EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF AMERICAN TEGUMENTARY LEISHMANIASIS IN A NORTHEASTERN STATE
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE LA LEISHMANIASIS TEGUMENTARIA AMERICANA EN UN ESTADO DEL NORESTE
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10079608
Priscila Helena da Fonseca Lima1
Valério Genário Borges de Azevedo2
Francisca Cecília Viana Rocha3
RESUMO
Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico dos casos notificados de Leishmaniose Tegumentar Americana no estado do Piauí no período de 2017 a 2022. Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico do tipo documental indireto e retrospectivo com abordagem quantitativa. Utilizou-se os dados registrados no Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN) e disponibilizados no site do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), sendo faixa etária, sexo, forma clínica e evolução da doença as variáveis analisadas. Resultados: Foram notificados 292 casos de LTA no estado do Piauí entre 2017-2022, com incidência de 8,87 casos para cada 100 mil habitantes. Observou-se o predomínio do sexo masculino (65,10%), idade entre 20-59 anos (67,50%), baixa escolaridade (65,70%). Quanto à forma, a cutânea foi a mais registrada com 87,30 % dos casos, 43,80% evoluíram para a cura. Conclusão: O estudo realizado é relevante para construção de novos dados, além de contribuir para o diagnóstico situacional, auxiliando os gestores da saúde e os profissionais no planejamento e na tomada de decisões, possibilitando o desenvolvimento de medidas oportunas para o controle da doença.
Palavras–chave: Leishmaniose Tegumentar, Epidemiologia. Piauí.
ABSTRACT
Objective: To analyze the epidemiological profile of reported cases of American Tegumentary Leishmaniasis in the state of Piauí from 2017 to 2022. Methodology: This is an epidemiological study of the indirect and retrospective documentary type with a quantitative approach. Data recorded in the Notifiable Diseases Information System (SINAN) and available on the website of the Department of Informatics of the Unified Health System (DATASUS) were used, with age group, sex, clinical form and evolution of the disease being the analyzed variables. Results: 292 cases of ACL were reported in the state of Piauí between 2017-2022, with an incidence of 8.87 cases per 100,000 inhabitants. There was a predominance of males (65.10%), aged between 20-59 years (67.50%), low education (65.70%). As for the form, the cutaneous form was the most registered with 87.30% of the cases, 43.80% progressed to cure. Conclusion: The study carried out is relevant for the construction of new data, in addition to contributing to the situational diagnosis, helping health managers and professionals in planning and decision-making, enabling the development of timely measures to control the disease.
Keywords: Tegumentary Leishmaniasis, Epidemiology, Piauí.
RESUMEN
Objetivo: Analizar el perfil epidemiológico de los casos notificados de Leishmaniasis Tegumentaria Americana en el estado de Piauí en el período de 2017 a 2022. Métodos: Se trata de un estudio epidemiológico documental indirecto, retrospectivo y con enfoque cuantitativo. Se utilizaron datos registrados en el Sistema de Información de Enfermedades de Declaración Obligatoria (SINAN) y disponibles en el sitio web del Departamento de Informática del Sistema Único de Salud (DATASUS), siendo las variables analizadas el grupo de edad, el sexo, la forma clínica y la evolución de la enfermedad. Resultados: Se notificaron 292 casos de LCA en el estado de Piauí entre 2017-2022, con una incidencia de 8,87 casos por 100.000 habitantes. Hubo predominio del sexo masculino (65,10%), edad entre 20-59 años (67,50%), bajo nivel educativo (65,70%). En cuanto a la forma, la forma cutánea fue la más registrada con el 87,30% de los casos, el 43,80% progresó a la curación. Conclusión: El estudio realizado es relevante para la construcción de nuevos datos, además de contribuir al diagnóstico situacional, ayudando a los gestores y profesionales de la salud en la planificación y toma de decisiones, posibilitando el desarrollo de medidas oportunas para el control de la enfermedad.
Palabras clave: Leishmaniasis cutánea, Epidemiología. Piauí.
INTRODUÇÃO
A Leishmaniose Tegumentar é uma doença infecciosa de origem tropical devido a sua forma de transmissão vetorial dos protozoários do gênero leishmania que em sua forma amastigota multiplica no trato digestório de insetos fêmea da espécie flebotomíneo pertencente à ordem Díptera família Psychodidae, subfamília Phlebotominae, gênero Lutzomyia que são encontrados em regiões quentes de características tropicais (BRASIL, 2017).
O principal vetor da Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é conhecido, como mosquito palha, tatuquira, birigui, entre outros, dependendo da região geográfica em que se encontra recebe uma denominação diferenciada. A sua transmissão acontece através da picada de fêmeas do inseto Lutzomyia longipalpis, infectadas, podendo ocorrer à infecção de animais domésticos como cachorro ou gatos, no entanto esse não é um evento comum e é considerado como hospedeiro acidental (PEZENTE; BENEDETTI, 2019).
Essa é a única doença que está em um crescimento alarmante, mas que, no entanto, e demasiadamente negligenciada, e o Brasil que é um país tropical é continente americano que possui o maior número de casos em suas três formas que são: Leishmaniose Cutânea, a Disseminada, a Mucosa e a Forma Clínica Difusa (BENCHIMOL, 2020).
A leishmaniose cutânea (LC), que tem como sintoma uma pápula eritematosa que se desenvolve para uma úlcera na maioria das vezes indolor, que aparece no local da picada do vetor, a disseminada (LD), é determinada pelo surgimento de diversas lesões papulares e de aparência acneiforme que atacam várias partes corporais, abrangendo com constância a face e o tronco; a mucosa (LM), que é uma lesão secundária que ataca majoritariamente a orofaringe, com empenho do septo cartilaginoso e demais extensões associadas; e a forma clínica difusa (LCD), que começa de modo astuciosa, com lesão excepcional e má resposta ao tratamento, se desenvolvendo de forma vagarosa com constituição de placas e múltiplas nodulações não ulceradas recobrindo amplas extensões cutâneas. A forma mais frequente da leishmaniose é a cutânea que chega a ser cerca de 90% dos casos diagnosticados no Brasil (PEZENTE; BENEDETTI, 2019).
Conhecida como “Ferida Brava ou Úlcera de Bauru”, a Leishmaniose Tegumentar Americana – LTA é uma doença infecciosa, no entanto ela não é contagiosa, é ocasionada por um protozoário do gênero Leishmania, a sua transmissão é vetorial e as partes mais atingidas por essa enfermidade são a pele e mucosas, surgem erupções úmidas com a aparência de úlcera onde bordas são elevadas e o meio é granuloso, e essas erupções comumente são indolores (VASCONCELOS, 2018).
A LTA é uma enfermidade que tem como característica principal o comprometimento cutâneo, mucoso e, em situações incomuns, linfonodal. Como particularidades típicas, oferece ampla variedade de aparências clinico morfológicos, o que, de acordo com o conjunto das lesões, acarreta diferentes categorizações. Episódio esse, que atrapalha consideravelmente o diagnóstico por parte dos serviços de saúde, pois diversas erupções cutâneas podem aparentar outras doenças (BRASIL, 2017).
A Leishmaniose Tegumentar Americana é uma doença tropical negligenciada com elevada incidência e ampla distribuição geográfica nas Américas. Essas características fazem com que a mesma seja um desafio para os serviços de saúde na vigilância, prevenção e controle dessa doença.
O Brasil é o país de maior prevalência na América do Sul, com destaque para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste como regiões endêmicas, em suas três formas: a leishmaniose cutânea, a muco cutânea e a visceral. No Piauí. os estudos da Leishmaniose Tegumentar Americana são de extrema relevância para a avaliação da atenção primária e criação de novas estratégias de prevenção e controle dessa doença, podendo identificar as áreas emergenciais.
Diante do exposto, o estudo possui como objetivo analisar o perfil epidemiológico dos casos notificados de Leishmaniose Tegumentar Americana no estado do Piauí no período de 2017 a 2022.
MÉTODOS
Tipo de estudo
Trata-se de um estudo epidemiológico do tipo documental indireto e retrospectivo com abordagem quantitativa.
Local e período do estudo
Os dados foram captados dos bancos de dados informatizados disponibilizados pelo Ministério da Saúde (Banco de Dados do Sistema Único de Saúde – DATASUS) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do Sistema Único de Saúde (SUS). Foram selecionados todos os casos de Leishmaniose Tegumentar Americana notificados no SINAN, ocorridos no Piauí, nos anos de 2017 a 2022 disponibilizados no DATASUS.
População, amostra e critérios de inclusão
Foram utilizados os dados do DATASUS, referente aos casos de Leishmaniose Tegumentar Americana, no estado do Piauí. Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE (2022), o estado do Piauí localiza-se na região Nordeste e limita-se com cinco estados: Ceará e Pernambuco a leste, Bahia a sul e sudeste, Tocantins a sudoeste e Maranhão a oeste. Ao Norte o Oceano Atlântico. Sua área é de 251.755,481 Km², tem uma população de 3.289.290 habitantes e está dividido em 224 municípios sendo Teresina a capital com 871.126 habitantes. A população elegível para o estudo foram todas os casos de Leishmaniose Tegumentar Americana, ocorridos no estado do Piauí e que se encaixaram no recorte temporal 2017-2022.
Coleta de dados
A coleta de dados ocorreu entre março e abril de 2022, com a utilização de um formulário elaborado pelos autores, que contemplou todas as variáveis citadas abaixo. Inicialmente o acesso ao endereço eletrônico foi tomado pelo link http://www.datasus.gov.br/. Neste endereço eletrônico, os pesquisadores consultaram, respectivamente, os itens “acesso à informação”, “informações de saúde (TABNET), “epidemiológicas e morbidade”, “Doenças e Agravos de Notificação – 2007 em diante (SINAN)”, “Leishmaniose Tegumentar Americana” e neste último item, em relação a abrangência geográfica selecionou-se o estado do Piauí.
Variáveis do estudo
Dessa forma, após selecionar o estado do Piauí para pesquisa, foram utilizados filtros padronizados nas seguintes informações: período (ano de referência 2017-2022); sexo (masculino e feminino), faixa etária (todas as idades), escolaridade; forma clínica e evolução da doença.
Organização e análise dos dados
Para facilitar a análise, foram criadas ferramentas especiais no editor de texto Microsoft Office Word® para organizar e tabular os dados coletados em um banco de dados no Microsoft Excel, realizar processamento estatístico descritivo e criar diagramas e exibi-los por meio de tabela.
Aspectos éticos
Dado que este estudo se baseia em dados publicamente disponíveis fornecidos eletronicamente pelo Ministério da Saúde e que há confidencialidade quanto às identidades dos envolvidos, este estudo não foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CEP). O presente estudo envolve risco mínimo visto que os dados secundários de domínio público não permitem identificar o paciente pesquisado e não ocorre nenhum contato com o mesmo. Os benefícios podem ser significativos por permitir identificar áreas emergenciais para a atuação da atenção primária e também avaliar a Leishmaniose Tegumentar Americana no Piauí e assim justificar a criação de novas estratégias de prevenção e controle dessa doença.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Apresenta-se, pela pesquisa, o perfil epidemiológico da Leishmaniose Tegumentar Americana ocorrida no estado do Piauí, durante os anos de 2017 a 2022. Verifica-se que, durante o período, o estado apresentou um total de 292 casos, representando uma incidência de 8,87 casos para cada 100.000 habitantes (Figura 1).
Figura 1. Perfil epidemiológico dos casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no estado do Piauí, conforme o período de 2017-2022.
Fonte: DATASUS, Sistema de Informação de Agravos de Notificação-SINAN/SUS.
De acordo com os dados, observa-se que o maior número de casos de LTA no estado do Piauí, foram registrados nos anos de 2021 25,00% (n=73) e 2022 31,80% (n=92). A maioria dos casos notificados foram registrados na capital Teresina 51,00% (n=147). Na tabela a seguir verifica-se o perfil epidemiológico dos casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no estado do Piauí, segundo a variável sexo.
Tabela 1 – Perfil epidemiológico dos casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no estado do Piauí (2017-2022), segundo a variável sexo.
Sexo | ||||||
n | % | |||||
Feminino | 102 | 34,90 | ||||
Masculino | 190 | 65,10 | ||||
Total | 292 | 100,00 |
Fonte: DATASUS, Sistema de Informação de Agravos de Notificação-SINAN/SUS.
Observa-se que o sexo masculino demonstrou uma maior prevalência de LTA 65,10% (n=190) das notificações, quando comparado ao sexo feminino 34,90% (n=102).
Dados estes que corroboram aos encontrados por Mattos e Tumelero (2023) que ao estudar a Leishmaniose tegumentar entre o sexo feminino e masculino no Brasil, nos anos de 2015 a 2020 verificaram que este último representa a maior parte dos casos notificados, correspondendo a 73,00%.
Conforme Temponi et al. (2018), esse achado pode ser justificado pela maior participação dos homens em atividades relacionadas ao desmatamento e reflorestamento, tais como as práticas agrícolas, extração de madeira e petróleo, atividades de caça e pesca, construção de estradas, mineração, entre outros. Logo, a exposição aos fatores de risco que são acentuados pelas atividades laborais, permitem que o sexo masculino esteja mais susceptível a contrair a doença.
Na figura 2 observa-se o perfil epidemiológico dos casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no estado do Piauí, conforme a variável faixa etária.
Figura 2. Perfil epidemiológico dos casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no estado do Piauí (2017-2022), conforme a variável faixa etária.
Fonte: DATASUS, Sistema de Informação de Agravos de Notificação-SINAN/SUS.
A figura 2 mostra que a maioria das notificações de LTA, obtiveram prevalência na faixa etária de 20-39 e 50-59 anos, representando 33,60% (n=98) e 33,90% (n=99), respectivamente.
Os dados constatados neste estudo são semelhantes aos observados por Santos et al (2021), onde demonstram que a maioria dos casos notificados ocorreu na fase adulta de 20 a 59 anos (63,42%).
Uma possível explicação para esse achado, segundo Félix et al (2011), é que essa faixa etária, consiste na fase de vida mais produtiva, onde a realização de atividades laborais e de lazer executadas podem aumentar as chances de exposição ao vetor e aquisição da doença.
Na tabela 2 encontram-se dispostos os dados sobre o perfil epidemiológico dos casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no estado do Piauí, conforme a variável escolaridade.
Tabela 2. Perfil epidemiológico dos casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no estado do Piauí (2017-2022), conforme a variável escolaridade.
Escolaridade em anos | |||||||||||
0-3 | 4-7 | 8-11 | 12 ou mais | Ignorado | Total | ||||||
N | % | n | % | n | % | n | % | n | % | n | % |
54 | 18,50 | 55 | 18,80 | 83 | 28,40 | 18 | 6,20 | 82 | 28,10 | 292 | 100,00 |
Fonte: DATASUS, Sistema de Informação de Agravos de Notificação-SINAN/SUS.
Nota-se que a maioria dos casos notificados de LTA, correspondem a indivíduos com escolaridade até 11 anos de idade, com o somatório equivalente a 65,70% (n=192) dos casos notificados, enquanto que, pessoas com escolaridade ≥12 anos apresentaram menor prevalência 6,20% (n=18).
Estudo realizado no maranhão por Santos (2018), mostrou a baixa escolaridade como fator relevante considerando que em 66,80% dos casos, os indivíduos possuíam baixa escolaridade, eram analfabetos ou com referência ao ensino fundamental, corroborando com o atual estudo.
Observou-se que a doença se manifestou mais em indivíduos com menor escolaridade. Conforme Ferreira et al. (2021) este achado pode ser justificado frente ao fato de que quanto mais informações a população possui, maiores são os mecanismos de promoção de saúde e prevenção da doença,
Na tabela 3 observa-se o perfil epidemiológico dos casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no estado do Piauí, conforme a variável formas clínicas.
Tabela 3. Perfil epidemiológico dos casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no estado do Piauí (2017-2022), conforme a variável formas clínicas.
Formas clínicas | ||||||
N | % | |||||
Cutânea | 255 | 87,30 | ||||
Mucosa | 37 | 12,70 | ||||
Total | 292 | 100,00 |
Fonte: DATASUS, Sistema de Informação de Agravos de Notificação-SINAN/SUS.
Em relação às formas clínicas, verifica-se que a cutânea representa a maioria dos casos, correspondendo ao total de 87,30% (n=255). Os dados encontrados nesta pesquisa, corroboram aos observados por Colaça (2019) em seu estudo evidenciou a forma cutânea como predominante, correspondendo a 95,40%.
Pontello Júnior et al. (2013) relata que a forma cutânea apresenta-se sempre mais prevalente, devido ao fato de a forma mucosa costumar ocorrer como evolução da cutânea, principalmente por conta do tratamento inadequado, demora ou não realização do mesmo.
Na tabela 4 observa-se o perfil epidemiológico dos casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no estado do Piauí, conforme a evolução da doença.
Tabela 4. Perfil epidemiológico dos casos de Leishmaniose Tegumentar Americana no estado do Piauí (2017-2022), conforme a evolução da doença.
Evolução da doença | ||||||
n | % | |||||
Abandono do tratamento | 3 | 1,00 | ||||
Óbito por LTA | 2 | 0,70 | ||||
Óbito por outras causas | 3 | 1,00 | ||||
Mudança de diagnóstico | 11 | 3,80 | ||||
Transferência | 37 | 12,70 | ||||
Cura | 128 | 43,80 | ||||
Ignorado/branco | 108 | 37,00 | ||||
Total | 292 | 100,00 |
Fonte: DATASUS, Sistema de Informação de Agravos de Notificação-SINAN/SUS.
A tabela acima evidencia que a maioria dos casos de LTA evoluíram para a cura 43,80 % (n=128), entretanto, 37,00% (n=108) dos casos foram ignorados ou brancos, o restante 19,20% (n=56), consiste nos casos em que houve abandono do tratamento, mudança de diagnostico, transferência, óbito por LTA e/ou outras causas.
Estudo realizado por Santos et al (2018) demonstrou resultados próximos aos aqui encontrado, a evolução para cura foi de 58,70%. O autor relata que cerca de uma em cada quatro evoluções notificadas foi categorizada como ignorados/branco, tornando um viés para avaliação da evolução da doença no estado.
Como visto nessa pesquisa à frequência de ignorados e brancos foi muito alta, (37,00%), apontando para problemas de registro e preenchimento da ficha de notificação ou dificuldade de comunicação dos indivíduos notificados e o profissional responsável pela notificação, dado encontrado por outros estudos realizados no contexto nacional e regional
Os resultados alcançados por esta pesquisa permitiram perceber que o conhecimento atualizado referente ao perfil epidemiológico deste público, com dados já existentes e publicados, pode auxiliar os profissionais de saúde, a desenvolver ações direcionadas para a redução do número de casos. Os achados aqui demonstrados podem também subsidiar o planejamento de ações mais efetivas para a prevenção e o controle do agravo pelos profissionais e órgãos da gestão da saúde.
Assim como todo estudo, este apresenta limitação. A principal limitação desta pesquisa é devido ao fato de tratar-se de um levantamento de dados secundários, está mais suscetível a erros e equívocos relacionados ao preenchimento das fichas de notificação e digitação dos dados. Portanto, não foi possível haver o controle dessa limitação por parte do pesquisador.
Entretanto, embora existam limitações, o banco de dados do DATASUS deve ser utilizado em estudos epidemiológicos. O estudo realizado é relevante para construção de novos dados, destacando a importância da notificação compulsória e da necessidade dos profissionais se capacitarem para melhorar a qualidade das informações, colaborando para o aperfeiçoamento dos padrões de qualidade do cuidado em saúde.
CONCLUSÃO
O estudo realizado permite analisar o perfil epidemiológico da Leishmaniose Tegumentar Americana no estado do Piauí nos anos de 2017 a 2022. Foram acometidos 292 indivíduos, incidência de 8,87 casos para cada 100.000 habitantes, a maioria pertencia ao sexo masculino, tinham baixa escolaridade e na faixa etária de 20 a 59 anos. Quanto à forma clínica, as lesões cutâneas foram mais incidentes no período do estudo. A taxa de letalidade foi baixa e a maioria dos casos evoluiu para a cura, sendo importante ainda ressaltar a quantidade de casos apresentados como ignorados/brancos.
Com o objetivo de melhorar a qualidade das informações, assim como reduzir o número de campos ignorados e/ou em branco, sugere-se que as instituições busquem estratégias para capacitar os profissionais de saúde, qualificando assim o processo de trabalho.
Por fim, demonstra-se que o estudo realizado é relevante para construção de novos dados, além de contribuir para o diagnóstico situacional, auxiliando os gestores da saúde e os profissionais no planejamento e na tomada de decisões, possibilitando o desenvolvimento de medidas oportunas para o controle da doença.
REFERÊNCIAS
- BENCHIMOL, J. L. Leishmanioses no Novo Mundo numa perspectiva histórica e global, dos anos 1930 aos 1960. Fundação Oswaldo Cruz. Vol. 27. Rio de Janeiro – RJ, 2020.
- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de vigilância da leishmaniose tegumentar [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Brasília: Ministério da Saúde, 2017.
- COLAÇA, B. A. Perfil Epidemiológico da Leishmaniose Tegumentar Americana nos anos de 2013 a 2017 na cidade de Altamira, sudoeste do Pará, Brasil. Para Res Med J, v. 2, n. 1-4, 2019.
- FÉLIX, G. C. et al. Perfil epidemiológico de pacientes com leishmaniose tegumentar americana no município de Barbalha-CE. Rev de Psicologia, v. 5, n. 14, p. 30-35, 2011.
- FIGUEIREDO, J. E. C. et al. Leishmaniose tegumentar americana: perfil epidemiológico dos casos notificados no Brasil entre os anos de 2009 a 2018 e considerações sobre os aspectos e manifestações de importância odontológica. Research, Society and Development, v. 9, n. 9, 2020.
- IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). [Acesso em: 22 out 2022]. de 2022]. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/pi.html.
- LEMOS, M. H. S. et. al. Epidemiologia das Leishmanioses no estado do Piauí. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research, v. 25, n. 2, p. 53-57, 2019.
- MATTOS, A. B. N.; TUMELERO, J. L. Perfil epidemiológico da Leishmaniose tegumentar no Brasil de 2015-2020. Research, Society and Development, v. 12, n. 3, 2023.
- PEZENTE, L. G.; BENEDETTI, M. S. G. Pidemiological Profile of American Tegumentary Leishmaniasis in the State of Roraima, Amazônia, Brasil, entre 2007 e 2016. Brazilian Journal of Health Review, v. 2, p.1734-1742, 2019.
- PONTELLO JUNIOR, R. et al. American cutaneous leishmaniasis: epidemiological profile of patients treated in Londrina from 1998 to 2009. An. Bras. Dermatol, v. 88, n. 5, p. 748-753, 2013.
- SANTOS, G. R. et al. Perfil epidemiológico dos casos de leishmaniose tegumentar americana no Brasil.Enferm Foco, v. 12, n. 5, p. 1047-1053, 2021.
- SANTOS, G. M. Características epidemiológicas da leishmaniose tegumentar americana em um estado do nordeste brasileiro. Arch Health Invest, v. 7, n. 3, p.103-107, 2018.
- TEMPONI, A. O. D. et. al. Ocorrência de casos de leishmaniose tegumentar americana: uma análise multivariada dos circuitos espaciais de produção, MinasGerais, Brasil, 2007 a 2011. Cad. Saúde Pública, v. 34, n. 2, 2018.
- VASCONCELOS, J. M. et. al. Leishmaniose tegumentar americana: perfil epidemiológico, diagnóstico e tratamento. Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza – Ceará-CE, 2018.
1 Graduando em Medicina- Centro Universitário Uninovafapi. Teresina – Piauí.
2 Graduando em Medicina- Centro Universitário Uninovafapi. Teresina – Piauí.
3 Professora Orientadora- Centro Universitário Uninovafapi. Teresina – Piauí.