PEDAGOGIA HOSPITALAR: A CONEXÃO ENTRE A SAÚDE E A EDUCAÇÃO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12547189


Juscilene da Silva; Luiz Fernando Teixeira Soares Ribeiro; Simone Leite de Azevedo Gurgel Guida; Samira Maciel Faria e Caroline Masznak.


Resumo 

A presente pesquisa tem como finalidade estar conhecendo como ocorre o processo pedagógico educacional dentro do ambiente hospitalar. Podendo ser notório a diversidade na atuação do pedagogo, indo além das instituições escolares, rompendo fronteiras, lembrando que a ação pedagógica era limitada, ficando apenas no ambiente escolar. Com os avanços na educação, podemos perceber a expansão nos aspectos educacionais em geral. O objetivo do presente estudo é apresentar aos pedagogos uma nova oportunidade e sua importância em uma classe hospitalar, contribuindo na aplicação das atividades educativas. Através de pesquisas bibliográficas relacionadas ao tema pedagogia hospitalar: a conexão entre a saúde e a educação que proporcionará ao aluno/paciente uma aprendizagem significativa, com qualidade e personalizada, que mesmo estando afastados da escola regular não terão prejuízo em seu aprendizado. É importante analisar que a pedagogia busca estar modificando sua atuação junto ao paciente, tendo muita cautela para que não venha ser confundida com atendimento à sua enfermidade, buscando desta forma ter cuidado no desenvolvimento das atividades centrando no emergencial e transitório, para que haja interação com o enfermo, família, equipe hospitalar e escola. 

Palavras-chave: Pedagogia hospitalar, inclusão, aprendizagem.

1. INTRODUÇÃO 

Sabemos que a educação além de ser fundamental e um direito do ser humano, com a pedagogia hospitalar tem sido uma forma de garantir os estudos sem prejuízo algum, desta forma garantindo assim seu direito à educação. 

Ressalto que por meio deste artigo a importância de estar garantindo às crianças e adolescentes uma educação e um tratamento de saúde com qualidade independente de sua patologia, oferecendo orientações e estratégias diferenciadas para darem continuidade em seu desenvolvimento e no auxílio para construção do conhecimento. E a grande importância e necessidade de estar inserindo o pedagogo no ambiente hospitalar, participando juntamente a equipe de saúde, fornecendo apoio essencial às crianças e adolescentes para que não percam o ano letivo. 

Segundo Brandão: 

Ninguém escapa da Educação. Em casa, na rua, na igreja, nos hospitais, ou na escola, de um modo ou de outro todos nós envolvemos pedaço da vida com ela: para aprender e ensinar. Para saber, para ser ou conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar onde acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a única prática e o profissional não é seus únicos praticantes (BRANDÃO, 1993, p. 7-9). 1

O autor nos deixa claro que a educação também ocorre de maneira informal, ocupando um papel transformador, atuando neste caso no ambiente hospitalar, percebemos assim a importância da integração das diversas áreas no hospital, pois a troca de variadas informações fornecida pela equipe hospitalar é muito válida e de suma importância para o pedagogo, realizando a conexão entre saúde e a educação, o presente artigo tem como tema: “A Pedagogia Hospitalar: Conexão entre a saúde e a educação”. 

Portanto, a presente pesquisa, parte do seguinte problema: Como minimizar os impactos causados pela hospitalização de crianças e adolescentes, no processo ensino aprendizagem?

Aventa-se a hipótese, nesta perspectiva, buscar contribuição para auxiliar no bem-estar do aluno/paciente, sentindo-se motivado para retomar a rotina escolar, por mais que tenha sido desmotivado devido ao tratamento médico. 

Defende-se, também, a hipótese da importância de flexibilidade no planejamento do pedagogo, respeitando e adequando quando necessário, de acordo com o tratamento médico da criança e adolescente, minimizando os efeitos que interferem no desenvolvimento do educando de fatores psicológicos, sociais e emocionais. 

O objetivo geral da pesquisa é compreender a importância da pedagogia hospitalar. Pretende-se buscar informações necessárias para auxiliar o pedagogo a desempenhar seu papel com excelência. 

Apresentando como pesquisadora condições que ampliem para o pedagogo um leque de novo espaço de atuação no ambiente hospitalar, não se restringindo somente ao ambiente escolar. Contribuindo muito para que as crianças e adolescentes não percam o ano letivo. 

Fundamentou-se a pesquisa em:
Matos e Mugiatt (2001,2006); Brasil (2002); Rodrigues (2012); Esteves (2008); Schelk (2008); Vendramin, Fernandes e Mattão (2016); Ferrarini (2003); Morin (2004); Ortiz e Freitas (2005); Freire (1997); Aquino, Saraiva e Braúna (2012); Neto e Santiago (2006); Libâneo (2016); Barros (1999); Fonseca (2003); Brasil (2002); CECCIM (1999); Cunha (2007); Nogueir-Martin e Bogus (2007); Vasconcelos (2011) e Assis (2009)

2. METODOLOGIA 

Foi adotado pesquisa bibliográfica, sendo realizado uma leitura crítica, a redação de resumo e paráfrase, elaboração de fichamento das obras pertinentes ao tema com comprovação das hipóteses. Tendo também como objeto de pesquisa leitura de livros e artigos pertinentes e consultas de documentos que se encontram disponíveis online, que serão devidamente referenciados na bibliografia. 

Tendo como desenvolvimento desta pesquisa compondo uma abordagem qualitativa, por meio de coleta de dados que se tornarão referenciais teóricos. Sendo uma pesquisa exploratória documental e bibliográfica, buscando quantificar gerando novos conhecimentos, sendo aplicação de prática prevista. 

A principal característica da pesquisa exploratória, de acordo com Matos e Mugiatti: a enfermidade do educando hospitalizado o obriga a afastar-se da escola por um período indeterminado, trazendo prejuízos ao processo de escolarização deste (MATOS; MUGIATTI, 2007, p. 58)2. Desta forma há uma preocupação em conseguir atender de maneira integral à criança e adolescente, em sua saúde e as necessidades pedagógicas. 

Foi realizado uma revisão bibliográfica no contexto da educação no ambiente hospitalar a fim de tentar descrever essa temática, partindo de investigações que auxiliarão na produção do conhecimento, gerando reflexão sobre o tema. 

Sendo assim, estar realizando uma pesquisa voltada na questão qualitativa bibliográfica, não buscando resultados nos estudos feitos por meio de quantidade, e sim na busca de dar significado a pesquisa. 

Este trabalho está organizado em: Introdução, metodologia, fundamentação teórica com breve explicação sobre o tema apresentado; seguindo com os subcapítulos que descrevem de forma breve sobre o tema como: a pedagogia hospitalar, surgimento da pedagogia hospitalar no Brasil, a visão pedagógica no sistema de saúde e educação, pedagogia hospitalar versus prática, ambiente hospitalar, recreação hospitalar e brinquedoteca, a importância do pedagogo e seu papel como mediador do conhecimento, ação educacional para a prática da humanização.

Segue por fim a conclusão e as referências bibliográficas.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

Neste capítulo descrevo brevemente sobre a pedagogia hospitalar e sua importância, como auxiliador no desenvolvimento da criança e adolescente hospitalizado para que eles não tenham prejuízos em seus estudos. 

De acordo com documento Brasil: 

Que irá atuar em classe hospitalar ou no atendimento pedagógico domiciliar deverá estar capacitado para trabalhar com a diversidade humana e diferentes vivências culturais, identificando as necessidades educacionais especiais dos educandos impedidos de frequentar a escola, definindo e implantando estratégias de flexibilização e adaptações curriculares. Deverá, ainda, propor os procedimentos didáticos-pedagógicos e as práticas alternativas necessárias ao processo ensino aprendizagem dos alunos, bem como ter disponibilidade para o trabalho em equipe e assessoramento às escolas quanto à inclusão dos educandos que estiverem afastados do sistema educacional, seja no seu retorno, seja para seu ingresso. […]buscar fazer parte da equipe de assistência ao educando, tanto para contribuir com o cuidado da saúde, quanto para aperfeiçoar o planejamento de ensino, manifestando-se segundo a escuta pedagógica proporcionada. A consulta ao prontuário e o registro de informações neste documento também pertence ao desenvolvimento das competências do professor. […] deve ter noções sobre doenças e condições psicossociais vivenciadas pelos educandos e as características delas decorrentes, sejam do ponto de vista afetivo. Compete ao professor adequar e adaptar o ambiente às atividades e os materiais, planejar o dia a dia da turma, registrar e avaliar o trabalho pedagógico desenvolvido (BRASIL, 2002, p.22)3

A ação pedagógica tem o papel importantíssimo para o contexto hospitalar, a qual dará suporte e auxiliará a criança e adolescente hospitalizado, para que não venham a ficar tristes pelo fato de não estarem indo à escola, e até mesmo preocupados com o retorno à classe escolar formal. Pois com a pedagogia hospitalar, deixará o aluno ativo, realizando suas atividades escolares com acompanhamento de um profissional da área, sendo assim uma forma de estar levando o pedagogo até essa criança e adolescente, que por motivo de saúde precisou se afastar do ambiente escolar. 

Para Rodrigues a pedagogia hospitalar é: “um ramo da educação que proporciona à criança e adolescente hospitalizado uma recuperação mais aliviada, por meio de atividades lúdicas, pedagógicas e recreativas” (RODRIGUES, 2012, p. 42). O autor deixa claro seu ponto de vista, que realmente faz todo sentido, com esse apoio na realização das atividades escolares em um momento delicado que estão passando, amenizará a tensão e descontraindo, fazendo com que o tratamento médico se torne leve e não acumularão conteúdos escolares.

3.1. Surgimento da Pedagogia Hospitalar no Brasil 

A pedagogia hospitalar tem uma grande preocupação com a qualidade de vida, na busca constante para que se viva melhor, proporcionando de forma integral condições de vida melhor, tendo uma visão humana, voltando se não somente para a necessidade física e social. A preocupação com crianças e adolescentes que estão hospitalizados não surgiu hoje, pelo contrário tem sido pensado, buscando e estudando a anos. 

De acordo com Esteves: “seus primeiros indícios podem ser encontrados em 1935, em Paris, quando foi inaugurado por Henri Seller a primeira escola para o atendimento de crianças inadaptadas” (ESTEVES, 2008, p.22). Sendo assim, existe o cuidado de estar levando para os hospitais o ambiente escolar, rompendo a fronteira com a enfermidade. E ao contrário, modificando o ambiente escolar para atender a necessidade de acordo com a patologia do educando, desta forma a pedagogia hospitalar começa a se expandir pelos países. 

Schilke ressalta que: 

Apenas em 2002 o Ministério da Educação, por meio da Secretaria da Educação Especial, regulamenta esse tipo de trabalho com a publicação do documento intitulado “classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar, estratégias e orientações.” Que tenha por objetivo estruturar ações políticas de organização do sistema de atendimento educacional em ambientes hospitalares e domiciliares (SCHILKE, 2008, p.16)4. 

A classe hospitalar surge como um acompanhamento pedagógico para os pacientes, para que eles não sofram quaisquer prejuízos, comparado com o ensino regular do aluno, e por consequência um atraso cognitivo devido a hospitalização. E com o passar dos anos surge a pedagogia hospitalar, aprimorando as ações pedagógicas, do qual pacientes irão se beneficiar em seu aprendizado.

Este modelo educacional defende a ideia de que o conhecimento deve contribuir para o bem-estar físico, psíquico e emocional da criança enferma, focando mais os aspectos cognitivos. Essa modalidade busca uma ação diferenciada do professor no hospital e apesar de trazer uma perspectiva transformadora intrínseca na sua atuação, é de difícil realização e pode ser banalizada (SCHILKE, 2008, p17)5. 

Destaco que a pedagogia hospitalar, vem para contribuir e auxiliar em modo geral a criança e adolescente, fortalecendo o emocional e autoestima, porque infelizmente além da internação vir a prejudicar na área educacional, pode afetá-los muito na área emocional, do qual se for notado algo diferente pelo pedagogo, ele comunicará a equipe médica para tomar as medidas necessárias. Ficando assim claro a importância da comunicação com toda a equipe, para auxiliar e fazer a intervenção no momento certo de forma eficiente. 

A construção da prática pedagógica, para atuação em ambiente hospitalar, não pode esbarrar nas fronteiras do tradicional. As dificuldades, muitas vezes, persistem porque não se conseguem ver nelas a oportunidade de uma atuação diferenciada, pois os valores e as percepções de condutas e ações ainda muito enraizados nas fronteiras educacionais (MATOS e MUGIATTI, 2006, p. 60)6. 

É de suma importância estar trabalhando a multidisciplinaridade pelo fato de contemplar o ser humano de forma integral, utilizando recursos lúdicos que irão desenvolver o cognitivo, social e emocional do paciente. Assim o pedagogo conseguirá promover o fortalecimento e crescimento no processo ensino aprendizagem em sua prática pedagógica hospitalar. 

Infelizmente mesmo com tantos estudos, a pedagogia hospitalar, poucos conhecem e entendem sua importância em hospitais, sendo assim o surgimento é antigo, que se deu início nos países europeus, estendendo-se para os países ocidentais.  

O crescimento desta área aconteceu quando houve compreensão de sua importância na vida das crianças e adolescentes hospitalizados, fato esse obtido a partir de vários estágios, pesquisas, projetos e estudos. Com o passar do tempo, o trabalho escolar em ambientes hospitalares apresentou resultados satisfatórios e essa modalidade de atendimento educacional se fortaleceu no foco da luta pelo direito à educação e atendimento hospitalar (VENDRAMIN; FERNANDES; MATTÃO, 2016, p.03)7.

De acordo com o autor podemos perceber que o objetivo da pedagogia hospitalar é oferecer aos pacientes qualidade para seu desenvolvimento e aprendizagem, mas não deixando de lado as emoções e sentimentos. Mas devido à baixa divulgação da importância do pedagogo nos hospitais, vem a contribuir para que as pessoas não tomem conhecimento. 

Desta forma observamos que a classe hospitalar tem surgido como uma necessidade, para mudar e amenizar a realidade de crianças e adolescentes hospitalizados, propiciando uma excelente recuperação e melhor qualidade de vida, proporcionando continuidade aos estudos sem prejuízos. 

3.2. Uma visão pedagógica nos sistemas de educação e saúde 

De acordo com o Ministério da Saúde, o hospital é um local de educação. Para Ferrarini (2003) a educação faz parte da integração tanto médica como também social, contendo uma única função, estar proporcionando às pessoas assistência médica sanitária completa de forma que o tratamento seja mais humanizado aos seus pacientes. 

A partir do momento que integramos educação e saúde, surge a oportunidade de oferecer às crianças e adolescentes mais condições de superarem sua enfermidade e participar ativamente da sociedade. A educação hospitalar não se limita em oferecer orientação somente ao paciente, pelo contrário se estende a toda família, pois a pedagogia não separa a vida da realidade, desta forma começa a criar uma conexão entre saúde e educação. Pelo fato da criança e adolescente serem ativos quando ficam doentes, acabam ficando inquietos, sendo para eles uma mudança radical da vida cotidiana, por mais que os hospitais tenham atendimento diferenciado e humanizado. Para Matos e Mugiatti: “A escola de fato é o meio de socialização por excelência, onde o escolar desenvolve treinamento em habilidades sociais, em ambiente natural e alegre-a sua ruptura pode ocasionar graves problemas de natureza psicopatológica” (MATOS e MUGIATTI, 2006, p. 17). 

Salientando a importância da escola também para recuperação da saúde e da inclusão do educando, pois vivemos em uma pedagogia que constroi a inovação. Morin diz que: “O inesperado nos surpreende e que nos instalamos de maneira segura em nossas teorias e ideias e estas não têm estrutura para acolher o novo” (MORIN, 2004, p. 30). Podemos complementar que temos condições de lidar com diversas situações e inserir o novo na pedagogia. 

É necessário elaborar linhas concretas no atendimento educacional nos hospitais, e notamos durante os estudos a carência e a urgência neste atendimento, tendo como objetivo oferecer qualidades aos seus pacientes. 

Ortiz e Freitas explica que: “A criança em idade escolar, depois de terminada de ineditismo da ambiência hospitalar, das estimulações e das valorizações pelo enfrentamento do evento passa a penetrar na rotina tediosa da unidade, com poucos desafios intelectuais” (ORTIZ; FREITAS, 2005, p.39). O professor é o grande responsável por certificar e garantir recursos didáticos que será necessário adquirir para ser utilizado, desafiando assim o paciente intelectualmente. 

Freire deixa claro a importância de desenvolver autonomia: “O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros” (FREIRE, 1997, p. 66). O educador deve estar disposto e preparado para enfrentar os desafios contínuos que acabam surgindo no meio do caminho para buscar de maneira incessante variadas formas de educar para que o aluno seja incluído e pertencente à sociedade. 

É a cultura e a sociedade que garantem a realização dos indivíduos que permitem a perpetuação da cultura e a auto-organização da sociedade. Entretanto, podemos considerar que a plenitude e a livre expressão dos indivíduos sujeitos constituem nosso propósito ético e político (MORIN, 2004,p.36)8.  

A partir do momento que uma instituição decide adotar a Pedagogia Hospitalar para atender crianças e adolescentes que infelizmente devido a sua patologia, precisou se afastar do ambiente educacional, as instituições têm que cumprir seu propósito, mantendo o circuito indivíduo, sociedade, espécie. Deixando os pacientes ativos na sociedade. 

O pedagogo na área da saúde terá que desenvolver ações amplas de formação reinserção e inclusão do paciente para que volte a ter acesso a educação por meio de práticas que irão desenvolver o conhecimento que levará além das disciplinas escolares, mesmo que o pedagogo tenha função de desenvolver a prática pedagógica, é inevitável o desenvolvimento e interação com a área da saúde, tendo que estar ciente de alguns aspectos médicos, seja ela forma de tratamento, saúde mental e emocional de seu aluno paciente. 

Para as autoras Aquino, Saraiva e Braúna:

Ministra a oficina lúdico-cognitivo, em que são desenvolvidos jogos recreativos e jogos estruturados. O objetivo é o desenvolvimento do sistema funcional da linguagem, funções cognitivas e habilidades numéricas favorecendo a reintegração às atividades cotidianas (AQUINO, SARAIVA e BRAÚNA, 2012, p.135)9.

É de suma importância em alguns momentos trabalhar com os pacientes o lúdico, é uma forma de auxiliar o desenvolvimento intelectual e cognitivo dos alunos de forma prazerosa e agradável, automaticamente se desligarão por um tempo pequeno que seja de sua enfermidade. 

3.3. Pedagogia no ambiente hospitalar versus prática 

A pedagogia no ambiente hospitalar, tem que analisar sua prática com base em suas condições psicológicas e emocionais  em que a criança e adolescente se encontra, ressaltando a importância e a necessidade de não trabalhar de forma isolada, e sim juntamente com os profissionais da equipe multidisciplinar para estar apresentando elementos sólidos de acordo com diagnóstico médico, contribuindo de maneira significativa para que o educador consiga chegar em uma decisão para saber o que e como realizar atividades que estimule e auxilie no desenvolvimento. Sendo assim, Souza define que: “Prática educativa analisada reflexivamente, teorizada pelo coletivo institucional é o que denominou de práxis pedagógica” (SOUZA, 2009, p. 69). 

É fundamental que o pedagogo consiga atender a necessidade educacional do educando, que estará ajudando a estabelecer relação de forma contínua no aprendizado e ensino que lhe é oferecido no hospital com que é dado nas escolas, por isso as aulas tem que ser planejadas e se for o caso estar se adequando, para que seja possível suprir as necessidade de cada criança e adolescente de acordo com sua patologia, tendo flexibilidade para alcançar os objetivos e auxiliar nos desenvolvimentos psicológicos, físicos, cognitivo e emocional de cada aluno. 

A partir do momento que a educação é inserida nos hospitais é fundamental antes conhecer e compreender a prática pedagógica tendo como finalidade diferenciadas do que há nas escolas formais, evitando a padronização em relação aos métodos educacionais, considerando as condições em que os alunos se encontram e buscar inovar a prática pedagógica desenvolvendo um profissional humanizado.

No trabalho com educação e escolarização, é indispensável gostar de pessoas, claro que não basta apenas gostar, embora seja fundamental, mas gostar, ter profundo respeito por elas a tal ponto que esse respeito seja impulsionador das ações políticas epistemológicas e metodológicas que contribuirá para o exercício crítico da profissão (NETO; SANTIAGO, 2006, p. 114)10.

Destacando-se a importância de o pedagogo ter diálogo com a família, paciente, pais responsáveis que poderá contribuir no processo ensino aprendizagem. Não contamos com um modelo pronto de como fazer, mas temos que valorizar o diferente para poder alcançar o objetivo de olhar as pessoas em sua totalidade. 

O professor no ambiente hospitalar, por mais que planeje suas ações de diversas formas como acontece nas escolas, tem que compreender seu papel através das reflexões e críticas realizadas por si mesmo como pedagogo, permitindo se avaliar e não acomodar, sem necessário se atualizar com frequência. 

De acordo com Neto e Santiago: 

Em uma palavra, a condição do sujeito crítico constitui um traço do processo de profissionalização docente, do desenvolvimento profissional do nosso jeito de ser profissionais da educação de ser professora e professor. A criticidade é construída na relação com o outro, no processo de reflexão com o outro, no processo sobre a prática, reflexão coletiva (NETO; SANTIAGO, 2006, p.116)11. 

Para que o pedagogo venha realizar atendimento pedagógico para ser favorável é fundamental ter experiência de carreira profissional, ou buscar conhecimento para permitir melhor compreensão em relação aos casos, inovando os métodos, ter relação interpessoais, escutar, valorizar o trabalho em grupo. 

A pedagogia ocupa-se, de fato, dos processos educativos, métodos, maneiras de ensinar, mas antes disso ela tem um significado bem mais amplo, bem mais globalizante. Ela é um campo de conhecimentos sobre a problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, uma diretriz orientadora da ação educativa (LIBÂNEO, 2010, p. 29 – 30)12.

A pedagogia tem a função e objetivo de buscar sempre melhorar o processo ensino aprendizagem, utilizando de reflexão, produção de conhecimento e sistematização, contextualizando e conectando a sociedade com as questões educacionais. 

É muito importante estar qualificando o pedagogo para que consigam atender as demandas socioeducativas tanto formal como informal de acordo com as novas realidades e tecnologias, por esse motivo é fundamental ter um planejamento que tenha flexibilidade e possa se adequar às diversas situações que podemos encontrar pelo caminho seja no ambiente escolar ou educacional. 

Trata-se da situação de crianças e adolescentes entre idade escolar, que submetidas a longos períodos de hospitalização ficam impossibilitados de seguir o seu ano letivo escolar, ou daqueles que nem chegam a se matricular, pelos mesmos motivos, atingindo o pré-adolescência em estado de analfabetismo (MATOS e MUGIATTI, 2001, p.29)13. 

A prática pedagógica nos hospitais tem um papel fundamental para a educação, sendo uma modalidade de ensino com objetivo de estar acompanhando crianças e adolescentes enfermas que precisavam se ausentar da escola. A pedagogia hospitalar visa buscar construir conhecimentos e que venha proporcionar ao paciente bem-estar. 

Para os alunos que estão hospitalizados tem o significado de limitação não apenas física, mas também intelectual, que acaba impedindo continuar seus estudos na escola, e alguns acabam precisando se afastar por um período mais longo. 

A educação tem um ato amplo, do qual é realizada troca de saberes, experiências, vivências, conhecimento, linguagens e culturas, mas tudo isso acontece devido a interação entre os indivíduos, não ficando presos somente ao ambiente educacional, e sim permite ocorrer durante toda ação cotidiana. 

3.4. Ambiente Hospitalar 

As instituições hospitalares têm implantado a pedagogia em seu ambiente, para estar mantendo vínculo do paciente com o mundo fora dos hospitais, para melhorar sua condição de saúde, autoestima que acabará diminuindo o tempo de internação.

Os hospitais estão com propósito de estar favorecendo a construção e desenvolvimento do conhecimento para crianças e adolescentes, respeitando o limite e necessidade de cada um pois é fundamental ter um ambiente adequado e com mobilidade para realização das atividades pedagógicas, disponibilizar recursos didáticos áudio visuais, que propõem a mínima condição para que o aluno tenha contato com o mundo externo. 

Barros (1999, p. 83-84) relata sobre o processo de hospitalização da importância do educando de estar se envolvendo com atividades que desligue da angústia devido sua patologia, que causa outros problemas com ansiedade que é um reflexo do afastamento da escola e do tratamento médico. Com a pedagogia hospitalar, faz com que eles se ocupem e ao mesmo tempo cumprirá o currículo proposto durante o ano letivo, contribuindo no bem-estar. 

As questões educativas são importantes para se desenvolver através da recreação, que serão desenvolvidas habilidades cognitivas, artísticas e motoras. É fundamental apresentar atividades e conteúdos com recursos lúdicos, que facilitará a compreensão e o tirará da situação estressante que a internação acarreta. Um dos motivos de um excelente planejamento por parte do pedagogo, é deixar mais leve esse tempo de hospitalização. 

As atividades lúdicas são diferenciadas para os pacientes auxilia muito no desenvolvimento da aprendizagem, a qual muitas vezes será adaptada às novas linguagens e local, desta forma não terão prejuízo algum no processo ensino aprendizagem, e logo após a alta poderão retornar ao ambiente escolar sem se sentir perdido em relação aos conteúdos, vencendo as barreiras e limitações. 

De acordo com o Ministério da Educação nos esclarece

Os ambientes serão projetados com propósito de favorecer o desenvolvimento e a construção dos conhecimentos para crianças, jovens e adultos, no âmbito da educação básica, respeitando suas capacidades e necessidades educacionais especiais individuais (BRASIL, 2002, p. 15-16)14. 

Ressaltamos que o pedagogo hospitalar, tem o papel de estar sendo mediador do conhecimento favorecendo a compreensão dos conteúdos, tendo conhecimento do quadro clínico do paciente, pois além de contribuir na aprendizagem, resgatando não só a área educacional, mas também auxiliando no resgate da saúde mesmo que indiretamente. 

Reafirmando a importância da atuação do pedagogo, de estar desenvolvendo propostas pedagógicas adequadas e preparadas de acordo com as necessidades de cada um, trabalhando muito com multidisciplinar. “Dentro na escolarização hospitalar, o papel do educador é fundamental, pois ele propicia à criança ou adolescente o regresso à aprendizagem, uma vez que estaria estagnada, justificada pelo processo de internação” (CECCIM, 1999, p.41).

A interligação entre saúde e educação exige um trabalho em equipe, realizar trocas de experiência e conhecimento principalmente para a realização de avaliação e planejamento, sem falar que essa parceria é importante para ter sensibilidade e afetividade para que haja um trabalho humanizado. 

Com atendimento pedagógico-educacional, deve apoiar-se em proposta de educação lúdica, educação recreativa ou de ensino para saúde, nesse sentido diferenciando-se das salas de recreação, das brinquedotecas e dos momentos humanização hospitalar pela alegria ou dos projetos, brincar e saúde, facilmente encontrados na atualidade, mesmo que o lúdico seja estratégico à pedagogia hospitalar educativa não torna a classe hospitalar. Esse embasamento em uma proposta educativa não torna a classe hospitalar em uma escola formal, mas implica que possua uma regularidade e uma responsabilidade com as aprendizagens formais da criança, um atendimento obrigatoriamente inclusivo dos pais e das escolas de origem (CECCIM, 1999, p.43)15. 

Compreendendo que a pedagogia hospitalar não deve ser vista como uma sala de aula apenas dentro dos hospitais, mas como um atendimento pedagógico diferenciado e especializado, tendo como finalidade de estar de estar recuperando a socialização, para dar continuidade à aprendizagem, ficando nítida a importância e a necessidade da formação diversificada pelo pedagogo, inserindo o aluno na sociedade atual, de forma versátil de acordo com os novos tempos, sendo necessária organização, projetos mobilizadores que marcarão de forma positiva, desenvolvendo uma aprendizagem significativa. 

3.5 A importância do pedagogo 

Tem ampliado muito o campo de atuação do pedagogo, sendo cada vez mais importante e fundamental para o processo ensino aprendizagem. 

Para Matos e Mugiatti: “A sua atuação nesse sentido é uma reforçada contribuição ao trabalho multidisciplinar no contexto do hospital tendo condições de desenvolver um trabalho sincronizado, didático e pedagógico educativo” (MATOS e MUGIATTI, 2006, p.16). 

Desta forma muito tem se discutido sobre a proposta pedagógica, visando pensar sobre a ação educativa em hospitais como um processo de humanização. Lembramos que o pedagogo é mediador, que além de auxiliar nas atividades escolares, ele irá restaurar e fortalecer o laço do aluno internado com o cotidiano escolar.

Para a autora Arosa diz que o educador é mediador do processo ensino e aprendizagem, ele tem o papel de estar instigando e compartilhando conhecimento, pois quem ensina aprende também, quebrando o paradigma de uma visão tradicional, desta forma podendo construir uma aprendizagem mais solidária. Fonseca complementa que “o professor está lá para estimulá-los através do uso de seu conhecimento, das necessidades curriculares de cada criança” (FONSECA, 2003, p.25). 

A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) define a Pedagogia Hospitalar, enquadrando a Educação Especial no contexto hospitalar. Sendo assim é necessário que para atuar na Pedagogia Hospitalar, precisará também de formação em Pedagogia e ter conhecimento específico na área de atuação. 

Barros explica que o educador de classe hospitalar, tem que ser capaz de identificar e justificar as variáveis presente no contexto, apreciando as medidas humanizadoras que integram as atividades escolares de acordo com a condição que o paciente se encontra, sendo importante explorar espaços e rotinas dos hospitais, para que haja uma harmonização do tratamento com as atividades escolares a ser realizada. A autora ainda ressalta que o educador de classe hospitalar tem que estar sempre atento às necessidades apresentadas do aluno em relação à aprendizagem, motivando-os diante das atividades. “Respeitar o tempo de cada aluno sem deixar de estabelecer o compromisso direcionando estes objetivos de modo que a proposta seja concretizada” (BARROS, 2007, p. 265). 

Ter conhecimento básico é importante para atendimento emergencial para quando necessário realizar uma intervenção, até que o educador consiga chamar o profissional da saúde, para assim dar tempo de ser atendido pela equipe. 

Fonseca salienta ainda que a classe hospitalar requer que o educador: “com destreza e discernimento para atuar com planos e programas abertos, móveis, mutantes, constantemente reorientados pela situação especial individual de cada criança ou adolescente sob atendimento” (FONSECA, 1998, p.35). Sendo necessário um planejamento individual, pois cada paciente pode apresentar necessidades diferentes uma das outras, respeitando o ritmo e limitação. 

A pedagogia hospitalar demanda necessidades de profissionais que tenham uma abordagem progressista, com uma visão sistêmica da realidade do escolar doente. Seu papel principal não será de resgate à escolaridade, mas de transformar essas duas realidades fazendo fluir sistemas que as aproxima e as integre (MATOS; MUGIATTI, 2006, p.12)16.

O educador de uma classe hospitalar não pode restringir o paciente, apenas para ocupar o tempo, mas deve criar espaços diferenciados, trabalhar com lúdico e se necessário modificar sua metodologia para que o paciente tire por um tempo o foco de sua patologia, para que esse tempo hospitalizado se torne leve. 

Sendo assim, constatamos que a criança e adolescente não podem ter prejuízos durante o ano letivo pelo fato de estar internado, seja por pouco ou longo período de internação. O pedagogo tem um papel importante, pois é agente de mudanças: “que numa perspectiva integradora e uma visão de prática pedagógica de educação integral promove o aperfeiçoamento humano” (MATOS; MUGIATTI, 2006, p. 117). 

As autoras colocam a importância que o professor tem que ter habilidades que levará a reflexão sobre suas ações pedagógicas, para oferecer toda orientação necessária respeitando claramente a particularidade e necessidades de cada indivíduo que se encontram hospitalizados. De acordo ainda com as autoras: 

Esta formação requer um perfil de educador com uma abordagem progressista uma visão sistêmica da realidade hospitalar, exercendo suas atividades em um sistema integrado em que as reflexões multi/inter/transdisciplinares, transformando a realidade que envolve o aluno atendido (MATOS; MUGIATTI, 2006, p.116)17. 

Para Fonseca o perfil pedagógico educacional do educador da classe hospitalar é a favor de adequar a realidade do hospital, valorizando o potencial da criança e adolescente, motivando e incentivando-os para incluí-los no contexto da classe hospitalar. Para Fonseca: “O professor tem como principal função estimular as crianças, por meio dos seus conhecimentos e das necessidades de aprendizado curricular de cada criança” (FONSECA, 2003, p.25). 

Para as autoras Matos e Mugiatti, é fundamental que haja pedagogos formados com propostas criativas, que se comprometam realmente com o atendimento da criança e adolescente hospitalizados, que tenham habilitação específica para obter êxito na prática de ensino. 

3.6. Recreação hospitalar e brinquedoteca 

As atividades lúdicas auxiliam muito na construção do conhecimento, fantasias, jogos e brincadeiras que fazem parte da vida do ser humano, especialmente contemplando crianças e adolescentes, de maneira que marcam positivamente, alcançando uma aprendizagem significativa. O brincar desenvolve a criatividade, cooperação, atenção, afetividade, trabalho em equipe, comunicação, concentração, sem falar das diversas funções básicas que auxiliará no desenvolvimento da criança e adolescente.  

O ato do brincar é fundamental por propiciar felicidade e predisposição do amor a si mesma e ao próximo de maneira fraternal, há desenvolvimento pleno da criança e adolescente, visto que engloba a reflexão sobre suas ações, a criança aprende com a prática, além de desenvolver a sociabilidade através da interação com o outro e aprende a cumprir regras através das brincadeiras com os jogos (CUNHA, 2007, p.74)18. 

A brinquedoteca e atividades recreativas têm deixado de ser exclusividade do ambiente escolar, mas inseridas também nos hospitais, tendo como objetivo o brincar e distrair, trazendo grande benefício, ajudando no restabelecimento da saúde. 

A brinquedoteca no ambiente hospitalar tem se tornado fundamental na recuperação do indivíduo, fazendo bem de modo significativo na saúde mental, física e emocional. Com a brinquedoteca facilita no desenvolvimento dos pacientes, trabalhando a socialização, criatividade dentre outros. 

Infelizmente sabemos que a criança e adolescente que passa por intervenções médicas acabam apresentando um grau depressivo, por esse motivo a importância do pedagogo que contribui no seu desenvolvimento, resgatando autonomia e bem estar por um período que tem se tornado essencial na vida dos pacientes. 

Cunha explica o papel da brinquedoteca hospitalar: 

Preservar a saúde emocional da criança ou do adolescente, proporcionando oportunidades para brincar, jogar, e encontrar parceiros; Preparar as crianças para situações novas que irá enfrentar, levando-a finalizar-se com roupas e instrumentos cirúrgicos de brinquedos por meio de situações lúdicas, a tornar conhecimento de detalhes da vida no hospital e do tratamento a que vai ser submetida; Dar continuidade a estimulação de seu desenvolvimento, pois a internação poderá privá-las de oportunidades e experiências de que necessita. Se a hospitalização for longa, pode ser necessário um apoio pedagógico para que a criança não fique muito defasada no seu processo de escolarização; proporcionar condições para que a família e os amigos que vão visitar a criança encontrem-se com ela em um ambiente favorável, que não seja deprimente e nem vá aumentar a condição de vítima em que já se encontra. Um brinquedo ou um jogo pode facilitar o relacionamento mais alegre; preparar a criança para voltar para casa, depois de uma internação prolongada ou traumática (CUNHA; VIEGAS, 2007, p. 72)19.

Ressaltamos que a brinquedoteca propicia também situações de socialização e desenvolvimento das habilidades das crianças e adolescentes hospitalizados, como concentração, afetividade, atenção entre outras por meio de leituras, jogos, materiais artísticos e atividades lúdicas. O pedagogo tem que estar na busca constante de estratégias atrativas, que prenda atenção do aluno, pois o brincar deve ser atividades que traga sensação de alegria, prazer e aprendizagem ocorre de forma espontânea sem imposição. Matos afirma que: 

É preciso entender que uma recusa não significa rejeição à atividade como um todo e sim que por algum motivo, às vezes não aparente, a recreação pode não ser prazerosa. Por isso, a escolha das atividades e as reações nos momentos iniciais é de extrema importância e exige muita habilidade e sensibilidade para se detectar a relação recreação e bem-estar dos participantes (MATOS, 2009, p. 143)20. 

Salientamos que ao tratar crianças e adolescentes, o pedagogo pode estar inserindo pais e responsáveis nas atividades lúdicas, proporcionando momentos de alegria e interação.  

A atenção pedagógica, por meio da comunicação e do diálogo, tão essenciais no ato educativo, se propõe a ajudar o enfermo criança ou adulto para que imerso nessa situação negativa que atravessa, possa seguir desenvolvendo- se em todas as dimensões pessoais, com a maior normalidade possível (MATOS; MUGIATTI, 2001, p.28)21. 

Diante da proposta, notamos a necessidade de pensar sobre avaliação, pelo fato dos alunos se encontrarem em situações especiais. Lembrando que o processo educacional precisa ser avaliado, o ambiente hospitalar não poderia ficar de fora, sendo também uma maneira de estar avaliando se a pedagogia hospitalar está cumprindo seu objetivo, não causando prejuízos ao educando.

3.7. Ação educacional para prática da humanização 

Tem se alcançado grandes conquistas na área da educação e saúde, levando em consideração o olhar humanizado por parte da comunidade e profissionais envolvidos. A saúde humanizada promoverá o processo social. Afirma Nogueir-Martins e Bogus: “dependente das políticas públicas, programas sociais, modelos de atenção à saúde, intervenções no meio ambiente, ações humanas e interações sociais” (NOGUEIR-MARTINS; BOGUS, 2004, p.86). 

A humanização vem como responsável por inserir e facilitar a inclusão dos profissionais, além da equipe médica trazendo contexto da afetividade, emoção e cognitivo. Freire diz que: “A afetividade não se acha excluída da cognoscibilidade” (FREIRE, 1997, p.160). As escolas e hospitais estão se abrindo para a afetividade selando um compromisso com o ser humano, disponibilizando ações que melhore a qualidade de vida e bem-estar. 

Segundo Vasconcelos: 

A afetividade é uma dimensão de nosso pensamento tão essencial quanto o pensamento. Os médicos costumam dizer que quando o corpo cala, os órgãos falam. A afetividade nos constitui, ela se identifica com o nosso próprio pensar e nos identifica como pessoas. Amores, paixões, gostos, interesses, rejeições, repulsas, ódios, rancores, tudo isso forma o ser humano e dele é inseparável. Não há distância entre o homem e seus sentimentos (VASCONCELOS, 2011, p.15)22. 

Ressaltando -se a importância e urgência, compromisso com a qualidade em relação humana nos hospitais. Ortiz e Freitas dizem que: “Relação esta, que fala em linguagem do afeto, do apoio e da segurança entre as partes, dos laços de amizade que fortalecem para patrocinar a integridade da atenção à saúde” (ORTIZ; FREITAS, 2005, p. 27). Podemos perceber que para mudanças é preciso de investimento a longo prazo, sem falar que os profissionais da saúde, que não poderão ficar resistindo ao caráter conservador, sendo necessário estar se atualizando e abertos para novo ou estar se inovando. 

O ambiente hospitalar é carregado de emoções e transformação, do qual não podemos ignorar considerando a qualidade de vida do educando hospitalizado, sendo que a doença chega e acaba excluindo a criança e adolescente das interações sociais e da liberdade. Desta forma refletir sobre a conexão da saúde e da educação para o cuidado com educando, pensando em estratégias que irão auxiliar no desenvolvimento e na potencialidade humana, estabelecendo uma verdadeira parceria que facilitará o processo de inclusão. É necessário a dedicação do educador em relação ao trabalho pedagógico hospitalar, para estar estimulando, despertando e desenvolvendo no aluno, mesmo que com limitação por causa de sua enfermidade, a alegria, esperança e o ato na prática educativa.

É preciso por outro lado, insistir em que não se pense que a prática educativa vivida com afetividade e alegria, prescinda de formação científica séria e da clareza política dos educadores ou educadoras. A prática educativa é tudo isso: afetividade, alegria, capacidade científica, domínio técnico a serviço da mudança ou lamentavelmente da permanência do hoje (FREIRE, 1996, p. 161)23. 

É de suma importância a potencialização e apoio do bem-estar para saúde e educação que propicia ao paciente além do tratamento médico condições adequadas para auxiliar o desenvolvimento educacional. “A integração entre o pedagógico e o clínico, entre a subjetividade e a objetividade, instaura a concretude da humanização da assistência hospitalar, fundamentado no sonho do cuidado ancorado na totalidade do ser humano” (ORTIZ; FREITAS, 2005, p.35). É fundamental promover ações de resgate entre educação e saúde, para que tenha respeito e valorização da vida. 

Para Assis: 

A prática da humanização requer uma atuação profissional voltada para a multiplicidade humana, assumindo uma postura ética que reflita disposição de acolhimento e solidariedade ao outro e, no caso deste estudo específico, de desenvolvimento da potencialidade e reconhecimento dos limites do aluno/paciente (ASSIS, 2009, p.82)24. 

Reafirmando que o pedagogo hospitalar precisa ter algumas qualidades, além de ser educador convencional, estar preparado para acolher e lidar com situações difíceis e diferentes que podem acontecer no ambiente hospitalar. “É digna de nota a capacidade que tem a experiência pedagógica para despertar, estimular em nós o gosto de querer bem o gosto da alegria sem a qual à prática educativa perde o sentido” (FREIRE, 1997, p.161). Mesmo que esteja distante da escola, dos colegas é importante que eles se sintam acolhidos independente de sua patologia, pois muitos acabam sendo discriminados quando retornam para o ambiente escolar ficando isolados dos demais.

O pedagogo hospitalar é o mediador tendo que ficar atento para estar reinserindo a criança no ambiente educacional, promovendo o desenvolvimento da autoestima.  

Acham-se contemplados, como fatores pessoais, o equilíbrio emocional e a maturidade; a sensibilidade e a cautela na atuação com as diferenças; a criatividade e o exercício da troca como um veículo de tornar legítima a escuta aguçada. Ao ser traçado e perfil didático-pedagógico, os informantes acionam a relevância da formação acadêmica, a experiência em sala de aula como procedente que disponibiliza a capacidade e a adaptação dos currículos e peculiaridade da dinâmica da classe hospitalar às necessidades de cada aluno (ORTIZ; FREITAS, 2005, p.86)25. 

É fundamental a integração do educando com o mundo exterior do hospital, o professor tem se tornado muito mais que um mediador apenas do conhecimento, resgatando e possibilitando o educando a superação.

4. CONCLUSÃO 

Esta pesquisa possibilita e constata opções de atuação do pedagogo em relação aos ambientes educacionais e funções, ocupando variáveis atividades ligadas à inclusão na sociedade.  

Através dos estudos realizados foi constatado a carência de desenvolver a pedagogia hospitalar e a necessidade de comunicação e falta de informação da comunidade, que criança e adolescente hospitalizados têm direito à educação de acordo com as leis que regulamenta a obrigatoriedade para tentar combater a evasão escolar, sendo importantíssimo para tentar diminuir o alto índice de analfabetismo que ainda nos deparamos principalmente quando por necessidade por causa da saúde, que precisam se afastar por curto ou longo prazo para tratamento médico. 

O estudo deixou claro sobre as reflexões acerca de um atendimento mais humanizado na pedagogia hospitalar, buscando uma intervenção mais eficaz que desperte o gosto em aprender, auxiliando no desenvolvimento integral da criança e adolescente que se encontram hospitalizados, oferecendo qualidade de vida e bem estar e uma excelente recuperação. 

A prática pedagógica no ambiente hospitalar, destaca a importância da flexibilização no planejamento no espaço hospitalar, para conseguir atender pacientes com diferentes patologias e conseguir atingir o objetivo proposto. Sendo fundamental a comunicação do pedagogo juntamente com a equipe médica, para que assim consiga uma aprendizagem significativa por parte do aluno. 

Diante dos estudos realizados, notamos a importância da integração entre saúde e educação em um atendimento individualizado com criança e adolescente hospitalizados, conseguindo passar por essa fase com todo apoio necessário, por profissionais competentes e incluí-los na sociedade. 

A pedagogia hospitalar é uma nova área de atuação para o pedagogo e profissionais da saúde, abrindo-se a inovação, ou melhor dizendo um novo olhar para a vida humana, proporcionando ao aluno que mesmo que estejam em tratamento, podem dar continuidade a vida escolar, sem causar quaisquer prejuízos na aprendizagem e durante o ano letivo, desenvolvendo o psíquico e cognitivo. 

No entanto, enfatizo a necessidade de o pedagogo ser preparado e ter experiência, para que haja um melhor aproveitamento por parte da criança e adolescente, desenvolvendo assim um trabalho de suma importância e produtivo para o educando, adquirindo uma postura de ensino que levará em consideração o aspecto social de interação com atividades contextualizadas. 

Em reforço a essas considerações, vale frisar que essa pesquisa não esgota o assunto, podendo se desdobrar em pesquisas maiores, que exigem maior tempo de pesquisa e consulta teórica sobre a pedagogia hospitalar, além claro de pesquisa de campo e pesquisa-ação a fim de confrontar os pressupostos teóricos com dados empíricos coletado e na vivência em classe hospitalar. 

Todavia, quando penso nas limitações deste trabalho, ele tem a virtude de apontar caminhos para futuros pesquisadores, além de servir de referencial teórico inicial para quem já trabalha com a classe hospitalar, sem, no entanto, ter tido ainda a oportunidade de conhecer as ricas e amplas possibilidades pedagógicas pertinentes a este encantador legado da pedagogia hospitalar.

5. REFERENCIAS 

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1BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação? 28 ed. São Paulo: Brasiliense, 1993. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
2MATTOS, Elizete Moreira; MUGIATTI, Margarida Maria Teixeira de Freitas. Pedagogia Hospitalar: A Humanização integrando educação e saúde. Brasil, Petrópolis-RJ: Vozes, 2007.
3BRASIL, Ministério da Educação. Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e orientação. Brasília: Ministério da Educação e Cultura/Secretaria de Educação Especial, 2002.
4SCHILKE, Ana Lucia T. Representação Social em espaço hospitalar. Dissertação (Mestrado em Educação), Rio de Janeiro, 2008.
5SCHILKE, Ana Lucia T. Representação Sociais em espaço hospitalar. Dissertação (Mestrado em Educação), Rio de Janeiro, 2008.
6MATTOS, Elizete Moreira; MUGIATTI, Margarida Maria Teixeira de Freitas. Pedagogia Hospitalar: A humanização integrando educação e saúde. Brasil. Petrópolis-RJ. Vozes, 2006.
7VENDRAMIN, Maria José da Silva Canto; FERNANDES, Raissa; MATTÃO, Patrícia. Os Benefícios do lúdico na pedagogia hospitalar. Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa. Brasília, 2016.
8MORIN, E. Os Setes saberes necessários à Educação do Futuro. 9. Ed. São Paulo – SP: Cortez, 2004
9AQUINO, S. L. de; SARAIVA, A. C. L.; BRAÚNA, R. de C. de A. Representações sociais da atuação do pedagogo na saúde: Saberes envolvidos e experiências compartilhadas, Paranaíba, V. 3, 2012.
10NETO, José Batista; SANTIAGO, ELIETE. Formação e Prática Pedagógica. Recife, 2006.
11NETO, José Batista; SANTIAGO, ELIETE. Formação e Prática Pedagógica. Recife, 2006.
12LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogo para que? São Paulo, Cortez, 12ª Ed., 2010.
13MATOS, Elizete Moreira; MUGIATTI, Margarida Maria Teixeira de Freitas. Pedagogia Hospitalar. Curitiba, 2001.
14BRASIL, Ministério da Educação. Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e orientação. Brasília: Ministério da Educação e Cultura/Secretaria de Educação Especial, 2002.
15CECCIM, Ricardo B. Classe hospitalar: buscando padrões referenciais de atendimento pedagógico- educacional à criança e ao adolescente hospitalizado. Revista Integração, Brasília, 1999.
16MATOS, Elizete Moreira; MUGIATTI, Margarida Maria Teixeira de Freitas. Pedagogia Hospitalar: A humanização e saúde. Brasil. Petrópolis-RJ: Vozes, 2006.
17MATOS, Elizete Moreira; MUGIATTI, Margarida Maria Teixeira de Freitas. Pedagogia Hospitalar: A humanização e saúde. Brasil. Petrópolis-RJ: Vozes, 2006.
18CUNHA, N. H. S. O significado da brinquedoteca hospitalar. In VIEGAS, D. (org.). Brinquedoteca Hospitalar: isto é humanização. Rio de Janeiro: WAP, 2007.
19CUNHA, N. H. S. O significado da brinquedoteca hospitalar. In VIEGAS, D. (org.). Brinquedoteca Hospitalar: isto é humanização. Rio de Janeiro: WAP, 2007.
20MATOS, Elizete Lúcia Moreira. Escolarização Hospitalar: educação e saúde de mãos dadas para humanizar. Petrópolis-RJ. VOZES, 2009.
21MATOS, Elizete Moreira; MUGIATTI, Margarida Maria Teixeira de Freitas. Pedagogia Hospitalar. Brasil. Petrópolis-RJ: Vozes, 2001.
22VASCONCELOS, S. M. F. Classe hospitalar no mundo: um desafio à infância em sofrimento. 2011.
23FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 5ª ed. São Paulo,1996.
24ASSIS, W. Classe hospitalar um olhar pedagógico singular. São Paulo-SP, 2009.
25FREITAS, S. N.; ORTIZ, L. C. M. Classe hospitalar caminhos pedagógicos entre saúde e educação. Santa Maria – RS; 2005.