REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8429257
Keila Moreno Dos Santos
Suelem Vieira De Souza
Lincoln Ferreira de Oliveira
RESUMO
Os anticoncepcionais orais modernos oferecem contracepção altamente eficaz, além de benefícios não contraceptivos bem estabelecidos. O tromboembolismo venoso, embora raro, representa um dos eventos adversos sérios da contracepção hormonal. Estudos indicam que o tromboembolismo venoso em não-usuárias de idade reprodutiva atinge 4-5/10.000 mulheres por ano, já com o uso de contraceptivos orais a taxa aumenta para 9-10/10.000 mulheres por ano. Comparativamente, as taxas de tromboembolismo venoso na gravidez aproximam- se de 29/10.000 no total e podem atingir 300-400/10.000 no puerpério imediato. Evidências contraditórias e a influência da mídia sobre o risco de tromboembolismo venoso atribuído ao componente progestagênico das pílulas mais recentes têm levado as mulheres ao medo e à confusão sobre a segurança dos contraceptivos orais. A avaliação de risco individualizada deve ser sempre realizada visando identificar mulheres para melhor aconselhamento contraceptivo. Para a maioria das mulheres saudáveis em idade reprodutiva, os benefícios dos contraceptivos orais combinados superam os riscos.
PALAVRAS-CHAVE: Saúde da mulher; Anticoncepcionais combinados; Efeitos adversos; Coagulação;
ABSTRACT
Modern oral contraceptives offer highly effective contraception, as well as wellestablished non-contraceptive benefits. Venous thromboembolism, although rare, represents one of the serious adverse events of hormonal contraception. Studies indicate that venous thromboembolism in non-users of reproductive age reaches 45/10,000 women per year, while with the use of oral contraceptives the rate increases to 9-10/10,000 women per year. In comparison, venous thromboembolism rates in pregnancy are around 29/10,000 in total and can reach 300-400/10,000 in the immediate puerperium. Contradictory evidence and the influence of the media on the risk of venous thromboembolism attributed to the progestogen component of newer pills have led women to fear and confusion about the safety of oral contraceptives. Individualized risk assessment should always be carried out in order to identify women for better contraceptive advice. For most healthy women of reproductive age, the benefits of combined oral contraceptives outweigh the risks
KEYWORDS: Women’s health; Combined contraceptives; Adverse effects;Coagulation
1. INTRODUÇÃO
Na década de 1960, os medicamentos contraceptivos foram introduzidos no Brasil, oferecendo às mulheres um maior controle sobre a natalidade. O governo incentivou o seu uso como parte das políticas de redução da taxa de natalidade. A utilização de contraceptivos orais combinados (COC) trouxe diversos benefícios, incluindo a redução do fluxo menstrual, da menorragia e da dismenorreia, bem como a diminuição do risco de câncer no endométrio e no ovário, além de ajudar a reduzir acne e hirsutismo. No entanto, o uso prolongado desses medicamentos pode levar a diversos efeitos colaterais, incluindo o aumento do risco de trombose venosa, que pode ser influenciado pela dose hormonal e tempo de uso.
O uso prolongado de COCs pode resultar em efeitos colaterais prejudiciais, incluindo riscos associados à embolia pulmonar, hemorragia cerebral e infarto agudo do miocárdio. Esses riscos aumentam em duas a três vezes quando comparados com pacientes que não fizeram uso prolongado da mesma substância. Além disso, existem fatores de risco que, quando associados ao uso de COCs, podem aumentar as chances de desenvolvimento de trombose, tais como idade acima de 35 anos, obesidade, tabagismo, consumo de bebida alcoólica, histórico pessoal ou familiar de trombose, hipercolesterolemia, estados de hipercoagulabilidade e hipertensão arterial sistêmica (PEDRO, 2003; LUBIANCA; WANNMACHER, 2011; MOREIRA et al., 2016).
Estima-se que mais de 200 milhões de mulheres em todo o mundo utilizem pílulas anticoncepcionais. Há uma variedade de tipos disponíveis no mercado, que contêm diferentes concentrações de hormônios como estrogênio e progesterona, seja combinados ou isolados. A escolha do tipo de pílula depende do tratamento necessário e do histórico médico da paciente. Embora sejam eficazes de forma semelhante, a prescrição e o acompanhamento devem ser realizados por um profissional de saúde, pois o uso da hormonioterapia apresenta um risco significativamente maior de desenvolvimento de eventos trombóticos (LUBIANCA; WANNMACHER, 2011; ARAÚJO et al., 2016).
Os contraceptivos orais, juntamente com outros métodos hormonais, têm como efeitos colaterais o aumento do risco de desenvolvimento de Trombose venosa profunda. Esses medicamentos contêm hormônios em sua composição química, que podem afetar a coagulação sanguínea, atuando no sistema neuroendócrino e inibindo a secreção dos hormônios folículo-estimulante e luteinizante. Isso altera o mecanismo de estimulação ovariana, bloqueia a ovulação e causa espessamento do muco cervical, atrofia do endométrio e alterações no peristaltismo da tuba uterina, dificultando a locomoção do espermatozoide ou óvulo (BORGES et al., 2015; ARAÚJO et al., 2016).
Estudos epidemiológicos indicam que o risco de trombose venosa profunda (TVP) está associado ao uso de contraceptivos orais combinados (COC), especialmente ao componente estrogênico, de forma dose-dependente. Para mitigar esse risco, houve uma redução na quantidade de etinilestradiol presente nos anticoncepcionais combinados, bem como uma mudança no tipo de progestagênio utilizado na combinação. A influência da hormonioterapia no sistema cardiovascular tem sido objeto de estudo, dado que os contraceptivos apresentam receptores de estrogênio e progesterona em todas as camadas do endotélio vascular (PADOVAN; FREITAS, 2015).
A formação aguda de trombos no sistema venoso superficial ou profundo, conhecida como trombose venosa, pode resultar em oclusão parcial ou total da veia. Esses trombos podem se formar espontaneamente ou como resultado de lesão parietal traumática ou inflamatória. Os trombos venosos são agregados plaquetários que se ligam à parede venosa e apresentam um apêndice semelhante a uma cauda contendo fibrina, leucócitos e muitos eritrócitos. É importante monitorar o desenvolvimento da trombose venosa, pois partes do trombo podem se desprender e causar uma oclusão embólica dos vasos sanguíneos pulmonares. A fragmentação do trombo pode ocorrer espontaneamente ou em associação com uma elevação na pressão venosa. (PICCINATO, 2008; BRASILEIRO et al., 2003).
O estado trombótico pode ter origem hereditária ou adquirida. Entre as causas adquiridas, inclui-se o uso de anticoncepcionais orais, que aumenta a incidência de tromboflebite e tromboembolismo em pacientes que fazem uso desse tipo de contraceptivo. A interação entre o estrógeno e os receptores estrogênicos presentes nas células endoteliais é responsável por várias ações reguladoras nos componentes da parede vascular. No entanto, o mecanismo exato pelo qual os estrógenos promovem a ativação da coagulação ainda não está totalmente esclarecido.
O tipo de hormônio utilizado na combinação pode aumentar ou diminuir as chances de desenvolvimento de trombos. As pílulas com baixas doses de estrogênio estão associadas a um menor risco de trombose, assim como aquelas com tipos de progesterona chamados levonorgestrel ou norestisterona. Por outro lado, as pílulas sem estrogênio e os dispositivos anticoncepcionais intrauterinos não parecem estar associados ao aumento de risco de trombose. Foi demonstrado que, embora haja uma relação entre o tempo de uso da pílula e o risco de trombose, o período de maior risco é nos primeiros três meses de uso (SPANHOL; PANIS, 2009).
O etinilestradiol tem a capacidade de provocar mudanças significativas no sistema de coagulação, como o aumento dos fatores de coagulação
(fibrinogênio, VII, VIII, IX, X, XI e XII) e a redução dos inibidores naturais da coagulação (proteínas S, proteína C e antitrombina), o que torna o desenvolvimento de eventos tromboembólicos mais fáceis. A desregulação entre os fatores que promovem a formação de trombos e aqueles que protegem contra essa formação, com a predominância dos primeiros, é responsável pela trombose venosa. A estase venosa e a lesão endotelial são consideradas fatores desencadeantes, enquanto a hipercoagulabilidade é considerada um fator predisponente (MOREIRA et al., 2016; PICCINATO, 2008).
A realização da presente pesquisa é de extrema importância para conscientização da população feminina, quanto ao uso de contraceptivos orais e seus efeitos adversos. Esta pesquisa teve o objetivo de avaliar o perfil de usuárias e níveis de informação quanto ao uso das pílulas de anticoncepcionais orais combinadas.
2. OBJETO DE ESTUDO
O objeto de estudo deste trabalho é o uso de contraceptivos orais combinados por mulheres em idade reprodutiva e sua relação com o desenvolvimento de trombose venosa. Este estudo investigará as características do uso desses contraceptivos, os fatores de risco associados à trombose venosa, bem como o impacto das orientações fornecidas pelos profissionais de saúde.
2.1Delimitação
Revisão de literatura sobre o uso de contraceptivo oral em mulheres de idade reprodutiva.
2.2 Problematização
Qual é a extensão do uso de contraceptivos orais combinados entre mulheres em idade reprodutiva?
2.3 OBJETIVOS
2.3.1 Objetivo geral
Investigar o perfil de uso de contraceptivos orais combinados em mulheres em idade reprodutiva e analisar os fatores de risco associados ao desenvolvimento de trombose venosa, a fim de fornecer uma visão abrangente sobre a segurança e eficácia desses contraceptivos e orientar as decisões de prescrição e escolha do método contraceptivo.
2.3.2 Objetivos específicos
- Realizar uma revisão sistemática da literatura científica para identificar estudos relevantes sobre o uso de contraceptivos orais combinados e o risco de trombose venosa em mulheres.
- Analisar os principais benefícios e restringir o uso de contraceptivos orais combinados, destacando sua eficácia na prevenção da gravidez e no controle de condições ginecológicas.
- Descrever o que é trombose venosa.
3. JUSTIFICATIVA
A escolha de investigar o perfil de uso de contraceptivos orais combinados e os fatores de risco associados ao desenvolvimento de trombose venosa em mulheres em idade reprodutiva baseia-se em uma série de razões cruciais.
Em primeiro lugar, os contraceptivos orais combinados são amplamente utilizados em todo o mundo como um método eficaz de prevenção da gravidez e controle de condições ginecológicas. No entanto, a associação entre o uso desses contraceptivos.
4. REFERENCIAL TEÓRICO
O uso do anticoncepcional oral é utilizado no mundo inteiro há décadas, existem vários efeitos colaterais por consequência da sua composição tais como, náuseas, ganho de peso, dores de cabeça, dores de estomago além de aumento de vasos em membros inferiores, logo no inicio da comercialização, as doses hormonais vendidas eram muito elevadas, assim prejudicando o dia a dia das mulheres que faziam o uso do contraceptivo (CRUZ, BOTTEGA, PAIVA,2021).
Os contraceptivos hormonais consistem em hormônios sintéticos, principalmente estrogénio e progesterona, e são projetados para prevenir a ovulação e, portanto, a gravidez. Desde o início de sua formulação, sofreu algumas alterações, dividindo-se em quatro gerações, sendo a última com a menor concentração hormonal. É dividido em três tipos: monofásico, bifásico e trifásico. Monofásico contém mesmas concentrações hormonais em todos os comprimidos da embalagem, divididos em dois e três, bifásicos e trifásicos que diferem entre as tomar. (CRUZ, BOTTEGA, PAIVA, 2021).
Entende- se que a trombose venosa é uma patologia causada pela obstrução do fluxo sanguíneo por um coágulo sanguíneo protetor de oxigênio do tecido afetado, mais comumente nas extremidades inferiores. Mas pode ocorrer em diferentes partes do corpo e causar acidente vascular cerebral, enfarte, tromboembolismo pulmonar, entre outros (CRUZ, BOTTEGA, PAIVA,2021).
A trombose venosa profunda refere-se à formação de coágulos sanguíneos nas veias mais profundos e densas. Existem fatores que causam alterações na hemostasia. e um deles é o uso de anticoncepcionais hormonais orais. Essas doenças são caracterizadas por alta morbidade e mortalidade. Todos são suscetíveis a eventos trombóticos e o número de casos aumenta com a idade e se há predisposição para tais eventos. A chance de uma jovem desenvolver trombose venosa profunda ao usar contraceptivos orais é duas a seis vezes maior do que uma jovem que não usa contraceptivos orais (SILVA, J., LIMA 2017).
O uso de contraceptivos orais aumenta o risco de trombose venosa profunda e embolia pulmonar em cerca de três vezes. Esse risco é ainda maior em portadores de mutações de protrombina e fator V de Leiden. O aumento do risco trombótico é consequência da resposta de fase aguda, com aumento das proteínas C-reativas e dos fatores de diminuição dos anticoagulantes (FREITAS, PADOVAN, 2014).
A trombose venosa profunda é uma complicação rara, mas grave, da contracepção hormonal combinada. Embora o risco absoluto na adolescência seja baixo. Mas os eventos tromboembólicos em consumidores de contraceptivos orais com menos de 20 anos foram responsáveis por 5 a 10 % de todos os eventos relacionados a contraceptivos em estudos populacionais. Esse fato é explicado pelo uso de anticoncepcional de alta frequência entre os adolescentes. A maioria dos adolescentes que desenvolve tromboembolismo venoso relacionado a contraceptivos tem fatores de risco transitórios ou hereditários adicionais para eventos tromboembólicos (SILVA, J., LIMA 2017).
O desencadeamento da trombose pela utilização de anticoncepcionais orais combinados pode ser sugerido por um mecanismo complexo, uma vez que a hormona estrogênio presente nessas drogas pode se conectar a receptores específicos presentes nas células endoteliais, sendo assim responsável por diversas ações sobre os elementos da parede do os intestinos vasos sanguíneos, alterações no sistema de coagulação, como aumento dos fatores de coagulação, geração de trombina e fibrina e diminuição dos anticoagulantes naturais ( SILVA, J., LIMA 2017).
Como os anticoncepcionais apresentam diferentes formas de apresentação e administração, estudos têm sido realizados para analisar os riscos de desenvolver trombose, em comparação com a via oral. Pela via transdérmica, não se pode dizer que o risco seja menor do que o administrado por via oral, pois depende da quantidade de etinilestradiol liberada diariamente pelo adesivo. A administração diária de 20 µcg de etinilestradiol tem um risco de trombose semelhante em comparação com um contraceptivo oral combinado contendo 35 µcg. Consequentemente, o uso desse método é contraindicado em pacientes com alto risco de tromboembolismo venoso (ALMEIDA, ASSIS, 2017).
Também é descrito que os anticoncepcionais hormonais alteram a viscosidade do sangue a parede vascular. Um estudo transversal revelou que outro importante fator de coagulação natural, o inibidor da via tecidual, também estava em níveis reduzidos em meninas que utilizavam contraceptivos hormonais orais, ocasionando um risco aumentado de coágulos sanguíneos. Verificou-se que há vasodilatação induzida pelo progestagênio, essa alteração no tônus vascular pode causar diminuição da taxa de fluxo sanguíneo, resultando em maior estase, assim como aumento do contato das plaquetas com a parede do vaso aumentando a circulação sanguínea. possibilidade de trombose venosa (CRUZ, BOTTEGA, PAIVA,2021).
Segundo SILVA, et al 2021 a falta de informação sobre os efeitos colaterais causados pelo uso de anticoncepcionais orais faz com que esses eventos ocorram com maior frequência, o que reflete a automedicação sem orientação e acompanhamento médico adequado e a venda do medicamento sem prescrição em farmácias. A escolha do método deve ser feita com base na recomendação do médico, levando em consideração, entre outros, o risco de desenvolver trombose venosa em usuários com predisposição genética, tabagistas e comorbidades fisiológicas. É importante ressaltar que, além dos anticoncepcionais, existem outras alternativas contraceptivas, sempre discutindo os benefícios e malefícios com o profissional e verificando a necessidade de cada paciente garantir maior segurança no uso do método.
5. DISCUSSÃO
Estudos epidemiológicos indicam que o uso de contraceptivos orais misturados (AOCs) aumenta o risco de trombose venosa profunda (TVP). Esse risco está relacionado ao seu componente estrogênico de uma forma que depende da dose. Isto resulta numa diminuição da quantidade de etinilestradiol. Estradiol no controlo da natalidade e nos tipos de progestagnio aplicados. Os efeitos do uso da terapia hormonal no sistema cardiovascular têm sido estudados devido ao efeito que esses anticoncepcionais exercem sobre os vasos sanguíneos, pois existem receptores de estrogénio e progesterona em todas as camadas do endotélio vascular.
O quadro trombótico pode ser hereditário ou adquirido, incluindo o uso de anticoncepcionais orais, o que aumenta a incidência de tromboflebite e tromboembolismo em pacientes em uso de anticoncepcionais. As interações entre o estrogênio e os receptores de estrogênio nas células endoteliais regulam vários componentes. das paredes dos vasos sanguíneos O mecanismo exato pelo qual o estrogênio atua para promover a ativação da coagulação sanguínea não está claro.
O tipo de hormônio usado na combinação pode aumentar ou diminuir a chance de trombos sanguíneos, as pílulas com baixo teor de estrogénio estão associadas a um menor risco de trombose, assim como as pílulas do tipo progesterona chamadas levonorgestrel ou noretisterona, enquanto as pílulas sem estrogénio e o anticoncepcional intrauterino dispositivos não foram associados a um risco aumentado de trombose. Também foi demonstrado que embora exista relação entre maior tempo de uso da pílula e maior risco de trombose, o período de maior risco foram os primeiros três meses de uso9,10.
O etinilestradiol pode promover alterações importantes no sistema de coagulação sanguínea, como aumento dos fatores de coagulação (fibrinogênio, VII, VIII, IX, X, XI e XII) e diminuição dos inibidores naturais da coagulação (proteína S, proteína C, e antitrombina).
A incidência de trombose venosa profunda é consideravelmente pequena, 8 a 10 eventos por 10.000 mulheres-anos de exposição, entre as usuárias de contraceptivos orais combinados em mulheres em idade reprodutiva. Porém, o risco ainda é existe, visto que contraceptivos orais combinados que contêm em sua composição ciproterona, drospirenona, gestodeno e desogestrel possuem maior chance de desenvolvimento de trombose venosa profunda, quando comparados à contraceptivos que possuem em sua composição levonorgestrel, noretisterona e norgestimate. Além disso, a quantidade de compostos nos contraceptivos orais combinados também interfere nas chances de desenvolvimento de trombose venosa profunda, uma vez que os contraceptivos orais combinados com menos de 50 mcg de etinilestradiol contendo levonorgestrel podem oferecer menor risco de tromboembolismo venoso, existindo comprimidos com níveis de 10 a 35 mg de etinilestradiol.
As primeiras pílulas continham 150 mg de mestranol, o que aumentavam os riscos de desenvolvimento de trombose venosa profunda, desse modo, a quantidade de estrogênio nos contraceptivos orais combinados foi reduzida nas últimas décadas com o objetivo de minimizar os efeitos adversos atribuídos às pílulas, com o objetivo de diminuir o risco de tromboembolismo e eventos cardiovasculares.
Os contraceptivos orais combinados têm sido amplamente utilizados como um método seguro anticoncepcional, porém o etinilestradiol na maioria dos contraceptivos orais combinados aparece como principal fator de risco para o tromboembolismo venoso, visto que o etinilestradiol modifica vários fatores hemostáticos e a progestina no contraceptivo está relacionada à sua capacidade de neutralizar ou modular os efeitos do etinilestradiol. Ademais, o uso dos contraceptivos orais combinados aumenta a concentração plasmática de alguns fatores de coagulação e reduzem os níveis plasmáticos de inibidores da coagulação, sugerindo que as alterações hemostáticas induzidas pelos contraceptivos podem traduzir-se em precipitação de trombose venosas profunda, principalmente em indivíduos com histórico ou com fatores de risco para trombolismo
6. MATERIAIS E METODOS
Foi realizado um estudo descritivo, consistindo em uma revisão sistemática. As buscas foram realizadas nas bases de dados Google academy e Sielo utilizando diversas combinações de termos relacionados, incluindo palavras derivadas. A busca dos artigos foi realizada de acordo com a ilustração das ciências da saúde (DeSC) por meio de buscas dinâmicas de índices. E assim as seguintes palavraschave são alcançadas. Saúde da mulher; Anticoncepcionais combinados; Efeitos adversos; Coagulação; Foram classificados estudos que focavam na análise do risco de trombose venosa profunda com o uso de contraceptivos orais misturados, mas foram excluídos trabalhos que abordassem esse tema em relação a outros grupos populacionais, outros medicamentos e outras doenças. Os artigos classificados incluem ensaios clínicos, coortes históricas aplicam-se restrições às datas de publicação: foram analisados artigos de 2013 e artigos editados antes de 2023.
Artigos como “palestras”, “editoriais”, “cartas ao editor, ou “comunicações preliminares” não foram classificadas”. Para análise e seleção dos artigos para inclusão na revisão, inicialmente foram avaliados os títulos dos artigos com base na estratégia de busca em bases de dados eletrônicas, com ulterior avaliação dos resumos dos estudos que abordavam o tema. Os artigos considerados relevantes ao tema foram lidos na íntegra para excluir artigos fora do tema ou fora dos critérios de inclusão. Após a escolha dos artigos, foram tiradas de cada artigo as seguintes informações: autor, ano de publicação, número de pacientes, tempo de acompanhamento, metodologia aplicada e resultados. Os resultados do estudo foram analisados descritivamente.
7. CONCLUSÃO
A presente pesquisa buscou fornecer uma análise aprofundada do perfil de uso de contraceptivos orais combinados e dos fatores de risco associados ao desenvolvimento de trombose venosa em mulheres em idade reprodutiva, por meio de uma revisão de literatura abrangente. À luz das informações reunidas e das discussões realizadas, emergem algumas questões fundamentais.
O uso de contraceptivos orais combinados representa uma ferramenta útil no arsenal de métodos contraceptivos disponíveis, oferecendo eficácia na prevenção da gravidez e benefícios adicionais no tratamento de diversas condições ginecológicas. No entanto, como destacado nesta revisão, essa escolha não está isenta de riscos. A associação entre o uso desses contraceptivos e o aumento do risco de trombose venosa é um aspecto crítico que merece atenção especial.
Uma análise dos fatores de risco individuais, como idade, histórico familiar, tabagismo e obesidade, evidencia a importância de uma abordagem personalizada ao considerar a prescrição e a escolha de contraceptivos orais combinados. A avaliação criteriosa desses fatores é essencial para a minimização do risco de trombose venosa e para a promoção da saúde cardiovascular das mulheres em idade reprodutiva.
Além disso, a qualidade da orientação e educação fornecida aos profissionais de saúde desempenha um papel crucial na tomada de decisão das mulheres em relação ao uso de contraceptivos. A divulgação de informações precisas e aconselhamento adequado são elementos-chave na promoção de uma escolha informada e segura.
À medida que avançamos, é imperativo que a comunidade médica e científica continue a investigar a segurança e a eficácia dos contraceptivos orais combinados. Essa pesquisa deve se concentrar na identificação de estratégias que permitam um equilíbrio adequado entre os benefícios contraceptivos e a minimização dos riscos de trombose venosa.
Na última análise, este TCC destaca a complexidade das decisões relacionadas ao uso de contraceptivos orais combinados e a necessidade de uma abordagem informada e personalizada. Ao considerar os riscos e benefícios, bem como os fatores individuais, podemos avançar na promoção da saúde reprodutiva e cardiovascular das mulheres em idade reprodutiva, garantindo que suas escolhas sejam fundamentadas em evidências científicas e em orientações médicas sólidas.
8. REFERENCIAS
BORGES, T.F.C.; TAMAZATO, A.P.S.; FERREIRA, M.S.C. Terapia com hormônios sexuais femininos e fenômenos tromboembólicos: uma revisão de literatura. Revista Ciências em Saúde, n.5, p.2, 2015.
BRITO, M.B.; NOBRE, F.; VIEIRA, C.S. Contracepção hormonal e sistema cardiovascular. Arq Bras de Cardiol., v.96, n.4, p.81-89, São Paulo, 2011.
CRUZ, A, L, S., BOTTEGA, D, S., PAIVA, M, J, M., Anticoncepcional oral: efeitos colaterais e a sua relação com a trombose venosa, Research, Society and
Development, Brasil, 01 de novembro de 2021. Disponível em 21798-Article264661- 1-10-20211101.pdf .Acesso em: 29 de outubro de 2022.
FREITAS, G.; PADOVAN, F, T. Anticoncepcional oral associado ao risco de trombose venosa profunda. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research
– BJSCR.Paraná, 20 de setembro de 2014. Disponível em :< https://www.mastereditora.com.br/periodico/20141130_215705.pdf Acesso em: 24 de setembro de 2022.
GAZZANA, M. Trombose mata um milhão de pessoas por ano. Setor Saúde. São Paulo, 2014. Disponível em: <https://setorsaude.com.br/trombose-mata-ummilhao- de pessoaspor-ano>. Acesso em: 23 mar. 2023.
HELLFRITZSCH, Maja et al. Embolia pulmonar relacionada a anticoncepcionais com risco de vida em uma menina de 14 anos com trombofilia hereditária. Am J Case Rep, [S.l.], ano 2015, v. 16, p. 667-669, 29 set. 2015. DOI 10.12659. Disponível em: http://www.amjcaserep.com/abstract/index/idArt/894721. Acesso em: 10 set. 2022.
LIDEGAARD, O. et al. Hormonal contraception and risk of venous thromboembolism: national follow-up study. BMJ., v.339, n.2890, 2009.
LUBIANCA, J.N.; WANNMACHER, L. Uso racional de contraceptivos hormonais orais. Boletim informativo do CIM – Centro de informações sobre medicamentos- UFRGS. Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Sul, 2011.
MACHADO, R.B. et al. Effect of a continuous regimen of contraceptive combination of ethinylestradiol and drospirenone on lipid, carbohydrate and coagulation profiles. Contraception. v.81, p.102-106, 2010.
MAGALHÃES, Amanda; MORATO, Cléssia; SANTOS, Giglielli. Anticoncepcional oral como fator de risco para trombose em mulheres jovens. Journal of Medicine and Health Promotion, Paraíba, v. 2, n. 3 (p. 681-691), outubro, 2017.Disponivel em: https://jmhp.fiponline.edu.br/pdf/cliente=13-1b53c63866e8ecb9a421ae5d35e1050b.pdf Acesso em setembro 2023.
MORAIS, L. X; PEREIRA, L.; CARVALHO, I. F. Tromboembolismo venoso relacionado ao uso frequente anticoncepcionais orais combinados. FaSem, Goiânia, v. 8, n. 1, p. 91-125, jan- jul, 2019.
MOREIRA, F.F.B. et al. A eficácia do rastreio de trombofilias antes da prescrição de métodos contraceptivos. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research – BJSCR., v.15, n.1, p.91-95, 2016.
MURTHY, A.S. Obesity and contraception: emerging issues. Semin Reprod Med. New York, USA, v.28, n.156-163, 2010.
PADOVAN, F.; FREITAS, G. Anticoncepcional oral associado ao risco de trombose venosa profunda. Brasilian Jourmal of surgery and clinical research – BJSCR, Paraná, v. 9, n. 1, p. 73-77, dez. /fev, 2014.
PEDRO, J.M.A. Experiência com contraceptivos no Brasil: uma questão de geração; Revista Brasileira de História, v.45, n.23, 2003.
PFIZER (SP). Tromboembolismo Venoso (TEV). SP: Pfizer, 29 set. 2020. Disponível em: https://www.pfizer.com.br/sua–saude/seucoracao/tromboembolismo– venoso-tev. Acesso em: 17 Dezembro 2022.
PICCINATO, C.E. Trombose Venosa Pós-operatória. Fundamentos em clínica cirúrgica – 2ª Parte. Capítulo VI. Medicina Ribeirão Preto, v.4, n.41, p.477-486, 2008.
RAHHAL, A., KHIR, F., ADAM, M. et al. Os anticoncepcionais orais combinados de baixa dosagem induzem infarto do miocárdio trombótico da parede anterior: relato de caso. BMC Cardiovasc Disord 20, 182 (2020). https://doi.org/10.1186/s12872-020-01462-9
RIZZATTI, E.G.; FRANCO, R.F. Investigação diagnóstica dos distúrbios hemorrágicos. Hemostasia e trombose, São Paulo, v.34, p.238-247, 2001.
ROTT, H. et al. Contraception and thrombophilia. Hamostaseologie, Germany, v.29, n.193-196, 2009.
SANTO, S. Tromboembolismo venoso mata mais que o cancro. Atlas da Saúde, Minas Gerais, 2019. Disponível em: <https://www.atlasdasaude.pt/artigos/tromboembolismovenoso-mata-mais-queo- cancro>. Acesso em: 25 mar. 2023.
SAMPAIO, Amanda. Et al; O uso de contraceptivos orais combinados e o risco de trombose venosa profunda em mulheres em idade reprodutiva.
Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research – BJSCR, Minas Gerais, (Vol.28, n.1, pp.42-48),agosto, 2019. Disponível em: https://www.mastereditora.com.br/periodico/20190905_224655.pdf Acesso em setembro 2023.
SBACV – Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular. Trombose venosa profunda diagnóstico e tratamento, 2015. Disponível em: <http:// www.sbacv.org.br/lib/media/pdf/diretrizes/trombose-venosa-profunda.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2023.
SILVA, J., LIMA. Risco de trombose associado à terapia dos anticoncepcionais hormonais: uma revisão de literatura. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa-Pb, 2017. Disponível em:< https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/3542 Acesso em: 24 de setembro de 2022.
SILVA, M. F. Tromboembolismo venoso e contraceptivos hormonais combinados. FEBRASGO, São Paulo, v. 4, n.1, nov, 2016. SILVA, M. Epidemiologia de Tromboembolismo Venoso. Jornal Vascular Brasileiro, Porto Alegre- RS, v. 1, n. 2, p. 83-84, 2002.
SPANHOL, K.T.; PANIS, C. Contraceptivos orais e eventos trombóticos. Brasília: Conselho Federal de Farmácia, v.21, n.3/4, 2009.
Projeto de pesquisa submetido à disciplina de TCC II no curso de FARMÁCIA da Faculdade de Educação de Jaru – FIMCA/ UNICENTRO