PERFIL CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES QUE REALIZAM EXAME MAMOGRÁFICO EM UMA UNIDADE DE REFERÊNCIA DE TERESINA-PI

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7262122


Catarinne Pacelli Benicio de Carvalho1
Luana Moura Luz Fé2
Beatriz Fontes Pereira Carneiro Benevenuto Soares3
Danielle Tourinho Neiva Monteiro4
Ana Beatriz Luz Barradas Coutinho5
Julia gomes Tavares cunha Rezende6
Camila Rosado Luz de Carvalho7
Igor Benício Campêlo8


RESUMO

Introdução: O câncer mamário é o mais comum entre as mulheres, sendo a segunda maior causa de morte entre esse público. Sua etiologia é bastante variada, estando ligada a causas genética e a fatores de risco ambientais. O exame de escolha para o rastreamento desse câncer é a mamografia, que objetiva a sua detecção precoce em mulheres assintomáticas. A realização da mamografia é recomendada para a população feminina em geral a partir dos 40 anos de idade e com frequência anual. Metodologia: O presente estudo analisou o perfil clinico e epidemiológico das pacientes que realizaram exames mamográficos numa clínica de referência em Teresina-PI. Resultados: Foram analisados, por meio de prontuários eletrônicos, 252 exames de um total de 2.4000 exames realizados em 2019, tendo como critério de exclusão os exames de pacientes com idade inferior a 35 anos. Conclusão: O conhecimento do perfil clínico e epidemiológico das pacientes que realizam exames mamográficos no Piauí é de grande auxílio para a implantação de medidas que visam diagnosticar e tratar precocemente o câncer de mama, possibilitando maior qualidade de vida às pacientes e menos custos ao Estado.

Palavras-Chave: Câncer de mama. Epidemiologia. Perfil de Saúde.

ABSTRACT

Introduction: Breast cancer is the most common cancer among women, being the second leading cause of death among this public. Its etiology is quite varied, being linked to genetic causes and environmental risk factors. The exam of choice for screening this cancer is mammography, which aims to detect it early in asymptomatic women. Performing a mammogram is recommended annually for women who are older than 40 years. Method: This study analyzed the clinical and epidemiological profile of patients who undergo mammography exams in a reference clinic in Teresina-PI. Results: A total of 252 exams from a total of 24,000 exams performed in 2019 were analyzed using electronic medical records, with exams of patients younger than 35 years being the exclusion criterion. Conclusion: This study is of great help for the implementation of measures aimed at early diagnosis and treatment of breast cancer, enabling better quality of life for patients and lower costs for the State.

Palavras-Chave: Breast cancer. Epidemiology. Health Profile.

1. INTRODUÇÃO

A neoplasia mamária consiste no surgimento de tumores na mama e em regiões adjacentes, ocasionada pela proliferação descontrolada de suas células (HARRIS et. al 2012). Pode comprometer lóbulos e ductos mamários, a rede linfática da região axilar, subclavicular e do esterno, e também outros órgãos causando metástase (MEGO; MANI; CRISTOFANILLI 2010). O câncer mamário é o mais comum entre as mulheres, sendo a segunda maior causa de morte entre esse público (DESANTIS et. al, 2019). Caso essa tendência se mantenha, a expectativa é que haja um aumento de 46% no número de novos casos até 2030 (OPAS, 2016).

A etiologia do câncer de mama é bastante variada, estando ligada a causas genéticas e a fatores de risco ambientais (SCULLY, et al 2012). Os fatores de risco melhor estabelecidos até hoje são: idade, gênero feminino e cor de pele (KAMIŃSKA et al. 2015). Outros fatores também associados a carcinogênese são: o consumo de álcool, tabagismo, obesidade e a exposição a estrógenos (SILVA e RIUL, 2012). Por outro lado, a prática regular de atividade física e a amamentação são fatores conhecidos de proteção para as neoplasias mamárias (INCA, 2019b).

Existe uma grande variedade de tipos histológicos e moleculares de carcinomas de mama in situ e invasor (SHARMA et. al 2010). O tipo histológico invasor mais comum é o carcinoma ductal infiltrante não especificado, que representa de 70 a 80% de todos os tumores de mama, seguido pelo carcinoma lobular infiltrante, com cerca de 5 a 15%, e pelos outros tipos histológicos (LAKHANI, 2012).

  O exame de escolha para o rastreamento do câncer de mama é a mamografia (OLIVEIRA et. al, 2011). Apesar do advento de novos conhecimentos e tecnologias, o exame mamográfico ainda é o exame padrão ouro para rastreio e prognóstico do câncer de mama, sendo complementado com a realização de outros imagens imaginológicos ou biópsias em casos de dúvida (PIMENTEL, 2017). Concomitantemente, interesses vinculados à indústria de equipamentos e aos grandes laboratórios farmacêuticos contribuem para estimular a realização de exames por algumas técnicas (ELUF-NETO; WUNSCH-FILHO, 2001).

As Sociedades de Mastologia, de Cirurgia Oncológica e de Radiologia brasileiras recomendam, para a população feminina em geral (baixo risco para neoplasias de mama), a realização de mamografia a partir dos 40 anos de idade e com frequência anual. Tendo em vista um melhor gerenciamento dos recursos da saúde, o Ministério da Saúde preconiza que a mamografia de rastreio para a população de baixo risco pode ser iniciada aos 50 anos e finalizada aos 69 anos de idade, sendo realizada bianualmente (INCA, 2019a).

Na área oncológica, em que ocorre também a identificação de tumores sem relevância clínica, esse efeito psicológico é particularmente grave e danoso, por causa do imaginário letal associado à doença e à palavra câncer (NORMA: TESSER, 2009). O planejamento de estratégias de controle do câncer de mama por meio da detecção precoce é fundamental, pois quanto mais cedo um tumor invasivo é detectado e o tratamento é iniciado, maior a probabilidade de cura (GINSBURG et. al, 2020) (GEBRIM, 2016).

O BI-RADS (Breast Imaging Reporting and Data System) é uma sistematização internacional para avaliação mamária, interpretação do exame e confecção dos laudos de exames de imagem especificamente da mama (D’ORSI et. al 2018). A atual classificação BI-RADS divide as lesões mamárias em 7 grupos:

  • Categoria 0: incompleta – requer avaliação por imagem adicional e/ ou mamografias anteriores para comparação;
  • Categoria 1: sem alterações;
  • Categoria 2: achado benigno;
  • Categoria 3: achado provavelmente benigno;
  • Categoria 4: achado suspeito;
  • Categoria 5: achado altamente sugestivo de malignidade;
  • Categoria 6: malignidade comprovada por biópsia (URBAN et al, 2017).

Levando-se em consideração a magnitude, transcendência e letalidade do câncer de mama no Brasil e no mundo, justifica-se o interesse em desenvolver esse estudo, pois avaliar o perfil dessa doença pode contribuir para o planejamento de intervenções e de políticas públicas.  

2. OBJETIVO GERAL

Analisar o perfil clínico e epidemiológico das pacientes que realizaram mamografias em uma clínica de referência de Teresina-PI no ano de 2019.

3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • Buscar em bancos de dados de uma clínica especializada informações obre o perfil clínico dos pacientes do ano de 2019.
  • Caracterizar o perfil clínico dos pacientes, segundo seus achados radiográficos através do método BIRADS;
  • Identificar o perfil epidemiológico dos pacientes (faixa etária, sexo e procedência).
  • Identificar a necessidade da utilização de exames complementares à mamografia.

4. METODOLOGIA

4.1 MÉTODO DE PESQUISA

A presente pesquisa caracterizou-se como um estudo de natureza epidemiológica, documental, transversal e de abordagem quantitativa.

4.2 CENÁRIO E PARTICIPANTES DA PESQUISA

Teresina é um centro de referência regional na área de saúde, recebendo pacientes tanto do interior, quanto de outros estados, como Maranhão, Pará e Ceará. Tal fato se deve a sua localização em um grande entroncamento rodoviário e a sua concentração elevada do número de equipamentos, clínicas e médicos. O estudo foi realizado em uma clínica privada especializada em imaginologia e o público alvo foi as pacientes que realizaram exames de imaginologia no ano de 2019, com idade a partir de 35 anos. Os dados foram obtidos e disponibilizados pela clínica privada especializada em imaginologia de Teresina, no estado do Piauí.

4.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Foram incluídos todos as pacientes que realizaram exame de mamografia na clínica em questão, entre os dias de 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2019. Pacientes com idade inferior a 35 anos foram excluídas, segundo recomendação do Ministério da Saúde, assim como, as pacientes que apresentavam queixas mamárias e alterações no exame físico.

4.4 COLETA DE DADOS

Todos os dados foram coletados pelo sistema da clínica (Xclinic®). Portanto os pacientes não foram contatados pelos pesquisadores. O sistema apresenta os dados sociodemográficos das pacientes e a imagem dos exames realizados, juntamente com seus laudos médicos. Conforme levantamento prévio do serviço de informática da clínica, são realizadas em média 2.000 mamografias mensalmente, perfazendo um total anual de 24.000 exames. Calculou-se uma amostra de 252 (erro amostral de 5% e nível de confiança 95%), que foi composta por pacientes do ano de 2019, sendo selecionados 21 por mês. Assim seleção das mesmas foi feita de modo aleatório através de intervalos numéricos iguais a 95, permitindo, portanto, que fossem colocados na amostra, a paciente número 1, a paciente número 96, a paciente 191 e assim sucessivamente, até completar o total de 21 pacientes mensais. Ao final foram selecionadas as 252 pacientes do estudo. A clínica forneceu os dados dos 252 pacientes selecionadas em planilha do programa Excel, ocultando a coluna correspondente ao nome das pacientes.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi possível identificar neste estudo que, em relação à faixa etária, 162 mulheres (64,3%), possuíam idade entre 40 e 65 anos apresentando média de 60 anos (TABELA 01). Essa faixa etária é a recomendada para rastreio pela Sociedades Brasileiras de Mastologia, de Cirurgia Oncológica e de Radiologia.

Segundo o INCA, apenas 52,8% das mamografias de rastreamento no país são realizadas em mulheres de 50 a 69 anos. Ou seja, quase metade das mulheres, que realizaram as mamografias, estavam fora da faixa etária. E onde, segundo o Ministério da Saúde, os possíveis benefícios do rastreamento superam os seus riscos. Esses dados vão de encontro ao levantamento feito pelo INCA, demostrando que cerca de um terço das mulheres as quais se submetem à mamografia estão fora da faixa etária de maior benefício.  Antes desse período, as mamas são mais densas e a sensibilidade da mamografia é reduzida, gerando maior número de resultados falso-negativos e também de falsos-positivos. Em consequência, ocorre exposição desnecessária à radiação e a necessidade de realização de mais exames.

Após esse período, o rastreio não é indicado pelo Ministério da Saúde em decorrência do sobrediagnóstico (overdiagnosis) e sobretratamento (overtreatment), devido ao fato de muitas lesões malígnas de comportamento indolente (pouco agressivo) serem identificadas e tratadas independentemente da certeza sobre a evolução (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). Apenas 5 mulheres, (2%) da amostra, que realizaram exames em 2019, estavam na faixa etária de 35 a 40 anos, idade em que a mamografia só é recomendada para população com risco elevado (TABELA 01).

Segundo o Ministério da Saúde, antes dos 35 anos, a neoplasia mamária é uma patologia relativamente rara, porém acima desta faixa etária, a incidência cresce rápida e progressivamente e, assim também, cresce o número de realizações de mamografia nessa faixa etária. O envelhecimento é seu principal fator de risco (INCA, 2019a). Quanto ao estado civil, 184 (73%) eram casadas e 40 (15,9%) solteiras. Quanto à região na qual moravam essas pacientes,213 mulheres (84,5%), ou seja, a grande maioria, eram residentes do centro-norte na mesorregião piauiense (TABELA 01). Esse dado corrobora com a ideia de que moradores de grandes centros urbanos tem maior acesso à saúde (STOPA et al, 2017).

Tabela 1. Características sociodemográficas das pacientes que realizaram exames mamográficos em
uma clínica particular de Teresina (PI) 2019 (n=252).

VARIÁVEISN%
Idade*  
35-|40 (Adulta Jovem)52,0%
40-|65(Meia-Idade)16264,3%
≥65 (Idosa)8533,7%

Estado Civil

Casada18473,0%
Solteira 40 15,9%
Divorciada 114,4%
Viúva176,7%

Localidade

Norte da Mesorregião piauiense31,2%
Centro-Norte Mesorregião Piauiense213  84,5%
Sudeste Mesorregião Piauiense 10,4%
Sudoeste Mesorregião Piauiense52,0%
Maranhão2710,7%
Paraíba10,4%
Ceara10,4%
Para10,4%
*Média: 60; Mínima: 35; Máxima: 92; Desvio padrão: 12

Observando os resultados do BI-RADS (TABELA 2) foi possível identificar que 220 mulheres (87,4%)  tiveram diagnóstico benigno e provavelmente benigno (BIRADS 1 e 2). E apenas 6 (2,4%) apresentaram BI-RADS 0, ou seja, inconclusivo. Diferentemente dos resultados evidenciados no estudo de Silva et al. (2014), em Recife-PE,no qual quase um quarto (23,0%) das mamografias foi inconclusivo (BI-RADS 0). Essa alta taxa de BI-RADS 0 no estudo de Silva et al, provavelmente, deve-se ao fato de sua amostra ser composta apenas por mulheres entre 40 a 49 anos, e devido a sua idade, apresentam mamas densas, prejudicando a qualidade do exame.

Por este motivo, o Ministério da Saúde recomenda o rastreamento para mulheres com risco baixo a partir dos 50 anos. Por outro lado, a baixa incidência de exames inconclusivos neste estudo, mesmo nas faixas etárias mais jovens, fala a favor da boa performance dos equipamentos utilizados na clínica em questão e de sua equipe de radiologistas. Correlacionando os achados mamográficos com as características sociodemográficas foi possível perceber que o BI-RADS 2 é o achado mais frequente em mulheres de 40 a 65 anos e em maiores que 65 anos, casadas e residentes da região centro-norte da mesorregião piauiense. A conduta para tal achado é apenas a continuidade do rastreamento (INCA, 2019a).

Dos 252 laudos analisados, 100% corresponderam à pacientes do sexo feminino. O câncer de mama em homens é raro, sendo pouco provável que exista um benefício real em realizar rastreamento do câncer de mama em homens na população em geral. Para pacientes do sexo masculino  que apresentem forte histórico familiar de câncer de mama ou mutações no gene BRCA, a mamografia deve ser indicada de maneira individualizada (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).

Tabela 2: Associação das características Sociodemográficas com os achados mamográficos
dos laudos de uma clínica Particular. Teresina (PI), Brasil, 2021(n=252)

Achados Mamográficos

Legenda: MP=Mesorregião piauiense

Neste estudo apenas 26 mulheres tiveram BI-RADS 3 e 4, ou seja, das 252 mulheres que fizeram o exame, apenas 10,31% destes resultados implicaram maior investigação. Por se tratar de mamografias em mulheres assintomáticas, não houve nenhuma mulher classificada com o BI-RADS 5 ou 6. Apenas 4 pacientes (1,6%) apresentaram BI-RADs igual a 4 e foram submetidas a biópsia. Dessas, 3 apresentaram nódulos sólidos em mamas bilateral, sem complicações,e apenas 1 apresentou carcinoma apócrino conforme demonstra
a (TABELA 3).

O carcinoma de glândulas apócrinas é uma lesão neoplásica das glândulas sudoríparas, sendo observado principalmente em locais onde essas glândulas são abundantes, como na região axilar, mas podendo também ser encontrado em outras regiões corporais. Quando encontrado na mama, o carcinoma de células apócrinas representa cerca de 0,3 a 0,4% dos carcinomas ductais invasivos, o que evidencia sua raridade (SILVA, 2019).

Segundo parâmetros técnicos do INCA, a partir da realização de mamografias de rastreamento em mulheres de 50 a 69 anos, estima-se que sejam necessários 1,5% de procedimentos de punção por agulha fina (PAG) e 0,7% de biópsias (exérese da lesão suspeita). Ou seja, para cada mil mamografias de rastreamento, seriam necessários 15 PAG e sete biópsias (INCA, 2019a). Neste estudo, encontrou-se uma taxa de biópsia de 1,58%, o dobro do estimado pelo INCA.

Do total de 252 laudos de pacientes analisadas, apenas uma apresentou o diagnóstico de câncer, sendo esta casada, procedente do Maranhão e com 69 anos de idade. A paciente em questão se encontra no limite superior da idade preconizada para o rastreio pelo Ministerio da Saúde. Este, tendo em vista um melhor gerenciamento dos recursos da saúde, preconiza que a mamografia de rastreio, para a população de baixo risco seja iniciada aos 50 anos e finalizada aos 69 anos. Contudo, podemos observar a importância da ampliação dessa faixa etária quando possível, assim como recomendam as Sociedades Brasileiras de Cirurgia Oncológica, Radiologia e Mastologia.

Tabela 3. Associação entres os BI-RADS e o diagnosticos dos laudos de uma clínica Particular.
Teresina (PI), Brasil, 2021(n=252)

IdadeEstado CivilLocalidadeBI-RADSDiagnóstico MamografiaDiagnóstico Ultrassom (Biópsia)Diagnóstico Histopatológico (Biópsia)
53ViúvaCentro-Norte M. P.4Nódulos sólidos mamários bilateralSem complicaçãoFibrose e Processo inflamatório Crônico Granulomatoso
40SolteiraCentro-Norte M. P4Nódulos sólidos mamários bilateraisSem complicaçãoLesão Fibroepiteçial sem atípicas
69CasadaMaranhão4Carcinoma Apócrino de MD
77CasadaCentro-Norte M. P4Nódulos sólidos mamários bilateraisSem complicaçãoDilatação cística de Ducto/Fibrose/
Metaplasia apócrina/Alterações das células colunares/
Microcalcificação
Legenda: MD=mama direita

6 CONCLUSÃO

O presente estudo demonstrou que o método mamográfico é acurado na diferenciação de lesões benignas de malignas, quando bem indicado. O risco de câncer de mama aumenta com a idade e o rastreamento populacional para essa doença deve ter como alvo as mulheres na faixa etária de maior risco. Mediante aos dados obtidos, pode-se identificar alguns dos parâmetros epidemiológicos do rastreamento do câncer de mama no estado do Piaui.

Dessa forma, os resultados deste trabalho revelam a importância de maiores estudos sobre a temática no estado do Piauí, no intuito de reforçar junto as equipes de saúde, a respeito da importância da realização da mamografia de rastreio apenas na população alvo.  Fora da população alvo, não existem benefícios comprovados e ocorre exposição desnecessária à radiação e à realização de exames mais invasivos. Os critérios para o rastreamento são, entretanto, alvo de permanente debate na comunidade científica, tendo em vista a necessidade de se definir o uso mais adequado dos recursos para o alcance dos melhores resultados.

Por fim, a superação das barreiras para redução da mortalidade por câncer de mama no Brasil envolve não apenas o acesso à mamografia de rastreamento, mas o controle de fatores de risco conhecidos e, sobretudo, a estruturação da rede assistencial, para rápida e oportuna investigação diagnóstica, e acesso ao tratamento de qualidade.

REFERÊNCIAS

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1Médica pela Unifacid
2Médica pela Unifacid
3Médica pela Unifacid
4Médica pela Unifacid
5Médica pela Unifacid
6Médica pela Unifacid
7Médica pela Unifacid
8Graduando em Ciências biológicas pela Universidade Federal do Piauí