PERCEPÇÕES DOS PROFESSORES DE BIOLOGIA E ALUNOS DO ENSINO MÉDIO  EM RELAÇÃO ÀS METODOLOGIAS ATIVAS 

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11301737


Priscila de Souza Rosa Barroncas1


O presente estudo é resultado da investigação realizada a partir de uma  intervenção pedagógica com um grupo de 37 professores de biologia e 412  alunos das escolas públicas do município de Manaus – AM. Como objetivo analisar a percepção dos professores de Biologia e alunos do ensino médio em  relação às metodologias ativas. A metodologia utilizada no desenvolvimento do  estudo seguiu o enfoque fenomenológico qualitativo com abordagem didático  pedagógica entre os professores de biologia da rede estadual de ensino médio,  Manaus – AM. A coleta de dados foi realizada por meio de dois questionários, o  primeiro constituído por 03 questões abertas e 16 questões fechadas, aplicado  a 37 professores de biologia do ensino médio de 10 escolas públicas estaduais  de Manaus. O segundo questionário foi composto por 11 questões fechadas  aplicadas a 412 alunos do ensino médio das escolas selecionadas. Os  questionários foram desenvolvidos através de uma ferramenta disponível na  plataforma Google, conhecido como formulários, e posteriormente  compartilhado um link entre os professores e alunos. Na análise de resultados,  foi possível verificar a necessidade da inserção mais ativa das metodologias  ativas no cotidiano escolar. Se desejamos que os discentes sejam proativos é  preciso adotar metodologias em que os alunos se envolvam em atividades  complexas que tenham que tomar decisões e avaliar os resultados com apoio  de materiais didáticos relevantes. Portanto, pode-se concluir que as  metodologias ativas constituem uma inovação e um grande caminho para a  construção de uma educação de qualidade, a partir de métodos que sejam  relevantes para o desenvolvimento acadêmico do aluno. 

Palavras-chave: Metodologias Ativas. Professores de Biologia. Formação  Continuada. 

Prática Educacional Inovadora 

O termo inovação é polissêmico e muda de acordo com o tempo, os  contextos socioculturais, as conjunturas econômicas e políticas. Esse vocábulo  origina-se do latim innovatio, e refere-se a renovar, fazer de novo, mudar,  introduzir alguma novidade. Em sua formulação mais usual, inovação designa  mudança, novidade, dinamismo, renovação (CARBONELL, 2002; HANNAN;  SILVER, 2006; LIBEDINSNKY, 2001).  

Nesse contexto, inovação pedagógica ou novas práticas de ensino é  considerada como desenvolvimento de propostas pedagógicas que são  demarcadas pela novidade em sua constituição e execução; tem relações com  a construção de uma gestão inovadora na educação e com um compromisso  da sociedade e das instituições educativas em desenvolver naturalmente propostas educativas comprometidas com o processo de mudanças sociais,  valorização dos sujeitos e de suas aprendizagens, o que exige investimentos  em recursos humanos e materiais, além de ações sociais no desenvolvimento  de projetos educativos.  

Carbonell (2002) destaca que o fato de encher as salas de  computadores sem mudar as concepções sobre ensino e aprendizagem gera apenas mudanças epidérmicas e quantitativas, mais que qualitativas. Desse  modo, adverte que além do domínio de uma estratégia, o estudante deveria  desenvolver habilidades para discriminar a informação relevante, analisá-la e  interpretá-la. Inovação é definida como “um conjunto de intervenções, decisões  e processos, com certo grau de intencionalidade e sistematização, que tratam  de modificar atitudes, ideias, culturas, conteúdos, modelos e práticas  pedagógicas” (CARBONELL, 2002, p. 19).  

Perante este argumento, inovar não significa apenas introduzir as  novas tecnologias na sala de aula, as quais provocam uma modificação parcial  e generalizada da aula, pois a inovação é gerada a partir de um movimento de  ruptura de um paradigma de ciência e educação estabelecido, o tradicional e  hegemônico em nossa sociedade (CUNHA, 2001, 2009; HANNAN; SILVER,  2006). 

Na perspectiva de Torres (2000), o que tem prevalecido são as  metodologias de ensino fundadas na transmissão do conhecimento, uma  contramão do ponto de vista das novas demandas emanadas da sociedade  atual. O contexto de realização da inovação pedagógica na sala de aula, está  interpenetrado pela ideia das concepções que subjazem as ações educativas  na perspectiva do docente e da instituição. Assim, as práticas que se  aproximam, de fato, de uma inovação pedagógica pautam-se na ruptura com o  paradigma tradicional e hegemônico da ciência moderna. 

Desse modo, a inovação pedagógica necessariamente reclama outra  concepção formativa e de ação educativa por parte dos professores e  estudantes, ancoradas na visão de mundo-sociedade-educação  multidimensional, dialética e crítica, fundadas na criatividade, ação-reflexão crítica e busca constante pela dinamização da aprendizagem.  

A participação do professor em uma ação formativa pode transformar,  de maneira sutil e profunda, a sua relação com a docência. Todavia, os  professores têm tido poucas oportunidades de participarem de ações  institucionais que visam o seu desenvolvimento profissional, o que contribui  para que a docência seja uma atividade pouco discutida, uma profissão  considerada fácil. Entretanto, há que se considerar a complexidade da  docência e dos papéis que desempenha profissionalmente o professor, motivo  pelo qual este deve submeter-se a um processo de formação continuada, no  que diz respeito ao campo pedagógico. 

Metodologias Ativas e o Ensino de Biologia 

A escola padronizada, que ensina e avalia a todos de forma igual e  exige resultados previsíveis, ignora que a sociedade do conhecimento é  baseada em competências cognitivas, pessoais e sociais, que não se adquirem  da forma convencional e que exigem proatividade, colaboração, personalização  e visão empreendedora (MORÁN, 2000).  

Como enfrentamento a este modelo tradicional imposto e aceito ao  longo do tempo, tem-se lançado mão das metodologias ativas de ensino e  aprendizagem, nas quais é dado forte estímulo ao reconhecimento dos  problemas do mundo atual, tornando os alunos capazes de intervir e promover as transformações necessárias. As metodologias ativas surgem como proposta  para focar o processo de ensinar e aprender na busca da participação ativa de  todos os envolvidos, centrados na realidade em que estão inseridos. Trata-se  de um processo amplo e possui como principal característica a inserção do  aluno como agente principal responsável pela sua aprendizagem,  comprometendo-se com seu aprendizado.  

As metodologias ativas surgiram no final do século XIX para contestar  a pedagogia tradicional, pois esta era administrada para modelar o aluno, isto  é, o método de aprendizagem era repetitivo; logo, aprender era exclusivamente  memorizar. Assim, a tarefa do professor era somente transmitir seus  conhecimentos, deixando os alunos excluídos, já que estes acabavam tendo  unicamente a função de receber e absorver os conteúdos e informações  passadas pelos docentes, fator que dificultava para o estudante se manifestar  de maneira crítica sobre suas opiniões e concepções. 

As metodologias ativas aproximam-se cada vez mais dos espaços  formais de ensino, por trazerem contribuições positivas nos processos de  ensino. Estratégias de ensino norteadas pelo método ativo têm como  características principais, o aluno como centro do processo, a promoção da  autonomia do aluno, a posição do professor como mediador, ativador e  facilitador dos processos de ensino-aprendizagem e o estímulo à  problematização da realidade, à constante reflexão e ao trabalho em equipe  (DIESEL; MARCHESAN; MARTINS, 2016).  

Visando fortalecer essa discussão, menciona-se, também, a definição  de Pereira (2012): 

Por metodologia ativa entendemos todo o processo de organização  da aprendizagem (estratégias didáticas) cuja centralidade do processo esteja, efetivamente, no estudante. Contrariando assim a  exclusividade da ação intelectual do professor e a representação do  livro didático como fontes exclusivas do saber na sala de aula  (PEREIRA, 2012). 

A partir dessa reflexão, é possível inferir que, em oposição às  experiências pedagógicas sólidas e conteudistas, as atuais demandas sociais  exigem do docente uma nova postura e o estabelecimento de uma nova  relação entre este e o conhecimento, uma vez que cabe a ele, primordialmente, a condução desse processo. Com efeito, essas exigências implicam em novas  aprendizagens, no desenvolvimento de novas competências, em alteração de  concepções, ou seja, na construção de um novo sentido ao fazer docente,  imbuído das dimensões ética e política (BASSALOBRE, 2013). 

Aprendizagem Significativa – Desafios do Ensino de Biologia 

Na escola tradicional, o conhecimento humano possui caráter  cumulativo, adquirido através da transmissão dos conhecimentos, sendo o  aluno passivo, com papel irrelevante na elaboração e aquisição do  conhecimento. As críticas à escola tradicional deram início às novas  abordagens de ensino, que tiveram de partir da própria abordagem tradicional  como referencial teórico e prático de ensino (LEÃO, 1999). Assim, é necessário  fazer bom uso dessas teorias e, em seguida, com base no processo de  aprendizagem, estudar as abordagens metodológicas adequadas às  necessidades do ensino (ARAUJO & SLOMSKI, 2013).  

Para Mendes (2009), o ensino é composto por três pilares: professor,  aluno e conteúdo. O autor afirma que por meio do método de ensino é que se  define a posição tomada pelo professor em relação ao aluno e essa posição  pode ser canalizada para o professor ou focada para o aluno. Nesse sentido,  as metodologias ativas se uniram para motivar e criar interesse pelo aluno, e  por meio delas, utilizam-se técnicas que exigem a participação dinâmica do  discente nas atividades de aprendizagem (GIMENEZ et al. 2010). Em outras  palavras, os estudantes não são receptores passivos, mas sujeitos ativos no  processo de aprendizagem. 

Ensinar biologia é uma tarefa complexa, exige que professor e aluno  lidem com uma série de palavras diferentes, com pronúncias difíceis e escrita  que diverge da linguagem comumente usada pela população. Além disso, o  currículo da biologia para o ensino médio coloca ao professor o desafio de  trabalhar com uma enorme variedade de conceitos, com conhecimentos sobre  toda uma diversidade de seres vivos, processos e mecanismos que, a  princípio, se apresentam distantes do que a observação cotidiana consegue  captar.

Na outra ponta desse dialético processo de ensino-aprendizagem, o  aluno apresenta conhecimentos prévios adquiridos em sua experiência de vida,  carregando também algumas resistências diante dos novos conhecimentos da  escola. Assim, ao professor, é colocado o desafio de lidar com diferentes  conteúdos da biologia, sem negligenciar as experiências dos alunos. 

Krasilchik (2005), destaca que a biologia pode ser um dos componentes curriculares mais relevantes e merecedoras da atenção dos  educandos, ou uma das mais insignificantes, dependendo do que for ensinado  e de como é ensinado. A autora chama a atenção dos professores de biologia  para as questões: o que ensinar e como ensinar? O professor e, neste caso, o  de biologia, deve atentar para o significado da Ciência e da Tecnologia,  evitando posturas alienantes.  

A experiência como docente permite afirmar que os estudantes têm  formas diferentes de se relacionar com o estudo dos conteúdos. Há os que se  preocupam apenas com os resultados de seus estudos traduzidos pelas notas  ou conceitos, estes se relacionam de forma superficial com os conteúdos. Há  também, os que buscam esclarecimentos profundos com o estudo e passam a  analisá-lo para atingir uma visão ampla do conhecimento.  

Abordagem da Pesquisa 

A pesquisa foi desenvolvida seguindo uma abordagem fenomenológica  qualitativa com enfoque didático pedagógico entre os professores de biologia e  alunos do ensino médio de Manaus. A pesquisa foi realizada em 10 escolas  Públicas Estaduais da Coordenadoria Distrital 03, localizada Av. Nilton Lins,  3295 – Bloco I – Parque das Laranjeiras – Manaus, Amazonas.  

População e Amostra  

A população deste estudo caracteriza-se como amostragem por  acessibilidade ou por conveniência (GIL, 2011), do total de aproximadamente  60 professores de biologia das 10 escolas públicas estaduais selecionadas do  Distrito Educacional 3, participaram da pesquisa 37 professores das 1ª, 2ª e 3ª  séries do ensino médio e 412 alunos, o que corresponde a uma amostra de  30% das escolas da Coordenadora Distrital 03. O quantitativo dos professores e dos alunos que participaram da pesquisa foi por amostragem aleatória simples.  

Técnica e Instrumentos de Coleta de Dados 

Os dados desta pesquisa com enfoque qualitativo foram coletados  através de dois questionários, o primeiro constituído por 03 questões abertas e  16 questões fechadas, aplicado aos professores de biologia das 1ª, 2ª e 3ª  séries do ensino médio de 10 escolas públicas estaduais de Manaus. O  segundo questionário foi composto por 11 questões fechadas aplicadas aos  alunos das 1ª, 2ª e 3ª séries do ensino médio das escolas selecionadas. 

Os questionários foram desenvolvidos através de uma ferramenta  disponível na plataforma Google, conhecido como formulários, e  posteriormente compartilhado um link entre os professores e alunos. A  pesquisa contou com a participação de 37 professores de biologia e 412  alunos. 

Técnica de Análise de Dados 

Os resultados dos questionários foram tabulados, tratados de modo  estatístico descritivo e apresentados por meio de gráficos e tabelas, que  permitiu melhor análise dos resultados da pesquisa de campo. Esses  resultados somados a fundamentação teórica permitiu uma melhor  compreensão do comportamento dos atores envolvidos nessa pesquisa e com  base nos levantamentos de dados resultantes dos instrumentos aplicados,  foram construídas as categorias para análise da problemática que envolveu o  objeto de pesquisa, à luz de referenciais teóricos estudados. 

Resultados Alcançados 

As metodologias ativas por si só não são a solução do problema da  educação, elas colaboram nesta transição, mas com a participação e atuação  dos docentes dentro desta proposta de mudança, novos patamares e  perspectivas serão alcançados e uma nova geração de profissionais que irá  contribuir para a sociedade em que vivemos e assim estarmos aptos para  encarar novos níveis educacionais.

A nova geração de estudantes estabelece novas relações com o  conhecimento, o que confirma a necessidade de transformações no contexto  da educação. 

O ponto de vista da percepção docente, as metodologias ativas se  sobressaem em relação às metodologias tradicionais por proporcionarem maior  interação tanto com relação aos demais alunos, bem como com os docentes,  maior envolvimento, por aproximarem a teoria com a prática, por ser  desafiadora e uma proposta inovadora.  

Com base na percepção dos alunos, compreendemos que as  metodologias ativas se configuram em uma possibilidade de recurso didática  que otimizam e potencializam os processos de ensino e aprendizagem na  educação e essa compreensão se deu, por vários aspectos, mas  principalmente no que se remete à interação, e este aspecto, nos permitiu aliar  às metodologias ativas, à teoria de Reuven Feuerstein. Das metodologias  ativas no ensino de biologia mais utilizadas pelos professores as atividades em  grupos possibilitam o alcance de muitos objetivos, tais como: o exercício de  múltiplas habilidades intelectuais, valorização do trabalho em equipe,  desenvolvimento da capacidade de discussão, favorecimento do  reconhecimento de múltiplas interpretações sobre um mesmo assunto,  desenvolvimento da capacidade de observação do comportamento e  aprimoramento da capacidade de dar e receber feedback. 

Praticamente todos os professores (97,4%) consideram as  metodologias ativas uma proposta diferenciada de ensino e aprendizagem.  

Dos professores participantes da pesquisa 41% consideram boas as condições físicas das escolas em que trabalham, possibilitando provavelmente o  desenvolvimento de atividades práticas, como jogos, aulas em laboratório,  gincanas e palestras. Já 33,3% dos docentes consideraram ruins as  condições físicas das escolas em que trabalham. Portanto, podemos  considerar que aproximadamente 50% dos professores estão insatisfeitos  com as estruturas físicas das escolas em que trabalham.

Identificamos nas respostas obtidas que 89,7% dos professores  acreditam que as metodologias ativas são atividades diversas que geram um  maior interesse e participação dos alunos em sala de aula. 

O interesse maior dos alunos por estas metodologias envolve  provavelmente a utilização de tecnologias. Destaca-se nesta análise que o uso  de tecnologias, na percepção dos alunos, propicia uma maior participação dos  mesmos. 

Praticamente metade dos professores, 49% afirmaram que sua postura  frente a construção pedagógica sempre foi de criar atividades que colocassem  o aluno para raciocinar e construir seu conhecimento. Menos da metade dos  professores participantes 46% responderam que às vezes desenvolvem atividades  que induzem o estudante ao raciocínio crítico, utilizando-se mais de aulas  teóricas. 

Questionamos aos professores quais seriam os principais motivos pelo  desinteresse de alguns alunos pelas aulas ministradas e 32% dos professores  entrevistados responderam que os alunos acham as aulas monótonas, 30%  afirmaram que é devido à falta de apoio dos pais e os problemas familiares, 

27% responderam que o principal motivo são as escolas mal estruturadas,  ausência de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC´s) e corpo técnico  despreparado,11% dos professores concordaram que é devido à falta de  empenho, preparo e domínio do conteúdo por alguns colegas. 

Entre as metodologias ativas desenvolvidas pelos professores, Aulas  Práticas de Laboratório (69,2%), Trabalhos em Grupo (56,4%), Discussão e  Debates (56,4%), são as mais utilizadas durante suas aulas e consideradas  as que mais estimulam a aprendizagem entre os alunos.  

Mudanças estruturais no apoio técnico e de materiais, estabelece uma  boa mudança no delineamento de novas práticas de ensino aos professores de  biologia, considerando que 74,4% dos professores apontaram que a utilização  dos recursos tecnológicos contribui no processo de ensino e aprendizagem  conforme gráfico 14, 7,7% apontaram que o uso das tecnologias digitais é  insignificante, com pouca contribuição no processo de ensino aprendizagem.

Percebemos a partir desses resultados a necessidade das escolas fornecerem  apoio aos professores de equipamentos tecnológicos e capacitação técnica. 

Constatou-se com os dados obtidos que as metodologias ativas  desenvolvem o aprendizado prático dos alunos. Em meio às condições de  infraestrutura e apoio institucional, o professor deve propiciar ao aluno  condições para que ele faça parte desse processo de aprendizagem,  orientando-o para que sua aprendizagem seja significativa. Dessa forma,  74,4% dos professores consideram o aluno corresponsável pelo processo de  ensino-aprendizado, o que o faz ser um agente ativo no processo. Entretanto,  25,6% dos professores consideram o aluno um agente ativo, sendo o único  responsável pelo processo de ensino e aprendizagem. 

As atividades em grupos foram fortemente evidenciadas nas respostas  dos alunos, sendo que 44,6% consideraram que as atividades em grupo são  bastante produtivas, essa evidência pode ser constatada a partir de  experiências e observações realizadas ao longo da docência que confirmam  que essa é uma das atividades que proporcionam uma maior fixação dos  conteúdos. Apenas 11,3% dos alunos não consideraram significativas as  atividades em grupo, o que podemos apontar como um aspecto negativo  destacado pela percepção dos alunos. 

Considerando que 31,3% e 21,9% dos alunos, o que equivale  aproximadamente a 55%, apontaram que há pouco e nenhum uso dos recursos  tecnológicos nas metodologias ativas desenvolvidas pelos professores em sala,  resultado que se agrava quando 40,7% afirmaram que nenhum professor faz  uso desse recurso em suas aulas. 

Gaeta e Masetto (2010) apontam que a aprendizagem ativa pressupõe  maior e mais efetiva interação entre alunos e professores. Esta afirmação pôde  ser constatada ao questionarmos aos alunos, quais abordagens metodológicas  pesquisadas eles destacaram, e o resultado foi que 52,3% dos alunos  pesquisados enfatizaram trabalhos em grupo, entretanto 36,6% responderam  discussão e debates seguido de 34,9% aulas práticas de laboratório e ensino  com pesquisa.

Os dados da pesquisa, mostram que 48,7% dos alunos consideram  que o relacionamento professor/aluno é pouco facilitado pelas metodologias  ativas, entretanto, 35,9% consideram que essa interação é bastante  significativa e apenas 6% não consideram que o relacionamento  professor/aluno seja facilitado pelas metodologias ativas. As metodologias  ativas proporcionam uma relação mais próxima entre alunos e professores e  isso é considerado fator de importância para os alunos e para os processos de  aprendizagem, este aspecto está diretamente ligado a um aprendizado mais  eficaz e produtivo. 

Considerações Finais 

A intervenção pedagógica realizada neste estudo, tentou de maneira  modesta, propor uma alternativa para o contexto relatado. Posso expor que o  estudo teve seu objetivo geral alcançado, pois pude verificar, por meio dos  relatos dos docentes e também dos discentes, bem como com base nos  questionários respondidos pelos professores e alunos para subsidiar a  pesquisa, que uma formação continuada, com ênfase em metodologias ativas  de ensino, pode contribuir nas práticas pedagógicas dos professores e na  aprendizagem de seus alunos. 

É consenso que novas propostas metodológicas para o ensino de  biologia vêm sendo adotadas pelos professores, a fim de propiciar novas  experiências para os alunos. A maneira como a biologia é abordada em  ambientes escolares, muitas vezes, vem desmotivando os alunos. Aulas  ministradas exclusivamente de forma expositiva, são, em muitos casos, as  mais utilizadas pelos professores, o que faz com que o aluno encare a  disciplina de maneira desestimulante e desinteressante.  

Ao finalizar este trabalho o qual apontou vários fatores que contribuem  para o insucesso da aprendizagem, sob a visão de alguns professores de  biologia, percebeu-se que as causas demandam necessidades de  reestruturação na perspectiva profissional individual e no nível de sistema de  ensino público. 

Confirma-se que o aprofundamento dos conteúdos, pelos professores  da educação básica, geralmente, só se torna possível em momentos de estudos promovidos por cursos, encontros, seminários ou grupos de estudos.  Isto se deve, principalmente pela carga horária excessiva de trabalho docente e  pela necessidade de ter alguém com maior proximidade das descobertas  científicas para conceituar as mesmas, pois a maioria dos professores afirma ter dificuldades para compreender os desafios educacionais contemporâneos. 

Neste contexto, considera-se que este trabalho auxiliou o  desenvolvimento da compreensão necessária para uma prática pedagógica  capaz de subsidiar os processos significativos de ensino-aprendizagem, num  mundo extremamente complexo. Baseando-se nos resultados apresentados  reafirma-se que há necessidade de formação continuada e permanente para os  docentes, e esta formação deve estar atenta às reais necessidades da  educação básica no nível médio. 

A aplicação de diferentes metodologias de ensino, contextualizando os  conteúdos, de acordo com os professores pesquisados, constitui-se numa  forma eficiente de promover a aprendizagem dos educandos e considera-se  que a compreensão que o educando tem sobre a natureza do conhecimento é  fundamental para entender os conteúdos e relacioná-los com situações do  cotidiano. 

Assim, fica registrada a tentativa de colaborar com a atualização  metodológica de alguns professores e o desejo de que o ensino de biologia, no  nível médio, possa contribuir para a formação de indivíduos críticos, solidários  e responsáveis pelas suas atitudes e pelas implicações decorrentes das  mesmas. 

Diante dos resultados percebeu-se a necessidade de formação  continuada e permanente para os docentes, uma formação que atenda às reais  necessidades da educação básica no nível médio. Para isso é necessário  oferecer aos professores momentos de estudos promovidos por cursos,  encontros e seminários. Propor novos caminhos de aprendizagem, que envolva  os estudantes de maneira dinâmica e reflexiva que colabora com a construção  do conhecimento. 

Espera-se que o conhecimento sobre metodologias ativas, tenha  trazido mudanças positivas, que os educandos possam participar mais ativamente, visando construir seu próprio processo de aprendizado e ao  olharem o mundo de uma maneira mais crítica, possam desenvolver o senso  crítico e as percepções da sociedade em que vive, tendo oportunidade de  opinar sobre situações diversas e, assim, mostrarem seus conhecimentos de  mundo, tornando-se indivíduos de pensamentos criteriosos e questionadores. 

Contudo, para que este processo funcione efetivamente, não depende  apenas do aluno, mas também dos educadores, das escolas e das demais  instituições, que precisam colaborar e lutar para promover a autonomia desses  discentes. Diante dessa perspectiva, percebe-se a necessidade de práticas  pedagógicas que se proponham a ultrapassar a reprodução e a repetição do  conhecimento. Os professores são desafiados a buscar metodologias de  ensino cuja proposta esteja fundamentada numa aprendizagem pluralista que  permita articulação entre pesquisa e discussão coletiva crítica, oportunizando  aos educandos a convivência com a diversidade de opiniões e oferecendo-lhes  a possibilidade de aprender. 

Nestas condições, ações mais concretas devem ser desenvolvidas  para fortalecer diálogos entre professores, alunos e comunidade escolar, como a aplicação de práticas que contribuam ativamente para intensificar a  participação das famílias nas atividades escolares; criação de pequenos grupos  de formação para pais em temas relacionados à escola, aos estudantes e  mesmo aos conteúdos curriculares.  

As metodologias ativas constituem uma inovação e um grande caminho  para a construção de uma educação institucional brasileira de qualidade, a  partir de métodos que sejam aceitos, incluídos e disseminados na atual  educação brasileira. 

Conclusões 

Quando se fala em inovação na educação, a metodologia ativa é um  campo de experimentação, quando um educador se compromete a aplicá-la  dentro da sala de aula, ele aprende que não há como antever resultados, e que  todas as etapas do processo dependem do trabalho em conjunto, docentes,  discentes e a gestão da escola.

Com este trabalho pode-se concluir que a metodologia ativa é de  bastante relevância para a aprendizagem do aluno, pois possibilita um leque de  escolhas para uma aprendizagem que possa buscar o desenvolvimento crítico,  resolução de problemas e tomada de decisão. É importante que os professores  tenham clareza de quais são as competências e habilidades que desejam desenvolver nos alunos. 

Vale destacar que as metodologias ativas apenas permitirão a  estruturação de uma aprendizagem significativa quando professores e alunos  se vincularem de forma intensa nos processos educacionais. Assim, antes de  escolher perspectivas metodológicas necessárias, é preciso repensar a cultura  educacional, problematizando o papel dos atores principais, docentes e  discentes, e as formas como juntos podem modificar as relações de ensino aprendizagem. 

As metodologias ativas precisam fazer parte do cotidiano escolar, se  desejamos que os discentes sejam proativos é preciso adotar metodologias em  que os alunos se envolvam em atividades complexas que tenham que tomar  decisões e avaliar os resultados com apoio de materiais didáticos relevantes. 

O grande desafio da metodologia ativa é aperfeiçoar a autonomia  individual e uma educação capaz de desenvolver uma visão do todo,  transdisciplinar, que possibilite a percepção de aspectos cognitivos, afetivos,  socioeconômicos, políticos e culturais, constituindo uma prática pedagógica  socialmente contextualizada. 

Promover a aprendizagem significativa a partir das metodologias  ativas é parte de um processo educacional libertador, que visa o  desenvolvimento de homens conscientes de suas vidas e de papeis que  representam nelas. A vida cotidiana exige pessoas com versatilidade para agir  em diferentes contextos sociais e para que nossos alunos adquiram essa  autonomia precisam aprender significativamente e não somente para  responder às avaliações escolares. 

A educação precisa chegar a um novo paradigma e essa necessidade  leva a refletir a respeito das novas alternativas de ensino. A investigação  dessas estratégias dentro de sala de aula torna-se importante para a produção do conhecimento científico e para o fortalecimento da cultura científica na  Educação. 

Com tudo que foi proposto pode-se observar que o relevante problema  foi resolvido, pois, as estratégias por si não resolvem e não alteram  magicamente o processo, no entanto, elas são instrumentos valiosos para os  professores realmente comprometidos com a educação de qualidade. Estes  buscam recursos que tornem as aulas ambientes facilitadores da  aprendizagem, desafiando operações mentais dos alunos e favorecendo a  construção da autonomia do aluno e a construção do conhecimento. 

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1Doutora em Ciências da Educação. Professora de Biologia da Secretaria de Educação do  Amazonas (SEDUC). Manaus, Brasil: prosabarroncas@gmail.com