PERCEPÇÃO SOBRE RESISTÊNCIA BACTERIANA E UTILIZAÇÃO DE AMOXICILINA NA POPULAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO/SP

PERCEPTION OF BACTERIAL RESISTANCE AND USE OF AMOXICILLIN IN THE POPULATION OF THE CITY OF SÃO PAULO/SP

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11527287


Oshiro, BK1;
Martins, DM2


RESUMO

Este artigo aborda a crescente preocupação com a resistência bacteriana associada ao uso indiscriminado na amoxicilina, um dos antibióticos mais prescritos globalmente. O estudo investiga os mecanismos de resistência desenvolvidos pelas bactérias em resposta ao uso frequente desse medicamento e destaca a importância da conscientização sobre seu uso responsável. A pesquisa envolve revisão da literatura, análise de dados epidemiológicos e propostas de medida para combater essa resistência, com o objetivo de preservar a eficácia da amoxicilina como tratamento antimicrobiano. Conclui-se que a resistência bacteriana, não apenas à amoxicilina, como também a diversos outros antibióticos, é uma ameaça significativa à saúde pública, exigindo ações imediatas para sua contenção.

Palavras chaves: Estudo Transversal, Antibióticos, Amoxicilina, Resistência Bacteriana, Percepção Popular.

ABSTRACT

This article addresses the growing concern about bacterial resistance associated with the indiscriminate use of amoxicillin, one of the most prescribed antibiotics globally. The study investigates the resistance mechanisms developed by bacteria in response to frequent use of this medicine and highlights the importance of raising awareness about its responsible use. The research involves a literature review, analysis of epidemiological data and proposed measures to combat this resistance, with the aim of preserving the effectiveness of amoxicillin as an antimicrobial treatment. It is concluded that bacterial resistance, not only to amoxicillin, but also to several other antibiotics, is a significant threat to public health, requiring immediate action to contain it.

Keywords: Cross-sectional Study, Antibiotics, Amoxicillin, Bacterial Resistance, Popular Perception.

INTRODUÇÃO

Uma das formas de vida mais importantes e abundantes nos ecossistemas e seres vivos são as bactérias, as quais possuem uma relação íntima com diversos organismos complexos, como o ser humano, e está presente no trato gastrointestinal, trato genital, pele, boca, entre outros, onde esta comunidade é chamada de microbiota.¹ Esta microbiota desempenha um papel fundamental no auxílio da digestão e absorção de nutrientes no intestino, síntese de vitaminas e fortalecimento do sistema imunológico. Apesar de todos os

aspectos positivos que as bactérias podem proporcionar, há também diversas características que podem prejudicar a homeostase causando infecções.²

Nesses casos onde há um patógeno que é prejudicial para a saúde, é feito o uso de antibiótico, o qual é uma substância química criada para combatê-las. Os antibióticos atuam interferindo em funções vitais para as bactérias, como a síntese da parede celular, replicação do DNA, produção de compostos essenciais entre outras funções. Em condições normais, o antibiótico inibe o crescimento, acarretando à sua morte ou à sua incapacidade de se reproduzir. Esse medicamento é seletivo, afetando apenas às infecções bacterianas e não outras células humanas ou infecções virais.³

Um dos antibióticos usado pioneiramente é a penicilina, descoberta por Alexander Fleming em 1928. A descoberta da penicilina e a sua utilização mostrou-se amplamente eficaz no combate à diversas patologias, resultando em uma utilização irrestrita, não limitando-se apenas no tratamento terapêutico e pacientes acometidos por uma infecção, mas também, no uso desenfreado em produtos industrial agrícola e pecuária.⁴ Acarretando no surgimento de cepas que se diferenciam e se tornaram resistentes ao fármaco. Devido a esse desafio, há uma intensa busca por novos antibióticos com o objetivo de combater as novas cepas resistentes.⁵ Um exemplo de medicamento que surgiu é a amoxicilina, da classe das penicilinas, descoberto posteriormente com o intuito de promover uma penicilina de amplo espectro.⁶

As bactérias naturalmente possuem fatores de virulência que ajudam na sua sobrevivência ao fármaco e ao sistema imunológico, como cápsula, plasmídeo, enzimas, toxinas e ao ser exposta ao antibiótico, pode obter mecanismos de resistência naturais ou adquiridas, que por meio de seleção natural, conseguem sobreviver ao antibiótico.⁷ Esses microrganismos podem sofrer mutações genéticas, transferir genes de resistência entre si por meio de transdução, transformação, conjugação e transposição.⁸

A resistência bacteriana possui implicações que afetam a saúde pública, pois gera uma intensa corrida para o desenvolvimento de novos antibióticos, visto que as bactérias não respondem como o esperado ao tratamento terapêutico. Pode também levar a um tratamento mais prolongado com efeitos colaterais e grande risco de infecções graves.⁹ Diante disso, é necessário adotar medidas preventivas para manter a eficácia de antibióticos, como o uso responsável de antibióticos prescrito pelo médico, respeitando o tempo de uso e dispensação. Utilizar antibióticos apenas para infecções bacterianas e não virais, evitando o uso inadequado e consequentemente o desenvolvimento de resistência das bactérias já presentes no organismo, dificultando o tratamento terapêutico de futuras infecções bacterianas.¹⁰

A resistência bacteriana é um grande desafio para a saúde pública e a amoxicilina sendo um medicamento amplamente usado no tratamento de variadas infecções bacterianas, é também notável o crescimento da resistência bacteriana à amoxicilina, colocando em risco a sua eficácia. Este artigo busca trazer a conscientização sobre a importância do uso responsável de antibióticos e levar à luz os problemas que podem gerar, através do uso excessivo e incorreto dos antibióticos. A pesquisa contribui fornecendo informações para a prevenção e controle da resistência bacteriana para um melhor êxito no tratamento terapêutico. Esse artigo tem como objetivo principal, analisar aspectos que podem favorecer a resistência bacteriana e seus mecanismos associados ao uso de amoxicilina, visando discutir a relação entre o uso frequente do medicamento e o desenvolvimento da resistência bacteriana. Além de mencionar o impacto na saúde pública e na eficácia de tratamentos, altos custos e medidas de prevenção a fim da conscientização no uso responsável de antibióticos, dando ênfase à amoxicilina.

MÉTODO

O presente trabalho trata-se de um estudo transversal qualitativo de base proporcional, por meio de arguição, com aplicação de questionário online na plataforma “Google Forms” com questões fechadas e pré-codificadas. Seguindo as recomendações para pesquisas em seres humanos, vigentes no país, o estudo foi registrado na Plataforma Brasil e com aplicação  do termo de consentimento livre e esclarecido TCLE. Os respondentes foram informados sobre os objetivos da pesquisa e sobre a confidencialidade dos dados coletados. O questionário denominado “A utilização de antibióticos na cidade de São Paulo/SPcompreendeu perguntas com o objetivo de analisar o conhecimento popular a respeito do uso de antibióticos e sua relação com o desenvolvimento da resistência bacteriana. As variáveis socioeconômicas coletadas incluiram, região de moradia, idade, gênero e grau de escolaridade.

REFERENCIAL TEÓRICO

Mecanismos de transferência genética bacteriana

As bactérias podem possuir em sua estrutura o plasmídeo, material genético circular o qual possui genes responsáveis por resistir a antibióticos, sintetizando enzimas que destroem o antibiótico antes que consigam levar a morte celular. Essas bactérias são denominadas “Plasmídeo R” e também possuem a habilidade de transferir seu gene a outra bactéria devido ao fator F. O fator F é importante no processo, pois permite a transferência mais eficiente de material genético, incluindo genes de resistência à antibióticos, entre as bactérias.(LODDER, 1996)

Há diferentes formas de transferir o material genético entre as bactérias. Na transformação ocorre a liberação de DNA por lise através de uma bactéria doadora, e com o auxílio de proteínas ocorre a captura deste DNA pela bactéria receptora, incorporando este ao seu genoma. No processo de transdução, um bacteriófago injeta seu material genético que pode ser cromossômico ou plasmidial, durante um desenvolvimento de infecção celular, e então após a lise, ele pode replicar com o gene de resistência. Na conjugação, o processo acontece através do pili sexual entre a bactéria doadora e a receptora, precisando necessariamente de um contato físico entre elas, este processo está mais associado ao plasmídeo que podem possuir genes de resistência. Já no processo de transposição, determinado segmento de DNA possui genes “saltadores” chamados de transposons, nos quais eles se movem de uma região para a outra, dentro do mesmo DNA. Os transposons possuem genes de resistência, não tem auto replicação, mas podem pular entre plasmídeos, cromossomos e bacteriófagos e assim fazer sua replicação. ¹¹

Importância dos antibióticos beta-lactâmicos e seus desafios

Antibióticos como a Amoxicilina, fazem parte de uma classe chamada beta-lactâmicos, muito importante devido a sua baixa toxicidade e alta eficiência. Tem como característica o anel-lactâmico em sua estrutura molecular, possuindo um papel importante na atividade antimicrobiana pois interfere na síntese da parede celular da bactéria, levando à fragilidade e eventualmente a ruptura da parede celular.¹²

Os antimicrobianos desempenham uma importante atribuição no combate a infecções bacterianas, contudo, a eficácia desses agentes é frequentemente desafiada pela enzima beta-lactamases nos quais estão presentes em algumas bactérias tanto Gram-positivas quanto Gram-negativas. As beta-lactamases foram descobertas na década de 80 em cepas de Klebsiella sp. e posteriormente em cepas de Escherichia coli, essas bactérias que possuem beta-lactamases, hidrolisam o anel beta-lactâmico por meio de clivagem do vínculo amida no anel beta-lactâmico, resultando na inativação do antibiótico, pois perde a capacidade de inibir a biossíntese da parede celular bacteriana.¹³

Desde sua descoberta, foram produzidos novos antibióticos beta-lactâmicos com alterações em sua estrutura, desenvolvidos para resistir aos beta-lactamases. Entretanto, ainda é necessário o uso adequado de antibióticos para evitar mutações que podem ocorrer espontaneamente pelo uso contínuo desses medicamentos.

Abordagens para prevenção da resistência bacteriana

À medida que a resistência bacteriana continua a desafiar os limites dos tratamentos antimicrobianos convencionais, a necessidade de desenvolver novas estratégias terapêuticas contra infecções bacterianas torna-se cada vez mais premente. Esta busca por alternativas inovadoras é impulsionada pela compreensão dos mecanismos de transferência genética bacteriana e pela crescente importância dos antibióticos beta-lactâmicos, cujos desafios destacam a urgência de encontrar soluções eficazes. 

Diante desses desafios, o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas tornou-se uma prioridade para saúde pública. Uma das abordagens fundamentais é promover a higiene e o controle de infecções. Práticas simples, como lavagem regular das mãos, uso adequado de equipamentos de proteção individual e implementação de medidas de controle de infecções em ambientes de saúde, são essenciais para prevenir a disseminação de infecções e reduzir a necessidade de tratamento com antibióticos. ¹⁴ Além disso, a vacinação eficaz contra doenças bacterianas desempenha um papel crucial na prevenção de infecções e na redução da necessidade de tratamento com antibióticos. Vacinas contra doenças como difteria, tétano, coqueluche, pneumonia, pneumocócica e meningite meningocócica têm contribuído significativamente para a redução da incidência de infecções bacterianas. ¹⁵

O uso de diagnóstico rápido e preciso de infecções bacterianas também é uma estratégia importante para prevenir a resistência bacteriana. Testes de diagnóstico rápido, como testes de sensibilidade antimicrobiana e testes de PCR, podem identificar rapidamente o patógeno e sua resistência aos antibióticos, permitindo assim um tratamento mais direcionado e eficaz. ¹⁶

Uma abordagem promissora é a busca por compostos antimicrobianos com mecanismos de ação inovadores e menos suscetíveis ao desenvolvimento de resistência. Isso inclui a investigação de novos alvos terapêuticos dentro das bactérias, bem como a exploração de moléculas com propriedades antibacterianas únicas, como os peptídeos antimicrobianos e os bacteriófagos. ¹⁷ ¹⁸

Além disso, as terapias combinadas surgem como uma estratégia eficaz para combater a resistência bacteriana. ¹⁹ A administração de dois ou mais antibióticos com diferentes mecanismos de ação pode aumentar a eficácia do tratamento e reduzir a probabilidade de desenvolvimento de resistência, assim como a heterogeneidade de antibióticos, mas ainda é um assunto discutido apesar de haver estudos investigativos sobre seus efeitos na resistência bacteriana. Essa abordagem sinérgica tem o potencial de maximizar os benefícios terapêuticos enquanto minimiza os efeitos adversos e os riscos associados à resistência. ²⁰

Em suma, o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas contra infecções bacterianas é essencial para enfrentar os desafios apresentados pela resistência antimicrobiana. Com uma abordagem multifacetada que envolve pesquisa básica, colaboração interdisciplinar e inovação tecnológica, podemos esperar avanços significativos no campo da terapia antimicrobiana, garantindo assim o tratamento eficaz de infecções bacterianas e a preservação da saúde pública.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Metropolitana de Santos, sob o número CAEE: 77026024.5.0000.5509, sendo que, após aprovação, foi disponibilizado o questionário de fórum online e realizada a divulgação na internet e mídias sociais, para atingir o público alvo. O material ficou disponível para acesso por 60 dias e após este período, os resultados foram avaliados estatisticamente.

A pesquisa obteve a participação de 90 voluntários, moradores da cidade de São Paulo, moradores da região metropolitana e maiores de 18 anos de idade. Destes, 89 participantes concordaram de forma voluntária a participar do estudo, aceitando assim os termos contidos no TCLE e, 1 dos participantes não concordaram com os termos, sendo este, não incluso na análise dos resultados. Os resultados obtidos e avaliados durante o estudo consistiram de: idade, gênero, grau de escolaridade, região de moradia, uso e indicação do antibiótico, busca de unidade de atendimento para o tratamento, reinfecção e aquisição de amixicilina sem prescrição médica.

Figura 1 – Histograma do intervalo de idade dos 89 participantes voluntários da pesquisa.

A partir da análise dos resultados foi possível observar que, a faixa etária com maior participação na pesquisa foi a de 23 a 27 anos com uma frequência relativa de 30,3% (Figura 1), seguida de 18 a 22 anos com 28,1%. Esses intervalos de idade mais expressivas (18 a 27 anos) compreendem juntos, a 58,4% (52) dos participantes da pesquisa. A divulgação inicial do formulário ocorreu, principalmente, dentro de instituições de ensino superior, o que justifica a maior parcela dos participantes composta por jovens adultos. O intervalo total de 62 a 66 anos apresenta-se nulo, não dispondo de participantes desta idade.

Figura 2 – Distribuição do gênero entre os participantes da pesquisa.

Em relação ao gênero dos participantes voluntários (Figura 2) o predominante foi o feminino, correspondendo a 78% do total. O gênero masculino compreendeu 21% dos participantes e apenas 1% preferiram não se manifestarem em relação a este questionamento.

Legenda: EFI – ensino fundamental incompleto, EFC – ensino fundamental completo, EMI – ensino médio incompleto, EMC – ensino médio completo, ESI – ensino superior incompleto, ESC – ensino superior completo, PGI – pós-graduação incompleta, PGC – pós-graduação completa
Figura 3 – Histograma da distribuição dos graus de escolaridade entre os participantes da pesquisa.

O grau de escolaridade dos participantes na pesquisa está representado no gráfico da Figura 3. A maioria mais expressiva dos participantes está inclusa dentro dos grupos com ensino médio completo, ensino superior incompleto e ensino superior completo, totalizando 88,8% (79) do total de participantes. Os participantes com ensino fundamental incompleto e ensino fundamental completo compreendem 2,2% (2) e, com pós-graduação imcompleta ou pós-graduação completa, compreendem 9% (8) do total.

Legenda: ZC zona central, ZL – zona leste, ZN – zona norte, ZO – zona oeste, ZS – zona sul e RM – região metropolitana
Figura 4 – Distribuição dos participantes da pesquisa conforme a região de moradia.

A distribuição demográfica dos participantes voluntários da pesquisa (Figura 4) demonstra um predomínio de moradia nas regiões da Zona Sul e Zona Leste, compreendendo 56,2% (50) dos participantes. As regiões da Zona Central, Zona Norte e Zona Oeste compreenderam 11,2% (10), 13,5% (12) e 4,5% (4) respectivamente. Os participantes que habitam na região metropolitana correspindem a 14,6% (13).

As tabelas 1 e 2 (abaixo), apresentam o perfil de respostas dos participantes quando questionados referente a utilização antibióticos em geral e a utilização específica de amoxicilina ou sua versão com adição de clavulonato de potássio. 98,9% (88) dos participantes referiram já ter utilizado algum antibiótico pelo menos uma vez na vida e 74,2% (66) utilizaram a amoxicilina ou amoxicilina + clavulonato de potássio entre 2 ou mais vezes. Uma pequena parcela, 3,4% (3) nunca utilizou especificamente estes antibióticos.

Tabela 1 – Perfil de respostas das questão 5 pelos participantes da pesquisa.

Você já utilizou algum antibiótico alguma vez na vida?
 Frequência AbsolutaFrequência Relativa
SIM / Já usei8898,9%
NÃO / Nunca usei00,0%
Não sei responder11,1%

Tabela 2 – Perfil de respostas das questão 6 pelos participantes da pesquisa.

Você já utilizou especificamente o antibiótico AMOXACILINA ou AMOXACILNA+CLAVULONATO DE POTÁSSIO (Clavulin) alguma vez na vida?
 Frequência AbsolutaFrequência Relativa
SIM (1 vez)1820,2%
SIM (2 ou mais vezes)6674,2%
NÃO (Nunca usei)33,4%
Não sei responder22,2%

O utilização de amoxicilina ou amoxicilina + clavulonato de potássio para tratamento de infecções em diferentes sítios foi relatada pelos participantes e está representada na figura 5. A grande maioria (75,3%) relata a sua utilização para tratamente de infecções de tratto respiratório superior, como as tonsilites e faringites, popularmente conhecidas como infecções de garganta.

Leganda: IU – Infecção urinária, IG – Infecção de garganta, ISF – Infecção de seios da face, IPU – Infecção pulmonar, IPE – Infecção de pele, OI – Outras infecções e NSR – Não sei responder
Figura 5 – Distribuição dos participantes da pesquisa conforme o sítio infeccioso relatado

A referência de atendimento na busca por tratamento pelos participantes está descrita na figura 6. O montante mais expressivo dos participantes (66,3%) indicaram a procura por unidades hospitalares para tratamento das infecções que apresentavam.

Legenda: UBS – Unidade Básica de Saúde, UFS – Unidade de Saúde da Família, UPA – Unidade de Pronto Atendimento, H – Hospital, OUA – Outra unidade de Atendimento e NPA – não procurei atendimento.
Figura 6 – Unidades de atendimentos referenciadas pelos participantes para busca de tratamento

Quando questionados quanto ao seguimento correto da terapêutica prescrita e o reaparecimento da infecção que estava em tratamento (Tabela 3), 87,5% relatam ter cumprido o tratamento pelo prazo estipulado e 11,2% referem o não cumprimento correto do prazo. Em 20,2% dos casos, os participantes relataram o reaparecimento da infecção que estava em tratamento.

Tabela 3. Perfil de respostas das questões 9 e 10 pelos participantes da pesquisa.

PERGUNTASRESPOSTAS
SIMNÃONSR
Você seguiu até o final do tratamento conforme o prazo recomendado pelo médico?77 (86,5%)10 (11,2%)2 (2,2%)
Houve reaparecimento da infecção (reinfecção) após o término do tratamento?18 (20,2%)65 (73,0%)6 (6,7%)
Legenda: NSR – não sei responder

A aquisição de antibióticos em geral foi questionada aos participantes (Figura 6), sendo que existe uma parcela até que expressiva (23%) a qual relata aquisição de antibióticos sem receita ou prescrição médica. Os resultados indicam que a automedicação com amoxicilina é uma prática menos comum, mas ainda presente entre uma parcela significativa da população, o que pode contribuir para o aumento da resistência bacteriana

Figura 6 – Frequência relativa das respostas dos participantes referente a aquisição de antibióticos sem receita/prescrição médica

CONCLUSÃO

Os resultados desta pesquisa enfatizam a necessidade urgente de políticas públicas voltadas para o controle da automedicação e a educação sobre o uso adequado de antibióticos. Futuros estudos devem explorar intervenções específicas para reduzir a resistência bacteriana e avaliar a eficácia dos tratamentos prescritos em diferentes contextos de atendimento.

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1Graduanda de Biomedicina do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU, Brasil
2Biomédico, Preceptor do Curso de Biomedicina do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU, Brasil