PERFIL EPIDEMIOLÓGICO, CLÍNICO, NUTRICIONAL E ESTILO DE VIDA EM IDOSOS DIABÉTICOS ACOMPANHADOS EM AMBULATÓRIO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102411172334


Débora de Cássia de Morais1
Thais Cristina Ribeiro de Oliveira2
Vanessa Almeida Nogueira Ramos3
Lyvia Diniz dos Santos Costa4
Victor Gabriel Liberato de Souza5
Julia Hertz Bogater6
Laís Chodin Zanardi7
Bruna de Oliveira Neves8
Ana Carolina Ribeiro do Nascimento Pontes9
Antonio Gabriel Casado Silva Oliveira10
Jéssica Freitas Vieira Neves Ferreira11
Patrícia Calado Ferreira Pinheiro Gadelha12
Maria Goretti Pessoa de Araújo Burgos13


Resumo

Objetivos: Avaliar a frequência de constipação intestinal, consumo de alimentos ricos em fibras, ingestão hídrica e fatores associados em idosos diabéticos. Materiais e métodos: Estudo transversal envolvendo indivíduos idosos com diabetes mellitus tipo 2, de ambos os sexos, atendidos no ambulatório de nutrição/diabetes do Núcleo de Atenção ao Idoso da Universidade Federal de Pernambuco. Foram coletados dados demográficos (sexo, faixa etária), antropométricos (peso, altura e IMC), estilo de vida (atividade física, consumo de bebida alcoólica, ingestão hídrica, consumo de frutas, verduras e feijão), clínicos (HAS, dislipidemia, função do trato gastrointestinal, característica da urina). Resultados: Houve predominância de mulheres (83,3%), na faixa etária de 60 a 90 anos. Clinicamente 98% dos idosos apresentavam HAS e 97% apresentavam dislipidemia. Em relação ao trato gastrointestinal, 85% apresentam função normal, e 38% caracterizam a urina como normal (amarelo claro). Quanto ao consumo de frutas, 81% consomem entre 2 a 4 porções diárias, 99% consomem menos que 3 porções de verduras ao dia e 95% consomem feijão todos os dias. Conclusão: O acompanhamento nutricional promoveu modificações no consumo alimentar dos idosos, percebemos consumo adequado de fibras, que são ingeridas como frutas, verduras, oleaginosas. Mesmo sendo pessoas com diabetes, a maioria tem sua função trato gastrointestinal normal, com boa ingestão hídrica e praticam atividade física, o que diminui o risco de constipação. A atuação do nutricionista em nível ambulatorial visa a prevenção, controle ou recuperação de um problema de saúde que afeta o paciente, através de intervenções realizadas em atendimento individual.

Palavras-chave: Diabetes Mellitus tipo 2; Doença crônica; Antropometria; Constipação Intestinal; Nutrição do Idoso.

Abstract

Objectives: To evaluate the prevalence of constipation, fiber-rich food intake, water consumption, and associated factors in elderly individuals with diabetes.

Materials and Methods: A cross-sectional study was conducted with elderly individuals diagnosed with type 2 diabetes mellitus, of both genders, attending the nutrition/diabetes outpatient clinic at the Center for Elderly Care at the Federal University of Pernambuco. Data collected included demographic (gender, age group), anthropometric (weight, height, BMI), lifestyle (physical activity, alcohol consumption, water intake, consumption of fruits, vegetables, and beans), and clinical (hypertension, dyslipidemia, gastrointestinal function, urine characteristics) information.Results: The sample was predominantly female (83.3%), with ages ranging from 60 to 90 years. Clinically, 98% of participants had hypertension and 97% had dyslipidemia. Regarding gastrointestinal function, 85% had normal function, and 38% described their urine as normal (light yellow). In terms of fruit intake, 81% consumed between 2 and 4 servings per day, 99% consumed fewer than 3 servings of vegetables daily, and 95% consumed beans daily. Conclusion: Nutritional monitoring led to improvements in the dietary habits of the elderly, ensuring adequate fiber intake through the consumption of fruits, vegetables, and oilseeds. Despite most participants being diabetic, their gastrointestinal function remained normal, water intake was adequate, and they engaged in physical activity, reducing the risk of constipation. The role of the nutritionist in outpatient settings is crucial for preventing, managing, and recovering from health issues through tailored interventions.

Keywords: Type 2 Diabetes Mellitus; Chronic Disease; Anthropometry; Intestinal Constipation; Elderly Nutrition.

Abreviações:

DM2: Diabetes Mellitus tipo 2.

IMC: Índice de Massa Corporal.

HAS: Hipertensão Arterial Sistêmica.

OMS: Organização Mundial da Saúde.

VIGITEL: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico.

INTRODUÇÃO

   O envelhecimento da população tem sido um fenômeno mundial nas últimas décadas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que, em 2025, existirão 1,2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos, sendo que os muito idosos (≥80 anos) constituem o grupo etário de maior crescimento (CAVALCANTI et al., 2009).

     Em 2012, a população com 60 anos ou mais era de 25,4 milhões. Os 4,8 milhões de novos idosos em cinco anos correspondem a um crescimento de 18% desse grupo etário, que tem se tornado cada vez mais representativo no Brasil. As mulheres são a maioria expressiva nesse grupo, com 16,9 milhões (56% dos idosos), enquanto os homens idosos somam 13,3 milhões (44% do grupo) (IBGE, 2018).

     Com o envelhecimento, é certo que alterações fisiológicas ocorrerão em todos os indivíduos. No entanto, são outros fatores, como a genética, o ambiente e o estilo de vida, que irão determinar como a senescência se manifestará em cada pessoa (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2018).

     Dentre as principais doenças crônicas do idoso, destaca-se o diabetes mellitus. Atualmente, estima-se que a população mundial com diabetes seja da ordem de 387 milhões e que alcance 471 milhões em 2035. Nos idosos, a forma mais comum é o diabetes mellitus tipo 2 (DM2), que corresponde a 90-95% dos casos de diabetes diagnosticados. Metade dos novos casos de DM2 poderia ser prevenida, evitando-se o excesso de peso, e outros 30% com o combate ao sedentarismo (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2016; PRISANT; LOUARD, 1999).

    Hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus são condições clínicas que frequentemente se associam. Nos pacientes com DM2, cerca de 40% já apresentam hipertensão por ocasião do diagnóstico de diabetes. Evidências epidemiológicas indicam que pacientes com DM2 têm risco aumentado para doenças cardiovasculares, sendo a dislipidemia o fator de maior importância (UK PROSPECTIVE DIABETES STUDY GROUP, 1998; FERREIRA; FERREIRA, 2009).

    Uma queixa comum no avanço da idade é a constipação intestinal, que causa desconforto e está relacionada à diminuição da motilidade e lubrificação intestinal (CAVALCANTI et al., 2009).

     O objetivo deste estudo foi avaliar a frequência de constipação intestinal, o consumo de alimentos ricos em fibras, a ingestão hídrica e os fatores associados em idosos diabéticos atendidos ambulatoriamente.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo transversal, realizado mediante a utilização de dados secundários de ficha de acompanhamento nutricional de idosos portadores de diabetes tipo 2 de ambos os sexos com idade ≥ 60 anos, atendidos no ambulatório de nutrição/diabetes do Núcleo de Atenção ao Idoso da Universidade Federal de Pernambuco (NAI/PROIDOSO/UFPE) atendidos no período de 2011 a 2019. O trabalho foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco, de acordo com a Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº466/12, sob número CAAE 55357216.0.0000.5208 – ESTUDO DE DADOS DO NAI – 2011-2019.

Os critérios de inclusão foram: Pacientes acompanhados no NAI/PROIDOSO/UFPE, com idade maior ou igual a 60 anos, de ambos os sexos, considerados diabéticos.

Avaliação do estado nutricional

Os dados de peso e altura para o cálculo do Índice de Massa Corporal, obtido pela divisão do peso (em kg) pela altura em metros ao quadrado, foram coletados das fichas de acompanhamento nutricional. O IMC foi avaliado segundo os valores propostos por OPAS, 2002: baixo peso IMC < 23kg/m², peso normal IMC entre 23 e 28kg/m², sobrepeso IMC ≥ 28 e < 30kg/m² e obesidade IMC ≥30kg/m².

Comorbidades associadas

Foram coletadas informações autorreferidas quanto ao diagnóstico de hipertensão e dislipidemia e/ou relato de uso de medicações hipotensoras ou hipolipemiantes durante a anamnese do atendimento na consulta nutricional.

Avaliação da função do trato gastrointestinal

O paciente era questionado quanto à frequência de evacuações, aquele com frequência diária ou a cada dois dias foi considerado com hábito intestinal normal, aquele com três ou mais dias sem evacuar foi considerado com constipação intestinal.

Avaliação da concentração urinária

O paciente era questionado quanto à coloração da urina ingestão hídrica, aqueles que referiram a presença de coloração amarelo claro foi considerado com urina de coloração normal e aquele com coloração mais amarelada foi considerado com urina concentrada. Além disso, foram coletados o quantitativo de copos de água ingerido, sendo que para cada copo foi considerado a ingestão de 200 ml. Foi considerado o consumo de 1,6 litros ou mais como ingestão adequada e quantidades inferiores a essa quantidade inadequada, de acordo com o aconselhamento do Ministério da Saúde (2009).

Avaliação do estilo de vida

Ingestão de bebida alcoólica: Foi considerada a informação de consumo ou não de bebida alcoólica.

Atividade física: Os grupos foram categorizados de acordo com a frequência da atividade nos seguintes grupos: diariamente, 3 vezes por semana, menos de 3 vezes por semana ou não realiza atividade física.

Consumo alimentar: Foram investigados o consumo diário de alimentos ricos em fibras (feijão, frutas e verduras). Para análise foram considerados o relato do consumo de uma vez por dia de feijão, menos de duas porções ou de 2 a 4 porções de frutas, menos de 3 porções ou de 3 a 5 porções de verduras.

Os resultados foram analisados descritivamente através de frequências absolutas e percentuais para as variáveis categóricas e das medidas estatísticas: média e mediana para as variáveis numéricas. E foram analisados inferencialmente através de intervalos de confiança para proporção nas variáveis categóricas e intervalos de confiança para média e mediana nas variáveis numéricas, com verificação da hipótese de normalidade realizada através do teste de Kolmogorov-Smirnov. A margem de erro foi de 5%. Os dados foram digitados na planilha EXCEL e o programa utilizado para obtenção dos cálculos estatísticos foi o SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) na versão 28.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

No presente estudo, a casuística foi composta por 210 pacientes, onde 83,3% são mulheres e apenas 16,7% são homens refletindo o interesse desse grupo na atenção à saúde, o que também é observado na atenção primária à saúde. Tais evidências corroboram com os achados da literatura que identificam uma maior demanda feminina por serviços de saúde.

Nos dados clínicos 98% dos idosos apresentam HAS e 97% apresentam dislipidemia. Em relação ao trato gastrointestinal 85% apresentam função normal, e 38% caracterizam a urina como normal (amarelo claro). As características demográficas e clínicas dos pacientes estão apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1. Características demográficas e clínicas de idosos diabéticos atendidos no Núcleo de Atenção ao Idoso (NAI/UFPE) no período de 2011 a 2019.

VARIÁVEISMEDIANAS
Demográficas 
Idade (anos) (n=210)67,5
SexoN (%)
Feminino175 (83%)
Masculino35 (17%)
Clínicas 
Hipertensão Arterial Sistêmica (n=168)164 (98%)
Dislipidemia (n=113)110 (97%)
Função do Trato gastrointestinal (n=208) 
– Normal177 (85%)
– Constipado28 (13%)
– Diarreico3 (2%)
Característica da urina (n=210) 
– Normal80 (38%)
– Concentrada15 (7%)
– Não informou ou não sabe115 (55%)

Nos dados antropométricos verificou-se um maior número de mulheres com sobrepeso (32%) e obesas (34%) em relação ao homens com sobrepeso (16%) e obesos (12%). Em relação ao estilo de vida ficou evidenciado que 82% dos indivíduos diabéticos não fazem uso de bebida alcoólica, e em relação ao consumo hídrico não houve diferenças relevantes entre o grupo com maior ou menor ingesta hídrica de 1,6 litros por dia.

Na análise do consumo de frutas 81% consomem entre 2 a 4 porções diárias, já 99% consomem menos que 3 porções de verduras ao dia e 95% consomem feijão todos os dias.

No presente estudo 57% realizam algum tipo de atividade física pelo menos 3 vezes na semana.

As características antropométricas e o estilo de vida dos pacientes estão apresentadas na Tabela 2.

Tabela 2. Características antropométricas e de estilo de vida de idosos diabéticos atendidos no Núcleo de Atenção ao Idoso (NAI/UFPE) no período 2011 a 2019.

VARIÁVEISMédia±DP ou Mediana (IQ)
Antropométricas 
Peso (kg) (n=210)71,1
Altura (m)1,55
IMC (kg/m2)28,5
Estilo de vida 
Consumo de álcool (n=194) 
Sim35 (18%)
Não159 (82%)
Consumo hídrico (n=113) 
<1,6 L57 (51%)
≥1,6 L56 (49%)
Consumo de frutas (n=181) 
<2 porções/dia35 (19%)
2 a 4 porções/dia146 (81%)
Consumo de verduras (n=176) 
<3 porções/dia174 (99%)
3 a 5 porções/dia2 (1%)
Consumo de feijão (n=210) 
Sim200 (95%)
Não10 (5%)
Atividade física (n=151) 
Diária27 (18%)
3 vezes/ semana53 (35%)
≤ 3 vezes/ semana28 (19%)
Não realiza43 (28%)

Este estudo apontou alta frequência de HAS, excesso de peso e sedentarismo em idosos com DM2. Doenças crônicas não transmissíveis, como DM2 e HAS, agravadas pelo excesso de peso, têm sido apontadas como as principais causas de morte e incapacidade entre idosos (CAVALCANTI et al., 2009; INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2018; MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2018). Desse modo, análises sobre o perfil clínico e antropométrico de idosos diabéticos podem contribuir para ampliar o conhecimento sobre esses indivíduos e para a implementação de estratégias preventivas.

      Em 2014, a prevalência do DM2 em idosos no Brasil era de aproximadamente 25% (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2016). Estudos desenvolvidos em instituições de saúde, com idosos portadores de diabetes, observaram maior predominância do sexo feminino (PRISANT; LOUARD, 1999; TAVARES et al., 2007), semelhante aos resultados obtidos neste estudo, onde a frequência de mulheres foi de 82,4%. Esse fato pode estar relacionado à tendência das mulheres se cuidarem mais e estarem mais presentes nos serviços de saúde, favorecendo o diagnóstico da doença (CAVALCANTI et al., 2009).

     O diagnóstico de DM2 é realizado geralmente de forma tardia, com o indivíduo já apresentando algum tipo de complicação (UK PROSPECTIVE DIABETES STUDY GROUP, 1998). Neste estudo, a média de idade situou-se próxima aos 70 anos, e 60,2% dos diabéticos tinham menos de cinco anos de diagnóstico. Ou seja, se o DM2 é geralmente diagnosticado após os 40 anos (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2016), os idosos deste estudo poderiam estar sofrendo as consequências do diagnóstico tardio.

     Quanto aos dados antropométricos, o IMC evidenciou prevalência de excesso de peso nos DM. Esta medida, apesar de apresentar desvantagens quando comparada às demais que avaliam a composição corporal, ainda é a mais aceita universalmente para categorizar o sobrepeso e a obesidade (PRISANT; LOUARD, 1999). Seu princípio básico é expressar a gordura corporal em excesso, quantificando a obesidade global (CAVALCANTI et al., 2009). A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) relata que a diminuição de 5 a 10% do peso corporal poderia reduzir os níveis de glicemia, adiar a progressão da doença, reduzir as necessidades insulínicas e, inclusive, nos casos iniciais, permitiria retirar o tratamento farmacológico (SOCIETY BRAZILIAN DIABETES, 2016).

     Quanto ao consumo alimentar, os achados evidenciam uma adequação no consumo de fibras, sendo recomendado o consumo de 3 ou mais porções por dia, totalizando 30 gramas por dia (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2018). As fibras são importantes aliadas tanto na prevenção quanto no tratamento do diabetes. As fibras podem ser classificadas em solúveis e insolúveis. As fibras solúveis são fundamentais no controle da glicemia e da gordura no sangue (aumento de colesterol e triglicerídeos, as chamadas dislipidemias), enquanto as fibras insolúveis ajudam a melhorar a saúde intestinal e a saciedade, contribuindo também para o controle do peso corporal. Para ter uma ingestão adequada de fibras, é importante incluir fontes diversificadas, que podem ser encontradas em vegetais diversos, especialmente os folhosos, talos de hortaliças, sementes diversas como as de linhaça, bagaços de frutas, farelo de aveia, feijões e outras leguminosas, como lentilha, ervilha e grão-de-bico. Essas fontes podem ser incluídas em preparações como saladas, iogurtes, acompanhamentos e até mesmo como petiscos saudáveis (PIMENTEL et al., 2011).

     Dentre os fatores relacionados à constipação intestinal nos idosos, estão as alterações fisiológicas, consumo de alimentos com baixo teor de fibras alimentares, a baixa ingestão de água no decorrer do dia, o sedentarismo e o uso de laxantes, antidepressivos e antipsicóticos (CAMBIRIBA et al., 2013). A maior prevalência de constipação intestinal no sexo feminino pode estar relacionada a hábitos de vida e alimentares, bem como a fatores hormonais e danos na musculatura do assoalho pélvico durante cirurgias ginecológicas e obstétricas (TRISOGLIO et al., 2010).

     No presente estudo, 57% realizam algum tipo de atividade física pelo menos 3 vezes na semana. O exercício físico, além de auxiliar no tratamento e controle do DM2, tem sido reportado como benéfico, mantendo ou melhorando funções cognitivas, como a memória, em diversas situações (WEICKERT; PFEIFFER, 2018; MCRAE, 2018). Estudos demonstram que a prática de exercícios físicos atenua o declínio cognitivo associado ao envelhecimento em humanos; além disso, os indivíduos que são fisicamente mais ativos acumulam benefícios de proteção contra demências, especialmente a Doença de Alzheimer (BALSAMO et al., 2013; FRANCO-MARTIN et al., 2013). Espera-se que os idosos que apresentem alta prevalência de constipação intestinal e que esta esteja associada aos baixos níveis de atividade física dessa população (TAVARES et al., 2007).

  • CONCLUSÃO

Existem poucos trabalhos que avaliam a presença de constipação intestinal, a oferta de fibras e a ingestão hídrica de idosos, reforçando a necessidade de mais estudos voltados a essa população, permitindo melhores intervenções junto a esse público.

Nesse estudo, embora a oferta de fibras tenha atendido às recomendações, ainda houve prevalência de constipação. É importante ressaltar que, para o bom funcionamento intestinal, é necessário um conjunto de hábitos, incluindo adequada ingestão hídrica, de fibras e prática de atividade física, visto que, isoladamente, esses fatores não contribuem para o adequado funcionamento intestinal, sendo indispensável sua interação, tanto na prevenção quanto na correção do quadro de constipação. Além disso, a prevalência de constipação intestinal, oferta de fibras alimentares e ingestão hídrica em idosos, alterações hormonais e cirurgias obstétricas também estão relacionadas à maior prevalência de constipação, o que também justifica os resultados desse estudo.

Estratégias de cuidado de saúde precisam ser desenvolvidas para estimular mudanças nessas condições, com o objetivo de prevenir e controlar as complicações relacionadas às morbidades dessa população, com esse estudo verificamos uma elevada frequência de HAS, dislipidemia  e excesso de peso.

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¹ Nutricionista Débora de Cássia de Morais. Faculdade Pernambucana de Saúde. E-mail: dbr_hh@hotmail.com .Número para contato: (81) 992869022

2 Nutricionista Thais Cristina Ribeiro de Oliveira. Centro Universitário de Adamantina.E-mail: thaisr59@hotmail.com . Número para contato: (18) 997093086.

³ Nutricionista Vanessa Almeida Nogueira Ramos. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: vanessa.almeida.063@ufrn.edu.br. Número para contato: (84) 991033121

4 Estudante de Nutrição Lyvia Diniz dos Santos Costa. Universidade do estado do Rio de Janeiro (UERJ). E-mail:  lyvlyvcosta@gmail.com. Número para contato: (21) 979952163

5 Nutricionista Victor Gabriel Liberato de Souza. Universidade de Pernambuco (UPE). E-mail: victorgnutri@gmail.com. Número para contato: (74) 988039264

6 Nutricionista Julia Hertz Bogater. Faculdade Pernambucana de Saúde. E-mail: juliahertzb@gmail.com. Número para contato: (81) 983065784

7 Estudante de Nutrição Laís Chodin Zanardi. Universidade Cidade de São Paulo. E-mail: lais.chodin@gmail.com. Número para contato: (11) 992924947

8 Nutricionista Bruna de Oliveira Neves.  Universidade Vila Velha. E-mail: vbruna.oliveiraa@gmail.com. Número para contato: (27) 999648920

9 Nutricionista Ana Carolina Ribeiro do Nascimento Pontes. Faculdade Pernambucana de Saúde. E-mail: anacarolinarrb@gmail.com. Número para contato: (81) 998340552

10 Nutricionista Antonio Gabriel Casado Silva Oliveira. Universidade Federal de Campina Grande. E-mail: antonioogabriel98@gmail.com. Número para contato: (83) 991949464

11 Nutricionista Jéssica Freitas Vieira Neves Ferreira. Centro Universitário Estácio da Bahia. E-mail: jeeh_fvn@hotmail.com. Número para contato: (71) 991972080

12 Doutora em Nutrição Patrícia Calado Ferreira Pinheiro Gadelha. Universidade Federal de Pernambuco. E-mail:Patricia.calado@fps.edu.br. Número para contato: (81) 999214228

13 Doutora em Nutrição Maria Goretti Pessoa de Araújo Burgos. Universidade Federal de Pernambuco. E-mail: gburgos@hotlink.com.br. Número para contato: (81) 991421999