LOSS AND GRIEF: AN UNDERSTANDING OF THE MEANING OF LIFE ACCORDING TO VIKTOR FRANKL
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102411181645
Natália Teixeira da Silva [1]
Sabrina Araujo Seabra [2]
Renilde Ribeiro Xavier [3]
Resumo
O presente estudo teve como objetivo obter a compreensão sobre a perda e o luto, e suas várias formas, assim como suas diversas manifestações, onde se apresenta a percepção desses temas em relação ao sentido da vida. Além disso, busca analisar sob o olhar da Logoterapia através da perspectiva apresentado por Viktor Frankl. Para isso, os resultados foram obtidos por meios de pesquisa qualitativa, através de coletas de dados realizadas pelo Pepsic, BVS, Google Acadêmico e Scielo. Os resultados mostram que as principais descobertas sobre este tema permitem fazer uma conexão com o que realmente importa que é encontrar um proposito mesmo na dor, dando assim uma oportunidade de uma nova essência.
Palavras-chave: finitude; sentido; morte; logoterapia.
Abstract
The present study aimed to gain an understanding of loss and mourning, and their various forms, as well as their various manifestations, where the perception of these themes in relation to the meaning of life is presented. In addition, it seeks to analyze it from the perspective of Logotherapy through the perspective presented by Viktor Frankl. To this end, the results were obtained through qualitative research, through data collections carried out by Pepsic, BVS, Google Scholar and Scielo. The results show that the main discoveries on this topic allow us to make a connection with what really matters, which is finding a purpose even in pain, thus providing an opportunity for a new essence.
Keywords: Finitude; Sense; Death; Logotherapy.
1 INTRODUÇÃO
Viktor Emil Frankl foi um reconhecido neuropsiquiatra austríaco que criou um método terapêutico chamado Logoterapia, nasceu em Viena (Áustria) no dia 26 de março de 1905, nascido no berço de uma família judaica na sua cidade natal. Seu pai era funcionário público e a família teve um cotidiano confortável até a chegada da Primeira Guerra Mundial, em 1914. (Funks, 2019)
Viktor E. Frankl, foi um sobrevivente dos campos de concentração nazistas que durante sua experiência nos campos buscou refletir sobre a experiência de estar e manter-se vivo. Em 1945, após sua libertação, escreveu o livro o homem em busca de sentido (1946), no qual teorizou sobre Sentido de vida de forma concreta. O autor trata Sentido de vida como a vivência de um sentido individual calcado na singularidade de cada experiência humana (Vieira & Dias, 2021)
A Logoterapia e Análise Existencial pode ser compreendida como uma abordagem da psicologia clínica alicerçada na fenomenologia, no humanismo e no existencialismo. Os grandes temas de sua análise existencial, como morte, finitude, temporalidade e sentido da vida, foram apreendidos, sobretudo, vivencialmente, uma vez que Frankl, assim como Kierkegaard (1813-1855), foi um pensador a procura de uma verdade pela qual estava disposto a viver e também a morrer (Aquino et al., 2014).
A Logoterapia é uma técnica psicoterápica que procura estimular os pacientes a buscarem o sentido da vida. Segundo essa corrente de pensamento, o homem é interpretado como o resultado de um conjunto entre o corpóreo, o psíquico e o espiritual. Para Viktor Frankl, o homem está no centro e tem como impulso primário aquilo que chamou de “vontade de sentido”, isto é, a vontade de descobrir o sentido da vida, que pode ser encontrado no amor, numa obra ou executando uma determinada tarefa (Funks, 2019).
Sentido de vida (SV) tem sido considerado o núcleo e a chave para o entendimento do bem-estar, da motivação e uma necessidade humana (Frankl, 1946/2012; Heintzelman & King, 2019, 2014; Hill, 2018). Segundo Seligman (2019), um dos fundadores do movimento da psicologia positiva, SV deve ser incorporado às pesquisas e práticas em psicologia para que estas sejam capazes de proporcionar às pessoas uma vida mais significativa, prazerosa, feliz e, portanto, que vale a pena ser vivida. Assim, esse conceito, ancorado diretamente na filosofia e discutido amplamente dentro da psicologia por Viktor E. Frankl (1946/2012), tem recebido cada vez mais espaço e reconhecimento dentro da pesquisa em psicologia.
Quem conhece um sentido para a sua vida encontra, na consciência desse fato, mais do que em outra fonte, ajuda para a superação das dificuldades externas e dos desconfortos internos. Disto se infere a importância que tem, sob o aspecto terapêutico, a ajuda a ser prestada ao homem no afã de encontrar o sentido de sua existência e de nele acordar, enfim, o desejo semidormente do sentido (FRANKL, 1991)
As pessoas constroem o sentido de sua existência a partir de suas expectativas e aprendizados sobre as relações estabelecidas com o ambiente, ou seja, o mundo tem sentido na medida em que atende às expectativas/crenças que o indivíduo nutre sobre ele (Heine et al., 2006; Proulx, 2013; Proulx & Inzlicht, 2012).
Segundo Juliana Schmitt (2022), é descrito que o luto, é a demonstração do sentimento que se tem pela morte de parentes, amigos, etc. […] é a demonstração pública das dores que sofremos; é o vestido de lágrimas que traz aquele que tem de chorar por um morto, é um sinal de saudade e de dor, é a lagrima de fazenda preta que se derrama pelos que morrem. (Schmitt, 2022).
O Conjunto de reações, sentimentos e experiências de quem perde algo ou alguém é denominado processo de luto. O luto pode surgir quando a pessoa está atravessando o fim de um relacionamento, a perda de um ente querido, de um emprego, de um sonho, a descoberta de alguma doença, entre outros. Enfatiza que a sociedade impossibilita a expressão da dor por morte, então ela passa a ser reprimida, escondida, solitária. Desse modo o indivíduo em processo de compreensão de luto em busca do sentido da vida deve enxergar que, não é o sentido da vida de um modo geral, mas antes o sentido é específico da vida de uma pessoa em um dado momento, sendo ele durante um processo do luto ou a busca pelo sentido da vida após a perda, podemos encontrar sentido na vida quando nos confrontamos com uma situação sem esperança, quando enfrentamos uma fatalidade que não pode ser mudada (Frankl, Viktor Emily. Pág. 75).
No processo de morte, nos distanciaremos do que significa esse período em que estamos vivos, conscientes e capazes de decidir o que fazer com ele. A percepção do morrer traz a consciência de que nada do que temos ficará conosco. (Arantes, 2019).
Portanto, este trabalho baseou-se na seguinte pergunta norteadora: “Como é para o indivíduo, a compreensão da perda e o luto, diante o sentido da vida segundo Viktor Frankl?”, e tem como objetivos, compreender sobre a perda e o luto, e suas várias formas, assim como suas diversas manifestações, onde se apresenta a percepção desses temas em relação ao sentido da vida. E também analisar sob o olhar da Logoterapia, através da perspectiva apresentado por Viktor Frankl.
Portanto, nesse contexto. Se percebemos que a vida realmente tem um sentido, percebemos também que somos úteis uns aos outros. Ser um ser humano, é trabalhar por algo além de si mesmo (Frankl, Viktor Emily 1905-1997). O trabalho mostrará como o estudo do tema pode ser aplicado na área da saúde mental a fim de que haja compreensão sobre a perda e o luto diante a busca do sentido da vida.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA
A temática abordada no presente artigo tem como sua finalidade, falar sobre o sentindo da vida, onde o “sentido é exclusivo e específico, uma vez que precisa e pode ser cumprido somente por aquela determinada pessoa […], a qual estão compreendendo a perda e o luto de seu ente querido, somente então esse sentido assume uma importância que satisfará sua própria vontade de sentido” (Frankl, Viktor Emily, pág. 70), deste modo Viktor Frankl (1991) diz que o indivíduo tende a questionar-se sobre tudo e perde totalmente o sentido de sua vida, aonde passa a indagar-se sobre qualquer coisa que os outros e até mesmo ele venha a fazer em um estado de melancolia.
A morte constitui ainda um acontecimento medonho, pavoroso, um medo universal, mesmo sabendo que podemos dominá-los em vários níveis […]. Há muitas razões para se fugir de encarar a morte calmamente. Uma das mais importantes é que; hoje em dia, morrer é triste demais sob vários aspectos, sobretudo é muito solitário, muito mecânico e desumano (Kubler-Ross, 1996).
A morte é uma figura presente, e destaca-se que a compreensão dela em si, segundo Kubler-Ross (1996), sob o ponto de vista psicológico, o homem tem que se defender de vários modos contra o medo crescente da morte e contra a crescente incapacidade de prevê-la, e precaver-se contra ela.
Diante disso Ariès (1990 Pag. 36) enfatiza que a sociedade impossibilita a expressão da dor por morte, então ela passa a ser reprimida, escondida, solitária. Assim, contribuindo para o aumento do desconforto das repercussões da perda, pois, perante a sociedade, a morte, o feio e o diferente não têm mais espaço (Rabelo, 2006).
A morte também pode evocar a pergunta pelo sentido da vida (Frankl, 1990), gerando uma ansiedade existencial que levaria o ser humano a uma busca de significado para a existência. (Aquino, Aguiar, Vasconcelos & Santos, 2014).
O homem é tridimensional, pois ele é biopsicoespiritual, possui essas três dimensões, e sempre poderá decidir quem ele é, e isso também faz do homem, único e irrepetível, ninguém pode ser o outro, cada um deve por si mesmo cumprir o seu chamado. A visão do homem na escola Frankliana está fundamentada em três pilares, a saber: a Liberdade da Vontade, a Vontade de Sentido e o Sentido da Vida. (Crnkovic, Silva, Almeida, Rodrigues & Leoncio 2024).
O Primeiro pilar que é chamado de a Liberdade da Vontade, apresenta que não existem fatores determinantes no que diz respeito à pessoa humana, a liberdade implica na vontade humana, de um ser impermanente. Sendo o homem livre para tomar uma atitude independente das circunstâncias que lhe ocorrem. (Frankl, 2011).
O Segundo pilar da Logoterapia é chamado de Vontade de Sentido, a ânsia obstinada do homem para encontrar um significado a sua vida. a vontade de sentido é frustrada pela busca de si mesmo e isso gera vazio ou ausência de sentido […].
O Sentido da Vida é o terceiro pilar da Logoterapia Viktor Frankl afirma por diversas, vezes em seus escritos que há um sentido para a vida, um sentido ao qual o homem busca incansavelmente, e que livremente, pode escolher realizar esse sentido ou não. (Frankl, 2011).
A busca pelo sentido, não parte somente de momentos alegres, o sofrimento faz parte do processo da busca, sendo necessário ressignificá-lo, a dor, a morte e o sofrimento (luto), para Viktor Frankl o indivíduo é instigado a procurar o seu sentido. Uma vida sem sentido é uma vida sem realização. O sentido pode ser encontrado também na dor e no sofrimento, a vida é sofrimento, e sobreviver é encontrar significado na dor, se há, de algum modo, um propósito na vida, deve haver também um significado na dor e na morte. Mas pessoa alguma é capaz de dizer o que é este propósito. Cada um deve descobri-lo por si mesmo, e aceitar a responsabilidade que sua resposta implica. Se tiver êxito, continuará a crescer apesar de todas as indignidades. (FRANKL, 1991, Pag. 8).
A verdade é que o ser humano não vive apenas de bem-estar (FRANKL, 1991, p.121), é sempre necessário encontrar um “ por que “ e “ para que” aquele sofrimento estar presente em sua vida, o sofrimento é uma das formas de sentido, onde o indivíduo é livre para indagar-se.
Gillies e Niemeyer (2006) destacam que o processo adaptativo de luto envolve a reconstrução do sistema de significados e que implica na auto-organização de narrativas ou histórias de perda como, por exemplo, na procura dos sentidos e dos benefícios da perda, e em mudanças na identidade. (Luna, 2020).
Uma pessoa pode superar um luto a partir do reconhecimento daquilo que essencialmente foi oferecido por quem partiu e que pode ser conservado existencialmente. […] A pessoa é livre para responder às questões que a vida lhe apresenta, e essa liberdade deve ser interpretada conjuntamente em termos de responsabilidade. (Corrêa, 2012).
O Sofrimento de certo modo deixa de ser sofrimento no instante em que encontra um sentido, como o sentido de um sacrifício, assim sendo algumas coisas só podem ser feitas por você mesmo. (Frankl, 1991, pág. 77)
De alguma forma, o sentido aponta para uma relação, seja com um valor, com uma crença ou com pessoas. É uma relação direta quando um paciente afirma que a família é o mais importante para ele ou quando diz que deseja ver os filhos e netos crescerem; é direta, também, quando recorre a Deus como provedor de forças e esperança para lidar com situações difíceis. (Hoffmann, Santos & Carvalho, 2021).
3 METODOLOGIA
A Realização dos procedimentos metodológicos deste presente artigo deu-se através de pesquisa bibliográficas qualitativa.
Realizada pesquisa bibliográfica, que de acordo com Gil (2002), entende-se como a leitura, a análise e a interpretação de material impresso. Entre eles podemos citar livros, documentos mimeografados ou fotocopiados, periódicos, imagens, manuscritos, mapas. Sendo também feita coleta de dados no livro de Viktor Frankl (1905-1997), “em busca do sentido da vida”, e artigos disponíveis gratuitos na internet, aonde tem como seu objetivo desenvolver um entendimento do assunto.
Os critérios de Inclusão usados foram os artigos disponibilizados na internet, de 2012 a 2024 a qual estava dentro do contexto do tema proposto, juntamente com o livro de Viktor Frankl sobre o sentido da vida, com combinações de palavras nos descritores: luto, morte, logoterapia e sentido da vida. Os materiais utilizados para a realização desta pesquisa deram-se através dos sites: Pepsic, BVS, Google acadêmico e Scielo, através de análise de dados com seleção de artigos.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
Através das combinações dos descritores foram encontrados, no total, 21 artigos. Entretanto, 11 foram removidos pelos critérios de exclusão, dentre os quais 6 foram removidos após a leitura na íntegra, sendo selecionados 04 artigos no total. O fluxograma da busca está ilustrado na Figura 1 e a descrição dos artigos selecionados está apresentada no Quadro 1
Figura 1 – Fluxograma do estudo
Fonte: Autoria própria (2024)
Quadro 1: Descrição de artigos selecionados
TITULO DO ARTIGO | REFERÊNCIA | |
2012 | Do luto ao sentido: aportes da logoterapia no espaço psicoterapêutico | Corrêa, Diogo Arnaldo. Do luto ao sentido: aportes da logoterapia no espaço psicoterapêutico. Psicol. teor. prat., Dez 2012, vol.14, no.3, p.180-188. ISSN 1516-3687. |
2014 | Falando de morte e da finitude no ambiente escolar: um estudo à luz do sentido da vida | Aquino, T. A. A. de ., Aguiar, A. A. de ., Vasconcelos, S. X. P. de ., & Santos, S. L. dos .. (2014). Falando de morte e da finitude no ambiente escolar: um estudo à luz do sentido da vida. Psicologia: Ciência E Profissão, 34(2), 302–317. https://doi.org/10.1590/1982-3703000092012 |
2021 | Sentidos de vida e morte: reflexões de pacientes em cuidados paliativos | Hoffmann, L. B., Santos, A. B. B., & Carvalho, R. T.. (2021). Sentidos de vida e morte: reflexões de pacientes em cuidados paliativos. Psicologia USP, 32, e180037. https://doi.org/10.1590/0103-6564e180037. |
2024 | O enfrentamento do luto a partir dos pilares da logoterapia | Crnkovic, l. H.; Silva, a..; Almeida, c..; Rodrigues, l..; Leoncio, s.. O enfrentamento do luto a partir dos pilares da logoterapia. EDUCAFOCO – Educação, pesquisa e formação continuada – Revista eletrônica interdisciplinar e internacional do Programa de Pós-graduação, pesquisa e extensão do Centro Universitário Ítalo Brasileiro., [S. l.], v. 5, n. 2, 2024. Disponível em: https://educafoco.italo.br/index.php/educafoco/article/view/165 |
Fonte: Autoria própria (2024)
1. O papel da logoterapia no processo do luto
No Artigo o “Enfrentamento do Luto a partir dos pilares da Logoterapia”, os autores Crnkvic et al., (2024), utilizam os três princípios da Logoterapia, liberdade de vontade, vontade de sentido e sentido da vida, para exemplificar como os indivíduos podem encontrar várias formas para enfrentar o luto. Eles resguardam, que, ao enfrentar uma perda, as pessoas precisam reconhecer a sua liberdade ao decidir a como irá reagir à dor e à falta do ente querido. Através deste ponto de vista, enfatiza a real importância de ter a própria consciência e liberdade de sua escolha, sendo primordial para a reinterpretação do próprio sofrimento.
Neste mesmo sentido, em outros artigos Aquino et al., (2014) destaca que a morte e o morrer não seriam algo que destituiria a vida de um sentido, pois o caráter transitório da vida é que impulsiona o ser humano a buscar um sentido para realizar determinada tarefa. O que é próprio de cada indivíduo devido ao processo de subjetivação do que a morte representa e do que vem atrelado a ela, conforme Hoffmann, Santos, & Carvalho (2021). Portanto, a descoberta de sentido para o luto passa pela livre escolha. A pessoa é livre para responder às questões que a vida lhe apresenta, e essa liberdade deve ser interpretada conjuntamente em termos de responsabilidade. (Corrêa, 2012).
Em seu livro Em Busca de Sentido Frankl (1991), aborda essas mesmas questões, em um cenário diferente, dentro dos campos de concentração. Aonde visa demonstrar como, mesmo nas circunstâncias mais desumanas, o ser humano possui a capacidade de escolher sua resposta ao sofrimento, passando a sua ideia de que, mesmo diante da morte ou da dor da perda, existe um meio de liberdade. No entendimento de Frankl é mais prático e existencial, já que ele fundamenta suas reflexões em suas experiências pessoais de sobrevivência, enquanto o artigo foca em lutos cotidianos, como a morte de um familiar ou transformações na vida diária.
Os artigos selecionados e o livro de Frankl destacam o valor da vontade de sentido como uma força motriz, primordial para responsabilizar-se com a dor e o sofrimento. Corrêa, (2012) destaca dentre as três categorias de valores que proporcionam a descoberta e realização de sentido na vida, os valores de atitude relacionam-se à postura que a pessoa pode tomar em relação ao sofrimento inevitável. Crnkovic et al., (2024), apontam que, ao sentir dor, o indivíduo deve se engajar na busca de sentido, mesmo diante de uma perda significativa. Podendo se manifestar de várias formas, como aceitar o que ainda pode ser feito em sua vida ou transformar a dor em um novo objetivo.
Uma das visões centrais da Logoterapia é a ideia de que o sentido da vida pode ser encontrado mesmo em momentos de profundo sofrimento, como o processo de luto. A logoterapia definiu o ser humano como um ser que almeja, em última instância, constituir uma existência plena de sentido. Aquino et al., (2014), os autores Crnkovic et al., (2024) argumentam que a Logoterapia fornece um modelo eficiente para ajudar as pessoas a lidar com a dor da perda, permitindo-lhes encontrar um novo significado na vida após a perda. Abordam como a capacidade de encontrar esse sentido é individual e nasce da vontade de superação e da resistência.
Apesar do artigo de Crnkovic et al., (2024). Abordar a dor principalmente a partir de uma perspectiva teórica, aplicando os princípios da Logoterapia de formas, mas vasta e didática, o livro de Frankl (1991), oferece uma aplicação prática dessa teoria à sua experiência de vida. Frankl considera sua experiência no campo de concentração uma prova da capacidade humana de encontrar sentido, mesmo em meio ao sofrimento mais profundo. Em comparação, o artigo apresenta exemplos mais genéricos e cotidianos de dor, como a perda de um ente querido, a perda de um emprego ou grandes mudanças na vida, sem a profundidade emocional do testemunho pessoal de Frankl.
As obras convergem na ideia de que o ser humano possui uma capacidade inata de encontrar sentido mesmo em meio ao sofrimento, inclusive à dor. Os autores Aquino et al., (2014) ressalta que se trata de uma motivação primária, tendo em vista que não seria uma derivação de outro fenômeno, como um subproduto; dessa forma, constitui-se como uma motivação genuinamente humana.
No entanto, Crnkovic et al., (2024), fornece uma visão mais teórica e desenvolvida de como os princípios da Logoterapia podem ser aplicados à dor, enquanto Em Busca de Sentido Frankl (1999), fornece um exemplo importante e prático de como os mesmos princípios podem ser vividos e experimentados na prática. Juntos, os dois contribuem para uma compreensão mais rica e completa de como lidar com a dor da perda, fornecendo os fundamentos teóricos e as evidências empíricas para a eficácia da Logoterapia no enfrentamento do luto.
2. Morte e o sentido da vida
Podemos dar vários sentidos a vida, e a partir disso que encontramos o verdadeiro sentido da morte, segundo os autores Aquino et al., (2014) o ser humano apresenta diversas atitudes e percepções sobre a morte. Neste mesmo sentido Hoffmann, Santos, & Carvalho, (2021) diz que se refere a um sofrimento de natureza existencial e espiritual. Portanto, encontrar um sentido para a vida, qualquer que seja, promove melhor aceitação e adaptação ao contexto de terminalidade.
Frankl (1991) afirma que a vida é sofrimento, e sobreviver é encontrar significado na dor, se há, de algum modo, um propósito na vida, deve haver também um significado na dor e na morte. E com isso para Hoffmann, Santos, & Carvalho, (2021) os principais sentidos atribuídos à vida e à morte foram identificados como autorrealização, que promove sentimentos de plenitude e satisfação com a própria vida; família, tida como propósito e motivação para se continuar vivendo, e uma aceitação da morte com naturalidade.
Portanto, para Aquino et al., (2014) o ser humano vai se construindo e se modelando, em alguns momentos experienciando vivências, em outros momentos sofrendo. A vivência do luto pode variar entre uma e outra pessoa, considerando a singularidade, irrepetibilidade e unicidade do ser humano. Corrêa, (2012).
Para os autores Crnkovic et al., (2024) apesar da morte, é possível encontrar seu sentido, realizando seus valores. Dessa forma, Hoffmann, Santos, & Carvalho, (2021) sentido aponta para uma relação, seja com um valor, com uma crença ou com pessoas. Aquino et al., (2014) a preocupação com valores decorre da consciência da finitude. Em outras palavras, o ser humano preocupa-se com a realização de valores porque sabe que um dia irá morrer, surgindo o desejo/vontade de conferir à vida um significado.
A pessoa se diferencia dos outros seres e faz a experiência da existência a partir da capacidade da intencionalidade que possibilita a direção para algo ou alguém além de si mesmo, ou seja, a direção para o sentido e para a realização de valores, segundo Corrêa, (2012). Frankl (1991) ressalta que estes valores, no entanto, não podem ser escolhidos e adotados por nós num nível consciente, pois constituem algo que nós somos. Eles se cristalizaram no curso da evolução da nossa espécie, estão fundamentados no nosso passado biológico e é lá que têm suas raízes.
CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento deste artigo permitiu uma análise aprofundada do tema, a compreensão da perda e o luto, diante o sentido da vida segundo Viktor Frankl e oferece novas perspectivas e ideias. Os dados obtidos e a analise realizada mostraram que as principais descobertas sobre este tema são feitas a partir da breve perspectiva de Frankl sobre a perda e o luto, onde se propõe encontrar sentido nas experiências dolorosas, sendo uma resposta reativa a dor causada pela perda, dando assim uma nova chance de um novo sentido na vida. É mostrado, ainda que a dor nos permite fazer uma conexão com o que realmente importa encontrar um proposito mesmo na dor, começar a construir um novo sentido na realidade transformada pela perda, tendo um novo sentido na vida.
Apesar dos avanços alcançados, durante o estudo foi possível identificar algumas limitações, como a busca de artigos relevantes, no tema principal, o que tornou necessário estender a busca para os últimos 12 anos 2012- 2024, para poder obter recursos suficientes, para o desenvolvimento do artigo, o que pode ter influenciado nos resultados e, assim sugere-se a necessidade de realização de mais trabalhos nesta temática a serem aplicadas em pesquisas futuras.
Em síntese, espera-se que este trabalho contribua para a ampliação do conhecimento sobre o tema relevante, incentivando a realização de novas pesquisas capazes de confirmar ou fortalecer as conclusões aqui apresentadas.
REFERÊNCIAS
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[1] Discente do Curso Superior de Psicologia da Faculdade Carajás. e-mail: teixeiranatalia99@gmail.com
[2] Discente do Curso Superior de Psicologia da Faculdade Carajás. e-mail: sabrinaaraujoseabra2020@gmail.com
[3] Docente do Curso Superior de Psicologia da Faculdade Carajás. Especialista em Gestalt Terapia e Psicopedagogia. e-mail: renilde.ribeiro@carajasedu.com.br