PERFIL DE GESTANTES ADOLESCENTES DIAGNOSTICADAS COM SÍFILIS NO ESTADO DO PARANÁ

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7213238


Autoras:
Bianca Thalita Silva dos Santos1
Adriana de Sant’Ana Gasquez2


RESUMO

A sífilis afeta um milhão de gestantes por ano em todo o mundo, colocando em risco de morte prematura mais de 200 mil crianças e levando mais de 300 mil mortes fetais e neonatais. O fato da gestante ser adolescente, adquirir sífilis demanda ainda mais empenho da equipe de saúde, a fim de que o risco de transmissão vertical diminua. Objetivo: Analisar o perfil de gestantes adolescentes diagnosticadas com sífilis no estado do Paraná no período entre janeiro de 2017 a junho de 2021. Métodos: Estudo transversal, descritivo com série histórica de abordagem quantitativa com dados secundários obtidos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) a partir do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Principais resultados: Verificou-se que o maior número de casos de sífilis em gestantes adolescentes notificados é da faixa etária de 15 a 19 anos (96,66%); da raça/cor brancas (64,29%) seguida das consideradas pardas (27,09); a maioria (27,63%) possuem 5ª a 8ª série incompleta do ensino fundamental e 13,49% tem ensino fundamental completo. E, 49,23% tem residência na macrorregião Leste do estado. Quanto à classificação clínica foi predominante a classificação primária (38%), em relação aos testes treponêmicos grande parte foi reativo (87%) e os testes não treponêmicos também houve predomínio dos reativos (85%). Conclusão: A incidência de sífilis em gestantes adolescentes possui taxas preocupantes. Evidenciando a necessidade da educação sexual entre os adolescentes, sendo necessário mais investimentos, ações e capacitações de profissionais.

Palavras-chave: Adolescente. Enfermagem. Gestante. Sífilis.

ABSTRACT

Syphilis affects one million pregnant women worldwide each year, putting more than 200,000 children at risk of premature death and leading to more than 300,000 fetal and neonatal deaths. The fact that the pregnant woman is a teenager, acquiring syphilis demands even more commitment from the health team, so that the risk of vertical transmission decreases. Objective: To analyze the profile of pregnant adolescents diagnosed with syphilis in the state of Paraná from January 2017 to June 2021. Methods: Cross-sectional, descriptive study with a historical series of quantitative approach with secondary data obtained from the Notifiable Diseases Information System (SINAN) from the Information Technology Department of the Unified Health System (DATASUS). Main results: It was found that the highest number of reported cases of syphilis in pregnant adolescents is in the age group of 15 to 19 years (96.66%); of white race/color (64.29%) followed by those considered brown (27.09); the majority (27.63%) have incomplete 5th to 8th grades of elementary school and 13.49% have completed elementary school. And, 49.23% reside in the eastern macro-region of the state. As for the clinical classification, the primary classification was predominant (38%), in relation to the treponemal tests, a large part was reactive (87%) and the non-treponemal tests also showed a predominance of reactive ones (85%). Conclusion: The incidence of syphilis in pregnant adolescents has worrying rates. Evidencing the need for sex education among adolescents, requiring more investments, actions and training of professionals.

Keywords: Adolescent. Nursing. Pregnant. Syphilis.

INTRODUÇÃO

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST), infecciosa, sistêmica e de evolução crônica, causada pelo Treponema pallidum. A entrada no organismo humano acontece por lesões pequenas consequente da relação sexual. Uma vez dentro, o Treponema chega ao sistema linfático regional e se espalha para outras partes do corpo por disseminação hematogênica (Avelleira & Bottino, 2006). De acordo com os autores citados a sífilis pode ser caracterizada pelas fases primária, secundária, terciária, latente e ainda pode ser classificada com relação ao período em que o diagnóstico foi realizado como sífilis recente ou tardia.

Essa infecção pode ocorrer via transplacentária, ou seja, pela disseminação hematogênica da bactéria no sangue da mãe que atravessa a placenta infectando o feto, pode acontecer em qualquer estágio da gestação, recebendo a denominação de Sífilis Gestacional (SG) (Ramos & Boni, 2018). O único momento possível para identificação e redução dos riscos é no pré-natal, considerando a triagem sorológica e o tratamento adequado da gestante e parceiros (Macêdo et al., 2020). Durante o pré-natal quando a gestante é diagnosticada com sífilis vários fatores de riscos podem surgir em decorrência da sífilis, como aborto, óbito neonatal, neonatal enfermo e perda fetal tardia (Gonçalves et al., 2020).

Outra possível forma de transmissão direta é o canal do parto, através de uma infecção do feto, em decorrência da passagem do Treponema pela placenta caracterizado sífilis Congênita (SC). Sendo mais grave quando acomete a gestante no primeiro trimestre de gestação (Souza, et al., 2018). A sífilis materna quando não tratada pode desencadear diversos fatores de risco como abortamento espontâneo, parto prematuro, baixo peso ao nascer, óbito fetal, óbito neonatal e as lesões e complicações da sífilis congênita (Araújo et al., 2006).

É um grave problema de saúde pública por ser causa importante de mortalidade perinatal e morbidade (Silveira et al., 2020). A sífilis afeta um milhão de gestantes por ano em todo o mundo, colocando em risco de morte prematura mais de 200 mil crianças e levando mais de 300 mil mortes fetais e neonatais (Ministério da Saúde [MS], 2017). Desde o ano de 1986 a SC foi incluída entre as doenças de notificação compulsória no Brasil (Moreira et al., 2017).

O aumento da prevalência de sífilis em gestantes fica em evidência através de casos notificados no SINAN no período de 2005 a junho 2020 no Brasil, embora no ano de 2019 tenha ocorrido redução de 3,3% em relação ao ano anterior. Observou-se que no Brasil, em 2014, do total de gestantes diagnosticadas com sífilis 24% eram adolescentes (MS, 2020).

No Brasil, a gravidez na adolescência aumenta anualmente, preocupando os profissionais das áreas da saúde e da educação (Orso, Mazzetto, Siqueira & Chadi, 2016). Durante a adolescência geralmente o uso de preservativo é irregular, o que pode resultar em gravidez indesejada. O fato da gestante ser adolescente e adquirir sífilis demanda ainda mais empenho da equipe de saúde, a fim de que o risco de transmissão vertical diminua (Moroskoski et al., 2018).

Diante da magnitude e transcendência em relação à sífilis perante as Infecções Sexualmente Transmissíveis, tem-se como objetivo analisar o perfil de gestantes adolescentes diagnosticadas com sífilis no estado do Paraná no período entre janeiro de 2017 a junho de 2021.

METERIAL E MÉTODOS

Trata-se de um estudo transversal de série histórica com abordagem quantitativa, Rouquayrol, 1994 citado por Bordalo, 2006 definiu pesquisa transversal como estudo epidemiológico no qual fator e efeito são observados num mesmo momento histórico e, atualmente, tem sido o mais empregado de caráter descritivo. Os dados foram coletados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) retirados a partir do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS).

A pesquisa teve como base de investigação o estado do Paraná, com população estimada conforme o IBGE em 2021 de 11.597.484 milhões de habitantes, sendo dividido em quatro macrorregionais de saúde que por sua vez são subdivididas em regionais.

Foram analisados todos os casos notificados e confirmados de sífilis em gestantes com idade entre 10 a 19 anos, faixa etária correspondente a adolescência, referentes ao período de janeiro de 2017 a junho de 2021.

Para análise da faixa etária na adolescência foi dividida nos grupos de idade de 10 a 14 anos e 15 a 19 anos devido às características específicas. As variáveis analisadas foram as contidas na ficha de notificação para Sífilis em gestantes: faixa etária, raça/ cor, escolaridade, macrorregião de saúde de residência, classificação clínica e tipo de teste para diagnóstico (teste treponêmico e não treponêmico).

Os dados coletados foram apresentados em números absolutos e percentuais simples. As informações geradas foram expostas através de gráficos e tabelas, criados com o auxílio do programa Microsoft Word 2016 para posteriormente analisar e comparar aos pesquisados na literatura. Por se tratar de um estudo com dados secundários de domínio público, não houve necessidade da aprovação do Comitê de Ética de Pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A coleta de dados das notificações de sífilis em gestantes adolescentes totalizou 2.935 casos e a de gestantes adultas somou 9.272, ambas no estado do Paraná no período de janeiro de 2017 a junho de 2021.

Na figura 1 observamos os casos notificados por sífilis em gestantes adolescentes distribuídas nas faixas etárias de 10 a 14 e 15 a 19 anos de idade. Foi notório que no período estudado, a faixa etária de 15 a 19 anos foi mais prevalente e o maior número de casos foi em 2018 somando 26,10% do total de casos, seguindo com uma redução expressiva até 2020 (18%) e 7,09% até junho de 2021, sendo o ano com menor percentual de casos. Não menos preocupante, a faixa etária de 10 a 14 anos representa um grupo de gestantes adolescentes acometidas por sífilis menos expressiva.  Em percentuais, no período analisado ficou representado por variação resultante de 0,95% em 2019, 0,92% em 2018 e após, uma queda significativa, reduzindo ao menor percentual de 0,65%, em 2020 e 0,01% até junho de 2021.

Observamos então que os anos de 2018 e 2019 foram marcos de início na redução de casos de sífilis entre as gestantes adolescentes nos dois grupos etários estudados. 

Figura 1. Percentual de casos de sífilis em gestantes adolescentes conforme o ano de notificação no estado do Paraná (janeiro de 2017 a junho de 2021)

Fonte: As autoras.

Através da Figura 2 observamos com mais clareza através de um comparativo os grupos de gestantes adolescentes e adultos com sífilis no período de janeiro de 2017 a junho de 2021, e observamos que ao contrário do que encontramos nos grupos adolescentes, houve um crescente aumento nos percentuais das notificações por sífilis em gestantes adultas.

Com maior número de casos de sífilis, as gestantes adultas obtiveram uma variação de 15,06% (2017) a 18,06% (2020). Nestes mesmos anos observamos a queda do número de sífilis em gestantes adolescentes, que somados os dois grupos etários, de 10 a 19 anos obtivemos a queda de um percentual de 5,28 % (2017) a 4,63% (2020), e 1,72 (parcial em 2021).

Por tanto nos anos de 2017 a 2020 observamos o aumento do número de casos entre as gestantes adultas diagnosticadas com sífilis com o passar dos anos, concomitantemente a redução do número de casos entre os adolescentes.

Figura 2. Percentual de casos de sífilis em gestantes adolescentes e adultas conforme o ano de notificação no estado do Paraná (janeiro de 2017 a junho de 2021)

Fonte: As autoras.

A tabela 1 elencou dados sócio demográficos das gestantes adolescentes com sífilis, com ênfase para as variáveis: faixa etária, raça/cor, escolaridade e macrorregião de residência.

Observamos que o maior número de casos das gestantes adolescentes notificados com sífilis é da faixa etária de 15 a 19 anos (96,66%); da raça/cor brancas (64,29%) seguida das consideradas pardas (27,09); a maioria (27,63%) possuem 5ª a 8ª série incompleta do ensino fundamental e 13,49% tem ensino fundamental completo. E, 49,23% tem residência na macrorregião Leste do estado, região de maior população onde está localizado a capital do Paraná.

Tabela 1. Dados sócio demográficos de gestantes adolescentes diagnosticadas com sífilis no estado do Paraná no período de janeiro de 2017 a junho de 2021

Fonte: As autoras.          

Exposto na tabela 2 estão dados de diagnóstico e classificação clínica de sífilis com as variáveis: classificação clínica, teste treponêmico e teste não treponêmico.

Diante a classificação clínica, a maioria dos casos são de classificação primária (38,74%), e classificação latente (36,22%). Diagnosticados principalmente pelo teste treponêmico (87,8% reativos) e pelo teste não treponêmico (85,08% reativos).

Tabela 2. Dados de diagnóstico e classificação clínica de sífilis em gestantes adolescentes no estado do Paraná no período de janeiro de 2017 a junho de 2021.

Fonte: As autoras.

No Brasil, a sífilis permanece com as taxas de incidência alta, no ano de 2016 foram notificados 37.436 casos de sífilis em gestantes e 20.474 casos de sífilis congênita, com 185 óbitos entre eles no Brasil (Silveira et al., 2021). No ano de 2020 as taxas foram ainda mais elevadas, segundo o Ministério da Saúde (2021) foram notificados 61.441 casos de sífilis em gestantes, 22.065 casos de sífilis congênita e 186 óbitos. Apesar da sífilis ser uma doença de etiologia conhecida e poder alcançar êxito em relação à prevenção, tratamento e cura, e os mesmos se encontrarem ao alcance de todos, ainda é possível identificar um crescente número de casos da doença (Figueiró-Filho et al., 2012).

Embora com este estudo no Paraná haja redução do número de casos de sífilis em gestantes adolescentes ao longo do período analisado, os percentuais ainda são preocupantes as pesquisas bibliográficas nos alertam que mesmo os adolescentes reconhecendo a importância do uso do preservativo, o fazem de forma esporádica, alegando interferência no prazer, confiança no parceiro e/ou uso da pílula anticoncepcional (Moroskoski et al., 2018). Os elevados níveis de infecção das gestantes adolescentes estimulam um debate cada vez mais necessário, especialmente abordagens didáticas que contemplem educação sexual nas escolas e nos meios familiares (Waltz, Máximo, Marinho & Rodrigues, 2021).

Os dados analisados por essa pesquisa realizada no Estado do Paraná demonstraram o total das notificações de sífilis em gestantes adolescentes com ênfase para os anos de 2017, 2018 e 2019 que juntos acumularam 69% dos casos registrados em 4 anos e meio. Levando em consideração que os dados de 2021 são parciais, o ano de 2020 foi o ano com menor prevalência, com apenas 18% de casos registrados. Dos 2.935 que foi o número total de dados analisados 96% dos casos foram de gestantes adolescentes com idade de 15 a 19 anos e 3% eram de adolescentes de 10 a 14 anos. Em relação à sífilis em gestantes, observa-se que as regiões Sudeste e Sul apresentam taxas de detecção superiores à do país (MS, 2021).

Segundo Silva et al. (2020) esse aumento apresentado nestas regiões pode estar relacionado a diversos fatores, entre eles, diversidade de números de parceiros, falta de fortalecimento das atividades de prevenção, não uso de preservativo, diagnóstico tardio, local de administração de medicamento, falta de adesão ao tratamento. Neste estudo das adolescentes paranaenses os dados obtidos sobre as gestantes adultas com idade entre 20 a 39 anos convergiram com estudo realizado por Silveira et al. (2021) no estado de Minas Gerais entre 2013 a 2017 em que foi evidenciado que a faixa etária com maior número de casos foi entre 20 a 39 anos, seguida pela dos 15 aos 19 anos que juntos concentram 97% do total de casos de sífilis em gestantes.

O salto na incidência dos casos de sífilis também pode estar relacionado a não disponibilização de matéria prima para produção de penicilina, conforme divulgado em âmbito nacional para o tratamento da sífilis, com isso os estoques do medicamento diminuíram e muitos estados ficaram sem o fármaco para tratar as mães, parceiros e crianças. O tratamento da sífilis é considerado adequado quando utilizada a penicilina que impede a transmissão do Treponema Pallidum é considerado inadequado quando realizado com outro medicamento que não a penicilina (Moreira et al. 2017).

Quanto a variável raça/cor nessa pesquisa realizada no estado do Paraná houve predomínio de adolescentes que se autodeclaram brancas que somou 64,29% dos casos, dados semelhantes foram encontrados por Moroskoski et al., (2018) em que 81% dos casos foram de gestantes autodeclaradas brancas em Curitiba (PR). Dados diferentes foram encontrados por Silveira et al. (2021) em um estudo feito no estado de Minas Gerais onde 46,3% dos casos foram de gestantes autodeclaradas pardas e Moreira et al. (2017) em Porto Velho (RO) identificou que 63,63% dos casos também era de gestantes que se autodeclaram pardas. As mulheres com sífilis são, principalmente, jovens, pardas, com baixa escolaridade e que realizaram o pré-natal, perfil semelhante ao apresentado por outros estudos (Cavalcante, Pereira & Castro, 2017).

Em relação a escolaridade foi identificado nesta pesquisa e exposto na Tabela 1 que 27,63% das gestantes adolescentes possuem apenas 5° a 8° série incompleta do ensino fundamental, semelhante observado por Barbosa et al. (2017) no estado do Piauí entre 2010 e 2013 onde apresentou 17,2% com o mesmo grau de escolaridade. Dados divergentes foram encontrados na pesquisa de Figueiró-Filho et al (2012) onde em um estudo comparativo realizado em quatro maternidades da cidade de Campo Grande no estado do Mato Grosso do Sul entre dois períodos (2006 e 2011) no ano de 2011 apresentou prevalência de 30,8% em gestantes com ensino médio completo.

O fato das mulheres serem jovens e com baixa escolaridade é um fator que dificulta ainda mais o acesso à informação e consequentemente a busca pelo tratamento, uma vez que sem as informações corretas sobre a doença elas não procuram tratamento. O baixo nível socioeconômico está associado à baixa escolaridade que também está relacionada à falta de conhecimento sobre IST (Araújo et al., 2006).

Diante da análise realizada por macrorregiões de saúde do Paraná foram apontadas por essa pesquisa que 49,23% dos casos de sífilis em gestantes adolescentes eram residentes na região leste, seguido da região Oeste com 28,01% dos casos. O Boletim Epidemiológico da Sífilis do Estado do Paraná (2018) identificou taxa de detecção de sífilis em gestantes por macrorregião de saúde segundo o ano de diagnóstico (2010 a 2017) que apontaram casos de sífilis principalmente na região Leste (15,9%) e região Oeste (16,1%).

Sobre a classificação clínica da doença foi notado na pesquisa atual no Paraná que, conforme exposto na Tabela 2, 38,74% dos casos das gestantes adolescentes foram diagnosticados na fase primária e 36,22% dos casos foram na fase latente da doença, corroborando o estudo feito por Cavalcante, Pereira & Castro (2017) em estudo realizado em Palmas no estado do Tocantins entre 2007 a 2014 onde dados apontaram que 36,8% foram notificados na fase primária e 29,8% dos casos na fase latente.

O estudo feito por Moroskoski et al., (2018) com gestantes adolescentes no período de 2007 a 2016 em Curitiba (PR) obteve dados semelhantes quanto aos testes treponêmicos onde 82,8% tiveram resultados reagentes, 1,6% não reagente e 13,8% não realizado. E diante ao teste não Treponêmico obteve dados convergentes ao estudo feito por Barbosa et al. (2017) para traçar o perfil epidemiológico dos casos de sífilis gestacional no período de 2010 a 2013 no Estado do Piauí onde 89,2% dos casos notificados foram de testes reagentes, 3,4% dos resultados de testes não reagentes e 5,2% de não realizados.

Destaca-se que o Sistema Único de Saúde (SUS) possui testes não Treponêmicos (VDRL, RPR, TRUST e USR) e testes Treponêmicos para sífilis (teste rápido, FTA-ABS, ELISA, EQL, TPHA, TPPA, MHA-TP) incorporados na sua lista de procedimentos, e que o Ministério da Saúde adquire e fornece testes rápidos para sífilis aos serviços de saúde. (MS, 2017). É também utilizado para controle de cura da sífilis e na maioria das vezes, o único disponível nos serviços de saúde púbicos (Mesquita et al., 2012). Quando ocorre um caso de sífilis, os anticorpos específicos podem permanecer detectáveis indefinidamente pelos testes Treponêmicos, podendo significar uma cicatriz sorológica devido a um tratamento anterior. Já os testes não treponêmicos tendem à negativação após o tratamento e por isso são utilizados no segmento (Moroskoski et al., 2018).

CONCLUSÃO

Os resultados da pesquisa de sífilis em gestantes adolescentes no Paraná demonstram que os percentuais dos casos reduziram ao longo dos anos analisados (janeiro/2017 a junho/2021) em contraste com as gestantes adultas com sífilis cujas taxas tiveram um crescente aumento. Os casos predominaram na macrorregião Leste do Estado onde está localizada a capital do Paraná. E com foco de analisar adolescentes obtivemos como perfil etário maior gestantes adolescentes com idades entre 15 a 19 anos, autodeclaradas brancas, possuindo apenas ensino fundamental incompleto e com a classificação clínica de sífilis primária e latente detectadas por teste Treponêmico (87,8%) e Não Treponêmico (85,08%).

Embora a grande parte das gestantes estejam na faixa etária de 15 a 19 anos, os registros de 98 casos de sífilis em gestantes com a faixa etária de 10 a 14 anos nos chama a atenção pela vulnerabilidade física, psicológica, emocional e social própria da idade. Torna-se evidente nesta pesquisa o quanto a educação sexual entre os adolescentes é necessária nas escolas e principalmente no meio familiar. A importância de evidenciarmos um estudo de perfil epidemiológico consiste em traçar metas específicas, objetivando melhora significativa na qualidade do atendimento, visando envolvimento do usuário e da comunidade envolvida, bem como identificar necessidades e propor soluções de problemas.

Desse modo, é necessário um maior investimento em políticas públicas e ações inter setoriais. É fundamental a capacitação da equipe Estratégia Saúde da Família para ações de promoção à saúde, atividades educativas nas escolas, assistência pré-natal adequada, oferta de testes para a detecção da sífilis e de materiais para o tratamento disponibilizados pelo Ministério da Saúde. É essencial que os profissionais de saúde estejam capacitados para o preenchimento correto da ficha de notificação para que ao alimentar o SINAN, para que esses dados também sejam passíveis de análise eficiente e evite-se a subnotificação de casos.

REFERÊNCIAS

Araújo, C. E., Costa, G. S. K., Silva, S. R., Azevedo, G. N. V., Lima, S. A. F. (2006). Importância do Pré-Natal na Prevenção da Sífilis Congênita. Revista Paraense de Medicina, V.20 (1). Recuperado de: http://scielo.iec.gov.br/pdf/rpm/v20n1/v20n1a08.pdf.

Avelleira, R. C. J., Bottino, G. (2006). Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle. Anais do 81. Brasileiros de Dermatologia e Sifilografia (111-26), Rio de Janeiro, RJ.

Barbosa, M. R. D., Almeida, G. M., Silva, O. A., Araújo, A. A., Santos, G. A. (2017). Perfil Epidemiológico dos Casos de Sífilis Gestacional. Ver Enferm UFPE on line, 11(5), pp. 67-74. Doi:10.5205/reuol.11077-98857-1-SM.1105201716.

Bordalo, A. A. (2006). Estudo transversal e/ou longitudinal. Revista Paraense de Madicina, V. 20 (4). Recuperado de: http://scielo.iec.gov.br/pdf/rpm/v20n4/v20n4a01.pdf.

Brasil. Ministério da Saúde. Boletim epidemiológico Sífilis 2017. Secretaria de Vigilância em Saúde. Brasília – DF: 2017. Recuperado de: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2017/boletim-epidemiologico-de-sifilis-2017?adlt=strict&toWww=1&redig=5C06D82B555E4A63AB2678D5A32B7F86

Brasil. Ministério da Saúde. Boletim epidemiológico Sífilis 2020. Secretaria de Vigilância em Saúde. Brasília – DF: 2020. Recuperado de: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2020/boletim-sifilis-2020?adlt=strict&toWww=1&redig=219B031A79144A0AA42347DE76AE60F4

Brasil. Ministério da Saúde. Boletim epidemiológico Sífilis 2021. Secretaria de Vigilância em Saúde. Brasília – DF: 2021. Recuperado de: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2021/boletim-epidemiologico-de-sifilis-2021?adlt=strict&toWww=1&redig=22E2879AF92648DE9B4D1F4561EC3F1F

Cavalcante, M. A. P., Pereira, L. B. R., Castro, D. G. J. (2017). Sífilis Gestacional e Congênita em Palmas, Tocantins, 2007-2014. Epidemiol. Serv. Saúde, 26(2), pp. 255-264. Doi:10.5123/S1679-49742017000200003.

Figueiró-Filho, A. E., Freire, S. S., Souza, A. B., Aguena, S. G., Macedo, M. C. (2012). Sífilis e Gestação: Estudo Comparativo de Dois Períodos (2006 e 2011) em População de Puérperas. DST Jornal Brasileiro de doenças sexualmente transmissíveis, 24(1), pp. 32-37. Doi:10.5533/2177-8264-201224109.

Gonçalves, M. M., Silva, A. A., Silva, R. M., Alencar, C. J. A., Mororó, A. G. D., Bezerra, M. M. M. (2020). Os Desafios no Tratamento da Sífilis Gestacional. In on Ver. Mult. Psic, v.14, n49, pp. 106-113. Recuperado de: https://idonline.emnuvens.com.br/id/article/view/2323/3535.

Macêdo, C. V., Romaguera, D. M. L., Ramalho, A. O. M., Vanderlei, M. C. L., Frias, G. P., Lira, C. I. P. (2020). Sífilis na Gestação: barreiras na assistência pré-natal para o controle da transmissão vertical. Cad. Saúde Coletiva, 2020, 28(4), pp. 518-528. Doi: https://doi.org/10.1590/1414-462X202028040395.

Mesquita, O. K., Lima, K. G., Flôr, C. M. S., Freitas, L. S. A. C., Linhares, C. S. M. (2012). Perfil Epidemiológico dos Casos de Sífilis em Gestantes no Município de Sobral, Ceará, de 2006 a 2010. SANARE, Sobral, V11, n1, pp. 13-17. Recuperado de: https://sanare.emnuvens.com.br/sanare/article/view/261/0?adlt=strict&toWww=1&redig=F17F09EA6D7B4D129BB722AA11C1EB5A.

Moreira, A. F. K., Oliveira, M. D., Alencar, N. L., Cavalcante, B. F. D., Pinheiro, S. A., Orfão, H. N. (2017). Perfil dos casos notificados de sífilis congênita. Cogitare Enferm. (22)2. Doi: http://dx.doi.org/10.5380/ce.v22i1.48949.

Moroskoski, M., Rozin, L., Batista, C. M., Queiroz, O. R., Silva, P. S. (2018). Perfil de Gestantes Adolescentes Diagnosticadas com Sífilis em Curitiba – PR. R. Saúde Publ. Paraná, 1(1), pp. 47-58. Recuperado de: http://revista.escoladesaude.pr.gov.br/index.php/rspp/article/view/39/12.

Orso, F. L., Mazzetto, C. M. F., Siqueira, C. P. F., Chadi, F. P. (2016). Ser Mãe na Adolescência: Significado Dessa Vivência na Gestação e Parto. Rev Enferm UFPE on line, 10(Supl.6), pp. 4870-4079. Doi:10.5205/reuol.8200-71830-3-SM.1006sup201620.

Paraná. Secretaria da Saúde. Boletim Epidemiológico do Estado do Paraná. Sífilis 2018. Curitiba – PR: 2018. Recuperado de: https://www.saude.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2020-04/boletim_sifilis_0611.pdf

Ramos, G. M., Boni, M. S. (2018). Prevalência da Sífilis Gestacional e Congênita na População do Município de Maringá – PR. Saúde e pesquisa de Maringá (PR), pp. 518-526. Doi:10.17765/1983-1870.2018v11n3p517-526.

Silva, G. P., Santos, M. V. S., Neto, V. P. J., Santana, E. B. L., Filho, B. J. S., Reis, S. J. R., Matumoto, S. (2020). Sífilis Adquirida: Dificuldades para adesão ao tratamento. Revista Iberoamericana de educación e investigación em enfermeira 2020, 10(1), pp. 38-46. Recuperado de: https://www.enfermeria21.com/revistas/aladefe/article/322/sifilis-adquirida-dificuldades-para-adesao-ao-tratamento/?adlt=strict&toWww=1&redig=3AF08E8AF5E545808FABB7CE42ECBC98.

Silveira, J. B., Rocha, C. P. B., Silveira, D. A. A., Fagundes, C. L., Silveira, D. V. A., Abreu, D. D. C., Sá, S. A., Rocha. F. N. W. (2021). Perfil epidemiológico dos casos de sífilis em gestantes em Minas Gerais, de 2013 a 2017. Revista Médica de Minas Gerais, 31 e-31104, pp. 1-7. Doi:10.5935/2238-3182.20210016.

Souza, A. L., Oliveira, B. S. I., Lenza, B. F. N., Rosa, G. A. W., Carvalho, V. V., Zeferino, M. G. M. (2018). Ações de Enfermagem para Prevenção da Sífilis Congênita: Uma Revisão Bibliográfica. Revista de iniciação científica da Libertas, V8, n1, pp. 108-120. Recuperado de: http://www.libertas.edu.br/revistas/index.php/riclibertas/article/view/101/113.

Waltz, B. M., Máximo, V. T., Marinho, L. G., Rodrigues, A. (2021). Sífilis gestacional segundo a idade das mães: ocorrências no município do Rio de Janeiro entre 2008 e 2018. J Manag Prim Health Care, 13e03. Doi: https://doi.org/10.14295/jmphc.v13.1108.


1Centro Universitário Ingá – Uningá, Maringá, PR, Brasil.

2Centro Universitário Ingá – Uningá, Maringá, PR, Brasil.