CONSUMPTION PROFILE OF NATURAL PRODUCTS AND ANALYSIS OF DRUG INTERACTIONS BY USERS OF THE CLINIC FOR THE ELDERLY PEOPLE IN THE MUNICIPALITY OF OLINDA
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202410091356
Thiago Marques Brito1, Ana Paula Fernandes da Silva2, Raquel Lira Lustosa Carvalho3, Fernando Luiz Silva Filho4, Karla Enoska Misael Camino Furtado5, Renata Fernandes Fialho Cantarelli6 , Pedro Cantarelli Primo de Carvalho7, Júlia Maria da Silva Pereira8, Alfredo Manoel Ramiro Basto de Barros Costa9, Maria Eduarda Cavalcante Amorim10, Roberta Barbosa de Araújo Pacheco11, Maria da Conceição de Albuquerque Cordeiro Serra12
RESUMO
INTRODUÇÃO: A fitoterapia, que consiste na utilização de plantas ou ervas com o objetivo de tratar e prevenir problemas de saúde, tem se tornado cada vez mais comum em diversos países. Nos Estados Unidos, por exemplo, 25% dos indivíduos com mais de 60 anos utilizam pelo menos quatro tipos de fitoterápicos, enquanto nos países subdesenvolvidos esse número pode chegar a 80% da população, devido à acessibilidade, crença na segurança e recomendações de conhecidos. No Brasil, o mercado de fitoterápicos gera valores significativos no setor farmacêutico. Contudo, apesar da crescente popularidade, ainda faltam estudos científicos que comprovem a eficácia, tolerância e segurança destas substâncias, além da necessidade de mais pesquisas sobre as interações entre fitoterápicos e medicamentos. O uso concomitante dessas substâncias muitas vezes não é comunicado aos médicos, aumentando o risco de complicações como interações medicamentosas prejudiciais, principalmente em casos de uso de medicamentos como anticoagulantes e quimioterápicos. OBJETIVOS: O objetivo deste artigo é analisar o uso crescente da fitoterapia e suas implicações para a saúde pública, com foco na eficácia, segurança e potenciais interações entre medicamentos fitoterápicos e medicamentos convencionais. Além disso, buscamos destacar a importância de estudos científicos que avaliem o perfil de uso dessas substâncias e a necessidade de educação em saúde dos usuários. METODOLOGIA: O estudo utilizou modelo observacional descritivo com delineamento transversal, realizado no Ambulatório do Idoso de Olinda/PE, com coleta de dados por meio de entrevistas estruturadas com idosos, conduzidas pela estudante pesquisadora. Para garantir a consistência dos dados foram utilizados formulários padronizados, que foram organizados em gráficos e tabelas com auxílio dos programas Excel e Google Docs. A análise das variáveis e correlações estatísticas foi realizada de acordo metodologicamente com orientação do orientador, permitindo a interpretação dos resultados com base na literatura existente sobre o tema. A coleta de dados ocorreu às sextas-feiras, visando otimizar o número de pacientes e garantir uma amostra representativa do perfil farmacoepidemiológico do uso de fitoterápicos entre idosos. RESULTADOS: O estudo analisou o uso de fitoterápicos em uma amostra de 55 participantes, divididos por sexo, mostrando que as mulheres utilizam significativamente mais plantas medicinais que os homens. A análise estatística indicou associação significativa entre sexo e uso de fitoterápicos. As plantas mais utilizadas foram o boldo, a erva-cidreira e o capim-limão, reconhecidos pelas suas propriedades terapêuticas. Porém, diversas plantas utilizadas, como o chá verde e a canela, podem apresentar interações medicamentosas importantes, principalmente com anticoagulantes e medicamentos metabolizados pelo fígado. O estudo destaca a necessidade de monitoramento e orientação sobre o uso seguro de medicamentos fitoterápicos, dado o potencial de interações adversas com medicamentos convencionais. CONCLUSÃO: A pesquisa concluiu que o uso de plantas medicinais é uma prática comum entre a população, com destaque para o maior consumo entre as mulheres. Porém, o uso indiscriminado desses fitoterápicos, sem orientação profissional, traz riscos significativos à saúde, como reações adversas e interações medicamentosas, principalmente em grupos vulneráveis, como idosos e gestantes. A pesquisa reforça a necessidade de promover ações de educação em saúde para conscientizar a população sobre o uso responsável de plantas medicinais, ressaltando a importância de consultar os profissionais de saúde e fornecer informações sobre o uso de fitoterápicos para evitar complicações.
Palavras-chave: Fitoterapia, Estatística, Interações Medicamentosas, Saúde.
ABSTRACT
INTRODUCTION: Phytotherapy, which consists of the use of plants or herbs with the aim of treating and preventing health problems, has become increasingly common in several countries. In the United States, for example, 25% of individuals over 60 use at least four types of herbal medicine, while in underdeveloped countries this number can reach 80% of the population, due to accessibility, belief in safety and recommendations from acquaintances. In Brazil, the herbal medicine market generates significant values in the pharmaceutical sector. However, despite the growing popularity, there is still a lack of scientific studies that prove the effectiveness, tolerance and safety of these substances, in addition to the need for more research on the interactions between herbal medicines and medicines. The concomitant use of these substances is often not reported to doctors, increasing the risk of complications such as harmful drug interactions, especially in cases of use of medications such as anticoagulants and chemotherapy drugs. OBJECTIVES: The objective of this article is to analyze the growing use of herbal medicine and its implications for public health, focusing on efficacy, safety and potential interactions between herbal medicines and conventional medicines. Furthermore, we seek to highlight the importance of scientific studies that evaluate the profile of use of these substances and the need for health education for users. METHODOLOGY: The study used a descriptive observational model with a cross-sectional design, carried out at the Clinic for the Elderly in Olinda/PE, with data collection through structured interviews with elderly people, conducted by the student researcher. Standardized forms were used to ensure data consistency, which were organized into charts and tables with the help of Excel and Google Docs programs. The analysis of variables and statistical correlations was carried out in methodological accordance with the advisor’s guidance, allowing the interpretation of results based on existing literature on the topic. Data collection took place on Fridays, aiming to optimize the number of patients and guarantee a representative sample of the pharmacoepidemiological profile of herbal medicine use among the elderly. RESULTS: The study analyzed the use of herbal medicines in a sample of 55 participants, divided by gender, showing that women use medicinal plants significantly more than men. Statistical analysis indicated a significant association between gender and the use of herbal medicines. The most used plants were boldo, lemon balm and lemongrass, recognized for their therapeutic properties. However, several plants used, such as green tea and cinnamon, may have important drug interactions, especially with anticoagulants and medications metabolized by the liver. The study highlights the need for monitoring and guidance on the safe use of herbal medicines, given the potential for adverse interactions with conventional medicines. CONCLUSION: The research concluded that the use of medicinal plants is a common practice among the population, with emphasis on greater consumption among women. However, the indiscriminate use of these herbal medicines, without professional guidance, poses significant health risks, such as adverse reactions and drug interactions, especially in vulnerable groups, such as the elderly and pregnant women. The research reinforces the need to promote health education actions to raise awareness among the population about the responsible use of medicinal plants, emphasizing the importance of consulting health professionals and providing information about the use of herbal medicines to avoid complications.
1 INTRODUÇÃO
A fitoterapia consiste no uso de plantas ou ervas com o objetivo de tratar e prevenir agravos de saúde (FALZON; BALABANOVA, 2017). A utilização desse método terapêutico tem se tornado cada vez mais comum no mundo. Nos Estados Unidos da América (EUA), por exemplo, 25% dos entrevistados acima de 60 anos utilizava pelo menos 4 tipos de fitoterápicos (SOUZA-PERES et al., 2023). No Brasil, o comércio de fitoterápicos movimenta grandes valores, sendo responsável por aproximadamente 25% dos ganhos obtidos pelo setor da indústria farmacêutica dentro do Brasil (FERREIRA et al., 2014).
Segundo Odebunmi et al. (2022), o uso dessa modalidade terapêutica em países subdesenvolvidos pode chegar a 80% da população. De acordo com Wahab et al. (2022), esse fato se deve ao preço, acessibilidade, crença na segurança por ser algo natural e por muitas vezes ser indicado por um amigo próximo ou parente. O grande problema diz respeito ao seu uso crescente nos últimos anos aliado à falta de comprovação científica de eficácia, tolerância e segurança para seus usuários (TAGNE et al., 2019). Além disso, ainda é carente os estudos sobre interações entre fitoterápicos e medicamentos. Outro agravante é uso concomitante desconhecido por parte dos médicos, uma vez que poucos pacientes, por desconhecimento dos riscos, informam sobre as substâncias naturais que fazem uso (NEGA et al., 2019). A partir dessa problemática surge a necessidade de se definir o perfil do uso de fitoterápicos para que posteriores estudos sobre segurança, tolerância, eficácia e interação fitoterápico-medicamento das plantas/ervas mais utilizadas sejam realizados, além da educação em saúde dos usuários.
Os fitoterápicos fazem parte de um grupo de abordagens dentro do que conhecemos como medicina complementar ou medicina tradicional. Os métodos dentro desse grupo têm a concepção por parte da população como medicina natural e devido a isso teriam menos efeitos adversos e colaterais. No entanto, não são novos ou poucos os estudos que mostram relativo potencial de danos causados pelo uso indiscriminado de fitoterápicos, desde hepatotoxicidade até carcinogênese. Além disso, a falta de controle de qualidade, pureza, assim como clareza e veracidade dos benefícios dos produtos, são questões importantes que precisam ser levantadas e investigadas (RAHMAN; AZIZ, 2020).
Outro ponto importante é o risco de interação fitoterápico-medicamento, em muitos casos ainda desconhecidos. Por exemplo, segundo Lam et al. (2022), o uso da erva de São João quando feito por 3 pacientes oncológicos em tratamento vigente com quimioterápicos pode comprometer a linha de cuidado. Isso ocorre pois o fitoterápico citado reduz os níveis de drogas como o docetaxel. Ainda nesse contexto, entra a grande quantidade de plantas e ervas medicinais que apresentam interações com anticoagulantes. Estudos já identificaram 30 espécies que poderiam interagir com anticoagulantes como a Varfarina, como o alho, gengibre, ginkgo e ginseng.
No Brasil, um estudo avaliou, especificamente, a interação entre folhas verdes (ricas em vitamina K) e a Varfarina. O resultado foi que esses pacientes apresentavam INR maiores ou menores que os alvos terapêuticos. Portanto, os indivíduos estavam em subtratamento de suas enfermidades ou em maior risco de eventos hemorrágicos devido essa interação (LEITE et al., 2018).
2 METODOLOGIA
O estudo foi conduzido utilizando um modelo observacional de caráter descritivo com delineamento transversal. A coleta de dados foi realizada pelo aluno pesquisador através de entrevistas estruturadas com os pacientes idosos da Clínica da Pessoa Idosa, localizada em Olinda/PE. Durante as entrevistas, foram utilizados formulários padronizados para garantir a consistência e a precisão dos dados coletados.
Os dados coletados foram organizados e distribuídos em quadros e tabelas, utilizando os programas Excel e Google Docs, facilitando a visualização e a análise subsequente. A análise dos critérios de inclusão e exclusão dos participantes foi realizada em conjunto com a orientadora, garantindo a conformidade metodológica e a adequação dos dados às necessidades do estudo.
As variáveis foram analisadas em suas correlações estatísticas, empregando técnicas apropriadas para descrever e interpretar os padrões observados. A interpretação dos resultados foi realizada com base em literatura relevante previamente produzida sobre o tema, permitindo uma comparação dos achados com estudos existentes e uma melhor compreensão do perfil farmacoepidemiológico do uso de fitoterápicos entre os idosos da clínica.
As condições para a realização do projeto foram amplamente favoráveis, permitindo a execução das atividades conforme planejado. A coleta de dados foi realizada todas as sextas-feiras, dia de maior fluxo de atendimento na Clínica da Pessoa Idosa em Olinda/PE. Essa estratégia foi essencial para maximizar o número de pacientes elegíveis e garantir uma amostra representativa da população alvo.
3 RESULTADOS
A pesquisa foi conduzida com uma amostra de 55 participantes, divididos em dois grupos: mulheres e homens. Os dados coletados revelaram informações importantes sobre o perfil de uso de plantas medicinais entre esses grupos.
A distribuição dos participantes foi de 38 mulheres, onde 36 faziam utilização de plantas medicinais; 17 homens, no qual 3 faziam uso regular de plantas medicinais. Para análise estatística, foi aplicado o teste Qui-quadrado de Pearson para verificar se há uma associação significativa entre o gênero e o uso de plantas medicinais.
Os resultados da análise indicam uma associação significativa entre o gênero e o uso de plantas medicinais. O valor do Qui-quadrado ( χ2 ) de 30.20 é significativamente maior que o valor crítico para 1 grau de liberdade, e o p-valor 3.89×10−8 é muito menor que o nível de significância de 0.05 . Portanto, rejeitamos a hipótese nula de que não há associação entre o gênero e o uso de plantas medicinais. Este resultado sugere que as mulheres são significativamente mais propensas a usar plantas medicinais em comparação aos homens nesta amostra. Esse achado é crucial para direcionar futuras pesquisas e políticas de saúde pública focadas na promoção do uso seguro e eficaz de fitoterápicos entre diferentes grupos populacionais.
Observamos que a faixa etária dos 64-74 anos apresenta um baixo número de homens usando produtos naturais, com apenas 1 homem (5.9% dos homens). Em contrapartida, 10 mulheres (23.3% das mulheres) nessa faixa etária utilizam produtos naturais, indicando uma maior predisposição entre as mulheres nessa faixa etária para o uso de fitoterápicos.
Em contrapartida, há um aumento no uso de produtos naturais na faixa etária dos 75-85 anos entre os homens, com 2 homens (11.8% dos homens) nesta faixa etária, entretanto as mulheres também mostram um aumento significativo, com 20 mulheres (46.5% das mulheres) usando produtos naturais. Esta faixa etária tem a maior concentração de usuários de fitoterápicos.
Quando analisamos a faixa etária >85 anos, não há homens usando produtos naturais, enquanto 6 mulheres (14% das mulheres) fazem uso desses produtos. A ausência de homens pode indicar uma menor predisposição ou outros fatores relacionados à saúde e ao uso de produtos naturais em idades mais avançadas.
É importante destacar que uma mesma pessoa pode utilizar mais de uma planta medicinal, refletindo na soma dos percentuais que pode ultrapassar 100%.
A planta mais utilizada é o Boldo, com 71.43% dos usuários relatando seu uso, devido às suas propriedades digestivas. Em seguida, a Erva-cidreira é utilizada por 59.52% dos participantes, conhecida por suas propriedades calmantes e ansiolíticas. O Capim santo, utilizado por 47.62% dos participantes, é valorizado por suas propriedades relaxantes e digestivas. Hortelã graúda é usada por 35.71% dos usuários, principalmente por suas propriedades digestivas e refrescantes.
A Camomila é utilizada por 23.81% dos usuários, sendo reconhecida por suas propriedades calmantes e anti-inflamatórias. Erva-doce, usada por 19.05%, é conhecida por aliviar gases e cólicas. O mastruz, com 11.90% de utilização, é valorizado por suas propriedades expectorantes e vermífugas. Salgueiro é utilizado por 9.52% dos usuários devido às suas propriedades analgésicas e anti-inflamatórias.
Canela e louro são usados por 7.14% dos participantes cada, devido às suas propriedades antimicrobianas, antioxidantes e digestivas. Chá verde e Romã, utilizados por 4.76% dos participantes cada, são conhecidos por suas propriedades antioxidantes e estimulantes. Por fim, a Marcela é usada por 2.38% dos usuários, conhecida por suas propriedades calmantes e anti-inflamatórias.
Entre as plantas mais utilizadas, o Boldo (Peumus boldus) está presente na RENAME e é amplamente utilizado devido às suas propriedades digestivas, sendo recomendado para o tratamento de dispepsia e outros distúrbios gastrointestinais leves. A Camomila (Matricaria recutita) também é incluída na RENAME, valorizada por suas propriedades calmantes e anti-inflamatórias, sendo utilizada para aliviar sintomas de insônia, ansiedade e problemas digestivos leves. A Hortelã (Mentha spp.) está listada na RENAME e é reconhecida por suas propriedades digestivas e refrescantes, sendo utilizada no tratamento de dispepsia e como carminativo. A erva-doce (Pimpinella anisum) , igualmente incluída na RENAME, é conhecida por suas propriedades carminativas, eficaz no alívio de cólicas e gases.
No entanto, outras plantas populares e amplamente utilizadas como Erva-cidreira (Melissa officinalis) , Capim-santo(Cymbopogon citratus), Mastruz(Chenopodium ambrosioides), Salgueiro(Sambucus nigra) Canela(Cinnamomum zeylanicum) , Louro(Laurus nobilis) , Chá verde(Camellis sinensis), Romã(Punica granatum) e Marcela(Achyrocline satureoides) não estão atualmente incluídas na RENAME. Apesar disso, essas plantas continuam sendo amplamente utilizadas na medicina tradicional e popular devido aos seus benefícios terapêuticos bem documentados e aceitos.
A inclusão de plantas medicinais na RENAME reflete o reconhecimento oficial de sua eficácia e segurança para o tratamento de condições específicas de saúde. As plantas Boldo, Camomila, Hortelã e Erva-doce são exemplos de fitoterápicos que têm seu uso tradicional e benefícios validados por essa listagem. Embora outras plantas populares não estejam na RENAME, sua utilização persistente entre os usuários de fitoterápicos evidencia a importância de continuar a pesquisar e documentar os benefícios dessas plantas para potencial inclusão futura na lista de medicamentos essenciais.
O uso de plantas medicinais pode levar a interações medicamentosas importantes, especialmente quando utilizados concomitantemente com medicamentos convencionais. Entre as plantas listadas na pesquisa, várias têm potencial para interações que podem afetar a eficácia dos tratamentos ou aumentar o risco de efeitos adversos.
Boldo (Peumus boldus): Pode interagir com medicamentos hepatotóxicos, aumentando o risco de danos ao fígado. Também pode afetar a metabolização de fármacos metabolizados pelo fígado devido à inibição de enzimas hepáticas, como o citocromo P450.
Erva-cidreira (Melissa officinalis): Pode potencializar o efeito sedativo de medicamentos ansiolíticos e hipnóticos, como benzodiazepínicos e barbitúricos, aumentando o risco de sedação excessiva. Também pode interagir com medicamentos tireoidianos, reduzindo sua eficácia.
Capim Santo (Cymbopogon citratus): Pode interagir com anticoagulantes, como a varfarina, aumentando o risco de sangramento. Também pode potencializar o efeito de diuréticos, levando à desidratação e desequilíbrio eletrolítico.
Hortelã Graúda (Mentha spp.): Pode interagir com medicamentos para a pressão arterial, como inibidores da enzima conversora de angiotensina, bloqueadores dos canais de cálcio e diuréticos, potencializando seus efeitos hipotensivos. Também pode interferir com medicamentos metabolizados pelo citocromo P450.
Camomila (Matricaria recutita): Pode interagir com anticoagulantes e antiplaquetários, aumentando o risco de sangramento. Pode potencializar o efeito de sedativos e hipnóticos, bem como interferir com a metabolização de fármacos pelo citocromo P450.
Erva-doce (Pimpinella anisum): Pode interagir com medicamentos anticoagulantes, como a varfarina, e aumentar o risco de sangramento. Também pode interferir com medicamentos hormonais, como anticoncepcionais e terapia de reposição hormonal, devido à sua atividade estrogênica.
Mastruz (Chenopodium ambrosioides): Pode interagir com medicamentos hepatotóxicos, aumentando o risco de danos ao fígado. Também pode potencializar o efeito de medicamentos anti-helmínticos, podendo aumentar o risco de toxicidade.
Salgueiro (Salix alba): Pode interagir com anticoagulantes, aumentando o risco de sangramento. Também pode potencializar o efeito de outros anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), aumentando o risco de úlceras gástricas e nefrotoxicidade.
Canela (Cinnamomum verum) : Pode interagir com medicamentos antidiabéticos, potencializando seu efeito e aumentando o risco de hipoglicemia. Também pode interferir com anticoagulantes, aumentando o risco de sangramento.
Louro (Laurus nobilis) : Pode interagir com anticoagulantes e antiplaquetários, aumentando o risco de sangramento. Também pode potencializar o efeito de medicamentos sedativos.
Chá Verde (Camellia sinensis) : Pode interagir com anticoagulantes, como a varfarina, e aumentar o risco de sangramento. Pode interferir com a absorção de ferro e outros minerais. Também pode reduzir a eficácia de certos medicamentos, como o nadolol, um betabloqueador.
Romã (Punica granatum) : Pode interagir com anticoagulantes e antiplaquetários, aumentando o risco de sangramento. Pode inibir enzimas do citocromo P450, afetando a metabolização de vários medicamentos, como estatinas e anticoagulantes.
Marcela (Achyrocline satureioides): Pode interagir com anticoagulantes, aumentando o risco de sangramento. Pode potencializar o efeito de medicamentos sedativos e hipnóticos.
4 CONCLUSÃO
Através de pesquisas como esta, observamos que o uso e a indicação de plantas medicinais são práticas comuns entre a população. Muitas pessoas recorrem a essas plantas para tratar uma variedade de condições, confiando nas suas propriedades terapêuticas tradicionais. No entanto, esta prática generalizada também revela uma lacuna significativa no conhecimento da população sobre os riscos potenciais associados ao uso indiscriminado dessas plantas.
As plantas medicinais, embora naturais, não estão isentas de riscos. Elas contêm compostos bioativos que podem interagir com o organismo de maneiras variadas, podendo causar efeitos orgânicos indesejáveis, tais como reações alérgicas, toxicidade hepática ou renal, e interações adversas com medicamentos convencionais. Esses efeitos adversos são frequentemente subestimados ou desconhecidos pelo público em geral, o que reforça a necessidade de uma abordagem cautelosa e informada.
Diante disso, é fundamental que se articulem ações de educação em saúde direcionadas ao uso seguro de plantas medicinais. Essas ações devem incluir campanhas informativas, programas educativos e a integração de informações sobre fitoterapia em consultas médicas e atendimentos farmacêuticos. O objetivo é garantir que as pessoas compreendam que, embora as plantas medicinais possam oferecer benefícios terapêuticos, elas devem ser utilizadas com discernimento e sob orientação profissional adequada. Programas de educação em saúde voltados tanto para pacientes quanto para profissionais de saúde podem aumentar significativamente o conhecimento sobre os riscos e benefícios da fitoterapia. Materiais educativos, como folhetos, vídeos e workshops, podem ser utilizados para disseminar informações importantes e corrigir concepções errôneas.
Campanhas de conscientização pública podem enfatizar a importância de informar os profissionais de saúde sobre o uso de fitoterápicos, prevenindo interações medicamentosas perigosas e promovendo um uso mais responsável. Além disso, a educação em saúde deve enfatizar que o uso de plantas medicinais não é apropriado para todas as pessoas ou para todas as condições. Grupos específicos, como crianças, gestantes, idosos e indivíduos com condições crônicas ou polifarmácia, devem ser particularmente cautelosos. A automedicação com fitoterápicos pode ser especialmente perigosa nesses grupos, aumentando o risco de efeitos adversos graves.
Portanto, a realização de pesquisas e a disseminação de informações são passos essenciais para promover o uso consciente e seguro das plantas medicinais. Somente através de uma abordagem informada e responsável podemos maximizar os benefícios dessas terapias naturais, minimizando os riscos e protegendo a saúde da população.
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1Discente do Curso Superior de medicina da Faculdade de Ciências Médicas Afya Campus Jaboatão dos
Guararapes e-mail: thiagomarquesb@hotmail.com
2Docente do Curso Superior de medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas Campus Jaboatão dos Guararapes. Mestre em Patologia (PPGBAS/UFPE). Doutora em Patologia (LIKA/UFPE).
e-mail: anap.fernandes@afya.com.br
3Bacharel em Medicina pela Afya Faculdade de Ciências Médicas Campus Jaboatão dos Guararapes
e-mail: raquellustosamed@gmail.com
4Bacharel em Medicina pela Faculdade Federal de Pernambuco Campus Recife e-mail: fernandolsilvaf@gmail.com
5Discente do Curso Superior de medicina da Faculdade de Ciências Médicas Afya Campus Jaboatão dos Guararapes e-mail: enoska.karla@gmail.com
6Discente do Curso Superior de medicina da Faculdade de Ciências Médicas Afya Campus Jaboatão dos Guararapes e-mail: cantarelli.renata@gmail.com
7Discente do Curso Superior de medicina da Faculdade de Ciências Médicas Afya Campus Jaboatão dos Guararapes e-mail: pedrocantarelli3@gmail.com
8Discente do Curso Superior de medicina da Faculdade de Ciências Médicas Afya Campus Jaboatão dos Guararapes e-mail: juliamaria201025@hotmail.com
9Discente do Curso Superior de medicina da Faculdade de Ciências Médicas Afya Campus Jaboatão dos Guararapes e-mail: alfredocosta.adv@hotmail.com
10Discente do Curso Superior de medicina da Faculdade de Ciências Médicas Afya Campus Jaboatão dos Guararapes e-mail: amorim.meca@gmail.com
11Discente do Curso Superior de medicina da Faculdade de Ciências Médicas Afya Campus Jaboatão dos Guararapes e-mail: robertabarb@hotmail.com
12Discente do Curso Superior de medicina da Faculdade de Ciências Médicas Afya Campus Jaboatão
dos Guararapes e-mail: mconserra@gmail.com