PERCEPÇÃO E ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO DIANTE DE PACIENTES COM TRANSTORNOS MENTAIS – REVISÃO DE LITERATURA

NURSES’ PERCEPTION AND ACTION TOWARDS PATIENTS WITH MENTAL DISORDERS – LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10049102


Iêda Rodrigues Oliveira¹
Joyce Rodrigues de Sousa¹
Murilo Alves Bastos²


RESUMO

Os números de pacientes com transtornos mentais crescem por todo o mundo. Estes afetam cerca de 25% da população mundial e são responsáveis por cerca de 12% da carga global de doenças. Sabe-se que os transtornos mentais são a principal causa de incapacidade e que pessoas com condições graves de saúde mental morrem em média de 10 a 20 anos mais cedo que a população em geral. Dentre os transtornos mais comuns, estão os de uso de substâncias químicas, esquizofrenia, ansiedade, depressão. Com essa crescente nos números de pacientes acometidos por transtornos mentais na população em geral, os números acabam por refletir nos sistemas de saúde, e principalmente em hospitais gerais. O enfermeiro por sua vez, tem uma grande importância no cuidado com paciente com transtorno mental, devido ser o profissional que mantém o contato direto com o paciente, permitindo assim, uma facilidade maior em fazer a avaliação do mesmo, não só no que se diz respeito às suas necessidades fisiológicas, como também suas necessidades psicológicas e sociais. Portanto, por meio de uma revisão bibliográfica o objetivo geral deste artigo foi identificar a percepção e atuação dos enfermeiros frente aos pacientes com transtornos mentais na assistência hospitalar, verificando o perfil das publicações quanto ao ano de publicação, periódicos e formação dos autores, identificando as dificuldades relatadas pelos enfermeiros no atendimento ao paciente psiquiátrico e evidenciando se o enfermeiro recebeu ou não uma capacitação que os permita trabalhar de forma profissional. Através da revisão bibliográfica percebe-se que a consulta de enfermagem é uma potente ferramenta no cuidado com paciente com transtorno mental, através da anamnese em específico o histórico de enfermagem que abrange causas relacionados ao sofrimento psíquico, bem como fatores determinantes para qualidade de vida.

Palavras-chave: Ansiedade. Depressão. Enfermeiro. Transtornos mentais.

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, segundo a organização mundial da saúde (OMS) em 2019 estima-se que cerca de um bilhão de pessoas vivem com algum transtorno mental e acredita-se que no primeiro ano de pandemia a depressão e a ansiedade aumentaram cerca de 25%. Os transtornos mentais são as principais causas de incapacidade. Pessoas com graves problemas de saúde mental morrem em média 10 a 20 anos mais cedo do que população em geral, principalmente por doenças físicas evitáveis.

Para entender o processo de saúde-doença mental é necessário ter em mente a multicausalidade que sujeitam as pessoas ao desenvolvimento de um transtorno mental em determinado momento de sua vida, podendo estes estarem ligados a fatores físicos, ambientais, sociais, culturais, econômicos, entre outros. O preconceito, o estigma, mitos e estereótipos foram base para a construção do conceito de doença mental na história da psiquiatria. Portanto, cuidados com pacientes portadores de transtornos mentais antes da reforma eram de responsabilidade restrita aos hospitais psiquiátricos. Esse modelo assistencial começou a ser questionado pelas suas longas internações, e pela segregação de pacientes (PAES, 2013).

A Reforma Psiquiátrica brasileira, que deu início na década de 70, teve um papel muito importante nas modificações no campo de saúde mental e, principalmente, preconizou o fechamento dos manicômios do país, local onde os cuidados de enfermagem eram baseados em apenas administração de medicamentos, higiene e alimentação. Os trabalhadores não tinham conhecimento ou preparo o suficiente para lidar com situações comuns, como crise, tentativa de suicídio, agressão, agindo muitas vezes com falta de cuidado humanitário, se baseando na agressividade e violência (AMARANTE & NUNES, 2018).

Os paradigmas da atenção à saúde puderam ser alterados, que antes seguia o modelo hospitalocêntrico, se transformando assim no modelo psicossocial, criando, portanto, vários serviços que vieram a substituir os atendimentos dos hospitais psiquiátricos, como explica Amarante (2018).

Frente a esse número crescente e significativo de pacientes com transtornos mentais, os serviços de emergência acabam recebendo muito desses casos, seja por descompensação de questões clínicas ou por exacerbação de sintomas psiquiátricos (FERNDANDES, 2014).

Brasil (2001) afirma que, a lei 10.126 define que 10% dos leitos dos hospitais gerais sejam destinados para atender a demanda em saúde mental em caráter de crise. Sendo assim, os atendimentos de urgências e emergências devem ser realizados em unidades de pronto-atendimento, que possibilitem a permanência em leitos de observação por até 72 horas. A equipe constituída deve ser multiprofissional, incluindo médico, enfermeiro, assistente social, psicólogo e/ou terapeuta ocupacional.

Fernandes (2014) afirma que, a enfermagem possui um diferencial em relação aos demais trabalhadores, visto que são os profissionais que permanecem grande parte do tempo junto aos pacientes prestando seus cuidados.

Diante do processo da Reforma Psiquiátrica, exigiu-se mais qualificação pratico- teórico da equipe de enfermagem, não só do setor de psiquiatria como também em outros setores, como o pronto socorro. Todavia, os profissionais ainda priorizam o atendimento das necessidades e urgências físicas, deixando para segundo plano aspectos emocionais e psíquicos do paciente, muitas vezes por falta de treinamento, como também pela baixa remuneração que os desmotiva a buscar conhecimento (PRADO et al., 2015).

Diante do exposto, surge o seguinte questionamento: Os profissionais de enfermagem se sentem capacitados e seguros para lidar com um paciente de transtorno mental na assistência hospitalar? Diante das mudanças causadas pela reforma, e dos números cada vez maiores de pessoas diagnosticadas com transtornos mentais, justifica-se esse estudo sobre a importância de trazer em evidência a atuação do enfermeiro frente a esses pacientes.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

A Reforma Psiquiátrica brasileira, que deu início na década de 70, e teve um papel muito importante nas modificações no campo de saúde, este evento da história da saúde mental no país foi importante também para a reinserção social desses pacientes, o que os permitiu receber um tratamento humanizado e eficaz (BRASIL, 2001).

Existe a lei 10.216, que dispõe sobre os direitos das pessoas portadoras de doenças mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde metal. Ao invés de isolar e excluir, há a indicação ao convívio familiar e social. Presumindo a garantia dos portadores de TMs ao acesso de serviços de saúde mental bem como, o respeito à liberdade e autonomia (BOLSONI, et al, 2016).

Em um estudo de revisão de literatura que teve como principal abordagem as ações da enfermagem na saúde mental, Oliveira et al. (2015) afirma que a luta antimanicomial que veio juntamente com a Reforma Psiquiátrica Brasileira, anda lado a lado com as novas práticas em cuidados de enfermagem em saúde mental.

Cruz et al. (2011) afirma que, mesmo diante dessa melhora na qualidade de assistência pós reforma, os números de pacientes com transtornos mentais crescem por todo o mundo. Estes, afetam cerca de 25% da população mundial e são responsáveis por cerca de 12% da carga global de doenças.

Prado (2015) afirma por meio de uma pesquisa, que é comum relatos de enfermeiros que trabalham no atendimento assistencial, sentir medo e insegurança ao lidar com um paciente portador de TMs, por serem muitas vezes vistos como imprevisíveis, trazendo dificuldade a rotina de atendimento.

2.1. Os principais transtornos

Dentre os transtornos mais comuns, estão os de ansiedade e depressão, além destes, os de uso de substâncias químicas e a esquizofrenia também são frequentes em enfermarias de hospitais gerais, dentre outros. Essas comorbidades em pacientes internados traz muitos problemas relacionado, principalmente a não adesão de tratamentos estabelecidos e a piora do prognóstico doença que o acomete (CRUZ, 2011).

2.1.1. A esquizofrenia

A esquizofrenia é uma síndrome caracterizada por distorções de pensamento, da percepção de si mesmo e da realidade do meio externo, além da inadequação da vivência afetiva (SILVA et al, 2016).

Levando para a realidade da rotina da prática de enfermagem, nota-se que os enfermeiros psiquiátricos sentem dificuldade em colocar em prática os cuidados de enfermagem a esses pacientes esquizofrênicos, pelas características desse transtorno mental, que no geral, são: alucinações, delírios, autoagressão, agressão ao próximo, agitação, entre outros. Sintomas esses que, diante de relatos, causam insegurança no profissional, o que acaba por comprometer a comunicação profissional-paciente, que prejudica em o tratamento, e dificulta a humanização (CARDOSO et al., 2020).

2.1.2. Ansiedade

O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é o transtorno psiquiátrico em que mais se faz diagnóstico insuficiente ou incompleto, as queixas são predominantemente de sintomas físicos vagos que podem ser: preocupações excessivas, inquietação, cansar-se facilmente, dificuldade de concentração, irritabilidade, tensão muscular, distúrbios do sono, incapacidade em atividades sociais, ocupacionais e outros, podendo estar associada a uso de substâncias ou outro transtorno mental (ZUARDI, 2017).

Uma das atuações mais comuns da enfermagem nesse caso, é a escuta ativa que tem grande importância para que o profissional possa, por meio dela, oferecer conforto para que ela se sinta bem em relatar o que sente, gerando assim uma confiança entre o profissional-paciente, que consequentemente, ajudará em um tratamento mais eficaz para os sintomas físicos (OLIVEIRA et al, 2018).

2.1.3. Depressão

A depressão caracteriza-se por quatro conjuntos de sintomas comuns: sintomas emocionais, cognitivos, motivacionais e físicos. Tristeza é o sintoma mais comum da depressão, seguindo por perda de prazer em atividades que antes eram apreciadas. Os sintomas físicos estão frequentemente ligados a distúrbios alimentares, alteração do sono e cansaço excessivo (RUFINO, 2018).

Em um estudo feito por Guedes et al. (2015) sobre habilidades do Enfermeiro no Diagnóstico e Cuidado ao Portador de Depressão, aponta que os enfermeiros não costumam observar os sinais e muitas vezes não se sentem capacitados para reconhecer os sintomas de depressão em seus pacientes. Explica que isso se deve a inúmeros problemas como déficit no conhecimento, falta de atualização em enfermagem, tempo curto da consulta devido a grande demanda, entre outros. Foi apontado também que alguns enfermeiros relatam não ter paciência com clientes nesse quadro, tendo uma das explicações a falta de conhecimento acerca da doença.

Os sintomas depressivos são prevalentes em serviços de cuidados primários, podendo causar prejuízos nos pacientes se não tratados corretamente. Os sintomas depressivos afetam todos os aspectos da qualidade de vida, e podem ser comparadas com outras doenças crônicas como diabetes e osteoartrites (LIMA & FLECK, 2010).

2.1.4. Dependência química

A dependência de substâncias químicas é comumente associada a outros transtornos mentais podendo interferir na sintomatologia, diagnósticos e tratamento da doença (COSTA, 2011).

Em um estudo realizado por Henriques (2013) mostra o relato de enfermeiros a qual explica que muitos desses pacientes dependentes químicos chegam por vontade própria, normalmente após algumas horas sem o uso de substâncias, calmos e abertos a conversa, facilitando o encaminhamento para o leito. Entretanto, outros chegam por via judicial ou forçados pela família, e que esses apresentam uma maior dificuldade para aceitar o acolhimento e o cuidado que o enfermeiro deve prestar, por vezes mais ansiosos e agressivos. Ressaltando assim, o medo e o despreparo que muitos profissionais sentem ao se deparar com esse tipo de transtorno.

2.2. A atuação da enfermagem

Com essa crescente nos números de pacientes acometidos por transtornos mentais na população em geral, os números acabam por refletir nos sistemas de saúde, e principalmente em hospitais gerais, onde existem casos em que o paciente é internado para tratar problemas clínicos e acabam por apresentar, no meio do processo, sintomas psiquiátricos também, explica Paes (2018).

Alguns anos pós reforma psiquiátrica, conta-se que tenham tido mudanças nas práticas desenvolvidas dentro de hospitais. Percebe-se um esforço grande de muitos profissionais da enfermagem para superar os antigos modelos, na busca de novas maneiras de atuação, buscando implementar uma assistência humanizada, prezando pelo direito dos pacientes (Cenci, 2016)

Em um estudo de Prado et al. (2015), nota-se que os enfermeiros no atendimento assistencial em unidades não psiquiátricas, relatam sentir medo e também despreparo para cuidar de um paciente com TMs. As políticas públicas em saúde mental, estão cada vez sendo mais aprimoradas e devem priorizar a criação/manutenção de capacitação para o aperfeiçoamento desses profissionais, estimulando uma reflexão que os levem a mudanças nos cuidados prestando a esse paciente.

Para Bolsoni et al. (2016) a consulta de enfermagem é uma potente ferramenta no cuidado com paciente com TMs, através da anamnese e especifico o histórico de enfermagem que abrange causas relacionadas ao sofrimento psíquico, bem como fatores determinantes para qualidade de vida como: alimentação, moradia, trabalho, renda, lazer entre outros. Com o intuito de aprofundar e compreender o indivíduo, para melhor assistência do cuidado.

Na avaliação do estado mental o enfermeiro deve avaliar diferentes tópicos como: aparência do paciente, situação de saúde, questões relacionadas ao autocuidado, expressão fácil, sinais de ansiedade, excesso de tristeza ou de alegria, hiperatividade ou hipoatividade, excesso de sono ou insônia, tremores por somatização, atitudes e movimentos voluntários ou involuntários, características dos pensamentos expressados, entre outros (BOLSONI, et al, 2016).

Muniz et al. (2015) apontou sobre a necessidade de se fazer uso de todos os tipos de recursos terapêuticos no cuidado do paciente acometido por TMs, com o propósito de diminuir o sofrimento dos mesmos. Afirma ainda que precisa ser de forma individual, pensada em cada um dos pacientes, uma vez que não existe um tratamento que aborde todos os indivíduos. Ainda é importante ressaltar que na maior parte das vezes, o profissional não poderá acabar com o problema do paciente, mesmo no melhor dos tratamentos com uma equipe multiprofissional, e sim construir juntos, uma forma tranquila e confortável de conviver com a doença.

Diante desses fatos apresentados, fica claro que, nos últimos anos, principalmente após a reforma, houveram inúmeras mudanças no que se trata da saúde mental. Contudo, ainda existe uma visão estigmatizada e distorcida de grande parte da esquipe, acentuando o quão necessário é a que os profissionais da área de enfermagem recebam treinamento e capacitação para o atendimento desses casos, afim de melhorar os serviços de saúde prestados (PAES, 2013).

O papel da enfermagem ao paciente portador de transtorno mental dentro da equipe multiprofissional é indispensável visto que é mais habilitado no que se refere ao cuidar, ato que nesse momento é essencial tanto ao doente, quanto a família. A enfermagem possui um atendimento holístico e humanizado ao paciente, direcionado não apenas ao emocional mais também para que estes aceitem o tratamento, contribuindo para melhora do quadro clínico (DE ALENCAR. FERNANDES, 2010).

3. METODOLOGIA

3.1. Estratégia de pesquisa

Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, retrospectivo, exploratório e qualiquantitativo, relativo à percepção do enfermeiro frente aos transtornos mentais, relacionando os cuidados a esses pacientes.

Segundo Brizola, J., & Fantini (2016), a revisão de literatura é a união, feita através de leituras de pesquisas realizadas, de ideias de diferentes autores sobre o mesmo tema. É a documentação feita pelo pesquisador sobre o trabalho.

Quanto a pesquisa qualiquantitativo, é uma abordagem que faz uso tanto dos métodos quantitativos como também utiliza os qualitativos, para que dessa forma, possa realizar uma análise mais completa sobre o tema proposto (SCHNEIDER, 2017).

A busca pela literatura utilizada ocorreu em bases de dados virtuais, como SciELO (Scientific Eletronic Library Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), BDENF (Base de Dados em Enfermagem), no período de janeiro de 2023 a agosto de 2023, utilizando como descritores da saúde as palavras ansiedade, depressão, enfermeiro e transtornos mentais.

3.2. Critérios de inclusão e exclusão

Foi utilizado como critério de inclusão publicações em português do período de 2010 – 2021, que contemplavam as questões de cuidados aos pacientes acometidos por ansiedade, depressão, esquizofrenia e dependência química, na assistência hospitalar e que estavam na integra nas bases de dados.

Foram excluídos os resumos, artigos, manuscritos de livros, monografias, teses e dissertações que não se encaixaram no tema proposto, de língua estrangeira e que estavam em duplicidade. Após pesquisa nas bases de dados, as autoras fizeram uma leitura do material selecionado, seguindo as etapas, conforme descrito na figura 1.

Inicialmente foram encontradas 100 amostras, no qual após análise mais detalhada, 10 foram excluídas por duplicidade, 8 por não estarem na íntegra, 36 por não se encaixarem no tema proposto e 38 por não se adequarem a linha temporal estabelecida. Dessa forma, o estudo foi realizado com uma amostra de 21 publicações.

3.3. Análise de dados

Foi elaborado um instrumento de análise de dados para inclusão de pesquisas, conforme os critérios de inclusão e exclusão. Os estudos selecionados passaram por uma avaliação, conforme estabelecido no ICD, onde foi realizado uma separação de principais informações referentes ao tema proposto (Figura 1).

Figura 1: Fluxograma de seleção de amostras e motivo de exclusão

Fonte: Dados da pesquisa – ICD, 2023.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Quadro 1- Caracterização da produção cientifica, quanto a periódico, ano e título.

NTÍTULOANOFORMAÇÃO PROFISSIONALPERIÓDICO (REVISTA)
15A reforma psiquiátrica no SUS e a luta por uma sociedade sem manicômios.2018
CIÊNCIAS E SAÚDE COLETIVA
2Consulta de enfermagem em saúde mental.2016ENFERMEIRORevista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas
3A prática de enfermagem frente aos pacientes portadores de esquizofrenia.2020ENFERMEIRORevista Eletrônica Acervo Enfermagem
4Comorbidades de transtornos mentais e comportamentais entre pacientes com dependência química em diferentes períodos de abstinência.2011
Universidade Federal de Uberlândia
5Transtornos mentais como causa de absenteísmo entre servidores públicos em são Paulo.2011MÉDICOArchives of clinical psychiatry
6Assistência de Enfermagem aos indivíduos com transtornos mentais: uma revisão de literatura por Metassíntese.2010ENFERMEIROSaúde e Transformação Social/Health e Social Change
7Intervenção de enfermagem ao paciente em crise psiquiatrica em um hospital geral.2014ENFERMEIROUniversidade federal de Santa Catarina
8Habilidades do Enfermeiro no Diagnóstico e Cuidado ao Portador de Depressão.2015ENFERMEIRORevista Ciências em Saúde
9Cuidado a pessoas com dependencia química em hospital geral na ótica da equipe de enfermagem.2013ENFERMEIRORevista de enfermagem da UFSM
10Qualidade de vida e depressão: uma revisão da literatura.2010MÉDICORevista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul
11A assistência de enfermagem em tempos de reforma psiquiátrica.2015ENFERMEIRORevista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental
12Sintomas de depressão e fatores intervenientes entre enfermeiros de serviço hospitalar de emergência.2015ENFERMEIROActa Paulista de Enfermagem
13A escuta ativa como estratégia de humanização da assistência em saúde.2018ENFERMEIRO E PSICOLOGORevista Saúde e Desenvolvimento Humano
14Caracterização de pacientes com transtornos mentais de um hospital geral e de ensino.2018ENFERMEIROCogitare Enfermagem
15Cuidado de enfermagem ao paciente com comorbidade clínico-psiquiátrica em um pronto atendimento hospitalar.2010ENFERMEIRORevista Gaúcha de Enfermagem
16Percepções da equipe de enfermagem de um pronto atendimento sobre a pessoa com transtorno mental.2013ENFERMEIRORevista de Enfermagem da UFSM


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A importância da assistência humanizada ao paciente psiquiátrico.
2021ENFERMEIROTranstornos mentais e sociedade: vãos e desvãos do sofrimento psíquico em perspectiva multidisciplinar
18O paciente com transtorno mental grave no hospital geral: uma revisão bibliográfica.2015
Saúde em Debate
19Aspectos gerais, sintomas e diagnostico da depressão.2018FARMACÊUTICORevista saúde em foco.
20Esquizofrenia: uma revisão bibliográfica.2016ENFERMEIROUNILUS Ensino e Pesquisa
21O cuidado na saúde mental: trabalho do enfermeiro na atenção psicossocial2016ENFERMEIRORevista UNIVATS
22Características básicas do transtorno de ansiedade generalizada.2017MÉDICOMedicina (Ribeirão Preto, online)

Fonte: Dados da pesquisa ICD, 2023.

De acordo com a Quadro 1, foram analisadas 22 bibliografias, organizado em ano de publicação, formação profissional dos autores e revista cientifica das bibliografias citadas. Conforme observado, 2015 e 2018 foram os anos com maior frequência de publicações sobre o tema (19,04%), seguido por 2010 (14,28%) e 2011 e 2013 que empataram com (9,52%) do total de publicações utilizadas nesse artigo. Nota-se também que 2014, 2017, 2020 e 2021, foram os anos com o menor número de matérias publicados, sendo estes, apenas 4,76% de todo o material recolhido. Observamos ainda que nos anos de 2012 e 2019, não obtemos nenhum material, o que nos traz uma carência desses anos.

Sobre a formação de cada um dos autores, a enfermagem esteve presente em 14 dos artigos utilizados. A atuação da enfermagem ainda é muito estigmatizada como uma profissão voltada para assistência médica, alimentação, higiene, para Muniz et al. (2015), é necessária uma mudança nos paradigmas de postura da enfermagem para que possamos ter um aumento no número de profissionais interessados no ramo da pesquisa, inclusive na área da psiquiatria. A pesquisa é fundamental para avançar na prática de enfermagem e melhorar a qualidade dos cuidados em saúde. Portanto, é crucial abordar os obstáculos que podem estar limitando o interesse desses profissionais nessa área e criar um ambiente que promova e valorize a pesquisa dentro da profissão.

Para uma análise minuciosa da percepção e atuação do enfermeiro diante de pacientes com transtornos mentais, foi desenvolvido uma tabela com os principais problemas relatados por esses profissionais.

Tabela 1: Caracterização da produção cientifica, quanto a periódico, ano e título.

PROBLEMAQUANTAS VEZES FOI CITADO
Insegurança15
Falta de capacitação30
Falta de estrutura física5
Medo25

Fonte: Dados da pesquisa ICD, 2023.

De acordo com a tabela 1, observa-se que dentre as percepções dos enfermeiros em relação a pacientes com transtornos mentais, a grande maioria citou sentir-se pouco ou não capacitado para o cuidado desses pacientes, 25 relatam sentir medo dos pacientes, muitas vezes por falta de conhecimento acerca da patologia. 15 relatam se sentir inseguros sobre atitudes inesperadas de pacientes, principalmente quando estes estão em surto, e outros 5 sentem desprovimento de uma melhor estrutura física no local de trabalho.

Pode-se observar que o medo e a falta de capacitação em pacientes em surto, crises de abstinência assim como cita Henriques et al. (2013), é um dos aspectos de maior incidência entre os profissionais da assistência.

Foi citado insegurança em relação ao cuidado prestado a esses pacientes, o que é um desafio significativo e que pode afetar a qualidade dos serviços de saúde mental. A abordagem da insegurança dos profissionais de enfermagem e fundamental para melhorar a qualidade dos cuidados de saúde mental e garantir que os pacientes recebam o apoio necessário para sua recuperação.

Outro fator citado, foi o medo em lidar com pacientes psiquiátricos, que muitas vezes decorre da falta de compreensão e estigmatização associados aos transtornos mentais. Esse medo pode ser exacerbado por estereótipos negativos que existem em relação a esses pacientes.

Já a falta de capacitação adequada é um problema critico, que afeta a qualidade do serviço prestado a esses pacientes. Os profissionais relatam não receber treinamentos suficientes em saúde mental durante sua formação, o que os deixam mal preparados para atender tais pacientes. Esse fator é um desafio que deve ser abordado para garantir que todos os pacientes, independentemente de sua condição recebam um cuidado de qualidade de que precisam

A falta de estrutura física adequada em unidades de saúde é uma preocupação significativa relatada pelos profissionais de enfermagem, e tem um impacto direto na qualidade dos serviços prestados aos pacientes acometidos por transtornos mentais. Esse problema precisa ser encarado para garantir que os pacientes recebam o ambiente terapêutico seguro que necessitam para sua recuperação e tratamento eficaz. Além disso, criar ambientes mais adequados também pode melhorar a satisfação e bem-estar dos profissionais de enfermagem que trabalham nesses locais.

5. CONCLUSÃO

Por meio de tudo que as autoras tiveram acesso em meio a esse artigo, nota-se a escassez na quantidade de bons materiais sobre o assunto abordado, e tendo em vista a importância do que está sendo avaliado nesse trabalho, com os números cada vez maiores de casos de pacientes diagnosticados com transtornos mentais, e o enfoque na área de enfermagem nos últimos anos, acreditamos que é de suma importância que esse assunto seja mais frequente em discussões e estudos da área.

Portanto, concluiu-se que a capacitação é o melhor meio para alcançar uma boa assistência ao paciente. Por meio de uma capacitação adequada, a enfermagem adquire uma maior compreensão acerca das necessidades do paciente, e dos desafios que poderá enfrentar. Outro ponto importante é que profissionais bem capacitados, podem reduzir os estigmas em torno dos transtornos mentais, promovendo um ambiente mais acolhedor, e consequentemente mais seguro., Segundo Paes & Maftum (2013), a estigmatização do paciente com transtorno mental, leva a atitudes negativas, e esse estereótipo criado leva a um preconceito e ações discriminatórias, interferindo no cuidado, gerando má qualidade do tratamento, negligenciando o paciente e criando uma barreira de comunicação. Por meio dessa capacitação, ainda permite intervenções precoces e prevenção de surtos a partir de intervenções eficazes para a estabilização e recuperação do paciente. Em resumo, a capacitação da enfermagem na assistência a pacientes com transtornos mentais desempenha um papel crucial na promoção da saúde mental, na qualidade da assistência e na segurança do paciente, contribuindo para uma abordagem mais humanizada e eficaz do tratamento dessas condições.

A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma importante prestação do cuidado de enfermagem, bem como para o processo de tomada de decisões de acordo com a necessidade do paciente, segundo Bolsoni. et al (2016), pois a partir de uma boa utilização da SAE, podemos: promover uma organização de atividades, garantindo que todos os aspectos do cuidado sejam considerados; avaliação abrangente e completa do estado de saúde mental e física, identificando sintomas, necessidades e fatores de risco; planejamento individualizado, levando em consideração as particularidades de cada paciente, suas metas terapêuticas e preferencias; monitoramento continuo, permitindo identificar mudanças no seu estado mental e ajustar o plano de cuidados conforme necessário; avaliação de resultados, auxiliando na tomada de decisões informadas sobre o tratamento. Por isso a sistematização da enfermagem na assistência a pacientes com transtornos mentais também é um passo crucial para garantir uma abordagem completa, individualizada e segura no cuidado, ela contribui pra o bem-estar e a recuperação dos indivíduos afetados, e ainda uma segurança ao profissional.

Assim, o presente estudo destacou a importância da capacitação da enfermagem na assistência a pacientes com transtornos mentais, bem como a relevância da sistematização da assistência de enfermagem (SAE) nesse contexto. Foi ressaltado a escassez de materiais de qualidade sobre o assunto e a crescente necessidade de abordar sobre essa temática, dado o aumento nos casos de transtornos mentais e o foco crescente na área de enfermagem. Em suma, a capacitação adequada e a aplicação da SAE são ferramentas cruciais para alcançar uma assistência de qualidade. Isso envolve uma compreensão mais profunda das necessidades dos pacientes, a redução do estigma, e a promoção de um ambiente acolhedor e seguro.

REFERÊNCIAS

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luta por uma sociedade sem manicômios. 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-81232018236.07082018. Acesso em: 25 de abr. 2023.

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1 Discentes do Curso Superior de Enfermagem do Instituto UNITPAC Campus Araguaína e-mail: iedaoliveira5012@gmail.com, joyce.rodriguesdesousa@gmail.com.

2 Docente do Curso Superior de Enfermagem do Instituto UNITPAC Campus Araguaína. Especialista em Gestão da Clínica nas Regiões de Saúde. (Sírio-Libanês). murilbastos75@gmail.com.