PERFIL ANTROPOMÉTRICO E CONSUMO ALIMENTAR DE ADOLESCENTES DA ESCOLA DE APLICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202504081444


Orientadora: Taise Cunha de Lucena1
Luana Rodrigues Pompeu2
Sofia Yurie Ribeiro Ishigaki3
Ritaellen de Cássia Correa do Rêgo Costa4
Fábio Costa de Vasconcelos5
Simone do Socorro Fernandes Marques6
Alyne França da Silva7
Yasmin de Fátima Brito de Oliveira Moraes8
Vitória Viana Mileo9
William Robert de Souza10


RESUMO

Introdução: Durante o processo de crescimento e desenvolvimento, é importante que os adolescentes tenham equilíbrio entre consumo alimentar adequado e prática de atividade física. Diante disso, nota-se que tais fatores influenciam diretamente no estado nutricional dos indivíduos, assim como, o comportamento sedentário que repercute negativamente no IMC e na % GC. Objetivo: Investigar o perfil antropométrico e consumo alimentar de adolescentes da escola de aplicação da UFPA. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo com análise quantitativa e qualitativa, realizado na Escola de Aplicação da UFPA, tendo como público alvo adolescentes devidamente matriculados. Foi estabelecido todas as normas éticas e legais para sua realização. Com amostra de N=65 para avaliar a antropometria e N=45 para avaliar o consumo alimentar. O tratamento estatístico das informações foi realizado com o programa Microsoft 365 office Excel, para análise dos dados, transferindo-os para o programa Statistica 8.0., bem como para o programa BioEstat 5.0, teste binomial para duas proporções e Spearman. Resultados e discussão: De acordo com a análise, sendo considerado o nível de significância de 95% do perfil antropométrico dos adolescentes (n=65), observou-se que 52 pessoas se encontravam eutróficos, 11 com sobrepeso e 2 obesidade. Após isso, em relação a correlação feita, obteve-se que o consumo alimentar incorreto está associado ao estado de sobrepeso e obesidade, e de acordo com literaturas esses perfis podem desencadear aparecimento de DCNTs.Conclusão: Conclui-se que o perfil antropométrico e consumo alimentar impactam diretamente na qualidade de vida desses adolescentes, nesse sentido a escola tem um importante papel para práticas alimentares saudáveis.

Palavras-Chave: Correlações de Dados; Adolescentes; Estado Nutricional; Consumo Alimentar.

ABSTRACT

Introduction: During the growth and development process, it is important for adolescents to have a balance between adequate food consumption and physical activity. Therefore, it is noted that such factors directly influence the nutritional status of individuals, as well as sedentary behavior that negatively impacts BMI and % BF. Objective: To investigate the anthropometric profile and food consumption of adolescents at the UFPA Application School. Methodology: This is a descriptive study with quantitative and qualitative analysis, carried out at the UFPA Application School, targeting duly enrolled adolescents. All ethical and legal standards were established for its implementation. With a sample of N=65 to evaluate anthropometry and N=45 to evaluate food consumption. The statistical treatment of the information was performed with the Microsoft 365 Office Excel program, for data analysis, transferring them to the Statistica 8.0 program as well as for the BioEstat 5.0 program, binomial test for two proportions and Spearman. Results and discussion: According to the analysis, considering the significance level of 95% of the anthropometric profile of the adolescents (n = 65), it was observed that 52 people were eutrophic, 11 were overweight and 2 were obese. After that, in relation to the correlation made, it was obtained that incorrect food consumption is associated with the state of overweight and obesity, and according to literature these profiles can trigger the appearance of NCDs. Conclusion: It is concluded that the anthropometric profile and food consumption directly impact the quality of life of these adolescents, in this sense the school has an important role for healthy eating practices.

Keywords: Data Correlations; Teenagers; Nutritional status; Food Consumption.

1. INTRODUÇÃO

De acordo com o Ministério da Saúde (MS) é classificado adolescente de 10 a 19 anos de idade, durante essa fase ocorrem diversas mudanças no corpo, como por exemplo, o estirão de crescimento, alterações hormonais, e modificações na musculatura (BRASIL, 2014). Durante a pandemia do Coronavírus SARS-CoV-2 (COVID 19), houve diversas modificações no cotidiano de crianças e adolescentes. Esse confinamento impactou diretamente na prática de atividade física, padrões alimentares, aumento de deficiências nutricionais, sobrepeso e obesidade.

Para classificação do estado nutricional são utilizadas algumas ferramentas como Índice de Massa Corporal (IMC), que demonstra o diagnóstico como: muito baixo, baixo e vigilância para baixo IMC para idade, IMC adequado para idade, Vigilância para IMC elevado para idade e excesso de peso. Essa avaliação é de fácil aplicabilidade e baixo custo, contudo, apresenta alguns empecilhos, como a baixa precisão por não diferenciar massa gorda, da massa magra. Desse modo, se faz necessário a utilização de outros parâmetros, a fim de auxiliar em um diagnóstico fidedigno baseado na composição corporal do indivíduo (Said et al., 2022).

A importância dos indicadores antropométricos se dá através da possibilidade de detectar precocemente riscos para dislipidemias, doenças cardiovasculares e doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) como Obesidade, Diabetes Mellitus (DM) e Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). Ademais, tais patologias acarretam diversas consequências, como desregulação metabólica e prejuízos à saúde física e psicológica, sendo afetado o âmbito escolar. Dessa maneira, nota-se a necessidade do acompanhamento regular para aferição das medidas antropométricas (Antunes et al., 2023).

Durante o processo de crescimento e desenvolvimento, é importante que os adolescentes tenham equilíbrio entre consumo alimentar adequado e prática de atividade física. Diante disso, nota-se que tais fatores influenciam diretamente no estado nutricional dos indivíduos, assim como, o comportamento sedentário que repercute negativamente no IMC e na %GC (Justamente et al., 2020).

Levando em consideração o novo estilo de vida social, há uma exorbitante modificação no consumo alimentar, tendo como prática uma qualidade de vida desbalanceada, e esse fator influencia diretamente no estado nutricional dos indivíduos (Ferreira; Szwarcwaldii; Damacenaii, 2019).

Tendo como base as aferições das medidas antropométricas, o questionário de consumo alimentar, a fim de analisar os hábitos de vida desses adolescentes, a fim de trazer esclarecimento para comunidade sobre a importância que uma alimentação saudável e balanceada pode resultar nessa fase da vida

Assim, no presente estudo foi analisado o consumo alimentar e classificou-se o perfil antropométrico de estudantes adolescentes de ambos os sexos da Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará (EA-UFPA).

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL:

Investigar o perfil antropométrico e consumo alimentar de adolescentes da escola de aplicação da UFPA

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS;

  • Avaliar o perfil antropométrico de adolescentes da escola de aplicação da UFPA;
  • Analisar o consumo alimentar por meio do questionário de consumo alimentar do Ministério da saúde;
  • Correlacionar estatisticamente o perfil antropométrico com o consumo alimentar.

3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 EPIDEMIOLOGIA DO ESTADO NUTRICIONAL DE ADOLESCENTES

3.1.1 Baixo Peso e Desnutrição

Os primeiros anos de vida são marcados por diversas mudanças de desenvolvimento e comportamento onde ocorre diversas ocasiões para desenvolver habilidades e aprendizados, desse modo, o estado nutricional precisa está adequado com a fase da vida dos indivíduos já que precisa de aporte para as experiências que é exposto todos os dias, entretanto quando uma criança cursa com baixo peso para idade ou seja desnutrição pode ocorrer sequelas inconversíveis, como maior suscetibilidade doenças infecciosas, diminuição no desenvolvimento psicomotor e posteriormente menor capacidade a nível escolar (BRASIL, 2023).

Por conseguinte, vem aumentando os índices de desnutrição no brasil tornando-se alarmantes para a nova realidade da população, já que pesquisam demonstraram os registros de ocorrências de 2.754 internações de bebês menores de um ano por desnutrição, desse modo, é necessário o acompanhamento e diagnósticos dessas crianças, uma vez , além de implicar na sua vida futura isso pode resultar em alto risco de morte, Diante disso é necessário que após a fase exclusiva do aleitamento materno as crianças tenham direito de uma dinâmica de alimentos adequados, saudáveis e seguros (BRASIL, 2023).

O Relatório de Segurança Alimentar e Nutricional demonstra a prevalência de desnutrição no mundo e ressalta o empecilho do crescente de preço dos alimentos, implicando na desigualdade social contribuindo para piores resultados. Destaca-se que no período de 2015 à 2017 ocorreu um decréscimo no percentual, em 2019 apresentou cerca de 8%, em 2020 9,3%, assim, estima-se para 2021 entre 702 e 828 milhões de pessoas passem fome (FAO, 2022).

Figura 1 – Prevalência da desnutrição.

Fonte: FAO (2022).

3.1.2 Excesso de Peso

World Health Organization (WHO) 2020 caracteriza o excesso de peso como um problema de saúde pública do mundo, uma vez que esse acúmulo excessivo de gordura corporal irá acarretar diversos malefícios para a vida presente e futura dos indivíduos, já que aproximadamente 40 milhões de crianças e adolescentes apresentam sobrepeso e obesidade, crescendo cerca de 160% dos casos desde 1989 a 2006, em apenas crianças menores de 5 anos ou seja, aumentando 9,4% casos ao ano, como também em adolescentes onde cresceu seis vezes mais no sexo masculino e quase três vezes mais no sexo feminino.

Existem diversas causas que podem desencadear essa comorbidade na população juvenil como fatores genéticos, comportamentais, ambientais, familiar e escolar, dentre os fatores ambientais encontra-se o ambiente obesogênico ou seja aqueles ambientes que são facilitadores das más escolhas de hábitos saudáveis, criando barreiras para a aceitação de práticas de vida adequada e balanceada, desse modo o ambiente obesogênico se torna maior precursor de acúmulo excessivo de gordura nos jovens, decaindo o números de casos por mutações genéticas (BRASIL, 2022).

O excesso de peso tem crescido exacerbadamente nas crianças e adolescentes e não imaginam o grande impacto que pode ocorrer a longo prazo. O MS acompanhou mais de 4 milhões de adolescentes em 2022 pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) com intuito de observar o estado nutricional dos mesmos, desse modo foi demonstrando que 2,8 milhões de adolescente apresentavam o estado nutricional adequado para devida idade de 10 a 19 anos (BRASIL, 2022).

Entretanto, é primordial ressaltar que apesar da maioria estar adequado há uma população de 1,4 milhões que encontra-se em sobrepeso e obesidade. Foi demonstrado que a região Sul e Sudeste sofre grandes índices de obesidade nos adolescentes resultando em 13,3% e 11,48% , ou seja, essas regiões são as que mais se encontram jovens com excesso de peso, porém outras regiões também padecem desses índices como Centro-Oeste, Nordeste e Norte que resultaram em 10,98%, 8,25% e 7,4% respectivamente (BRASIL, 2022).

Esse sistema de monitoramento é capaz de exemplificar os hábitos alimentares desse jovens, e se torna imperdível o devido acompanhamento, pois é ilustrado que durante essa fase esses indivíduos não possuem harmonias e equilíbrio em suas refeições, optando por alimentos que possuem altos níveis de gorduras saturadas e ignorando alimentos frescos que trazem benefícios à saúde (BRASIL, 2022).

Em decorrência disso, criou-se o Instrutivo para o cuidado da criança e do adolescente com sobrepeso e obesidade no âmbito da Atenção Primária à Saúde com intuito de incentivar o acompanhamento com profissionais de saúde do crescimento e desenvolvimento. Desse modo, faz-se orientações adequadas visando a alimentação adequada, práticas de atividade física, a importância do sono e cuidados com a saúde psicológica (BRASIL, 2022).

3.2 TRANSIÇÃO NUTRICIONAL

De acordo com o Guia Alimentar Para população brasileira desenvolvido pelo MS, recomenda-se 10 passos que devemos seguir para a obtenção de uma dieta saudável e balanceada, os primeiros passos constam que é necessário a utilização de alimentos in natura ou minimamente processados para o pilar da alimentação, utilizando menos gorduras, açúcar e sal. É necessário a limitação de alimentos processados e ultraprocessados, uma vez que a decorrência desses alimentos podem levar a fatores desfavoráveis à saúde dos indivíduos (BRASIL, 2014).

Podemos classificar os alimentos in natura que são extraídos essencialmente de plantas e animais, que não sofreram alterações após serem retirados da natureza. Além disso, alimentos que já foram sujeitos a mudanças mínimas como cortes de carnes congeladas são considerados minimamente processados. Ademais, alimentos preparados em indústrias com adição de açúcar ou sal são classificados como alimentos processados. Por fim, os ultraprocessados são os alimentos que foram fabricados inteiramente de substâncias extraídas de alimentos como biscoitos (BRASIL,2014).

É necessário que esses indivíduos possam exercitar sua técnicas na cozinha, com acompanhado de um responsável quando criança a fim de demonstrar a importância da construção de uma alimentação saudável, e por vezes que comer fora de sua residência que possam procurar locais que tenha disponibilidade de ofertar alimentos frescos realizados na hora, evitando consumir alimentos industrializados como fast foods, uma vez que esses alimentos não acarretam benefícios à saúde (BRASIL,2014).

Desse modo, no Brasil, vem ocorrendo uma alta prevalência da transição nutricional, onde os indivíduos tendem a busca por alimentos de baixos custo e praticidade, que por sua vez são produtos processados e ultraprocessados, com alto teor de açúcar, sal e gorduras saturadas, implicando nos hábitos alimentares e diversificando a culinária do país (Quadra et al., 2022).

Tendo em vista isto, o excesso no consumo de alimentos hipercalóricos levou ao crescimento nas taxas de mortalidade de DCNT’s no país, deste modo a transição epidemiológica vem se relacionando cada dia mais às mudanças no padrão alimentar da sociedade (Barros et al., 2021).

3.3 INSEGURANÇA ALIMENTAR (IA)

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mensura-se por meio da Escala Brasileira de Medida Domiciliar de Insegurança Alimentar (EBIA) os níveis de IA, que são divididos em três, o primeiro é a IA leve que está relacionada a incerteza quanto ao acesso da alimentação, optando pela quantidade em vez da qualidade dos alimentos, já o segundo é a IA moderada, que é a diminuição quantitativa no consumo de adultos, e o terceiro seria a IA grave, que está associada a redução também na quantidade da ingesta alimentar das crianças, onde a fome passa a ser rotineira (IBGE, 2021).

Quadro 1 – Graus de segurança e insegurança alimentar.

SITUAÇÃO DE SEGURANÇA ALIMENTARDescrição
Segurança AlimentarA família/domicílio tem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais.
Insegurança Alimentar LevePreocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro, qualidade inadequada dos alimentos resultante de estratégias que visam não comprometer a quantidade de alimentos.
Insegurança Alimentar ModeradaRedução quantitativa de alimentos entre os adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre os Adultos
Insegurança Alimentar GraveRedução quantitativa de alimentos também entre as crianças ou sela ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre todos os moradores, incluindo as crianças. Nessa situação a fome passa a ser uma experiência vivida no domicilia

Fonte: IBGE (2021).

O Guia Alimentar para População Brasileira, ressalta que indivíduos possuem direitos humanos básicos, como, o acesso a uma alimentação adequada e saudável. Além disso, é necessário adequar-se às suas necessidades alimentares especiais, visando o âmbito social, econômico e ambiental. Diante disso, são criadas estratégias para minimizar a IAN em prol da população brasileira (BRASIL, 2014).

De acordo com a Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006, intitulada de Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN), por meio das diretrizes do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN), apresenta como objetivo assegurar o acesso constante e contínuo de quantidade e qualidade de alimentos. Ademais, implementa deliberações e medidas efetivas para reduzir o problema tratado (BRASIL, 2006).

O Relatório de Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo aponta que o acesso para uma alimentação saudável e balanceada está estritamente ligada à renda do indivíduo. Em vista disso, o mesmo não possui renda favorável, conseguinte, estará suscetível a uma dieta com baixo valor econômico, desse modo, terá que optar por alimentos de baixos custos e ricos em sal, gorduras e açúcares. Dessa maneira, a alimentação escolar deve fornecer alimentação balanceada em micro e macronutrientes para o desenvolvimento dos estudantes, pois implica diretamente no desempenho escolar (FAO, 2022).

Bezerra et al. (2020), demonstra que a IA no Brasil está correlacionada aos indicadores de vulnerabilidade, como , presença predominante de classes sociais mais baixas, altas taxas de mortalidade infantil, saúde infantil precária e situações de trabalho desfavoráveis. Em vista disso, aponta que existe uma segregação entre as regiões do Brasil, o Norte e o Nordeste destacam-se por apresentarem condições desfavoráveis de vulnerabilidade e IA, em contraposição o Centro-Oeste, Sudeste e Sul denotam melhores resultados.

3.4 POLÍTICAS PÚBLICAS

3.4.1 Programa De Saúde Na Escola (PSE)

De acordo com a Portaria nº 3.146, de 17 de dezembro de 2009, que fornece subsídios para escolas da rede pública do estado, juntamente com a Saúde da Família, que visa a prevenção, promoção e ações de educação em saúde para os indivíduos. Desse modo, pesquisas são realizadas para a manutenção e monitoramento das crianças e adolescentes, como por exemplo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PNSE) (BRASIL, 2009).

A PNSE é uma pesquisa realizada com escolares da faixa etária de crianças e adolescentes, em apoio do IBGE e MEC. Além disso, o estudo foi desenvolvido com objetivo de vigilância dos fatores de risco para DCNT’s no intuito de criação de novas políticas públicas em prol dos escolares e PSE. Assim, a pesquisa mais recente foi desenvolvida no ano de 2019, avaliando fatores determinantes como sedentarismo, alimentação, tabagismo e uso de bebidas alcoólicas (BRASIL, 2021).

3.4.2 Programa Nacional De Alimentação Escolar (PNAE)

O PNAE, visa a garantia de formação de hábitos saudáveis durante o período escolar, de acordo, com a LEI Nº 11.947, DE 16 DE JUNHO DE 2009, é ofertado aos alunos de educação básica, o direito de uma alimentação adequada e balanceada, contendo uma alimentação variada e segura, sempre respeitando, os hábitos de vida, culturas e crenças do indivíduo, a fim da garantia de crescimento e desenvolvimento, uma vez que essas propostas irão beneficiar seus rendimentos físicos e cognitivos na escola (BRASIL, 2009).

O PNAE constitui-se na oferta de alimentos por todo o período letivo para todo os alunos devidamente matriculados, tornando-se direito do aluno o acesso a essa alimentação, e o estado é obrigado a promover e incentivar esse ato, o planejamento de alimentos devem ser elaborados e disponibilizados de forma igualitária, sendo desenvolvidos por um profissional nutricionista, utilizando alimentos básicos e seguros, alistando-se a sustentabilidade e a sazonalidade dos alimentos da região (BRASIL, 2009).

Este programa deve ser monitorado e fiscalizado adequadamente, através de, Conselho de Alimentação Escolar (CAE), que é responsável por verificar e transferir recursos financeiro, pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que visa a assistência técnica a educação de qualidade, pelo Tribunal de Contas da União (TCU), Controladoria Geral da União (CGU) e pelo Ministério Público, com objetivo de contribuir para sociedades pacíficas e democráticas a melhoraria do bem estar individual (BRASIL, 2009).

3.4.3 Sistema De Vigilância Alimentar E Nutricional (SISVAN)

O ministério da saúde desenvolveu um sistema de informação chamado de SISVAN onde visa demonstrar indicativos de alimentação e nutrição da população em geral, apresentando o estado nutricional, divididos em subgrupos a fim de obter conhecimento sobre os hábitos e estilo de vida da população, desse modo, após a visualização desses dados é possível acompanhar, monitorar e desenvolver possíveis intervenções com auxílio de uma equipe multidisciplinar (BRASIL, sd).

Existem normas técnicas para verificar os hábitos alimentares da população por meio de marcadores que irão avaliar o consumo alimentar, esses marcadores é apresentado através de um formulário que encontra-se dividido em três tópicos, Crianças menores de seis meses, crianças de 6 a 23 meses, e crianças com dois anos ou mais, adolescentes, adultos, gestantes e idosos, desse modo, essa divisão auxilia no melhor entendimento, uma vez que cada faixa etária tem seu devido marcador (BRASIL, sd).

Nesse sentido, através da portaria Nº 447, DE 26 DE FEVEREIRO DE 2018 que, Consolida as normas sobre as políticas nacionais de saúde habilita os municípios a receberem uma parcela em um valor ao ano, a capacidade para a realização de compras de equipamentos antropométricos para verificação do estado nutricional  de crianças, adultos e idoso, nesse sentido esse apoio de estruturação de ações auxilia em um diagnóstico nutricional e alimentar adequado e humanizado que esses indivíduos necessariamente precisam (BRASIL, 2018).

3.4.4 Bolsa Família

Com objetivo de oferecer aos indivíduos um aporte de benefícios, foi desenvolvido um programa denominado Bolsa família que objetiva a oferta de maneira direta uma ajuda de custo por mês aos indivíduos em situações de extrema pobreza em todo país, a fim de poder proporcionar a essas pessoas uma alimentação adequada e balanceada, uma educação de qualidade e saúde, desse modo auxiliando a essa população que se encontra em uma vulnerabilidade socioeconômica (BRASIL, 2023).

De acordo com a Medida Provisória nº 1.164, de 2 de março de 2023, é finalidade do governo oferecer o Bolsa Família à população em fragilidade social, assessorar a fome e fornecer o devido suporte para as famílias, especialmente as crianças , jovens e adolescentes, já que se encontram em fase de crescimento e desenvolvimento e necessitam de um aparato de segurança e qualidade, Posto isso, esse programa irá de alguma forma a interromper o avanço ao estado de fome no Brasil (BRASIL, 2023).

Diante disso, as pessoas que se enconquadram para o recebimento desse auxílio, são aquelas cujo a renda mensal por indivíduo é de igual ou inferior a 218,00 reais por mês, no quesito benefícios ele é subdividido em dois grupos, os benefícios primeira infância que é ofertando 150,00 reais para crianças de 0 a 7 anos, e outra via o benefício variável familiar que irá contribuir com 50,00 reais mensalmente para gestantes, e crianças e adolescentes entre 7 e 18 anos (BRASIL, 2023).

A realização dos registros de acompanhamentos desses indivíduos é efetuada através em uma plataforma específica denominada e-Gestor AB – Sistema Bolsa Família na Saúde, destinada a centralizar as informações da população que estão devidamente cadastradas para que assim possam ter acesso a esse benefício sem viés de interrupção (BRASIL, 2023).

4. METODOLOGIA

4.1 TIPO DE ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo com análise quantitativa e qualitativa de dados, desenvolvido por meio de pesquisa de campo, que foi realizada no período da segunda quinzena de dezembro de 2022 ao primeiro semestre de 2023.

4.2 LOCAL DE ESTUDO

O estudo foi desenvolvido na Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará (EA-UFPA) localizada no município de Belém-PA. É uma instituição pública de ensino, sendo ramificada pela Universidade Federal do Pará. O local apresenta ensino infantil, fundamental e médio.

4.3 POPULAÇÃO DE ESTUDO

O estudo foi desenvolvido com adolescentes regularmente matriculados do 8° ano do ensino fundamental ao 3° ano do ensino médio.

4.4 SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES

Os estudantes e seus responsáveis foram esclarecidos dos objetivos e procedimentos da investigação e da coleta dos dados, sendo solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para participação efetiva na pesquisa.

4.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Foram incluídos adolescentes regularmente matriculados na instituição, alunos do 8° ano do ensino fundamental ao 3° ano do ensino médio que aceitaram participar de maneira voluntária na presente pesquisa. Foram excluídos alunos que não apresentaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), estudantes que não estavam vestidos adequadamente para a avaliação ou não apresentavam condições cognitivas para responder às perguntas.

4.6 TAMANHO AMOSTRAL DA POPULAÇÃO DO ESTUDO

O tamanho amostral foi calculado com base na população de estudantes de 10 à 19 anos de idade, e que atenderem as características de inclusão. Atualmente a Escola de Aplicação da UFPA apresenta aproximadamente 625 alunos do 8° do ensino fundamental ao 3° do ensino médio. Considerando um estudo com nível de 90% de confiança, logo um erro de 10%, a mostra a ser utilizada é acima de 62 participantes.

4.7 FORMA DE OBTENÇÃO DOS DADOS DOS PARTICIPANTES

A presente pesquisa é caracterizada como um recorte do Projeto de Pesquisa intitulado como “Saúde na escola: indicadores da aptidão física e da qualidade de vida de estudantes da Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará”, sendo executada a coleta dos dados por voluntárias do mesmo. Antes da coleta, foi realizada a convocação de acadêmicos para participarem da pesquisa em caráter voluntário, assim como orientações sobre a vestimenta adequada para o dia da coleta.

Os dados foram coletados por meio de ida a campo, no lócus da Escola de Aplicação da UFPA. Inicialmente foi aplicada a ficha de avaliação (APÊNDICE A) para avaliar as medidas antropométricas de forma individual contendo a aferição do peso, estatura, Circunferência da Cintura (CC), Circunferência do Abdômen (CA), Circunferência do Quadril (CQ), Dobra Cutânea Triciptal (DCT) e Dobra Cutânea Subescapular (DCSE). Posteriormente, foram realizadas ida às salas de aula para coletar os dados referente ao consumo alimentar.

4.8 PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR E ESTADO NUTRICIONAL

4.8.1 Avaliação Do Consumo Alimentar

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), para a melhor qualidade de vida é necessário a realização de práticas alimentares saudáveis, e assim evitar o alto consumo de alimentos super processados que se relacionam com o aparecimento de DCNTs (BRASIL, 2020). Diante disso, é necessário um questionário de consumo alimentar a fim de investigar os hábitos alimentares desses adolescentes.

Figura 21 – Questionário de consumo alimentar.

Fonte: Ministério da saúde (2022).

4.8.2 Avaliação Do Estado Nutricional

Os dados antropométricos serão verificados através das medidas de:

  • Peso: Certifica-se que a unidade esteja correta, verifica-se se apresenta adornos ou algo que interfira na medição, após isso, posiciona-se o adolescente na balança (Multilaser Saúde) para aferição do peso.
  • Estatura: Fixa-se a trena (sparta) em uma parede lisa e sem rodapé, posiciona-se o adolescente descalço e com a cabeça livre de adereços no centro do equipamento. Mantenha-o em pé olhando para um ponto fixo na altura dos olhos. Verifica- se os calcanhares, ombros e nádegas estão na parede. Retira-se o adolescente para a leitura da estatura.
  • Circunferência da Cintura (CC): Solicita-se a elevação da camiseta para iniciar a aferição, após isso, com o indivíduo ereto, com o abdômen relaxado, braços levantados e as pernas fechadas. Mede-se com a trena antropométrica (Sanny Medical SN-4010) no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca posicionando-se na lateral do indivíduo. Os pontos de corte utilizados para o diagnóstico da obesidade abdominal a partir da CC foram os recomendados pela International Diabetes Federation, que identifica como obesidade abdominal CC ≥ percentil 90 para homens e CC ≥ percentil 80 para mulheres. Com as medidas da CC e da estatura foi realizado o cálculo (RCEst) segundo equação 1, estabelecendo-se como ponto de corte para obesidade abdominal valores iguais ou superiores a 0,5 segundo (referência). Para análise estatística, com as variáveis de CC e RCEst, que se propõem ao diagnóstico de obesidade abdominal, foram formadas duas categorias: “sem risco” e “com risco” para obesidade abdominal.
  • Circunferência do Quadril (CQ): Solicita-se roupas leves para a coleta, com o indivíduo ereto, com o abdome relaxado, os braços elevados e as pernas fechadas. Mede-se com a trena antropométrica (Sanny Medical SN-4010) no ponto máximo da extensão glútea, posicionando-se na lateral do indivíduo.
  • Dobra Cutânea Triciptal (DCT): mede-se com o adipômetro científico (CESCORF) no ponto médio entre o acrômio e o olécrano, com o indivíduo em pé, com os braços estendidos confortavelmente ao longo do corpo. Posiciona-se atrás do indivíduo, traciona-se a dobra com o dedo polegar e indicador, aproximadamente 1 cm do nível marcado, sendo realizada uma triplicata. Após a triplicata anota-se a média.
  • Dobra Cutânea Subescapular (DCSE): mede-se com o adipômetro científico (CESCORF) no ângulo inferior da escápula. Pede-se para que coloque os braços para trás para melhor identificação, com o sujeito ereto, com as extremidades superiores relaxadas ao longo do corpo. A medição é realizada em triplicatas na diagonal no ângulo de 45º tracionando com o dedo polegar e indicador. Após a triplicata anota-se a média.

4.9 TABULAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS E TRATAMENTO ESTATÍSTICO

Após a obtenção de dados das coletas, foram tabulados em planilhas no Excel para a monitorização das informações. Após a coleta de dados os resultados foram encaminhados para a estatística. O tratamento estatístico das informações foi realizado com o programa Microsoft 365 office Excel, para análise dos dados, transferindo-os para o programa Statistica 8.0. bem como para o programa BioEstat 5.0, realizando as análises de Teste T de Student, teste binomial para duas proporções e Spearman. Com os resultados obtidos pretende-se traçar o perfil dos alunos da EA-UFPA, com levantamento de seu perfil antropométrico e consumo alimentar.

5. ASPECTO ÉTICOS

O referido projeto foi pensado e desenvolvido de acordo com as normas éticas determinadas para pesquisas com seres humanos, portanto, foi regularmente aprovado pela Coordenação de Pesquisa e Extensão da referida Instituição, sob Portaria nº: 86/2023 (ANEXO A).

A presente pesquisa pode desencadear a esses adolescentes possibilidade de constrangimento, entretanto, foi garantido o acesso em um ambiente que proporcione privacidade durante a coleta de dados. Caso ocorra desconforto emocional relacionado à presença do pesquisador, foi assegurado que o participante tivesse liberdade de se recusar a ingressar ou dar continuidade à coleta. Porventura, ocorresse o vazamento de dados confidenciais foi estabelecido o zelo pelos sigilos dos dados fornecidos e pela guarda adequada das informações, assumindo também o compromisso de não publicar o nome do participante (nem mesmo as iniciais) ou qualquer outra forma que permita a identificação individual.

Quanto aos benefícios, considera-se a partir desse estudo a possibilidade de identificação do perfil antropométrico e como o consumo alimentar impacta no estado nutricional dos participantes, posteriormente às coletas, foi ofertado um relatório, no intuito de sinalizar o estado de saúde e possíveis riscos de patologias futuras.

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura por meio do Relatório de Segurança Alimentar e Nutricional, a escola pode influenciar o consumo alimentar dos indivíduos (Fao, 2022). Assim, a regulamentação nas escolas públicas sobre alimentação é realizada pela PNAE, que visa a Educação Alimentar e Nutricional (EAN), entretanto não há legislação regulamentando a venda de alimentos ultraprocessados e nem sua devida punição (Henriques et al., 2021).

A condição socioeconômica impacta diretamente no ambiente dos indivíduos, na sua rotina, qualidade de vida e alimentação. Um estudo realizado por uma revisão de literatura, demonstrou que crianças e adolescentes que possuem baixa situação socioeconômica têm maiores probabilidades de desenvolverem hábitos maléficos à saúde como início do tabagismo, alimentação de baixa qualidade, sedentarismo e envolvimento no abuso de drogas (Gautam et al., 2023).

Com isso, a verificação do perfil sociodemográfico possibilita a análise e apuração do perfil dos participantes da pesquisa, coletando informações sobre sexo, idade, nível de escolaridade e raça. Nesse sentido, demonstra-se um importante aliado para conhecimentos do público-alvo. Desse modo, no Quadro 2, podemos analisar o perfil sociodemográfico da amostra.

Quadro 2 – Perfil sociodemográfico da amostra.

Fonte: Próprio autor, 2023.

Com base no Quadro 2, podemos demonstrar uma divisão paritária entre os sexos, diminuindo os vieses dos resultados, a faixa etária predominante é de ≥14 < 16, em relação à escolaridade a maioria encontra-se no 8º ano do ensino fundamental, tendo maior quantitativo para a raça parda.

De acordo com o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), para adolescentes, preconiza-se a utilização de indicadores como IMC para Idade e Estatura para Idade, um importante instrumento para identificação do estado nutricional, possibilitando avaliar características agudas e crônicas nutricionais, onde visa monitorar, descrever e predizer sobre os fatores do estado de saúde nessa faixa etária. Tendo em vista isso, no Quadro 3 podemos observar a avaliação antropométrica da amostra (BRASIL, 2011).

Quadro 3 – Avaliação antropométrica dos participantes.

(*) Classificação segundo a WHO, 2007.

Fonte: Próprio Autor, 2023.

No Quadro 3, observamos resultados positivos, onde 80% dos adolescentes encontravam-se em eutrofia, ainda assim, 16,92% apresentam sobrepeso e 3,07% obesidade. De acordo com o obtido, deve-se monitorar o estado nutricional dessa população para realizar possíveis intervenções de promoção, prevenção e recuperação da saúde.

Em vista disso, se faz necessário verificar medidas na adolescência para fornecer um diagnóstico fidedigno, em virtude de que durante o período da puberdade os mesmo passam por um avanço de 15% no seu crescimento, com esse aumento de desenvolvimento há necessidades nutricionais elevadas para atingir o equilíbrio no organismo, com o diagnóstico é possível aumentar as possibilidades de correção de déficits nutricionais (Tumilowicz, et al., 2019).

Em um estudo realizado, relata que, o sobrepeso e obesidade apresenta sua causa como multifatorial, destacando-se o consumo alimentar, em especial a qualidade do alimento, e influência socioeconômica, em relação ao acesso de alimentos de baixa qualidade. Assim, uma das consequências dessa condição é o estresse crônico, que leva à mudança do perfil alimentar do indivíduo e aumento da adiposidade do mesmo (Ruiz el al., 2020). Com isso, no Gráfico 1 pode-se avaliar as dobras cutâneas dos adolescentes.

Gráfico 1 – Classificação do percentual de gordura dos adolescentes escolares.

Fonte: Próprio autor , 2023.

De acordo com o Gráfico 1, pode- se observar que indivíduos do sexo masculino apresentam mais adequação quando comparados as pessoas do sexo feminino, o qual já apresenta maior frequência na classificação moderada e alta, no que tange à % de gordura.

Nesse sentido, estudos de Scapaticci et al. (2022) retrataram que a porcentagem de sobrepeso e obesidade no período anterior a pandemia era de 23,9%, após o confinamento estes índices aumentaram significativamente para 31,4%, o que indica o declínio no estado nutricional.

O excesso de peso em crianças e adolescentes tem crescido gradativamente em todo país ao longo dessas décadas. De acordo com o Ministério da Educação (MEC) em uma pesquisa relacionada às taxas de excesso de peso, pode-se verificar que houve um aumento exorbitante de 11 milhões, passando a ser 240 milhões de crianças e adolescentes que encontram-se com obesidade infantil. Desse modo, torna-se um alerta de saúde pública, uma vez que posteriormente esses indivíduos possam desencadear futuras patologias (BRASIL, 2018). De acordo com o Quadro 4 pode-se analisar o consumo alimentar dos adolescentes.

Quadro 4 – Distribuição dos estudantes de ambos os sexos segundo variáveis do consumo alimentar.

Fonte: Próprio autor, 2023.

De acordo com o Quadro 4, referindo-se a quantidade de vezes que indivíduos realizam suas refeições de uma amostra de 45 adolescentes, apenas 6 realizavam todas as refeições por dia. Entretanto, de acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, estima-se pelo menos 3 refeições ao dia, podendo-se observar que cerca de 82,22% na amostra realiza o preconizado (BRASIL, 2014).

As três principais refeições do dia são: café da manhã, almoço e jantar, entretanto na amostra com (n=45) nota-se que 88,44% da amostra realizavam o almoço, 86,67% o jantar e 64,44% o café da manhã, porém, as demais refeições são importantes para o bem estar físico e mental dos indivíduos. Além disso, é relevante analisar não somente em termos quantitativos, como também a qualidade do alimento ingerido.

De acordo com os tipos de alimentos foi observado que 60% consumiam feijão, 71,11% frutas, 55,56 Legumes, 28,89 embutidos, 53,33% bebidas adoçadas, 28,89% alimentos ultraprocessados e 46,67% doces. Foi notório a alta prevalência de indícios que consumiam doces como (Biscoito recheado, doces ou guloseimas balas, pirulitos, chiclete, caramelo, gelatina) e mais da metade da amostra consumiam bebidas adoçadas, diante disso é necessário o acompanhamento desses hábitos alimentares, uma vez que o consumo desses potenciadores de aparecimentos de DCNTS levam a maiores taxas de morbidade e mortalidade no país.

Verificou-se também, que 77,77% de adolescentes utilizam telas durante as refeições, nesse sentido, o consumo excessivo de telas vem gerando impactos negativos para a saúde de adolescente. De acordo com a pesquisa analisando 432 adolescentes de 14 a 19 anos relacionando obesidade abdominal, tempo de tela e sono em adolescentes foi verificado que a alta ingestão de alimentos ultraprocessados com alto teor de gorduras, sal e açúcar adicionado tem uma correlação significativa com o consumo de telas durantes as refeições (Oliveira et al., 2023).

A escola onde foi realizada a coleta apresentava dois turnos, sendo manhã e tarde, fornecendo 1 refeição aos estudantes. Além disso, a instituição apresentava o PNAE, onde o cardápio era realizado pela nutricionista do local, visando a alimentação adequada e saudável.

Desse modo, as ações em saúde executadas pela Escola de aplicação da UFPA e Universidade Federal do Pará são de suma importância para mudança nos hábitos desses adolescentes. Com isso, no Gráfico 2 podemos analisar os tipos de refeições e suas frequências.

Gráfico 2 – Tipos de refeições e suas frequências.

Fonte: Próprio autor, 2023.

No Gráfico 2, refere-se aos tipos de refeições, sabe-se que é necessária a estimulação dos pais para que crianças e adolescentes façam o consumo do café da manhã, visto que, é uma importante refeição diária. Necessita-se que esses indivíduos consumam frutas, cereais, laticínios na refeição para ter o devido aporte de energia para iniciar o dia. Estudos retratam que crianças e adolescentes que realizam o pequeno almoço (café da manhã) todos os dias nas suas rotinas apresentam maiores cargas de ingestão de nutrientes necessários, como vitaminas e minerais, comparado aqueles que não realizam a refeição (Moreno-Aznar et al., 2021).

Em um estudo realizado por Moreno-Aznar et al. (2021) vem demonstrando ao longo dos anos os benefícios do café da manhã nesse público, um resultado importante sobre essa temática foi o impacto que a realização desta refeição pode contribuir para diminuição de riscos cardiometabólicos e funções cognitivas, atuando no melhor desempenho escolar dos mesmos, entretanto é válido ressaltar que para promoção dessa refeição é necessário verificar fatores sociodemográficos e culturais, pois, há grande influência na adesão da dieta.

O Guia Alimentar vem informando sobre a importância de estimular as crianças e adolescentes a terem maiores habilidades na cozinha, e ser inserida nas preparações das refeições, tendo em vista que, posteriormente na adolescência, vão adquirir maior conhecimento sobre os benefícios da alimentação (BRASIL, 2014).

As doenças crônicas que antigamente eram observadas na população idosa estão crescendo alarmantes nas crianças e adolescentes. Nesse sentido, para que essa população tenha maior qualidade de vida necessita-se realizar no mínimo 3 refeições por dia, café da manhã, almoço e jantar, contendo todos os grupos alimentares, construtores, reguladores e energéticos, sendo importante ressaltar que as duas principais almoço e jantar não deve ser substituídas por lanches. O café da manhã deve ser inserido antes de iniciar as atividades do dia por ter um efeito positivo no desempenho escolar (BRASIL, 2022). De acordo com o Gráfico 3, podemos analisar a correlação de Spearman entre a dobra tricipital e alimentação inadequada.

Gráfico 3 – Correlação de Spearman entre a dobra tricipital e alimentação inadequada.

Fonte: Próprio autor, 2023.

De acordo com o Gráfico 3 o teste de correlação de Spearman, como demonstrado acima no gráfico 4, teve seu coeficiente estimado em 0,7038, evidenciando, assim, uma forte correlação estatística positiva, haja vista que o mesmo tem valor maior que zero. Logo, a hipótese nula, que afirma não haver correlação positiva entre dobra tricipital e alimentação inadequada, deve ser rejeitada, aceitando-se, por conseguinte, a hipótese alternativa, a qual indica que há correlação positiva entre dobra tricipital e alimentação inadequada.

Ressalta-se que o termo alimentação inadequada foi estabelecido a partir da existência de pelo menos um dos hábitos a seguir: comer hambúrgueres e embutidos e/ou comer biscoitos doces e/ou beber bebidas doces e/ou comer macarrão instantâneo e salgados de pacote e/ou fazer refeições com eletrônicos. No Gráfico 4 pode-se analisar a correlação de Spearman entre a dobra subescapular e alimentação inadequada.

Gráfico 4 – Correlação de Spearman entre a dobra subescapular e alimentação inadequada.

Fonte: Próprio autor, 2023.

Já no Gráfico 4, como visto acima, o teste de correlação de Spearman teve seu coeficiente estimado em 0,5220, evidenciando, assim, uma moderada correlação estatística positiva, haja vista que o coeficiente tem valor maior que zero. Logo, a hipótese nula, que afirma não haver correlação positiva entre dobra subescapular e alimentação inadequada, deve ser rejeitada, aceitando-se, por conseguinte, a hipótese alternativa, a qual indica que há correlação positiva entre dobra subescapular e alimentação inadequada.

A alimentação inadequada e a baixa frequência de exercício físico tem se associado diretamente a aumento excessivo de percentual de gordura nessa faixa etária, elevando a ascendência em perfis de sobrepeso e obesidade, essas morbidades tem crescido gradativamente onde visa um risco para saúde durante esse período e posteriormente, o aumento de peso não impacta somente na saúde física mas implica na saúde mental pois ultrapassa o alto olhar desenvolvendo depressão, ansiedade e baixa autoestima ocasionando problemas comportamentais (Vieira; Carvalho, 2023).

CONCLUSÃO

Conclui-se que, em relação a avaliação antropométrica, a maioria desses adolescentes encontra-se dentro da faixa de normalidade, entretanto existem porcentagem significativas para sobrepeso e obesidade. Além disso, a análise de correlação realizada entre o perfil antropométrico e o consumo alimentar dos adolescentes da EA-UFPA, demonstrou que a alimentação inadequada interfere diretamente no percentual de gordura subcutânea obtida através das dobras triciptal e subescapular.

Além disso, por meio da prática na aplicação do questionário de consumo alimentar, criado pelo Ministério da Saúde em 2009, utilizado atualmente, há necessidade de atualização para suprir as necessidades encontradas.

Por fim, pode-se assegurar que a presente pesquisa demonstra a importância da avaliação do perfil antropométrico e consumo alimentar dessa parcela da população, reforçando os benefícios da educação alimentar e nutricional prestadas no âmbito escolar.

Outrossim, os resultados identificados nesta pesquisa foram partilhados com a comunidade escolar e científica, tornando-se aliada ao processo de ensino e aprendizagem.

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1Graduação em Nutrição, vinculada ao Centro Universitário da Amazônia. ORCID: 0009-0008-4214-253X. Orientadora.
2Graduação em Nutrição, vinculada ao Centro Universitário da Amazônia.
3Graduação em Nutrição, vinculada ao Centro Universitário da Amazônia.
4Graduação em Nutrição, vinculada ao Centro Universitário da Amazônia.
5Graduação em Nutrição, vinculado à Universidade da Amazônia. ORCID: 0000-0001-9777-9468.
6Graduação em Nutrição, vinculada ao Centro Universitário do Estado do Pará. ORCID: 0000-0003-2808-3787
7Graduação em Nutrição, vinculada à Universidade Federal do Pará.
8Graduação em Nutrição, vinculada ao Centro Universitário do Estado do Pará.
9Graduação em Nutrição, vinculada à Universidade Federal do Pará.
10Graduação em Nutrição, vinculado à Universidade da Amazônia.