PARQUE AMBIENTAL MATIAS AUGUSTO DE OLIVEIRA MATOS, TERESINA-PI, BRASIL: PROCESSO DE CRIAÇÃO, ARBORIZAÇÃO E EVOLUÇÃO DA PAISAGEM

CREATION PROCESS, AFFORESTATION AND LANDSCAPE EVOLUTION OF AN ENVIRONMENTAL PARK IN TERESINA CITY, PIAUÍ, BRAZIL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10793285


Francielves Fernandes Macedo1; Lorran André Moraes2; Leilson Alves dos Santos3; Waldiléia Ferreira de Melo Batista4, Roselis Ribeiro Barbosa Machado5.


RESUMO

A gestão urbana é de responsabilidade da administração pública de cada município o qual é responsável pelo planejamento e gerenciamento das ações implementadas nas cidades, sendo a arborização uma estratégia eficiente para a conciliação do urbano e o natural.  Assim, a implantação de áreas verdes e arborização nas cidades desempenham importante papel na melhoria da qualidade de vida da população e do meio ambiente. Nesse sentido, o objetivo geral deste estudo foi analisar o processo histórico de criação e implantação do Parque Ambiental Matias de Oliveira Matos – PAMAOM, localizado no bairro Mocambinho, Teresina – Piauí. Para isso, o estudo baseou-se em pesquisa bibliográfica, documental e de campo. Como resultado, verificou-se que o Programa Lagoas do Norte (PLN) que tem como meta a requalificação urbana e ambiental no entorno das 12 lagoas existentes na Zona Norte da cidade de Teresina-PI, onde muitas habitações encontram-se em situações de risco, tal qual a Lagoa do Mocambinho, onde foi concebido o Parque Ambiental Matias Augusto de Oliveira Matos. Tem-se o processo desde antes da implantação do Parque até sua inauguração, entre 1990 e 2021. Quanto ao levantamento florístico realizado observa-se a predominância de espécies nativas da região, composta por 393 indivíduos, distribuídas em 42 espécies, 37 gêneros e 15 famílias. Concluiu-se que a estrutura geral do PAMAOM possui os atributos físicos e sensoriais necessários para recreação e pesquisas científicas, visto que, se encontra em pleno estado de conservação, é confortável, seguro e atende às funções para as quais este parque ambiental foi criado.

Palavras-chave: Áreas verdes. Parques urbanos, Revitalização. Serviços ecossistêmicos. Qualidade de vida.

ABSTRACT

Urban management is the responsibility of each municipality’s public administration, which is responsible for planning and managing the actions implemented in cities, and afforestation is an efficient strategy for reconciling the urban and the natural.  Thus, the implementation of green areas and afforestation in cities plays an important role in improving the quality of life of the population and the environment. With this in mind, the general aim of this study was to analyze the historical process of the creation and implementation of the Matias de Oliveira Matos Environmental Park – PAMAOM, located in the Mocambinho district, Teresina – Piauí. The study was based on bibliographical, documentary and field research. As a result, it was found that the Lagoas do Norte Program (PLN) has the goal of urban and environmental requalification around the 12 existing lagoons in the North Zone of the city of Teresina-PI, where many dwellings are in situations of risk, such as Lagoa do Mocambinho, where the Matias Augusto de Oliveira Matos Environmental Park was conceived. It covers the process from before the park was set up to its inauguration, between 1990 and 2020. The floristic survey showed a predominance of species native to the region, comprising 393 individuals, distributed in 42 species, 37 genera and 15 families. It was concluded that the general structure of PAMAOM has the physical and sensory attributes necessary for recreation and scientific research, as it is in a good state of repair, comfortable, safe and meets the functions for which this environmental park was created.

Keywords: Green areas. Urban parks, Revitalization. Ecosystem services. Quality of life.

1 INTRODUÇÃO

O meio ambiente é impactado negativamente pela industrialização e pelo crescimento desordenado das cidades, que substituem o ecossistema local pelos elementos urbanos, muitas vezes, sem considerar os aspectos naturais (Resende, 2011). Nesse contexto, cabe à administração pública a responsabilidade da gestão urbana de cada município a partir do planejamento e gerenciamento das ações implementadas nas cidades, sendo a arborização uma estratégia eficiente para a conciliação do urbano e do natural. De acordo com Arraes, Mariano e Simonassi (2012), a degradação ambiental contribui para a perda da biodiversidade, redução do ciclo hidrológico e das mudanças climáticas. 

Nesse sentido, vale destacar, que a implantação de áreas verdes e arborização nas cidades, desempenham um importante papel na melhoria da qualidade de vida da população e do meio ambiente (Lima; Amorim, 2006). Além disso, sabe-se, que as árvores exercem funções nas cidades beneficiando a população quanto à saúde física e mental, contribuindo com a redução da poluição sonora, diminuindo o impacto das chuvas, auxiliando no microclima, melhorando a qualidade do ar, preservando a diversidade da fauna e flora entre vários outros aspectos (Pereira et al., 2012; Rocha et al., 2018). 

Lima e Amorim (2006) afirmam, que a falta de arborização pode ter consequências diversas causando desconforto térmico, erosões, deslizamentos de terra e interferência na qualidade da água, principalmente, quando se trata da mata ciliar e da qualidade de vida das pessoas. Apesar de haver contradições entre os termos arborização e paisagismo quanto às suas definições e funções, é certo que ambos devem ser levados em consideração e estarem inclusos nos planos, projetos e programas urbanísticos das cidades.

A criação e a implantação de parques urbanos, além dos benefícios já citados, também influenciam significantemente, no paisagismo das cidades, melhorando a estética e a arquitetura urbana desses núcleos urbanos, visto que, atendem aos valores culturais, ambientais e de memória desses lugares. Schuch (2006) diz, que o plano de arborização das cidades deve ser amplo, criterioso e considerar fatores relevantes, como: a seleção das espécies que irão compor as áreas verdes, sendo estas, preferencialmente, nativas da região, além da escolha dos espaços que ocuparão, para que não haja futuros infortúnios.

O inventário da arborização urbana permite que os órgãos competentes tenham conhecimento da diversidade e do comportamento das espécies, acerca do monitoramento de podas, plantios e manejos, em geral, fornecendo parâmetros de avaliação dos indivíduos arbóreos (Souza et al., 2011). A avaliação dos indivíduos arbóreos é a etapa fundamental durante todo o processo de arborização de uma cidade, desde a implantação até o acompanhamento contínuo e manutenção, pois de posse de tais informações é possível evitar o desencadeamento de uma série de prejuízos, como por exemplo, danificação da rede de distribuição de energia elétrica, danos às construções, edificações e a disseminação de pragas urbanas (Figueiró et al., 2016; Ferreira, Silva, Grechia, 2018).

De acordo com Andrade (2020), e pautado nos preceitos do artigo 225 da Constituição Federal do Brasil (1988), os parques urbanos evidenciam e se materializam como espaços de biodiversidade e humanidade a serem disponibilizados à coletividade, os quais são responsáveis por importantes serviços ambientais oportunizados e da qualidade de vida propiciada. Para estes autores, entre outras funções, os parques urbanos são considerados:

[…] Esses espaços da cidade são remanescentes de patrimônio natural inseridos em áreas de pressão urbana, e têm como principal finalidade, oferecer opções de lazer, entretenimento e contemplação à população local. […] Os Parques Urbanos são áreas verdes de uso público, localizados em grandes espaços urbanizados, com o intuito de agregarem recreação, diversão e descanso aos seus visitantes. Em sua maioria, oferecem também serviços culturais e educativos, bem como atividades esportivas, com seus campos, ciclovias, quadras etc. (Andrade, 2020, p.10). 

Sobre a integração da biodiversidade e da humanidade, que os parques urbanos promovem, e por agregarem um conjunto significativo de funções, tanto de cunho ecológico quanto cultural, buscou-se com a pesquisa responder aos seguintes questionamentos: Como se deu o processo histórico de criação e implantação do Parque Ambiental Matias de Oliveira Matos (PAMAOM),  as mudanças paisagísticas, bem como as espécies que compõem a vegetação que constitui o paisagismo e ornamentação?; Quais as principais contribuições socioambientais que o Parque trouxe para a comunidade local e para o ambiente? e, quais foram os impactos ambientais sofridos durante o processo histórico? 

Diante do exposto, objetivou-se, de modo geral, analisar o processo histórico de criação e implantação do PAMAOM, caracterizando sua infraestrutura física, a evolução temporal da paisagem e a sua composição florística, com ênfase, nas contribuições socioambientais que a sua implantação trouxe à comunidade. Como objetivos específicos buscou-se: descrever quais mecanismos foram responsáveis pelo processo histórico de criação e implantação do parque, no contexto da política administrativa do poder público municipal; Relatar as principais características da  infraestrutura física, arquitetônica e ambiental do parque e as suas mudanças paisagísticas ocorridas no período de 1990 a 2021; identificar as espécies utilizadas na arborização, paisagismo e ornamentação do PAMAOM; e, investigar as potencialidades socioambientais do PAMAOM e as ações de Educação Ambiental (EA) promovidas à comunidade.

2 METODOLOGIA

2.1 Caracterização da área de estudo

Na região Nordeste do Brasil, observa-se a ocorrência de três fitofisionomias: Caatinga, Cerrado e Floresta Amazônica (Silva; Coutinho, 2018). O estado do Piauí, por sua vez, é marcado por apresentar, também, o ecossistema de transição, denominado de Mata dos Cocais (Araújo, 2014). Neste, localiza-se a cidade de Teresina, primeira capital planejada de um estado brasileiro. É a única capital dentre os estados da região Nordeste que não está situada no litoral. É banhada por dois rios: Poti e Parnaíba, possui uma área de 1.391,293 km², da qual 72,3% são providos de arborização de vias públicas (IBGE, 2020).

A cidade de Teresina é dotada de diversas praças e de mais de 30 parques ambientais urbanos. Dos projetos desenvolvidos na cidade para melhorar a vivência dos munícipes, o Programa Lagoas do Norte, objetivou a requalificação urbana e ambiental da região Norte da cidade, explorando o potencial natural paisagístico e gerando turismo, emprego e renda para a população (Matos, 2017). Dentre os bairros atendidos pelo programa, está o Mocambinho, bairro ribeirinho, que nos anos de 1970 e 1985 sofreu com fortes inundações ocasionados pela cheia do rio Poti e Parnaíba.

O PAMOM, conhecido como Parque do Mocambinho, está localizado na Avenida Prefeito Freitas Neto, no bairro de mesmo nome, zona Norte da cidade, cuja inauguração se deu no ano de 2019 (Figura 1). 

O PAMOM, corresponde a uma unidade de preservação ambiental na cidade de Teresina-PI, que apresenta área aproximada de cinco hectares de extensão (5ha), constituindo-se de um local utilizado pela população para a realização de atividades esportivas, com pista para caminhada, ciclismo,  campo de futebol e quadra poliesportiva, além de contar com espaços destinados a realização de eventos culturais e atividades de educação ambiental (PMT, 2019).

Figura 1: Localização do Parque Ambiental Matias Augusto de Oliveira Matos, município de Teresina, Piauí.

Fonte: Elaborado pelos autores, fevereiro de 2024.

2.2 Coleta e análise de dados

A pesquisa é de caráter qualitativo, pois permite uma proximidade com a realidade do espaço pesquisado, e certas análises não podem ser quantificadas, visto que tem múltiplos significados (Minayo, 2009), sendo realizada entre abril de 2022 a junho de 2023. Seguiu a metodologia proposta por Sousa et al. (2017) e Vieira (2019), adaptada aos objetivos deste estudo, quando possível e necessário, baseando-se, portanto, no tripé: observação, planejamento e execução. Para melhor compreensão dos procedimentos metodológicos, seguiu-se as seguintes etapas: 

  • Primeira etapa: fundamentação do levantamento bibliográfico e documental sobre a história do PAMOM. Nesta fase, foram levadas em consideração, pesquisas em livros, artigos científicos, teses, dissertações, projetos arquitetônicos, jornais, revistas impressas e eletrônicas, sites de notícias, fotografias/imagens e reportagens disponíveis, além de documentos legais como: Leis, Diários Oficiais e Petições ajuizadas pelo Ministério Público do Piauí. Segundo Gil (2008, p. 50) “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”, e ou documental.
  • Segunda etapa: foram feitas cinco excursões ao Parque, três no intuito de realizar o levantamento dos aspectos de infraestrutura local, a fim de conhecer as características físicas que haviam sido detalhadas na literatura (etapa anterior) e no projeto paisagístico e urbanístico.  As demais visitas foram realizadas na perspectiva de fazer o levantamento da vegetação utilizada na ornamentação e arborização do parque, bem como foram utilizadas imagens de satélite obtidas com o uso do Google Earth.

O levantamento florístico do PAMAOM ocorreu por meio de caminhadas aleatórias por todo o local, com a amostragem qualitativa das espécies arbóreas e ornamentais. Todas as espécies encontradas foram catalogadas e identificadas. A identificação ocorreu com auxílio de especialista, também através da comparação com espécies que constam na bibliografia das plantas da região e de literatura especializada, estando estas classificadas de acordo com o APG IV, 2016. Também se utilizou para revisão da nomenclatura e origem das espécies identificadas os sites online Flora e Funga do Brasil 2020 (http://floradobrasil.jbrj.gov.br), The Plant List (http://www.theplantlist.org/), Reflora (http://reflora.jbrj.gov.br/) e Tropicos.org (http://www.tropicos.org/).

 Além disso, foram realizadas conversas informais com cinco moradores e ex-moradores da região do entorno e proximidades, as quais foram feitas virtualmente, por meio de aplicativos de celulares, devido ao protocolo de segurança da pandemia da Covid-19. Como critério de seleção buscou-se pessoas com idade a partir de 30 anos e que morasse no bairro há mais de 20 anos nas proximidades do parque. As perguntas foram direcionadas às vivências e lembranças do entrevistado com a área da lagoa, sobretudo, o que era desenvolvido antes da implantação do projeto do parque.  

Terceira etapa: Consistiu-se na produção textual do artigo, analisando e interpretando o material obtido nos trabalhos científicos de Sousa et al. (2017) e Vieira (2019), entre outros, visto que os objetivos dos mesmos são similares ao presente estudo, adaptando-os quando possível e necessário, além da análise documental para a construção histórica (etapa 1), visitas de campo (in loco) e do levantamento da cobertura vegetal, a partir de dados orbitais, contemplado na etapa 2.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Parque Ambiental Matias Augusto de Oliveira Matos: processo histórico de criação, implantação e evolução temporal da sua paisagem 

A história do bairro Mocambinho onde está situado o PAMAOM, se deu no início dos anos 1980, por meio da construção do conjunto de habitações, que tem o nome oficial do engenheiro José Francisco de Almeida Neto (Lima; Filho, 2014). 

Com o rápido crescimento populacional e expansão urbana, os problemas de uso e ocupação do solo por parte de famílias, principalmente, os menos favorecidos e sem-teto, se agravaram. A ocupação às margens do rio Poti, alheios às intervenções do Poder Público intensificaram a vulnerabilidade ambiental daquele lugar, deixando-o mais suscetível a inundações e atingindo centenas de famílias (Rodrigues; Lima, 2019).

Em 1985, a estação chuvosa provocou considerável elevação do nível das águas do rio Poti, em Teresina-PI, provocando inundações nas regiões ribeirinhas da zona Norte, sobretudo os bairros mais antigo como o Poti Velho, Mafrense, Nova Brasília e o Conjunto Mocambinho. Na ocasião, os prejuízos foram expressivos, em comparação às enchentes em décadas passadas, visto que, a população da localidade aumentou. Por esse motivo, foram incorporadas medidas, a fim de minimizar os impactos das enchentes, como a construção de novos diques e a incrementação dos já existentes, além de sistemas de bombeamentos e canais de drenagem (Semplan, 2016: Rodrigues, Lima, 2019).

Diante das ocorrências de enchentes, tanto no bairro Mocambinho como nos demais bairros da zona norte de Teresina, surgiu o Programa Lagoas do Norte (PLN), por meio da articulação entre Prefeitura Municipal de Teresina, Governo Federal e Banco Mundial. Os objetivos principais do programa consistiram na execução de um plano de requalificação urbana e ambiental, por meio da qual possibilitou a revitalização de áreas do entorno de 12 lagoas existentes na zona Norte, local onde muitas habitações encontravam-se em situações de risco, como o entorno da Lagoa do Mocambinho, onde foi edificado o Parque Ambiental Matias Augusto de Oliveira Matos (Santos; Carvalho, 2018). 

O Parque Ambiental recebeu esse nome em homenagem a Matias Augusto de Oliveira Matos, agrônomo e pesquisador da Embrapa Meio-Norte, que ocupou diversos cargos na Prefeitura da capital, inclusive, o de Secretário Municipal e Coordenador da Agenda 2030 (GP1, 2019). 

O local onde se situa o PAMAOM, antigamente era uma área abandonada com uma lagoa degradada e poluída, com grande quantidade de resíduos sólidos, sendo utilizada pela população do seu entorno como depósito de lixo a céu aberto. Alguns moradores antigos da região, relataram que a lagoa recebia esgoto dos bairros vizinhos sem qualquer tipo de tratamento, e que a população também jogava grande quantidade de diferentes tipos de lixo domiciliar, favorecendo a exalação de fortes odores e a proliferação de aguapés (Eichhornia crassipes (Mart.) Solms), que já cobriam boa parte da superfície da lagoa. Portanto, o espaço de vivência coletiva em tempos anteriores, onde a população costumava se reunir para o lazer tornou-se precário e poluído.  

Diante da problemática, os órgãos ambientais fizeram uma entrada que dá acesso ao parque e cercaram o local na intenção de diminuir o fluxo de pessoas e assim minimizar o impacto causado por suas ações. Mas sem fiscalização, essa medida se tornou pouco efetiva. Analisando imagens do Google Earth (Figura 2) e fazendo o comparativo com o relatado é possível perceber ao longo dos anos diferenças na infraestrutura no entorno da lagoa.

Figura 2. Evolução da área do Parque Ambiental Matias Augusto de Oliveira Matos e da Lagoa do Mocambinho, localizados no município de Teresina/PI. Legenda. Mês/Ano: janeiro/2005; outubro/2012 e julho/2021.

 Fonte. Obtido do Google Earth (2021), modificado pelos autores (2022).

É importante destacar, que por conta da inutilidade do local, advinda a priori, por conta do abandono, bem como por conta da especulação imobiliária local e da necessidade da criação e implantação de espaços de áreas verdes e de lazer, na zona Norte da cidade de Teresina, a área foi indicada para construção do parque. Para isso, o terreno foi cedido em 2010, à prefeitura da cidade, para que fosse possível a instalação da infraestrutura. Dessa forma, a elaboração do projeto arquitetônico e paisagístico para construção do Parque teve início no ano de 2012 (Figura 3).

Quanto a construção do parque ambiental, a obra foi iniciada com o lançamento da 2° etapa do PLN, no ano de 2017, cuja principal ação foi o reforço dos mecanismos de controle de enchentes, com a expansão do sistema de drenagem, formado por canais de interligação, estação de bombeamento e diques de proteção (Piauí Hoje, 2017).  Prosseguiu-se com a  limpeza da lagoa e o plantio de 300 mudas nativas para a arborização do parque (Semam, 2018). Ao todo, foram investidos cerca de R$ 13 milhões, a partir de recursos advindos do Banco Mundial, por meio do programa Lagoas do Norte, com contrapartida do município de Teresina, Piauí.

Figura 3. Plantas de projetos arquitetônico e paisagístico propostos para o Parque Ambiental Matias Augusto de Oliveira Matos. Em A: vista da lagoa, das quadras poliesportivas e da parte administrativa, e B: vista da entrada principal do parque.

Fonte. Portal GP1, acesso em 27 de fevereiro de 2023.

3.2 Estrutura física

O PAMAOM conta com aproximadamente, cinco hectares (5ha), estando situado no entorno da lagoa, com área de 166.280,45 m² (16 hectares) (Semplan, 2016). O horário de funcionamento é entre 5h30min e 21h30min, dependendo do dia. Vale destacar, que essa lagoa, apesar de ser um local restrito aos visitantes de dentro do parque, por conta da poluição ambiental, sua função é apenas paisagística, isto é, de contemplação dos visitantes. No entanto, alguns moradores a usam para a pescaria. Ademais, nas dependências internas do PAMAOM existem pistas de caminhadas e ciclovias, infraestruturas importantes para a realização de atividades físicas como: caminhadas, corridas, ciclismo e outros exercícios (Figura 4A e 4B).   

Figura 4. Infraestrutura do PAMAOM, no município de Teresina/PI. A e B: local para caminhada, corrida e ciclovias.

Fonte. Autores, 2023.

Vale salientar, que ao longo de sua extensão encontram-se distribuídas lixeiras de coleta seletiva. Além disso, há também bancos e mesas de concreto e espaços para a higienização pessoal, como banheiros, além de pontos com álcool em gel como medida protetiva contra a Covid-19.

Nas áreas mais afastadas do ponto principal de acesso ao PAMAOM estão concentrados a administração, os quiosques para a venda de lanches e quadras poliesportivas, utilizadas para a prática de esportes (futebol, voleibol e basquetebol), além de playground, com vários tipos de brinquedos, sendo utilizado pelas crianças. O parque dispõe, ainda, de trilhas de pedestres, bicicletas e patins, bem como praças e academias ao ar livre, além de áreas de contemplação da paisagem. 

O local apresenta bom estado de conservação, já que sua inauguração foi realizada recentemente (agosto de 2019), e devido a pandemia da COVID-19, durante o período de quarentena no ano de 2020 até agosto de 2021 não houve fluxo intenso de pessoas e eventos, quando comparado aos demais parques de Teresina.

Outra característica notável é a arborização. As condições criadas pela lagoa em composto com o plano arbóreo se tornam atraentes à fauna, que é representada pela presença constante de pássaros, mamíferos, anfíbios, lagartos e insetos polinizadores, os quais em conjunto com o ambiente criam um espaço propício para a recreação coletiva, a exemplo dos piqueniques.

4.  Funções gerais do parque

Segundo estudo técnico realizado pela Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do município de São José do Cedro (2018), a criação de um parque ambiental não é caracterizada apenas pela fundação de espaços ornamentais, mas também pela integração dos recursos naturais, socioeconômicos, turísticos, históricos, culturais e religiosos. A seguir, apresenta-se as principais funções que o PAMAOM presta à sociedade-natureza:  conservação do ambiente e bens comuns como, educação, lazer, pesquisa e recreação.

4.1 Função Social

De acordo com Souza (2010), os parques urbanos surgem em momentos de necessidades de criação de determinada área, assegurando, entre outros benefícios, a melhoria no estado de saúde dos usuários, a redução do comportamento antissocial, e a geração de recursos econômicos na comunidade local. Logo, os valores sociais dessas áreas são planejados com funções além da estética. 

Corroborando com Souza (2010), em meio a constantes alagamentos ocorridos no bairro, devido a ineficiência do sistema de drenagem urbana e da rede de esgoto, o PAMAOM foi criado para dar suporte aos moradores locais e melhorar a infraestrutura do local. Para isso, o PLN idealizou a promoção de mudanças tanto na estrutura socioeconômica quanto urbanística, por meio da conservação do meio ambiente, urbanização equilibrada, habitação, geração de emprego e renda (Rodrigues; Lima, 2018; Silva; Valladares, 2019).

A criação do Parque do “Mocambinho”, possibilitou mais qualidade no tocante ao abastecimento de água e luz, serviços de coleta de lixo e de transporte público. Ademais, é um ponto de reunião para vizinhos e turistas de todas as idades, pois todo seu espaço pode ser usado para entretenimento individual e interações sociais coletivas e eventos públicos. Dispõe, também, de palco de apresentações artísticas, culturais, históricas e religiosas. 

O PAMAOM já sediou eventos socioculturais como o Festival Piauiês de Riso, Música e o Melhor Contador de Piadas, ações do outubro Rosa (mês marcado por ações afirmativas relacionadas à prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama), e o MovimenThe (projeto que engloba esporte, gastronomia, música, cultura e feira de empreendedorismo). 

Em relação à segurança do PAMAOM, existe um bom policiamento, que garante aos transeuntes o usufruto de todo potencial que ele pode oferecer diariamente. O controle de acesso à parte interna, se dá pela presença de três guaritas de segurança,  sendo a da entrada principal a mais acessada . Vale destacar, que a proteção das pessoas e do patrimônio é feita por Guardas Civis Municipais, que patrulham ostensivamente e periodicamente. 

Sabe-se, que os parques ambientais urbanos favorecem a geração de recursos econômicos na comunidade local. Portanto, na área interna do PAMAOM existem quiosques para a venda de lanches e bebidas (Figura 5). Todos eles possuem a mesma infraestrutura, ficando localizados próximos às quadras esportivas, isto é, em ponto estratégico para aqueles que finalizam suas atividades físicas, sendo utilizados como local de descanso e de interação social. É possível também encontrar algumas barracas de comida na parte externa do parque na entrada principal.

Figura 5. Quiosques e barracas para a venda de lanches e bebidas aos visitantes do PAMAOM. Legenda: A. Quiosques na área interna do PAMAOM e B. Barracas na parte externa nas proximidades da entrada principal do PAMAOM.

Fonte. Autores, fevereiro de 2023.

Paralelo a isso, estruturas como gradeados de ferro, cercam externamente o PAMAOM e algumas áreas próximas à lagoa. Placas informativas, são igualmente utilizadas para indicarem regras de bons hábitos de conservação do ambiente e de convívio social. 

4.2 Função Estética 

Os parques ambientais possuem grande valor visual e ornamental capaz de revitalizar a vida urbana. A revitalização da Lagoa do Mocambinho foi uma ideia que visou solucionar o problema ambiental do despejo inadequado de esgoto e de resíduos sólidos acumulados nas redondezas da lagoa. Além disso, promoveu ainda a sua manutenção e limpeza, proporcionando a introdução de instrumento urbanístico, local de recreação, ponto de encontro e de resgate dos valores tradicionais do PAMAOM (Santos; Lima, 2015; Raimundo; Sarti, 2016). 

Um dos principais objetivos da obra de criação do PAMAOM se deu em prol da melhoria do saneamento básico local e da diminuição do impacto da poluição das águas pluviais, motivo das muitas enchentes ocorridas no bairro. Por consequência, a criação do PAMAOM estimulou a reconstrução do sistema de drenagem no canal do Mocambinho que possui cerca de 600 metros de extensão, localizado na Av. Pref. Freitas Neto, a mesma avenida do referido PAMAOM, para o escoamento da água (PMT, 2020). O local tornou-se uma área de convivência com jardins, passeios, bancos, lixeiras, postes de iluminação, sinalização urbana, fomentando a acessibilidade e mobilidade na região. O PAMAOM é um espaço no qual há abundante vegetação, além de áreas não pavimentadas, o que possibilita maior infiltração das águas pluviais minimizando os impactos dos alagamentos.  

4.3 Função Psicológica

O desenvolvimento de diferentes atividades esportivas e brincadeiras infantis (Figura 6), realizadas no PAMAOM têm um papel importante no equilíbrio emocional da comunidade do seu entorno. O PAMAOM possui quadras poliesportivas, ciclovias, pista de caminhada, playground e academias populares que podem ser utilizadas para vários tipos de atividades físicas, como o uso das quadras para a prática de futebol de areia, society, badminton e basquetebol.   De acordo com White (2019), pessoas que têm contato com a natureza por duas horas ou mais apresentam níveis consistentemente mais altos de saúde e bem-estar quando comparadas àquelas que não têm contato algum. É importante frisar que os aspectos da função social e psicológica não se confundem, porém estão intimamente interligados. Esta tem a ver com atividades “antiestresse”, relaxamento, e possibilidade de realização de exercícios, de lazer e de recreação, diminuindo os casos de doenças psicológicas, o sedentarismo e as doenças a ela associadas (Bargos, 2010).

Figura 6.  Espaços de socialização do PAMAOM. A e B: Playgrounds; C: academia popular; D: quadras de basquete, futsal e vôlei; E: quadras de tênis de mesa e de futebol de areia e, F: Quadra de futebool society.

Fonte: Autores, fevereiro de 2023.

4.4 Função Educativa 

O PAMAOM, por ser um belo e amplo espaço, permite que se execute uma variedade de atividades. Dentre elas, pode-se destacar aquelas de cunho educativo promovidas por instituições de ensino, tanto para o desenvolvimento de pesquisas científicas quanto passeios educativos, reflexivos e  de educação ambiental sendo voltadas principalmente para o público da educação básica (ensino infantil, fundamental e médio). Para Bargos (2010), a função do desenvolvimento de atividades educativas, extraclasse e de programas de educação ambiental é fundamental. Devido a isso, o PAMAOM serve como espaço de conscientização sobre práticas ambientais positivas, trazendo em atividades dessa natureza, informações sobre a fauna, flora, proteção dos recursos hídricos (lagoa), dentre outras (Souza, 2010).  

4.5 Função Ecológica

O PAMAOM, embora não homogeneizado, tem espaços potenciais arborizados em toda sua extensão.  Além de possuir locais passíveis para o plantio de mudas, há também várias áreas com espécimes já formadas, com porte adequado à arborização, sobretudo, próximo a entrada principal, em que a presença das árvores é expressiva (Figura 7). Esta qualidade implica a relação complexa entre o homem e o meio, pois a importância da arborização traz benefícios a todos, uma vez que é sabido que possibilitam uma série de funções, tais como: melhoria no microclima, diminuição da poluição do ar, fontes de alimento, aumento da biodiversidade e melhoria da qualidade de vida.

Figura 7. Espaços ecológicos do PAMAOM, no município de Teresina/PI. Legenda A, B, C e D: áreas de relaxamento, piqueniques e de contato com a natureza e animais no PAMAOM.

Fonte: Autores, fevereiro de 2023.

Muneroli (2009) diz, que a arborização possui capacidade de interceptar as chuvas, reduzindo a taxa e o volume das enxurradas causadas pelas mesmas, regulando o curso da água, o que condiz com um dos focos fundamentais da criação do PAMAOM, quanto ao escoamento natural, a fim de evitar alagamentos. 

O lugar mais atrativo do PAMAOM é a lagoa natural, que apresenta paisagem para apreciação e cenário para fotografias. É, ainda, local de descanso e de possível construção de ninhos de pássaros e outras aves, além da diversidade de espécies de origem tanto animal quanto vegetal, contribuindo para a diminuição da temperatura local. Na região central da lagoa há uma pequena ilha bem vegetada. A sua presença coopera para a diversidade de espécies de origem tanto animal quanto vegetal e, assim como para a diminuição da temperatura Juntos, corpo de água e paisagismo conseguem criar condições de conforto ambiental.

4.5.1 Composição florística (arborização, paisagismo e ornamentação)

No PAMAOM foram identificados 393 indivíduos, distribuídos em 42 espécies, 37 gêneros e 15 famílias botânicas (Tabela 1).

Tabela 1. Inventário da flora nativa e exótica ornamental utilizada na arborização, paisagismo e jardinagem do Parque Ambiental Matias Augusto Oliveira Matos, em Teresina/PI.

FAMÍLIA/ NOME CIENTÍFICONOME POPULARORIGEMQUANTIDADE
Anacardiaceae
Anacardium occidentale L.CajuNativa7
Astronium fraxinifolium SchottGonçalo AlvesNativa11
Mangifera indica L.MangaExótica18
Spondias mombin L.CajáNativa2
Agavaceae
Yucca elephantipes RegelYuccaExótica1
Annonaceae
Annona squamosa L.AtaExótica1
Arecaceae
Adonidia merrillii (Becc.) Becc.PalmeiraExótica3
Chamaedorea seifrizii BurretPalmeiraExótica4
Cocos nucifera L.Coqueiro da praiaExótica1
Copernicia prunifera (Mill.) H.E. MooreCarnaúbaNativa5
Licuala grandis H.Wendl. ex LindenPalmeira lequeExótica18
Livistona chinensis (Jacq.) R. Br. Ex Mart.PalmeiraExótica8
Phoenix roebelenii O’BrienTamareira de jardimExótica40
Asparagaceae
Cordyline terminalis (L.) KunthDracena redExótica10
Bignoniaceae
Handroanthus heptaphyllus (Vell.) MattosIpê RosaNativa5
Handroanthus serratifolius (Vahl) S.GroseIpê AmareloNativa28
Handroanthus roseoalba (Ridl.) Sandwith Ipê brancoNativa3
Chrysobalanaceae
Licania tomentosa (Benth.) FritschOitiNativa39
Combretaceae
Terminalia catappa L.AmendoeiraExótica10
Terminalia tanibouca Rich.Pau d’aguaNativa3
Terminalia fagifolia Mart.Nativa26
Euphorbiaceae
Codiaeum variegatum (L.) Rumph. Ex A.Juss.CrótonExótica10
Fabaceae
Anadenanthera colubrina (Vell.) BrenanAngico BrancoNativa13
Anadenanthera macrocarpa (Benth.) BrenanAngico PretoNativa5
Bauhinia sp.Unha de gatoNativa1
Cenostigma macrophyllum Tul.CaneleiroNativa15
Clitoria fairchildiana R.A.HowardSombreiroNativa21
Delonix regia (Bojer ex Hook.) Raf.FlamboyantExótica3
Leucaena leucocephala (Lam.) de WitLeucenaExótica2
Samanea tubulosa (Benth.) Barneby & J.W.GrimesSete cascasNativa11
Senna reticulata (Willd.) H.S.Irwin & BarnebyNativa32
Senegalia bonariensis (Gillies ex Hook. & Arn.) Seigler & EbingerUnha de gatoNativa1
Tamarindus indica L.TamarindoExótica2
Lecythidaceae
Couroupita guianensis Aubl.Abricó de macacoNativa3
Malvaceae
Hibiscus rosa-sinensis L.HibiscoExótica2
Pachira aquatica Aubl.MamoranaNativa3
Sterculia striata A.St.-Hil. & NaudinXixáNativa1
Meliaceae
Azadirachta indica A. Juss.Nim-indianoExótica7
Myrtaceae
Syzygium cumini (L.) SkeelsJamelão/Azeitona pretaExótica7
Rubiaceae
Genipa americana L.JenipapoNativa5
Ixora coccínea L.Ixora, cafezinhoExótica2
Ixora chinensis Lam.Alfinete giganteExótica4
393
Fonte: Pesquisa direta, 2022

Entre as famílias levantadas no PAMAOM, as que se destacaram quantitativamente em número de indivíduos foram: Fabaceae (106), Areacaceae (79), Combretaceae (39), Chrysobalanaceae (39), Anacardiaceae (38) e Bignoniaceae (36). As famílias que apresentaram menos indivíduos foram: Rubiaceae (11), Euphorbiaceae (10), Asparagaceae (10), Meliaceae (7), Myrtaceae (7), Malvaceae (6), Lecythidaceae (3), Annonaceae (1) e Agavaceae (1) (Figura 8).

Figura 8. Número de indivíduos das famílias botânicas encontradas no Parque Matias de Oliveira Matos, em Teresina/PI.

Fonte: Pesquisa Direta, 2021.

 Na Figura 9 é possível perceber que das 15 famílias presentes no PAMAOM, as que apresentaram maior representatividade, no que se refere a diversidade de gêneros e espécies foram: Fabaceae (10 gêneros e 11 espécies) e Arecaceae (7 gêneros e 7 espécies), que contabilizaram respectivamente 26,97% e 20,10% do total de exemplares. Por outro lado, Agavaceae, Annonaceae, Asparagaceae, Chrysobalanaceae, Euphorbiaceae, Lecythidaceae, Meliaceae e Myrtaceae, apesar de terem número de indivíduos diferentes, todas elas possuíam apenas um gênero e uma espécie.

Figura 9. Número de gêneros e espécies das famílias botânicas encontradas no Parque Matias de Oliveira Matos, em Teresina/PI.

Fonte: Pesquisa Direta, 2021.

O fato de Fabaceae ser a família botânica mais expressiva desse estudo e de muitos outros, pode ser consequência de sua distribuição em quase todas as fitofisionomias brasileiros (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal) (PEREIRA et al., 2020). As Leguminosas representam um dos maiores grupos de família do mundo e o maior do Brasil, abrigando cerca de 212 gêneros e mais de 2.700 espécies (MAGALHÃES et al., 2020).

Do total de espécies no PAMAOM, 64% são nativas do Brasil, enquanto 36% são exóticas. As espécies de plantas mais encontradas foram: Phoenix roebelenii (Tamareira de jardim), com 40 espécimes; Licania tomentosa (Oiti), com 39, Senna reticulata, com 32 e Handroanthus serratifolius (Ipê Amarelo), com 28 espécimes.

CONCLUSÃO

Os dados levantados nesta pesquisa, possibilitaram a identificação e o diagnóstico dos principais aspectos da situação atual da infraestrutura e da arborização do Parque PAMAOM. Assim, espera-se que este estudo possa dar suporte e subsídios para o desenvolvimento de projetos de pesquisa, ensino e extensão, bem como, ao plano de gestão e ao planejamento de ações integradas com estratégias para a conservação e a conscientização ambiental do PAMAOM.

Esse estudo traçou um histórico da evolução da paisagem do PAMAOM desde antes da implantação (1990 a 2017), bem como da construção (2017 a 2019) e inauguração (2019 a 2020). Durante esses anos, a área que hoje corresponde ao Parque, passou por algumas intervenções que durante o período de 1990 a 2020, tem-se primeiramente a lagoa do Mocambinho favorável às atividades de lazer como banho e pesca, e posteriormente a degradação da área com o depósito incorreto de lixo, o cercamento da área pelas autoridades ambientais e a idealização e construção do PAMAOM.

Em termos de arborização, no levantamento florístico realizado observou-se a predominância de espécies nativas da região, apresentando também extensa área com gramados, além da presença de árvores e arbustos, que amenizam a temperatura e favorecem a ambiência e vivência no ambiente natural, evidenciando o equilíbrio entre o urbano e o ambiental.

A estrutura geral, como já abordado, possui atributos físicos e sensoriais necessários para recreação e para pesquisas científicas, pois o PAMAOM é conservado, confortável e seguro, atendendo eficientemente as funções para os quais foi criado, oportunizando aos visitantes a possibilidade de se conectarem com o meio ambiente. 

Nesse sentido, é relevante que o poder público volte o olhar para as periferias das cidades e abra espaço para a criação de parques urbanos como elementos para o exercício da cidadania, como espaços de convivência de seus moradores, resgatando memórias, fortalecendo cargas simbólicas e culturais, além de preservar os serviços ecossistêmicos e, por conseguinte, melhorar a qualidade de vida local de espaços muitas vezes sem valor imobiliário e ambiental. 

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1Especialista em Ciências Ambientais e Conservação- FAMEP. Graduado em ciências Biológicas -UESPI. Graduado em gestão ambiental -IFPI.
2Doutor em desenvolvimento e meio ambiente. Mestre em Biodiversidade e Meio ambiente- UEMA. Biologo. BI-Graduado em Ciências Biológicas – UEMA-UFPI. Docente na UEMA e UFPI.
3Doutorado em Geografia (em andamento) pelo Instituto de Geociências – UFMG. Graduado em Geografia (Licenciatura) pela Universidade Federal do Piaui. Mestre em Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais IGC/UFMG.
4Doutora e mestra em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Piauí (2020). Possui graduação em Licenciatura Plena  em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Piauí (1995). Professora substituta da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) no curso de Biologia.
5Doutora em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco. Mestre em Botânica pela Universidade Federal Rural de Pernambuco e Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Piauí. Professora Associada III da Universidade Estadual do Piauí – UESPI, Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Meio Ambiente e Paisagismo – NUPEMAP / UESPI .