos de idade (Tabela 3).

Tabela 3: Distribuição do total de prontuários por faixa etária.

Outra variável de considerável relevância analisada nesta pesquisa de triagem oncológica infantil foram os sinais e sintomas apresentados pelas crianças, destacando uma frequência significativa de linfonodos palpáveis, febre e dor (Figura 2).

Figura 2: Sintomas registrados nos prontuários de crianças de 0 meses a 12 anos durante o período de janeiro de 2014 a dezembro de 2022.

Considerando que a realização de exames correlacionados com as sintomatologias é fundamental para o encaminhamento adequado de casos suspeitos de câncer, foram analisados nos prontuários deste estudo exames laboratoriais em 168 casos, ultrassonografias em 91, tomografias em 68 e radiografias em 39 (Figura 3).

Figura 3: Exames considerados nos prontuários de crianças de 0 meses a 12 anos no período de janeiro de 2014 a dezembro de 2022.

Diante das características previamente descritas, dos históricos e exames apresentados ao serviço ambulatorial, constatou-se que, do total de crianças atendidas, 146 foram consideradas como casos suspeitos de câncer infantil. Destes, 100 foram encaminhados para avaliação em algum serviço oncológico (Tabela 3).

Tabela 4: Distribuição dos prontuários conforme gênero e suspeita de câncer.

Outro aspecto crucial a ser abordado neste levantamento são os diagnósticos suspeitos das crianças atendidas, destacando-se os três mais frequentes em quantidade de prontuários: Linfoma, Leucemia e Retinoblastoma (Tabela 4).

Tabela 5: Distribuição dos casos suspeitos de câncer conforme análise dos prontuários.

DISCUSSÃO

O aumento dos casos de câncer até 2030, especialmente nos países em desenvolvimento, é uma preocupação global, atribuída a fatores demográficos, mudanças comportamentais e globalização econômica (Vineis e Wild, 2014; Brown et al., 2006). Essa tendência é mais pronunciada em países com recursos limitados, onde o acesso a sistemas de saúde é restrito. Nesse contexto, a disponibilidade de ambulatórios especializados, como o CASMUC, desempenha um papel crucial na avaliação e encaminhamento de crianças com suspeita de câncer, contribuindo para melhores desfechos clínicos.

Os investimentos em prevenção e tratamento do câncer, especialmente em países em desenvolvimento como o Brasil, devem levar em consideração uma série de fatores, incluindo características individuais, contextos sociais, econômicos e culturais (Rodrigues-Galindo, 2013). Embora a genética desempenhe um papel importante em alguns casos, a maioria das crianças com suspeita de câncer não apresentava histórico familiar da doença, evidenciando a complexidade dos fatores de risco envolvidos.

A detecção precoce é fundamental para melhorar os desfechos no câncer pediátrico, e este estudo destacou a importância da rápida procura pelo serviço, com a maioria das crianças buscando atendimento em menos de três meses após o início dos sintomas. No entanto, ainda há uma proporção significativa de casos em que o diagnóstico é tardio, ressaltando a necessidade de aumentar a conscientização sobre os sinais e sintomas do câncer infantil entre os pais e profissionais de saúde.

A idade da criança também influencia no prognóstico, com uma maior demanda por atendimento até os 6 anos de idade, conforme observado neste estudo. Além disso, os sintomas mais comuns, como linfonodos palpáveis e febre, muitas vezes são inespecíficos e podem ser confundidos com outras condições de saúde, dificultando o diagnóstico precoce.

A acessibilidade a serviços médicos e de diagnóstico adequados é crucial para garantir o tratamento oportuno de casos suspeitos de câncer infantil. Os resultados dos exames laboratoriais e de imagem desempenham um papel fundamental na confirmação do diagnóstico e na definição do plano de tratamento.

Por fim, a falta de encaminhamento de casos suspeitos e a não realização de exames complementares conforme recomendado destacam a importância da educação contínua da população e do treinamento adequado dos profissionais de saúde para garantir o manejo adequado dos casos de câncer infantil e melhorar os desfechos clínicos dos pacientes.

CONCLUSÃO

Os resultados deste estudo proporcionaram uma caracterização do perfil epidemiológico das crianças atendidas na triagem oncológica infantil no centro de atendimento investigado (CASMUC – Belém/PA). Observou-se uma alta representatividade de pacientes da região metropolitana de Belém, com predominância do sexo masculino e com suspeita mais frequente de linfoma. A maioria dos casos não apresentava histórico familiar relatado, e os sintomas mais comuns no início do quadro foi febre, dor e linfonodomegalia.

Uma limitação importante deste estudo foi a obtenção e coleta dos dados, que foram baseados em informações secundárias dos prontuários e, portanto, sujeitos a interpretações errôneas. Esse viés foi minimizado por meio do uso sistemático de um protocolo de pesquisa, reduzindo possíveis erros de interpretação.

É crucial reconhecer que o tempo e o acesso aos serviços de saúde têm um impacto significativo no prognóstico e na cura do câncer infantil. Este estudo pode informar as decisões dos gestores de saúde, ajudando no planejamento e na otimização do acesso precoce e facilitado ao atendimento especializado. Além disso, destaca-se a importância de uma melhor divulgação do fluxo de atendimento nos serviços de oncologia pediátrica, como o CASMUC, garantindo igualdade de acesso para todas as macrorregiões.

A capacitação dos profissionais de saúde na identificação precoce de sinais e sintomas suspeitos de neoplasias, tanto em unidades básicas de saúde quanto em pronto atendimento, é essencial. Este estudo identificou deficiências na abordagem inicial ao paciente, o que resultou em atrasos no diagnóstico e, consequentemente, em maior risco de falha no tratamento e aumento da mortalidade por câncer na faixa etária pediátrica. Portanto, investimentos em educação e conscientização são fundamentais para melhorar os desfechos clínicos e reduzir o impacto do câncer infantil na sociedade.

REFERÊNCIAS
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1Federal University of Pará, Belém, Pará, Brazil.
E-mail: susancarollini@gmail.com
https://orcid.org/0000-0001-7087-9127

2Bettina Ferro De Souza University Hospital,
Medical Residency Program, Belém, Pará, Brazil
https://orcid.org/0000-0002-4921-1402