PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EQUIPE DE ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA ACERCA DOS CUIDADOS PALIATIVOS

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10373725


Jessica Guzzo¹
Daiana Suelen Ribeiro²
Elena Regina de Amorin Barreto³
Geovanna Julya Rodrigues Nelo4
Guilherme Marques Habermann5
Gradziella Narden Nardini6
 Yasmin Müller Guarnieri7
Maria Aparecida Marques Habermann8


Resumo – “Cuidado paliativo é uma abordagem que melhora a qualidade de vida de pacientes e familiares diante de doenças que ameacem a continuidade da vida, por meio do alívio do sofrimento, tratamento da dor e de outros sintomas de natureza física, psicossocial e espiritual.” (Ribeiro, 2019). A ambientação em Cuidados Paliativos requer um conhecimento muito detalhado, refinado, aliando a percepção humana como agente da sua história de vida. Diante do adoecer, é necessário dar atenção plena a história natural da doença, a história pessoal de vida e às suas emoções. No curso final da vida, é extremamente necessário assegurar uma morte digna, fazendo com que esse tempo restante seja de cuidados e conforto, essa é a proposta dos Cuidados Paliativos que consiste em uma abordagem para melhorar a qualidade de vida dos pacientes no enfrentamento de doenças que oferecem risco de vida (BRASIL, 2019). A aplicação de questionários e rodas de conversa capacitou os profissionais, resultando em uma compreensão mais profunda dos cuidados paliativos. Iniciativas de conscientização, como a distribuição de folhetos informativos, tiveram um papel crucial na disseminação do conhecimento. Isso destacou a importância de compreender o paciente de forma integral e beneficiou pacientes e suas famílias. O projeto contribuiu para o reconhecimento crescente da relevância dos cuidados paliativos, tanto entre os profissionais de saúde quanto na comunidade, o que influenciou positivamente a inclusão desses cuidados como parte essencial do sistema de saúde. O uso de materiais gráficos, como folders, e a realização de rodas de conversa foram estratégias eficazes para introduzir o tema e democratizar o acesso à informação sobre cuidados paliativos na Unidade Básica de Saúde.

Palavras-chave: Cuidados Paliativos. Treinamento em saúde. Alívio da dor.

INTRODUÇÃO

De acordo com a Worldwide Palliative Care Alliance, enquanto mais de 100 milhões de pessoas se beneficiam de cuidados paliativos a cada ano (incluindo familiares e cuidadores), menos de 8% daqueles que precisam dessa assistência a recebem (WPCA, 2014). Lamentavelmente, o treinamento em cuidados paliativos raramente é incluído nos currículos educacionais dos profissionais de saúde, além de que, a disponibilidade de drogas para a dor – um assunto fundamental na redução do sofrimento do paciente. (WPCA, 2014). 

No âmbito da saúde, uma das dificuldades é que as instituições (e as equipes) comumente se pautam no modelo biomédico convencional, esquivando-se do ser humano pleno, integral, excluindo o cuidado biopsicossocial (Baère et al., 2017). Há um momento em que os objetivos tradicionais não são mais alcançáveis, quando a disfunção orgânica de uma doença é crescente, a incapacidade grave de tratamento ou suporte de vida pode levar a resultados discordantes (PEGORARO, PAGANINI, 2019).  Uma condição primordial que deve fazer parte do cuidado ao paciente é justamente a sua dignidade, assim sendo, se faz preciso compreender o paciente como um todo, buscando entender o que torna, para ele, a vida significativa, diante dos ambientes caóticos que estão ao seu redor (KÜBLER-ROSS, 2012).

METODOLOGIA

A pesquisa e ação foram elaboradas através de publicações como, protocolos e diretrizes divulgados nas bases de dados Biblioteca Virtual de Saúde, PubMed e SciELO para obter uma análise sobre os protocolos utilizados nos Cuidados Paliativos. Em seguida, realizou-se uma análise comparativa entre o estado da arte e a percepção dos profissionais da equipe de Estratégia da Saúde da Família da Unidade São Miguel em Fraiburgo/SC e Jonas Ramos em Caçador/SC sobre Cuidados Paliativos, com questionário aplicável, podendo a partir disso, promover a capacitação dos profissionais da saúde. Ademais, houve rodas de conversa e entrega de folhetos informativos com o intuito de discutir o assunto e promover o conhecimento sobre os cuidados paliativos. 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este trabalho não teve como objetivo esgotar a discussão relacionada à Cuidados Paliativos nos ambientes de saúde e com os profissionais envolvidos nele. O que buscou-se foi criar um olhar mais atento dos profissionais de saúde sobre o tema dos cuidados paliativos. Isso poderá aumentar a conscientização, uma vez que aumentar a compreensão dos profissionais sobre a importância do tratamento paliativo naquele contexto específico poderia levar a uma prestação de cuidados mais compassivos e adequados. Também sensibilizou os profissionais de saúde para o tema dos cuidados paliativos, promovendo um olhar mais atento sobre a importância do tratamento paliativo na saúde coletiva. Percebeu-se através da aplicação do projeto que houve um maior reconhecimento por parte dos profissionais de saúde e comunidade da importância dos cuidados paliativos no dia a dia dos pacientes, influenciando positivamente no que tange incluir os cuidados paliativos como uma parte essencial do sistema de saúde.

O uso de materiais gráficos (folders) foi de extrema didática para introduzir o tema aos profissionais de saúde e comunidade (Figura 1). Além disso, houve rodas de conversa, as quais serviram para democratizar o acesso à informação relacionada à esse assunto dentro da Unidade Básica de Saúde, tanto para equipe, quanto estendido à comunidade.

Figura 1 – Folder informativo disponibilizado nas Unidades Básicas de Saúde

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Fonte: Autores (2023).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As conclusões deste estudo podem refletir um progresso na promoção e implementação de cuidados paliativos em unidades de saúde de Fraiburgo e Caçador, Santa Catarina. Além disso, a abordagem comparativa entre o estado da arte e as percepções dos profissionais da equipe de Estratégia da Saúde da Família proporcionou uma valiosa visão da realidade prática. A aplicação de questionários e a promoção de rodas de conversa demonstraram um compromisso eficaz com a capacitação dos profissionais de saúde, resultando em uma compreensão mais profunda e uma aplicação mais compassiva dos cuidados paliativos. As iniciativas que buscaram sensibilizar os profissionais de saúde, como a distribuição de folhetos informativos e as rodas de conversa, desempenharam um papel significativo na disseminação do conhecimento sobre cuidados paliativos. Este processo não apenas conscientizou os profissionais sobre a importância desses cuidados, mas também destacou a necessidade de compreender o paciente como um ser integral, considerando o que torna sua vida significativa. Isso culminou no reconhecimento mais amplo de sua importância no sistema de saúde, beneficiando não apenas os pacientes, mas também suas famílias. Este estudo exemplificou a necessidade contínua de investir em cuidados paliativos e na capacitação dos profissionais de saúde, reforçando a importância da humanização nos cuidados de saúde. A implementação bem-sucedida dessas ações pode servir de modelo para iniciativas similares em outras regiões, promovendo um atendimento de alta qualidade, centrado no paciente e compassivo em situações de cuidados paliativos.

INSTITUIÇÕES FINANCIADORAS E APOIADORAS / AGRADECIMENTOS

Agradecemos a instituição Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (Uniarp) e ao PAEC pelo incentivo ao projeto de pesquisa. Também, às Unidades Básicas de Saúde, por nos disponibilizar espaço para a realização do projeto com as equipes de saúde. Esse auxílio possibilitou a expansão do projeto para que fosse de encontro à comunidade e ao quanto o conhecimento sobre Cuidados Paliativos são democratizados.

REFERÊNCIAS

‌BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, vol. 02. São Paulo: Saraiva. 2010.

E L A B O R A Ç Ã O |; COLABORAÇÃO; FURTADO, Selma; et alPROTOCOLOS ISGH | CUIDADOS PALIATIVOS | DATA |. [s.l.: s.n., s.d.]. Disponível em: <https://www.isgh.org.br/intranet/images/Servicos/Protocolos/isgh_protoco_cuidado_paliativo.pdf>.

‌GOMES, ANA LUISA ZANIBONI ; OTHERO, MARÍLIA BENSE. Cuidados paliativos. Estudos Avançados, v. 30, n. 88, p. 155–166, 2016. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/ea/a/gvDg7kRRbzdfXfr8CsvBbXL/>. Acesso em: 29 jul. 2022.

KÜBLER-ROSS, E. Sobre a morte e o morrer: o que os doentes terminais têm para ensinar a médicos, enfermeiras, religiosos e aos seus próprios parentes. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012.

PEGORARO, Martha Maria de Oliveira; PAGANINI, Maria Cristina. Cuidados paliativos e limitação de suporte de vida em terapia intensiva. Revista Bioética, v. 27, n. 4, p. 699–710, 2019. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/bioet/a/yHcNTcvdcw6wQp8rPRKrQjK/?lang=pt>. Acesso em: 29 jul. 2022.

SAUNDERS, Cicely. Cartilha de Cuidados Paliativos “O sofrimento só é intolerável quando ninguém cuida.” [s.l.: s.n., s.d.]. Disponível em: <https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/585794/2/CARTILHA%20DE%20CUIDADOS%20PALIATIVOS%20.pdf>.

SAÚDE, À.; PALIATIVOS, C. GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE SUBSECRETARIA DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE COMISSÃO PERMANENTE DE PROTOCOLOS DE ATENÇÃO. Disponível em: <https://www.saude.df.gov.br/documents/37101/87400/Diretrizes+para+Cuidados+Paliativos+em+Pacientes+Cr%C3%ADticos+Adultos+Admitidos+em+UTI.pdf/b0db4a00-199e-66f7-4242-29c4b962fd0b?t=1648645556436>. Acesso em: 27 jan. 2023.

RIBEIRO, Júlia Rezende; POLES, Kátia. Cuidados Paliativos: Prática dos Médicos da Estratégia Saúde da Família. Revista Brasileira de Educação Médica, Brasília, v. 43, n. 3, p. 62-72, jul./set. 2019. Disponível em Scielo

‌TAVARES DE CARVALHO, R.; PARSONS, Henrique Afonseca. Manual de cuidados paliativos ANCP: ampliado e atualizado. Acad Nac Cuid Paliativos, p. 1-592, 2012. Disponível em: <http://biblioteca.cofen.gov.br/wp-content/uploads/2017/05/Manual-de-cuidados-paliativos-ANCP.pdf>.


¹Alunos do Curso de Medicina, Universidade Alto Vale do Rio do Peixe – UNIARP.

²Professor do Curso de Medicina, Universidade Alto Vale do Rio do Peixe – UNIARP.