PARÂMETROS DA SÍNDROME METABÓLICA NA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA 

METABOLIC SYNDROME PARAMETERS IN NON-ALCOHOLIC FATTY LIVER DISEASE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7850233


Monalysa da Cruz Nascimento1
Andrey Melo Campos2
Ronny Almeida Meira3
Victória Silveira Abril4
Josilda Ferreira Cruz5


RESUMO:

OBJETIVO: Verificar a relação entre a doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) e os parâmetros da síndrome metabólica (SM). MÉTODOS: Estudo clínico, transversal, descritivo, tipo survey, com abordagem analítica quantitativa. Os dados foram coletados em um centro de referência de ultrassonografia, onde foram incluídos na pesquisa adultos de ambos os sexos de 18 a 70 anos de idade. RESULTADOS: Foram avaliados 53 pacientes, entre os quais 37,7% não apresentaram nenhum grau de esteatose, 22,6% tinham grau 1, 35,9% grau 2 e apenas 3,8% grau 3. Em relação aos dados antropométricos e resultados dos exames bioquímicos dos pacientes, observou-se que não houve diferença estatisticamente significativa entre circunferência da cintura, Glicemia, HDL e triglicerídeos em relação aos graus de esteatose. CONCLUSÃO: O presente estudo evidenciou valores mais elevados de circunferência da cintura, de glicemia, de HDL e de triglicerídeos nos pacientes com graus mais avançados de infiltração gordurosa hepática, entretanto sem significância estatística.

PALAVRAS-CHAVES: Doença hepática gordurosa, Ultrassonografia, antropometria, Síndrome metabólica 

ABSTRACT:

OBJECTIVE: To verify the relationship between non-alcoholic fatty liver disease (NAFLD) and metabolic syndrome (MS) parameters. METHODS: Clinical, cross-sectional, descriptive, survey-type study with a quantitative analytical approach. Data were collected at a reference ultrasound center, where adults of both genders, aged 18 to 70 years old, were included in the study. RESULTS: Fifty-three patients were evaluated, among whom 37.7% had no degree of steatosis, 22.6% had grade 1, 35.9% had grade 2 and only 3.8% had grade 3. Regarding the patients’ anthropometric data and biochemical test results, it was observed that there was no statistically significant difference between waist circumference, glycemia, HDL and triglycerides in relation to the degrees of steatosis. CONCLUSION: The present study showed higher values of waist circumference, glycemia, HDL and triglycerides in patients with more advanced degrees of hepatic fatty infiltration, however without statistical significance.

KEYWORDS: Fatty liver disease, Ultrasonography, anthropometry, Metabolic syndrome

INTRODUÇÃO

A Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA) é uma das principais causas de morbimortalidade relacionada ao fígado no mundo, como o nome já infere ocorre em indivíduos que não apresentam histórico de ingestão significativa de bebidas alcoólicas, após exclusão de outras etiologias de doenças hepáticas. Caracteriza-se pela concentração de gordura na forma de triglicerídeos nos hepatócitos, podendo acarretar no aumento da massa hepática em até 10% do peso (OTT-FONTES et al., 2020). Histologicamente, ela   é   predominantemente   caracterizada   por   esteatose macrovesicular, e é reconhecida quando o acúmulo de gordura está associado um ou mais dos seguintes achados: inflamação, balonização dos hepatócitos e fibrose (ANDRADE et al., 2016). Pacientes que desenvolvem a fibrose hepática avançada possuem maior risco de infecção hepática e carcinomas (LOOMBA et al., 2018). 

DHGNA é a causa mais comum de doença hepática em diversos locais do mundo como nos países ocidentais, sendo considerada um problema de saúde pública. Sua prevalência vem aumentando em consequência de mudanças de estilos de vida, hábitos alimentares e evolução de métodos diagnósticos (CRUZ et al., 2016). As estimativas da prevalência de DHGNA variam de 6,3 a 33% em todo o mundo, com uma mediana de 20% na população em geral, sendo que atualmente, a doença da infiltração gordurosa hepática não alcoólica é a terceira causa de indicação mais frequente para o transplante de fígado (MARDINOGLU et al., 2018). Esta afecção está comumente associada à obesidade, ao diabetes mellitus tipo 2, à dislipidemia e à resistência à insulina, de tal forma que aproximadamente 90% dos pacientes afetados apresentam pelo menos um dos componentes da síndrome metabólica (SM) (CRUZ et al., 2016). 

O prognóstico da DHGNA depende diretamente do achado histológico no momento do diagnóstico. Para pacientes com apenas esteatose hepática, o risco de cirrose em 10 a 20 anos é de 1 a 2%, já os com esteato-hepatite têm uma chance de evoluírem para cirrose entre 10 a 15% em 10 anos e os pacientes que desenvolvem cirrose apresentam alto risco de morte por hepatopatias crônicas e, inclusive, carcinoma hepatocelular (RINELLA, 2015). O tratamento da DHGNA envolve medidas que visem modificar os fatores de risco cardiovascular como perda de peso, terapia dietética e exercício físico, além de evitar uso de álcool e da vacinação contra os vírus da hepatite A e B em indivíduos sem evidência sorológica. Ressalta-se que as opções terapêuticas farmacológicas são limitadas e não são indicadas para todos os pacientes (AHMED et al., 2015; VILAR-GOMEZ et al., 2015). 

A Síndrome Metabólica é definida como um conjunto de alterações metabólicas e hemodinâmicas presentes no organismo, caracterizada pela associação variável de resistência à insulina, obesidade abdominal, dislipidemia e hipertensão arterial sistêmica, que são fatores de risco cardiovasculares podendo, dessa forma, identificar pacientes com alto risco de desenvolver doença cardiovascular aterosclerótica e diabetes mellitus tipo 2 (YAO et al., 2019; MEIGS, 2023). Além do supracitado, é importante inferir que a obesidade constitui um dos mais importantes problemas de saúde pública, apresentando risco elevado de surgimento precoce das complicações associadas ao excesso de gordura corporal. O acúmulo de gordura geralmente está relacionado à presença de hipertensão e alterações metabólicas, como aumento dos níveis de triglicerídeos e de glicose e baixos níveis de HDL-c (lipoproteínas de alta densidade) (MENDES et al., 2019).

A síndrome metabólica representa problemas de saúde que aparecem simultânea ou sequencialmente no mesmo indivíduo, causados ​​por uma combinação de fatores genéticos e ambientais associados ao estilo de vida. A nível mundial verifica-se um aumento da sua incidência e prevalência, com mais de 40 milhões de pessoas por ela afetadas, de tal forma que tem sido classificada como um dos flagelos da vida moderna (BELL et al., 2017). O fenótipo da SM permite identificar facilmente indivíduos em risco para a ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis, que no Brasil constituem a maior causa de morbimortalidade da população. Além disso, sabe-se que o risco a desfechos negativos relacionado à SM é sinergicamente maior que se estimado seus fatores componentes separadamente (OLIVEIRA et al., 2020). Indivíduos com diagnóstico de síndrome metabólica possuem o dobro de chance de apresentarem doenças cardiovasculares comparados aos que não possuem a síndrome (SANTOS et al., 2020).

Esse trabalho teve como objetivo analisar os parâmetros da SM nos pacientes portadores de DHGNA, traçando um perfil da população com infiltração gordurosa hepática. Desta forma a instituição de um tratamento precoce da SM poderá diminuir a morbimortalidade dos pacientes com infiltração gordurosa hepática.

METODOLOGIA:

Estudo clínico, transversal, descritivo, tipo survey, com abordagem analítica quantitativa. Os dados foram coletados em um centro de referência de ultrassonografia onde os exames ultrassonográficos foram realizados por um único examinador, no mesmo equipamento com boa resolução de imagem.

Para se formular a hipótese diagnóstica de DHGNA o consumo de álcool semanal foi considerado ≤ 140 g/ semana para homens e ≤ 70 g/ semana para mulheres, através do questionário sociodemográfico com informações sobre hábitos etílicos. A presença e frequência de etilismo foi conhecida e o consumo foi calculado, utilizando-se a fórmula: dose em ml x grau x 0,8 / 100, onde os graus ou teor alcoólico das bebidas são conhecidos, a saber: cerveja 4, vinho 12, conhaque 40, rum 40, uísque 43, pinga 46 (MINCIS; MINCIS, 2011).

Os critérios de inclusão foram adultos de ambos os sexos de 18 a 70 anos de idade. E como critérios de exclusão foram utilizados: pacientes com consumo de álcool ≥ 140g/semana nos homens e ≥ 70g/semana nas mulheres, portadores de neoplasias malignas primárias do fígado, portadores de doenças crônicas do fígado, portadores de deficiência cognitiva e pacientes em uso regular de drogas indutoras de esteatose (esteróide, amiodarona, tamoxifeno).

As seguintes variáveis independentes foram analisadas: sexo, idade, glicemia, colesterol HDL, triglicerídeos e circunferência da cintura em relação a variável dependente esteatose hepática não alcoólica diagnosticada pela ultrassonografia.

O procedimento de coleta de dados foi dividido em três etapas:

Na etapa 01, todos os pacientes responderam a um questionário com informações sociodemográficas, comorbidades e de medicamentos. As variáveis presentes foram: nome, idade, data de nascimento, naturalidade, frequência de etilismo, comorbidades associadas como hepatopatias prévias e uso de medicamentos. Também nesta etapa foi realizada a aferição das medidas antropométricas, que consistiu na medida da circunferência da cintura (CC). A CC foi medida com o paciente em pé, utilizando uma fita métrica inelástica ao nível do ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca (LOHMAN et al., 1988). 

Na etapa 02, foi realizado o exame de ultrassonografia abdominal modo B com transdutor convexo, dinâmico (com formação da imagem contínua e automática), de frequência de 3,75 MHz. Os pacientes se apresentavam com preparo adequado, ou seja, jejum de no mínimo 6 horas e uso de antiflatulento. No exame ultrassonográfico abdominal modo B foi observada a ecogenicidade do parênquima hepático e classificada a esteatose hepática em graus (SAADEH et al., 2002): 

– Grau 0: Ecogenicidade Normal; 

– Grau 1: Esteatose Leve, com visualização de ecos finos do parênquima hepático, visualização normal do diafragma e de vasos intra-hepáticos; 

– Grau 2: Esteatose Moderada, com aumento difuso nos ecos finos, visualização prejudicada dos vasos intra-hepáticos e diafragma; e 

– Grau 3: Esteatose severa, com aumento importante dos ecos finos, com visualização prejudicada ou ausente dos vasos intra-hepáticos.

Na etapa 03, todos os pacientes foram encaminhados para realização de exame bioquímico em laboratório clínico. A coleta de sangue foi realizada com jejum de 12 e 14 horas. 

A metodologia utilizada para a dosagem da glicemia foi a oxidase. No caso dos triglicerídeos foi utilizada a metodologia glicerol fosfato oxidase. Nesse tipo de reação, o triglicerídeo é hidrolisado enzimaticamente pela lipase formando ácidos graxos livres e glicerol. Na dosagem do colesterol HDL, a metodologia utilizada foi a enzimática, onde os ésteres do colesterol são hidrolisados enzimaticamente pela enzima colesterol esterase a colesterol e ácidos graxos livres.

Nesse estudo foram obtidas variáveis qualitativas nominais e variáveis quantitativas, onde a análise dos dados foi realizada de duas formas, descritiva e inferencial. Para as variáveis qualitativas a análise descritiva procedeu com a categorização dos dados e obtenção das respectivas frequências e percentuais, e para as variáveis quantitativas foram calculadas a média, desvio padrão e valor mínimo e máximo

A análise inferencial, a aderência à distribuição Normal das variáveis quantitativas foi avaliada utilizando o teste de Shapiro-Wilk. Quando foi observada a normalidade da distribuição, utilizou-se os testes ANOVA e calculou-se para cada grau da esteatose a média e o desvio-padrão. Quando não foi observada a aderência à normal, utilizou-se o Kruskal-Wallis e foram calculadas as medianas e o intervalo interquartil para cada grau da doença. Adotou-se p-valor <0,05 como estatisticamente significativo. Todas as análises foram feitas usando o software utilizado foi o R, versão 4.2.2 .

Para a realização da pesquisa foi redigido um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) conforme as normas do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde explicitadas na resolução 196/96. O projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em pesquisa da Universidade Tiradentes (CEP), situada em Aracaju – SE, e foi aprovado (parecer 2.061.044).

RESULTADOS:

Foram avaliados 53 pacientes. A idade mínima dos pacientes analisados foi de 16 anos e máxima de 69 anos, com uma idade média de 46,4 ±13,4 anos. A maioria dos pacientes era do sexo feminino (n=41; 77,4%) enquanto 12 eram do masculino. Em relação aos graus, 37,7% (n=20) dos pacientes não apresentou nenhum grau de esteatose (Grau 0), 22,6% (n=12) tinham grau 1, 35,9% (n=19) grau 2 e apenas 3,8% (n=2) grau 3 (Tabela 1).

Tabela 1: Características gerais dos pacientes

Fonte: dados do estudo, 2023.

A média de circunferência da cintura foi de 94,5 cm (±14,6), sendo que o mínimo foi de 57,0 cm e 124,0 cm de máximo. No que se refere a Glicemia (mg/dl), o valor médio foi de 95,7 (±31,7) mg/dl, variou de 61,0 mg/dl a 300,0 mg/dl. Em relação ao HDL (mg/dl), a média de 58,3 (±29,1) mg/dl, variou de 27,0 mg/dl a 219,0 mg/dl. Já o TG (mg/dl), a média foi de 155,4 (±91,4) mg/dl, variou de 34,0 mg/dl a 555,0 mg/dl (Tabela 2).

Tabela 2: Dados antropométricos e resultados bioquímicos dos pacientes

Fonte: dados do estudo, 2023.

Na Tabela 3, apresenta a relação entre o grau de esteatose hepática não alcoólica, dados antropométricos e exames bioquímicos dos pacientes. Observou-se que não houve diferença estatisticamente significativa da circunferência da cintura, Glicemia, HDL e TG em relação aos graus de esteatose hepática não alcoólica.

Tabela 3: Relação entre o grau de esteatose, dados antropométricos e exames bioquímicos dos pacientes.

1ANOVA, os resultados foram expressos em média (desvio padrão); 2 Kruskal-Wallis, os resultados foram expressos em mediana (intervalo interquartil).

Fonte: dados do estudo, 2023.

DISCUSSÃO:

A DHGNA é uma epidemia crescente mundialmente, sendo atualmente uma das doenças crônicas não transmissíveis mais comuns (CRUZ et al., 2016).  Há numerosos fatores de risco para o seu desenvolvimento, sendo que a maioria está relacionado a algum desarranjo metabólico ou a resistência à insulina, os quais são frequentes devido aos padrões de estilo de vida atuais como sedentarismo e inadequação alimentar, por isso observa-se o aumento progressivo de casos de DHGNA (BENEDICT et al., 2017). Além disso, sabe-se que há um componente genético presente na evolução desta afecção (ULLAH et al., 2019). 

O estudo de Waseem et al. (2022) ao avaliar 87 pacientes com idade média 42,08 ± 14,94 anos, através de ultrassonografia, foi constatado uma prevalência de 41,37% (n= 36) casos de DHGNA, sendo que a maioria 33,3% (n= 29) apresentou esteatose hepática grau 1. O artigo de Liao et al. (2016) ao avaliar 394 indivíduos por ultrassonografia, foi constatados que 59,1% (n= 233) apresentaram DHGNA, sendo mais prevalente a forma leve. O estudo atual avaliou 53 pacientes, com idade média de 46,4 ±13,4 anos, dos quais 33 (62,3%) apresentaram algum grau de esteatose hepática onde a maioria dos pacientes (22,6%) apresentaram grau 1 de infiltração gordurosa hepática.

O estudo de Zheng et al. (2020) avaliou 2.715 pacientes, dos quais 810 apresentaram DHGNA, sendo constatado que a razão cintura-estatura e triglicerídeos foram fatores significativos associados à presença de DHGNA. Sheth e Chopra (2023), ressaltaram que pacientes com DHGNA, em geral, apresentam pelo menos um componente da síndrome metabólica. Santana et al. (2021) avaliaram 85 pacientes com esteatose hepática não hepática (45 não obesos e 40 obesos) e concluíram que a maioria dos pacientes com infiltração gordurosa possuíam circunferência da cintura aumentada, independe de ser obeso ou não. Liu et al. (2022) mencionaram que a obesidade abdominal é altamente preditiva de DHGNA, estando também associada à progressão da doença. No presente estudo foi observado que os pacientes com   graus mais avançados de DHGNA apresentaram aumento da circunferência da cintura entre- tanto sem relação estatisticamente significativa.

Ng et al, (2022) mostraram que a DHGNA está associada a um aumento da morbimortalidade, sendo que em pacientes diabéticos acometidos com esteatose hepática o risco de doenças cardiovasculares aumenta ao comparar com os que não são diabéticos, visto que há um impacto cumulativo de ambas as doenças aumentando sinergicamente esse risco. Kuchay et al .(2022) observaram que a hiperinsulinemia foi a mais frequência entre os pacientes com DHGNA neste estudo, ressaltando que ela contribuiu diretamente para a infiltração gordurosa hepática através do aumento da lipogênese e, indiretamente, pelo aumento da liberação de ácidos graxos livres para o fígado pela diminuição da inibição da lipólise nos depósitos de gordura. É válido mencionar que Cruz et al. (2016) constataram que 35,9% dos pacientes com DHGNA possuíam índices glicêmicos acima do normal, enquanto Damiani et al (2011) demonstraram forte relação entre a resistência à insulina, medida pelo HOMA-IR, e a gordura hepática. O estudo atual também evidenciou níveis mais elevados da glicemia sérica com a gravidade da doença hepática.

O estudo de Cruz et al. (2016) verificou uma forte associação da DHGNA e de sua gravidade com o aumento de triglicerídeos séricos. Isto também foi constatado no presente estudo, em que pacientes com esteatose grau 1 apresentaram níveis médios de triglicerídeos de 141,5 mg/dL, enquanto que no grau 3 os níveis foram de 373,5 mg/dL. 

Shild et al. (2013) observaram que níveis inadequados de HDL estão associados a maiores probabilidades de desenvolver esteatose hepática não alcoólica. O presente estudo, no que diz respeito aos níveis de HDL, foi observado uma redução com a progressão da esteatose hepática não alcoólica, sendo que no grau 1 a média foi de 49 mg/dL, enquanto que no grau 3 foi de 47,5 mg/Dl e os pacientes sem DHGNA apresentaram nível médio de 50mg/Dl.

CONCLUSÃO

Apesar dos valores da circunferência abdominal e dos níveis de glicemia e triglicerídeos terem sido mais elevados nos pacientes com maior gravidade de infiltração gordurosa hepática não foi constatada uma associação estatisticamente significativa entre ambos.

Ressalta-se a importância de novas pesquisas com grupos populacionais maiores, haja vista a infiltração gordurosa do fígado ser considerada a manifestação hepática da Síndrome metabólica por compartilharem mecanismos fisiopatológicos em comum.

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1Acadêmica de Medicina da Universidade Tiradentes
Instituição: Universidade Tiradentes – UNIT
Endereço: Av. Murilo Dantas, 300 – Farolândia, Aracaju – SE, CEP: 49032-490
E-mail: monalysa.cruz@souunit.com.br
2Acadêmico de Medicina da Universidade Tiradentes
Instituição: Universidade Tiradentes – UNIT
Endereço: Av. Murilo Dantas, 300 – Farolândia, Aracaju – SE, CEP: 49032-490
E-mail: campos.andreym@gmail.com
3Acadêmico de Medicina da Universidade Tiradentes
Instituição: Universidade Tiradentes – UNIT
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E-mail: ronny_eu@hotmail.com
4Acadêmica de Medicina da Universidade Tiradentes
Instituição: Universidade Tiradentes – UNIT
Endereço: Av. Murilo Dantas, 300 – Farolândia, Aracaju – SE, CEP: 49032-490
E-mail: victoria.silveira@souunit.com.br
5Médica Doutora em Saúde e Ambiente
Instituição: Universidade Tiradentes – UNIT
Endereço: Av. Silvio Teixeira, no490, Jardins Aracaju-SE
E-mail: josildafcruz@gmail.com