PERCEPTION OF WOMEN ON PREVENTION AND EARLY DETECTION OF BREAST CANCER.
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7987703
Fernanda Junges 1
Salete Effting 2
Me. Jacqueline Ramos da Silva 3
Dra. Silviane Galvan 4
Espa. Beatris Tres 5
RESUMO
Objetiva-se identificar a percepção de mulheres sobre a prevenção e detecção precoce do câncer de mama. Trata-se de um estudo transversal de base populacional na estratégia de saúde da família de vila pasa de Matelândia PR, com amostra de mulheres com idade entre 50 à 69 anos, os dados foram coletados por meio de entrevista realizado na unidade de saúde. A pesquisa resulta em relação ao conhecimento em relação a detecção precoce do câncer de mama, as participantes do estudo referem que é possível descobrir o câncer de mama precocemente, referem ainda, que é possível descobrir o câncer de mama através dos exames periódico, como o Exame Clínico das mamas e a mamografia, muitas mulheres referiram que ainda utilizam a auto palpação como forma de prevenção. Verificou-se que as participantes do estudo conheciam os métodos de diagnóstico precoce e rastreamento do câncer de mama, tais como exame clinico das mamas e mamografia. Em relação ao conhecimento em relação a periodicidade da realização dos exames, o exame clinico das mamas e mamografia, relataram realizar conforme as recomendações. De modo geral, as participantes demostraram um conhecimento favorável a adoção das práticas de prevenção e detecção precoce do câncer de mama, porém, muitas mulheres afirmaram não terem participado de atividades educativas sobre a prevenção ao câncer de mama.
PALAVRAS-CHAVES: mama, câncer, prevenção.
ABSTRACT
The objective is to identify the perception of women about the prevention and early detection of breast cancer. This is a population-based cross-sectional study in the family health strategy of Vila Pasa de Matelândia PR, with a sample of women aged 50 to 69 years, data were collected through interviews conducted at the health unit. The research results in relation to knowledge regarding the early detection of breast cancer, the study participants refer that it is possible to discover breast cancer early, they also refer that it is possible to discover breast cancer through periodic examinations, such as the Clinical breast examination and mammography, many women reported that they still use self- palpation as a form of prevention. It was found that the study participants knew the methods of early diagnosis and screening of breast cancer, such as clinical breast examination and mammography. In relation to knowledge regarding the periodicity of the exams, the clinical breast exam and mammography, they reported performing according to the recommendations. In general, the participants demonstrated a knowledge favorable to the adoption of practices for the prevention and early detection of breast cancer, however, many women stated that they had not participated in educational activities on the prevention of breast cancer.
PALAVRAS-CHAVES: breast, câncer, prevention.
INTRODUÇÃO
De acordo com o INCA, câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células, no qual, invadem tecidos e órgãos, multiplicando-se rapidamente formando tumores, que podem se espalhar para outras regiões do corpo (BRASIL, 2022). Uma dessas doenças que mais é acometidas é a neoplasia mamaria, onde é causada pela multiplicação desordenada de células anormais na mama. Atualmente, existe diversos tipos de câncer de mama, alguns destes, têm desenvolvimento rápido, enquanto outros crescem lentamente. A maioria dos casos, quando tratados adequadamente e em tempo oportuno, apresentam bom prognóstico. Apenas 1% dos casos da doença afetam os homens (BRASIL, 2022).
O câncer de mama é uma das primeiras causas de morte na população feminina no Brasil. Segundo estimativas, a taxa de mortalidade foi 11,84 óbitos/100.000 mulheres, em 2020, com elevadas taxas nas regiões Sudeste e Sul, com 12,64 e 12,79 óbitos/100.000 mulheres, respectivamente (INCA, 2021; INCA, 2022).
A elevada incidência e mortalidade pelo câncer de mama está relacionada a vários fatores de risco. O fato de ser do gênero feminino já é considerado um fator de risco para o surgimento do câncer de mama, em razão da quantidade de tecido mamário exposta ao estrogênio (COELHO et al., 2021; PRADO et al., 2020). Além disso, o envelhecimento é um dos principais, fatores de risco relacionados à vida reprodutiva da mulher (menarca precoce, não ter tido filhos, idade da primeira gestação a termo acima dos 30 anos, uso de anticoncepcionais orais, menopausa tardia e terapia de reposição hormonal) estão bem estabelecidos em relação ao desenvolvimento do câncer de mama (INCA, 2018).
Os fatores de risco modificáveis, como o próprio nome sugere, estão relacionados com o estilo de vida de cada indivíduo, isso inclui o consumo de álcool, obesidade, inatividade física entre outros, também podem ser chamados de fatores ambientais ou comportamentais (BOAVENTURA, 2022).
A Organização Mundial da Saúde (OMS), recomenda ações de prevenção, detecção precoce e acesso ao tratamento. A detecção precoce do câncer constitui em estratégias de rastreamento, que o objetivo é encontrar o câncer pré-clínico ou as lesões pré-cancerígenas, através de exames de rotina em uma população-alvo sem sinais e sintomas sugestivos. Outra estratégia corresponde ao diagnóstico precoce, onde busca identificar o câncer em estágio inicial em indivíduos que apresentam sinais e/ou sintomas suspeitos da doença (INCA, 2021).
Atualmente, a mamografia é considerada o exame padrão para o rastreamento. Um dos principais benefícios do rastreamento do câncer de mama são encontrar a doença em fase inicial e ter melhor prognóstico, com tratamento mais efetivo e menor morbidade associada. No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda que o rastreamento mamográfico seja realizado, em mulheres de 50 à 69 anos, uma vez a cada dois anos (ALMEIDA 2021; INCA, 2021).
A detecção precoce é baseada no conceito de quanto mais cedo o câncer é detectado e diagnosticado melhor será o prognóstico, aumentando a probabilidade de cura e sobrevida das mulheres (BATISTON et al., 2016; ALMEIDA, 2021).
Os enfermeiros desempenham um papel significativo na promoção de saúde, prevenção e diagnóstico do Câncer de Mama, entre os profissionais da equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF), assim como no acompanhamento das mulheres. A identificação da população vulnerável, a realização do Exame Clínico das Mamas, a condução de atividades de educação em saúde, a solicitação do exame de mamografia, e a realização de cuidados paliativos, entre outros se encontram entre as atribuições do profissional enfermeiro (BATISTON et al., 2016).
De acordo com as últimas estatísticas mundiais do Globocan (2018). O câncer de mama é hoje um relevante problema de saúde pública. É a neoplasia maligna mais incidente em mulheres na maior parte do mundo (BRAY, 2018).
A detecção precoce é uma forma de prevenção secundária e visa identificar o câncer em estágios iniciais, momento em que a doença pode ter melhor prognóstico. É preciso diferenciar a detecção precoce das ações de prevenção primária, pois essas têm por objetivo evitar a ocorrência da doença e suas estratégias são voltadas para a redução da exposição aos fatores de risco. Por outro lado, os métodos existentes para a detecção precoce do câncer de mama não reduzem a incidência, mas podem reduzir a mortalidade pela doença (SANTOS, 2019).
Diante desse fato, a questão de estudo dessa pesquisa será: Qual a percepção de mulheres sobre prevenção e a detecção precoce do câncer de mama? No sentido de conhecer e identificar a percepção das mulheres acerca do câncer de mama e da utilização da mamografia como técnica de detecção precoce, sendo esta, considerada o exame padrão para o rastreamento.
Embora existam estratégias e programas para orientar e estimular a prevenção ao câncer de mama, como Outubro Rosa, a eficácia dessas medidas é questionável. A busca pelos métodos preventivos ainda é baixa, visto que grande parte das mulheres busca orientação quando a doença se encontra em estágio avançado. Há evidências de que esta realidade se deva à falta de conhecimento dos fatores de risco da doença e da relevância da detecção precoce para um prognóstico favorável (DERENZO et al., 2017). Um dos motivos das elevadas taxas de morbimortalidade associadas ao câncer de mama é ocasionado pelo fato do diagnóstico tardio, sendo relacionado a uma deficiência nas políticas de rastreamento e controle da doença (BATISTON et al., 2016; ALMEIDA, 2021).
Justifica-se, o presente estudo, fazer uma análise da percepção acerca dos métodos de detecção precoce do câncer de mama utilizado por mulheres usuárias da Unidade de Saúde Vila Pasa, na cidade de Matelândia de modo que possa contribuir na adesão ao rastreamento e detecção precoce e incentivando assim a prevenção.
OBJETIVOS
Identificar a percepção de mulheres sobre a prevenção e detecção precoce do câncer de mama.
METODOLOGIA
Estudo transversal de base populacional na Estratégia de Saúde da Família de Vila Pasa de Matelândia-Paraná, com amostra de mulheres com idade entre 50 à 69 anos.
A presente pesquisa foi realizada em uma Estratégia da Família no município de Matelândia-Paraná, com as mulheres de 50 à 69 anos cadastradas na Unidade de Saúde.
Localizada na Avenida Nereu Ramos, sem número no Bairro São Cristóvão, Matelândia-Paraná, com aproximadamente 4.100 usuários da ESF.
A referida ESF funciona de Segunda- feira a Sexta-feira no horário das 07:30 às 11:30 horas, e das 13:00 às 17:00 horas, conta com o médico da estratégia da família, especialista em pediatria, ginecologia e obstetrícia, conta também com equipe de enfermagem, enfermeira, técnico e auxiliar de enfermagem, uma equipe odontológica, com dentista e auxiliar de saúde bucal, recepcionista, equipe de agente comunitário de saúde e auxiliar de serviços gerais.
A população de estudo, foi composta de mulheres na faixa etária de 50 à 69 anos, usuárias da ESF Vila Pasa cadastrados no Sistema Consulfarma (N= 215 pacientes). Considerando a população de 215 pacientes, erro amostral de 5% e nível de confiança de 90% a amostra será constituído de 96 participantes.
Os seguintes critérios de inclusão serão utilizados no estudo:
- Mulheres que aceitarem participar do estudo e assinarem o TCLE na faixa etária de 50 à 69 anos;
- Mulheres cadastradas no sistema como usuárias da ESF de Vila Pasa de Matelândia- Paraná.
Os seguintes critérios de exclusão serão utilizados no estudo:
- Mulheres que se recusarem a participar da pesquisa e/ou não assinarem o TCLE;
- Mulheres com idade inferior ou superior ao estipulado no critério de inclusão. O instrumento para a coleta utilizado foi de Alves (2015), intitulado “Conhecimento e Atitude De Mulheres Gaúchas em Relação à Detecção Precoce do Câncer de Mama” adaptado do estudo de Silva (2012) e Marinho et al. (2003) e teve como eixo principal o conhecimento e atitude em relação aos exames de detecção precoce do câncer de mama.
O instrumento é composto de um roteiro de entrevista semiestruturada constituído pelas seguintes partes: (I) dados sociodemográficos; (II) dados relacionados à história pessoal e familiar; (III) conhecimento sobre os exames de detecção precoce do câncer de mama; (IV) atitude em relação aos exames de detecção precoce e (V) condições de acesso à realização dos exames de detecção precoce do câncer de mama e disponibilização de informação sobre os métodos de detecção (ALVES, 2015).
Inicialmente foi solicitado a lista de mulheres na faixa etária de 50 à 69 anos cadastrados no sistema consulfarma, sendo a coleta de dados será realizada nas dependências da ESF Vila Pasa.
Foi realizado a leitura da TCLE para os entrevistados, e depois realizado a coleta da assinatura.
Para a análise dos dados coletados por meio do questionário semiestruturado, as informações foram tabuladas num arquivo do Microsoft Office Excel para a análise quantitativa. Assim, serão utilizados os métodos da estática básica, tais como media, moda e desvio padrão, entre outros.
Seguindo os preceitos éticos estabelecidos pela Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde do Brasil, o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE (CAAE 64667422.7.0000.0107) (Anexo B). Todos aqueles que aceitaram participar do estudo assinaram, juntamente com o pesquisador, duas vias, do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, sendo que uma via assinada ficou em posse do participante da pesquisa e a outra em posse do pesquisador responsável.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados serão apresentados referente aos aspectos sociodemográficos e de histórico pessoal e familiar das participantes do estudo, em seguida os dados relacionados às variáveis conhecimento e atitude e acesso a detecção precoce.
I. Dados sociodemográficos
O estudo teve a participação de 96 mulheres na faixa etária de 50 a 69 anos, sendo a maioria casada (60%), e o maior percentual de mulheres apresentam baixo nível de escolaridade sendo o Ensino Fundamental incompleto (70%). Quanto a renda familiar, a maioria (82%) recebe até dois salários mínimos.
Os fatores idade e sexo são as principais predisposições para o desenvolvimento do câncer de mama, as participantes do estudo são do sexo feminino na faixa etária de 50 a 69 anos.
Tabela 1 – Distribuição dos dados sociodemográficos dos participantes da pesquisa.
Fonte: Dados da pesquisa.
O estudo apresentou um baixo nível de escolaridade das participantes e também são pertencentes a uma classe social com baixo poder aquisitivo, conforme a tabela 1. Nesse sentido, o enfermeiro tem um importante papel por ser capacitado para acompanhar a saúde da mulher em todas as fases da vida, inclusive frente ao risco de câncer de mama. Além de realizar a consulta integral à mulher, esse profissional desenvolve atividades educativas junto com a população de forma a sensibilizar as mulheres sobre a importância do acompanhamento periódico da saúde das mamas (SOARES, 2018).
O nível socioeconômico e educacional da população pode ser de fato fator influenciador da aquisição de conhecimento a respeito da detecção precoce do câncer de mama, porém não se pode desconsiderar o grau de conhecimento e a
forma como os próprios profissionais da saúde vêm aplicando estratégias voltadas para a detecção precoce da doença, pois a atuação adequada destes, é aspecto primordial no êxito das ações e campanhas direcionadas ao controle da neoplasia da mama, posto que os mesmos estão diretamente envolvidos na difusão de informações voltadas para a assimilação e prática de hábitos de vida adequados à prevenção secundária do câncer de mama (ALVES, 2015).
II. Histórico pessoal e familiar
Os dados de histórico pessoal e familiar tem relação direta com os fatores de risco (menarca precoce, não ter tido filhos, idade da primeira gestação a termo acima dos 30 anos, uso de anticoncepcionais orais, menopausa tardia e terapia de reposição hormonal, histórico de câncer de mama na família) para o desenvolvimento do câncer de mama.
A idade da menarca das participantes dessa pesquisa variou entre os 10 aos 18 anos, com a maioria situando-se na faixa etária dos 12 aos 14 anos (65%), a maioria das mulheres entrou na menopausa antes dos 50 anos (53,85%), e a idade da menopausa variou dos 32 anos aos 59 anos, sendo que 25 participantes (26%) realizaram Histerectomia.
A menarca é o indicador de maturação sexual mais comumente utilizado e é influenciada por fatores genéticos e ambientais e, dependendo da idade em que ocorre, pode se associar ao risco de desenvolvimento de enfermidades como obesidade, câncer de mama, enfermidades cardiovasculares, entre outras (ALVES, 2015).
A menopausa é a fase sexual feminina caracterizada pela interrupção definitiva das menstruações, por exaustão da função ovariana e ocorre geralmente entre 40 e 50 anos de idade, pode aumentar o risco de doença arterial coronariana e de câncer de mama, quando se apresenta mais tardiamente (ALVES, 2015).
A idade da menarca e da menopausa das mulheres participantes do estudo, não configurou como fator de risco para o câncer de mama, pois as mulheres pesquisadas não apresentaram como características hormonais presentes menarca precoce (antes dos 12 anos) e menopausa tardia (após os 50 anos).
De acordo com os dados da pesquisa, um total de 89 mulheres (92,70%) tiveram gestação, destas, 85 mulheres referiram que amamentaram, e o número gestações variou de 1 a 13 gestações.
Destaca também como fator de risco para o câncer de mama, a relação entre a ocorrência de gestações e a maior ou menor chance de desenvolvimento da doença. Na pesquisa, 89 mulheres (92,70%) refiram que tiveram pelo menos uma gestação, sendo que 85 mulheres amamentaram.
A nuliparidade é fator de risco para o câncer de mama, pois a proteção da mama é evidenciada em mulheres com histórico de gravidez e amamentação, assim mulheres que não geraram filhos, não se beneficiam desse efeito protetor. A paridade se apresenta como fator protetor para a doença, desde que, além da amamentação, a primeira gestação ocorra precocemente ou antes dos 30 anos de idade (ALVES, 2015).
Tabela 2 – Distribuição dos dados pessoal e familiar dos participantes da pesquisa.
Fonte: Dados da pesquisa.
Em relação ao uso de anticoncepcional oral foi utilizado por 72 mulheres (75%) e 24 mulheres (25%) não fizeram uso do contraceptivo. Em relação a presença de neoplasia mamaria, a maioria (88,54%) mencionaram que não tiveram nenhuma doença nas mamas, e as que tiveram (11,46%) alguma doença relataram nódulos benignos, nódulos de gordura, e somente 17 mulheres (17,70%) referiram a histórico familiar de neoplasia da mama, sendo predominante (58,82%) em parente de primeiro grau.
A ocorrência de doença benigna da mama entre as participantes do estudo não predominou entre a maioria das mulheres, pois 85 mulheres (88,54%) não tinham apresentado nenhum tipo de alteração benigna da mama, havendo apenas 11 mulheres (11,46%) que relataram presença de doença mamária benigna. Esses achados também foram encontrados no estudo realizado por Alves 2015, onde 127 participantes (69,7%) não tinham apresentado nenhum tipo de alteração benigna da mama, havendo apenas 55 participantes (30,2%) que relataram presença de doença mamária benigna.
O histórico familiar, principalmente em parentes de primeiro grau, é considerado um importante fator de risco para o câncer de mama antes dos 50 anos (BURANELLO; WALSH; PEREIRA; CASTRO, 2021). No que se refere à existência de casos de câncer de mama na família, a maioria das mulheres, 79 mulheres (82,30) relatou não ter histórico familiar de câncer de mama. Das que possuíam histórico familiar, o predomínio da ocorrência da doença (58,82%) foi em parentes de 1º grau.
III. Conhecimento em relação a detecção precoce do câncer de mama
Em relação ao conhecimento em relação a detecção precoce do câncer de mama, as participantes do estudo referem que é possível descobrir o câncer de mama precocemente (93%), referem ainda, que é possível descobrir o câncer de mama através dos exames periódico (76%), como o Exame Clínico das mamas e a mamografia, muitas mulheres referiram que ainda utilizam a auto palpação (23%) como forma de prevenção.
Referente ao conhecimento das mulheres em relação ao Exame Clínico das mamas as (90%) mulheres que conhecem e realizam o exame o periodicamente, relataram que é importante realizar o exame semestralmente (17%), e a maioria (72%) afirmou que é importante realizar o exame anualmente.
Tabela 3 – Distribuição dos dados referente ao conhecimento das mulheres em relação a detecção precoce e o Exame clínico das Mamas (ECM).
Fonte: Dados da pesquisa.
Para o diagnóstico de câncer de mama é muito importante o exame clínico das mamas feito por enfermeiro ou médico, na consulta de rotina ou não, anualmente, a partir dos 40 anos (SOARES, 2018). E conforme as diretrizes para a detecção precoce do câncer de mama no brasil, o rastreamento mamográfico deve ser oferecido às mulheres com idade de 50 a 69 anos, uma vez a cada dois anos, pois é nessa faixa etária e periodicidade que se observa balanço favorável entre riscos e benefícios do rastreamento (INCA, 2021).
O conhecimento da população do estudo, em relação a mamografia as mulheres (99%) relatam que já realizaram a mamografia, foi observado que (62%) das mulheres acham importante realizar a mamografia a partir dos 25 anos, sendo que (40%) refere que é importante realizar o exame com intervalo de dois anos e (54%) a cada três anos.
Tabela 4 – Distribuição dos dados referente ao conhecimento das mulheres em relação a mamografia.
Fonte: Dados da pesquisa.
Ao serem questionadas sobre a importância de realizar os exames mais cedo que o recomendado (antes dos 35 anos), a maioria das mulheres (78%) referem que é quando a mulher tem histórico na família de câncer de mama (mãe, irmã ou filha com a doença antes dos 50 anos) ou história de câncer de ovário, e 12 mulheres (13,20%) responderam que é quando a mulher nunca teve filhos ou teve filhos após os 30 anos.
Verificou-se que as participantes do estudo conheciam os métodos de diagnóstico precoce e rastreamento do câncer de mama, tais como exame clinico das mamas e mamografia. Em relação ao conhecimento em relação a periodicidade da realização dos exames, o exame clinico das mamas e mamografia, relataram realizar conforme as recomendações o ECM (72,09%), e a mamografia (40%).
Em um estudo realizado por Gomes (2015) que o conhecimento acerca dos exames de detecção precoce para o câncer de mama se mostrou deficiente em grande parte devido ao fato das mesmas não conhecerem nem a denominação ECM e nem saber para que servem este e a mamografia. Gomes, ainda ressalta que o conhecimento quanto à periodicidade de realização destes exames é aliado no cumprimento da finalidade destes que é a detecção precoce.
No estudo realizado por Santos et Al. (2019), observou-se o desconhecimento das mulheres sobre as medidas de prevenção do câncer de mama e a limitação de informações. Visto que o tema abordado é de extrema relevância, pois ter conhecimento pode influenciar positivamente na prevenção do câncer de mama.
IV. Atitude em relação a detecção precoce do câncer de mama
Em relação a atitude das mulheres sobre a detecção precoce do câncer de mama, as participantes do estudo relataram que é importante estar informada sobre os exames e realiza-los periodicamente como forma de prevenção e detecção precoce.
Tabela 5 – Distribuição dos dados em relação a atitude das mulheres referente a detecção precoce.
Fonte: Dados da pesquisa.
O conhecimento é fator fundamental para a realização dos exames. O aumento do conhecimento sobre a neoplasia e dos exames que detectam precocemente aumentam a motivação em relação a saúde, podendo influenciar na pratica da realização dos mesmos (SANTOS; CHUBACI, 2011).
V. Condições de acesso à realização dos exames de detecção precoce do câncer de mama e a disponibilização de informação sobre os métodos de detecção
Em relação ao acesso a realização dos exames de detecção precoce, o acesso ao Exame Clínico da Mama foi considerado fácil (93,75%). Ao serem questionadas sobre as causas da dificuldade de acesso a realização do exame, apontaram a demora no agendamento (2%), e vergonha em realizar o Exame (3%).
Em relação ao acesso ao exame da mamografia foi considerado fácil (88,55%), havendo apenas 11 mulheres (10%) que apontaram como dificuldade para a realização do exame, que a agenda de marcação do exame é demorada e a fila de espera é grande.
No estudo realizado por Santos e Chubaci (2011), das 76 mulheres do estudo que fizeram a mamografia, 33 (43,4%) referiram ter dificuldades e 43 (56,6%) não.
As dificuldades citadas foram: achava o exame dolorido 27 (27,6%); havia demora para marcar o exame 10 (10,2%); sente vergonha 7 (7,1%); demora para fazer o exame 5 (5,1%); medo do exame 5 (5,1%); mal atendimento no momento do exame 2 (2%); e receio de descobrir algo 2 (2%).
Tabela 6- Distribuição dos dados referente ao acesso aos exames e a disponibilidade de informações sobre os métodos de detecção.
Fonte: Dados da pesquisa.
Em relação ao acesso a algum tipo de informação educativa sobre a prevenção e detecção precoce, apenas 44 mulheres (45,83%) informaram que participaram de palestra e eventos referente a prevenção do câncer de mama. Ao serem questionadas sobre a importância de receber mais informações, somente 78 mulheres (81,25%) afirmaram que é necessário, as demais (18,75%) responderam que possuem conhecimento necessário. A forma que elas gostariam de serem informadas, (7,30%) através de folhetos informativos, cartilhas, álbuns ou manuais educativos, (69,80%) através de oficinas, palestras, aulas, vídeos educativos, e de (22,90%) outras formas tais como rádio, televisão e redes sociais.
Em relação ao acesso a informações sobre a prevenção do câncer de mama, é importante destacar, que a maioria das mulheres (54,16%) não tiveram acesso a informações educativas. Desse modo, é importante a elaboração de atividades educativas, com a finalidade de proporcionar as mulheres o conhecimento afim de identificar os fatores de risco e buscar a prevenção e o autocuidado.
Anualmente, várias atividades são realizadas com o objetivo de compartilhar informações sobre o câncer de mama, promover a conscientização sobre a doença, proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e tratamento e contribuir para a redução da mortalidade. A mensagem reforça o debate para que a população participe das atividades promovidas em todo o país, além de enfatizar a importância de as mulheres conhecerem as suas mamas e ficarem atentas às alterações suspeitas (BRASIL, 2016; SOARES, 2018).
As ações de conscientização visam disseminar o maior volume possível de informações sobre acesso aos serviços de diagnóstico e tratamento, contribuindo para a redução da mortalidade (SOARES, 2018).
CONCLUSÃO
De modo geral, as participantes demostraram um conhecimento favorável a adoção das práticas de prevenção e detecção precoce do câncer de mama, porém, muitas mulheres afirmaram não terem participado de atividades educativas sobre a prevenção ao câncer de mama.
A importância do conhecimento está relacionada ao estimulo a mudança de comportamento e a identificar sinais e sintomas precoces do câncer de mama, contribuindo para serem detectados no estágio inicial da neoplasia.
A identificação de variáveis que se relacionam ao conhecimento das mulheres em relação a prática adotadas torna-se importante na medida em que estratégias educativas serão implementadas para atender a população.
Portanto, é necessário que o enfermeiro continua determinado em seu papel de educador, a fim de estimular a promoção e proteção à saúde da comunidade, incentivando as mulheres a adotar hábitos saudáveis, informando sobre os fatores de riscos para o câncer de mama e além de informar, explicar sobre os métodos de prevenção e rastreamento da doença.
Por fim, espera-se que este estudo induza a mais produções científicas que abordem a prevenção ao câncer de mama.
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1 FACULDADE UNIGUAÇU – CURSO DE ENFERMAGEM. EMAIL: fernandajunges26@gmail.com
2 FACULDADE UNIGUAÇU – CURSO DE ENFERMAGEM. EMAIL: salete.effting@gmail.com
3 FACULDADE UNIGUAÇU – DOSCENTE DO CURSO DE ENFERMAGEM.
4 FACULDADE UNIGUAÇU – DOSCENTE DO CURSO DE ENFERMAGEM.
5 FACULDADE UNIGUAÇU – COORDENADORA DO CURSO DE ENFERMAGEM.