PARTICIPAÇÃO DE ESTUDANTES EM PROGRAMAS DE ATIVIDADE FÍSICA EM UMA CIDADE DO ESPÍRITO SANTO – BRASIL

PARTICIPATION OF STUDENTS IN PHYSICAL ACTIVITY PROGRAMS IN A CITY IN ESPÍRITO SANTO – BRAZIL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10684455


Arthur Matias Chagas1
Emilly Cunha Nunes2
Júlia Hartuique de Oliveira3
Jamille Locatelli4


Resumo

O sedentarismo é apontado como um dos maiores males da sociedade moderna. Para evitá-lo é importante que as pessoas mudem seus hábitos de vida, inserindo alguma atividade física sistematizada em sua rotina, com objetivo de melhorar os componentes da aptidão física. Atualmente, encontramos adolescentes pouco ativos, o que se torna preocupante, já que podem ser acometidos de doenças crônicas advindas do sedentarismo. Essa pesquisa teve como objetivo identificar como os adolescentes e jovens escolares com média de idade de 17,81±0,85 anos de duas escolas do município de Colatina, ES, se relacionam com a atividade física e quais os possíveis fatores que os impedem de realizá-la. Para garantir que todos tivessem seus direitos resguardados e sua identidade preservada, foram distribuídos os termos de assentimento e consentimento aos participantes e aos seus responsáveis, a fim de que dessem anuência antes da coleta de dados. Após, estudantes das escolas Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Rubens Rangel e Instituto Federal Espírito Santo campus Colatina responderam a um questionário criado pelos pesquisadores, oportunidade em que forneceram dados sobre o gênero dos participantes, adesão à prática esportiva, dados sobre o tempo de tela que eles utilizam diariamente e qual a modalidade de exercício físico eles gostariam que fosse disponibilizada gratuitamente pela prefeitura do município de Colatina. Após a análise dos dados coletados, constatou-se que há uma maior prevalência, em ambas as escolas, do sedentarismo mais evidente no público feminino. Além disso, notou-se que os participantes relataram diversos motivos para esse comportamento, como a falta de motivação, a dedicação para estudar, o trabalho e condições financeiras. Concluiu-se que 44,2% dos participantes dessa pesquisa são sedentários e que as meninas são as mais inativas (70,9%). Ademais, evidencia-se que, em ambas as escolas, os adolescentes utilizam as telas por mais de 4 horas diárias, o que pode explicar essa elevada quantidade de alunos sedentários.

Palavras-chave: sedentarismo; estudantes; ensino médio; exercício físico; atividade física.

1 INTRODUÇÃO

O estilo de vida sedentário corresponde àquele em que o indivíduo pratica atividade física com pouca movimentação, que ocorre, por exemplo, quando se está sentado, e representa um gasto energético muito próximo do estado de repouso. Na contemporaneidade, esse conceito abrange as atividades corriqueiras, que podem ser: assistir à televisão, mexer no celular e usar o computador, ou mesmo uma caminhada leve até a escola, entre outras atividades do dia a dia.

Caspersen, Powell e Christensen (1985) definiram atividade física como qualquer movimento corporal, produzido pelos músculos esqueléticos, que resulte em gasto energético maior do que os níveis de repouso, por exemplo, caminhada, dança, jardinagem, subir escadas, dentre outros. Para esses autores, o exercício físico é toda atividade física planejada, estruturada e repetitiva, que tem como objetivo a melhoria e/ou a manutenção de um ou mais componentes da aptidão física.

A prática de exercício físico pode proporcionar diversos benefícios fisiológicos, tais como aumento da densidade óssea, diminuição da pressão arterial, melhora da força muscular, além de psicológicos, dentre os quais pode-se citar: melhora da autoestima, diminuição do estresse e depressão (ZAMAI et al., 2011; DRAWZ et al., 2017; LAM et al., 2018).

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2022), a atividade física regular pode provocar melhora na aptidão física, proporcionar bons resultados cognitivos, diminuir a adiposidade, além de auxiliar na saúde cardiometabólica, óssea e mental.

A prática de exercício físico é muito importante para a saúde dos adolescentes, embora cerca de 80% deles fossem insuficientemente ativos em 2022 (OMS, 2022). Pessoas sedentárias possuem cerca de 20 a 30% de risco de morte maior, quando comparadas com pessoas que praticam exercício físico. Portanto, nota-se que o estilo de vida sedentário está presente no cotidiano dos adolescentes do Brasil e pode ser um grande risco para a saúde deles.

Considerando a importância de um estilo de vida ativo para a saúde e qualidade de vida de adolescentes, acredita-se que este trabalho possa trazer um levantamento sobre como os fatores externos podem influenciar no comportamento sedentário e as razões que levam a não adesão às práticas de exercício físico por jovens e adolescentes, visto que não existem pesquisas referentes ao sedentarismo para essa faixa etária, na cidade de Colatina, ES. Os resultados desta pesquisa poderão contribuir para a discussão e implementação de propostas sobre a criação de novos espaços públicos e programas de exercícios físicos para jovens e adolescentes, objetivando uma maior adesão à vida ativa.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O sedentarismo pode ser compreendido como um conjunto de atividades com gasto energético semelhantes aos níveis de gasto energético de repouso (PATE; O’NEILL; LOBELO, 2008; OWEN et al., 2010). Baseado nesse conceito, observa-se que o estilo de vida humano está cada vez mais tendendo ao sedentarismo, com o aumento da frequência de atividades como assistir televisão, usar computador, jogar videogame, usar smartphones, dentre outras similares. Deve-se considerar também os artifícios que facilitam a vida moderna e acabam contribuindo para o aumento do sedentarismo, como: uso de carros, controles remotos, elevadores e escadas rolantes (VILELA e NASCIMENTO, 2018).

A utilização de meios digitais tem se tornado uma constante, por parte de jovens e adolescentes, principalmente para atividades acadêmicas, requeridas na escolarização. Embora os smartphones tenham diversas potencialidades e possibilidades de utilização no dia a dia, o excesso de tempo de tela pode causar alguns prejuízos para a população em idade escolar. Moreira et al. (2019) investigaram a prevalência e os fatores associados ao sobrepeso e à obesidade em adolescentes da zona urbana do Amapá (AP). O estudo se caracterizou como transversal, descritivo e quantitativo, e envolveu 413 alunos, com idade entre 15 e 19 anos, de 4 escolas da zona urbana de Macapá. Os autores consideraram as seguintes variáveis para análise: informações sobre os fatores associados à obesidade, medidas antropométricas de peso, estatura e índice de massa corporal dos adolescentes. Obtiveram resultados que demonstraram que adolescentes com menor nível socioeconômico e que usam mais de 3 horas por dia de telas são mais predispostos a serem sedentários, enquanto adolescentes com idade entre 17 e 19 anos são mais propensos a serem sedentários, ao serem comparados com os mais jovens.

Um estudo transversal realizado por Silva et al. (2020), avaliou os fatores sociodemográficos associados ao excesso de peso em um grupo de 128 adolescentes, com idade entre 10 e 18 anos. Para a obtenção dos dados, foi aplicado um questionário que abordava as questões socioeconômicas e o estilo de vida. Percebeu-se que a inatividade física estava mais presente entre adolescentes do sexo feminino, com idade entre 15 e 19 anos, quando se comparava aos índices do sexo masculino.

Ceschini e Júnior (2007) observaram que, entre os motivos para esses adolescentes não praticarem exercício físico estão a falta de interesse e não saber como se realizar as atividades adequadamente. Eles investigaram 1738 adolescentes do ensino médio, em um estudo transversal que envolvia oito escolas particulares de São Paulo, utilizando questionários para coleta de dados. Deve-se destacar que a terceira série do ensino médio relatou a falta de tempo como uma das barreiras para não praticarem exercício físico. Nesse trabalho, os autores também pontuaram a importância de políticas públicas de incentivo à prática de exercício físico como mecanismo para evitar o sedentarismo.

O comportamento sedentário tem sido usualmente representado pela exposição ao tempo de uso de televisão, videogames, celulares, computadores, entre outros. Considera-se como tempo de tela aquele empregado em atividades envolvendo computadores, celulares, televisão, etc. (OMS, 2020). Todavia, há também outras atividades com pouco gasto energético, como o tempo sentado nas carteiras da escola, por exemplo, que têm considerável recorrência no cotidiano de estudantes. O tempo de tela traz diversos malefícios aos adolescentes, tais como a diminuição da aptidão física, aumento da baixa autoestima e piora no desempenho estudantil. De acordo com o IBGE (2019), 59% dos estudantes de 13 a 17 anos da região Sudeste ficaram mais de 3 horas sentados, computados como tempo de tela, podendo contribuir com a ocorrência de um comportamento sedentário.

O esporte como modalidade de atividade física é uma das mais importantes da atualidade, sendo uma das formas distintas de organização do uso do corpo (ALMEIDA, 2019). Há uma necessidade da inserção de práticas na rotina dos jovens e adolescentes, com o intuito de propiciar lazer e distração, que poderiam amenizar os gastos com tratamento de doenças advindas do sedentarismo que, de acordo com o Ministério do Esporte (2015), já atingem quase metade da população brasileira.

Para Sallis e Owen (1999) alguns fatores que impedem a prática de atividade física podem ser demográficos, biológicos, psicológicos, cognitivos, emocionais, culturais, sociais, ambientais, características da atividade física em questão e atributos comportamentais, demonstrando assim a complexidade dos empecilhos para a ruptura com o estilo de vida sedentário.

Ainda há poucas investigações a respeito dessa questão no Brasil, especialmente na cidade de Colatina, ES. Dentre os motivos que aparecem na pesquisa com grupos focais desenvolvida por Santos et al. (2010), na cidade de Curitiba, com estudantes do ensino médio, estão a falta de interesse pela prática de exercício físico, a falta de conhecimento de como se exercitar, a falta de vontade e a obrigação com os estudos. Buscar esses dados é necessário para saber como agir, diante do que impede os jovens e adolescentes de praticarem atividade física. Assim, os resultados deste trabalho poderão contribuir para dar direcionamento aos órgãos competentes sobre a criação de políticas públicas voltadas à prática de atividade física ou mesmo incentivar um novo comportamento dos participantes da cidade de Colatina, ES.

3 METODOLOGIA

Os protocolos de intervenção no estudo foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa do IFES, sob o parecer CAAE: 70576423.6.0000.5072, sendo a pesquisa caracterizada como de caráter exploratório, com fontes primárias e secundárias. Além disso, os resultados foram tratados de modo quantitativo, através da análise de porcentagem de respostas, e qualitativo, utilizando a análise de conteúdo de Bardin (2011). A análise dos dados quantitativos foi feita utilizando o software GraphPad Prism 10.1.0. Foram consideradas diferenças significativas para p < 0,05.

PARTICIPANTES

A amostra pode ser caracterizada como de conveniência, sendo os participantes do estudo estudantes com idade entre 17 e 20 anos, matriculados no terceiro ano de duas instituições de ensino, uma estadual e outra federal. Optou-se por escolher esse ano por estarem se preparando para os exames que dão acesso ao ensino superior. As escolas selecionadas para a coleta de dados foram a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Rubens Rangel (EEEFM) e o Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) campus Colatina. O critério utilizado para a escolha das escolas foi oferecer ensino médio em apenas um turno e a proximidade da residência da equipe de pesquisa.

INSTRUMENTO UTILIZADO

Após convite e anuência das escolas, os pesquisadores aplicaram um questionário aos alunos, contendo perguntas de múltipla escolha e dissertativas sobre a idade, o gênero, se praticava exercício físico, qual(quais) a(s) modalidade(s) ele praticava, se pagava para fazer o exercício físico, o tempo que dedicava às telas diariamente e qual modalidade de atividade física ele gostaria que fosse disponibilizada gratuitamente pela prefeitura de Colatina. Acrescenta-se que as coletas aconteceram em horário de aulas dos estudantes, com supervisão da equipe de pesquisa. Aqueles que não desejaram participar eram incentivados a responderem ao questionário e seus dados foram excluídos das análises. Ao concordar em participar do estudo, o participante assinou um termo de assentimento e/ou consentimento, assim como seu responsável (quando necessário).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O objetivo do estudo foi identificar como os adolescentes e jovens de duas escolas da cidade de Colatina, ES, se relacionam com a atividade física e quais os possíveis fatores que os impedem de realizá-la.

Após analisar os resultados obtidos com o questionário, identificou-se a participação de 70 estudantes, sendo 33 da EEEFM Rubens Rangel (15 meninas e 18 meninos) e 37 do IFES campus Colatina (18 meninos, 18 meninas e 1 bigênero).

Todos os participantes residiam no município de Colatina e a média de idade foi de 17,81±0,85 anos. Dentre eles, 44,2% não praticavam exercício físico. Desse total de pessoas inativas, 70,9% (22) eram meninas, enquanto somente 29,03% (9) eram meninos e relataram não praticar nenhuma atividade física sistematizada.

Os resultados obtidos no IFES mostraram que 14 participantes não praticavam exercício físico. Além disso, percebeu-se que as meninas eram menos adeptas à prática, pois, das 18 que responderam ao questionário, 10 não se consideraram ativas e isso correspondeu a aproximadamente 55% do total do público feminino. Sobre os meninos, constatou-se que dos 18 participantes, só 4 responderam que não faziam exercício físico. Já na EEEFM Rubens Rangel, 17 participantes (51,5%) responderam que não praticavam exercício físico. Além disso, percebeu-se que as meninas eram menos adeptas às práticas de atividade física, pois, das 15 que responderam ao questionário, 12 não eram ativas (80%). Em relação aos meninos, observou-se que dos 18 participantes, apenas 5 relataram não praticar exercício físico.

Vale destacar que na escola da rede federal, 50% das participantes citaram as tarefas escolares como principal causa para não praticarem nenhum exercício.

Os altos índices de inatividade física nessa faixa etária corroboram com os resultados obtidos por Silva et al. (2020), que avaliaram a prática de atividade física e o sedentarismo em adolescentes com excesso de peso e sua associação com os fatores sociodemográficos. Eles observaram que 64,7% dos adolescentes participantes do estudo não praticavam atividade física fora da escola.

A faixa etária que envolve o período da adolescência pode ser considerada como um fator preponderante para a inatividade física. Outros estudos também têm mostrado que há baixa adesão a programas de atividade física nessa idade (BYUN, DOWDA e PATE, 2012; SILVA et al. 2020), época em que os adolescentes estão se preparando para prestar exames objetivando acessar o ensino superior. O envolvimento excessivo com atividades intelectuais acaba se tornando um limitador para ingressar em um programa de atividade física, justificado pelo vasto tempo dedicado aos estudos.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê a prática regular de 60 minutos diários de atividade física para crianças e adolescentes, objetivando a obtenção de benefícios importantes para a saúde, tais como a prevenção e controle do diabetes tipo 2 e doenças cardíacas, a diminuição dos sintomas de ansiedade e depressão, a melhora da memória, dentre outros (OMS, 2020b). Dessa maneira, é de extrema relevância provocar reflexões sobre a importância de se adotar um estilo de vida ativo que tenha potencial para repercutir na promoção da saúde, em associação à prevenção de doenças.

Ao analisar o tempo de exposição às telas, observou-se que grande parte dos adolescentes respondeu que ficava por 4 horas ou mais em utilização de dispositivos, valor considerado acima do máximo recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2019). Acrescenta-se que no IFES nenhum participante mencionou ficar menos de 2h em exposição, conforme observado na figura 1.

Figura 1: tempo de exposição à tela nas escolas.

Deve-se ressaltar que o uso de celulares, smartphones e outros dispositivos eletrônicos pode influenciar negativamente nos níveis de atividade física entre adolescentes (KOEZUKA et al., 2006; VASCONCELLOS et al., 2021), embora o uso do celular e smartphone faça parte do cotidiano da maioria dos adolescentes, que estão em busca constante de atualizações e inovações. Entretanto, deve-se observar que a exposição excessiva às telas pode provocar prejuízos à saúde dos indivíduos, tais como a obesidade (KENNEY e GORTMAKER, 2017), além da privação do sono e problemas posturais (OLIVEIRA et al., 2017).

Em ambas as escolas pesquisadas, foi evidente que que o público feminino era a maior parcela inativa dos adolescentes participantes da pesquisa. Esse resultado também foi identificado por Carlos et al. (2022), em um estudo que buscava analisar a associação entre sedentarismo e nível socioeconômico em adolescentes de escolas públicas de João Pessoa (PB). Acredita-se que os fatores que influenciam no interesse e prática de atividade física por parte das meninas sejam diversos. Podem-se citar questões históricas e culturais de gênero e mudanças observadas na puberdade, que impactam no desenvolvimento motor e desempenho das meninas em atividades físicas (CARLOS et al., 2022), além do pouco incentivo dado pelos amigos e familiares, conforme indicam Altmann et al. (2018).

As principais causas para a inatividade física apontadas pelas moças foram: falta de motivação, estrutura pública, necessidade de estudar, condições financeiras, cuidado parental e saúde. Acrescenta-se que na EEEFM Rubens Rangel, 25% das adolescentes citaram o trabalho como um dos motivos para não praticarem atividade física. Esse fator também foi associado à necessidade de tempo para realização das tarefas escolares.

Sabe-se que o envolvimento em atividades laborais pode contribuir com o comportamento sedentário apresentado por jovens, também observado por Silva et al. (2009). Além do trabalho, a necessidade de estudar também foi citada como um dos empecilhos que limitam o tempo disponível para a prática de atividades físicas.

Outra barreira que foi mencionada com mais frequência foi a falta de motivação (33,3%). Essa mesma causa também foi destacada por 30% das alunas da instituição federal, representando a segunda maior razão para não inserir a atividade física em sua rotina. Ferrari Júnior et al. (2016) também identificaram a falta de motivação como uma das causas para adolescentes de Florianópolis (SC) não se envolverem em programas de atividade física. Outros autores também identificaram essa barreira para a inatividade física em estudos anteriores (SANTOS et al., 2010; FERNANDES, 2022). Uma estratégia que poderia incentivar o público seria a adoção de práticas coletivas, em grandes ou pequenos grupos, como ginásticas ao ar livre, esportes coletivos, danças, etc.

Adicionalmente, grande parte dos adolescentes sugeriram algumas atividades que teriam interesse em se envolver, caso fossem ser oferecidas pela prefeitura de Colatina: futsal, handebol, voleibol, tênis, musculação, natação e lutas.

Ressalta-se que diversos fatores podem influenciar no comportamento sedentário apresentado por adolescentes em idade escolar, os quais devem ser considerados por profissionais da área e instituições promotoras de programas de atividade física. A adesão às práticas de atividade física pode contribuir para a manutenção da saúde e, consequentemente, redução dos gastos públicos com tratamentos para doenças crônicas.

5 CONCLUSÕES/ CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após análise dos dados, observou-se que as meninas eram a parcela mais inativa, independente da escola avaliada, e que diversas causas foram citadas como impeditivas de se praticar exercício físico, tais como estudo, motivação, necessidade de trabalhar, condições financeiras e estrutura pública. Observou-se que o tempo consumido com as telas foi elevado, o que pode contribuir para a baixa adesão às práticas de atividade física.

Os adolescentes também sugeriram que a prefeitura de Colatina oferecesse espaços para a prática de modalidades esportivas como futsal, handebol, voleibol, tênis, musculação, natação e lutas.

Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que os adolescentes das escolas pesquisadas na cidade de Colatina, ES, praticam pouco exercício, em função de estarem envolvidos em atividades de cunho intelectual, ou mesmo pela falta de motivação. A pouca adesão também pode ser explicada pelo excesso de uso de dispositivos digitais.

Tendo em vista que este é o primeiro estudo que se propôs a identificar a prática de atividade física de escolares em idade de preparação para exames para ingresso no ensino superior de duas escolas do município de Colatina, ES, acredita-se que há algumas sugestões para estudos futuros.

Após o término da etapa de coleta de dados, a equipe de pesquisa observou algumas limitações do estudo, dentre elas, a necessidade de explorar um pouco mais as perguntas do questionário, a fim de obter resultados mais completos acerca dos níveis de prática de exercício físico por adolescentes, bem como sua relação com aspectos socioeconômicos, inicialmente almejados como objetivo principal do trabalho. Esse aspecto pode ser considerado em estudos investigativos futuros que pretendam avaliar os níveis de prática de atividade física por adolescentes do município de Colatina, ES. Para tais análises, um número maior de escolas do município também poderia ter sido considerado, sendo uma sugestão do grupo para futuras pesquisas.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem as escolas visitadas pela ótima recepção da equipe de coleta de dados, aos estudantes que se voluntariaram a participar do estudo, bem como seus respectivos responsáveis pela autorização aos mesmos. Os autores também agradecem ao Instituto Federal do Espírito Santo pelo suporte financeiro para realização da pesquisa.

REFERÊNCIAS

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[1] Discente do curso Técnico em Meio Ambiente Integrado ao ensino médio do Instituto Federal do Espírito Santo campus Colatina. E-mail: arthur.mat.cha@gmail.com

2 Discente do curso Técnico em Meio Ambiente Integrado ao ensino médio do Instituto Federal do Espírito Santo campus Colatina. E-mail: emillycnunes@gmail.com

3 Discente do curso Técnico em Meio Ambiente Integrado ao ensino médio do Instituto Federal do Espírito Santo campus Colatina. E-mail: julia123hartuique@gmail.com

4 Docente do Instituto Federal do Espírito Santo campus Colatina. E-mail: jamille.locatelli@ifes.edu.br