REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8066061
Alexandre José Paixão e Mendes
Mariana Freire Cabral Amorim
Laércio Pol Fachin
RESUMO
A etiologia respiratória corresponde a principal causa de parada cardiorrespiratória (PCR) pediátrica. No cenário pré-hospitalar, a sobrevida da PCR pediátrica chega a 11,4% e pode variar conforme a faixa etária, sendo menor em lactentes. Já a PCR pediátrica hospitalar apresenta uma sobrevida maior. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de uma lactente que foi admitida no serviço de urgência por apresentar quadro de constipação intestinal e evoluiu com complicações. No caso relatado, uma paciente do sexo feminino aos 07 meses de idade com quadro de constipação intestinal, evoluiu para uma parada cardiorrespiratória por provável choque séptico e veio a óbito.
Palavras-chave: parada cardiorrespiratória, lactentes, choque séptico.
ABSTRACT
The respiratory etiology corresponds to the main cause of pediatric cardiac arrest (CPA). In the pre – hospital setting, serviçal from pediatric CPA reaches 11, 4% and varies according to age group, being lower in infants. Pediatric hospitalar CRP, on the other hand, has a survival rate of up 41.11%. The objective of this study is to report a case of an infant who was admitted to the emergency departament due to constipation and evolued with complicatons. In the reported case, a female patient at 07 months of age with intestinal constipation evolued to cardiorespiratory arrest due to probable septic shock and died.
Palavras-chave: cardiorrespiratory arrest, infants, septic shock.
1 INTRODUÇÃO
A PCR pediátrica se apresenta com epidemiologia e etiologia distintas da PCR em adultos e geralmente resulta de uma piora respiratória e cardiocirculatória progressiva¹.
Os ritmos cardíacos mais frequentes em Pediatria que indicam Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) são a bradicardia com sinais de hipoperfusão, assistolia e atividade elétrica sem pulso (AESP). As arritmias ventriculares ocorrem com menor frequência. Ainda que exista uma grande dificuldade para a avaliação do prognóstico neurológico, os sobreviventes parecem apresentar um bom prognóstico em aproximadamente 47% dos casos¹. As principais causas de PCR pré-hospitalar são a síndrome da morte súbita do lactente, trauma e causas respiratórias². Além disso, nota-se que o pré-natal incompleto e a prematuridade são fatores de risco para o desenvolvimento da PCR³.
O objetivo desse estudo é relatar o caso de uma lactente de 07 meses de idade do sexo feminino que sofreu uma Parada Cardiorrespiratória por provável choque séptico, não resistiu e veio à óbito, descrevendo os principais sintomas, a evolução do quadro, o provável diagnóstico e conduta até o momento final. Isso, por meio do método de pesquisa do estudo de caso, visto que foram coletadas informações sobre o ocorrido e, naturalmente, registradas. Além de contribuir para o conhecimento da comunidade científica e para a prevenção da PCR pediátrica, podendo ser útil na tomada de decisão frente a outras situações semelhantes.
2 DESENVOLVIMENTO
Descrição do caso
Paciente do sexo feminino, aos 07 meses de idade, apresentou quadro de constipação intestinal há 05 dias, relatado pela genitora, que a levou a buscar o serviço médico de urgência.
Às 10:00 horas da manhã do dia 07/03/2022, a paciente é levada a um serviço de urgência pública por apresentar quadro de constipação intestinal há 05 dias, evoluindo com vômitos fecalóides. Ao exame físico, foi constatado que a paciente apresentava cianose de extremidades e distensão abdominal. Além disso, os sinais vitais colhidos de início foram: frequência cardíaca de 181 bpm, frequência respiratória de 63 irpm, pressão arterial de 90 x 80 mmHg e saturação de oxigênio de 97% em ar ambiente.
Logo após, a saturação de oxigênio começou a diminuir, ficando abaixo de 94% e a medida inicial foi a colocação do cateter de oxigênio e o acionamento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) para a realização do transporte para uma unidade de alto risco.
A paciente evoluiu para um quadro grave, apresentando-se irresponsiva e saturando 88% mesmo com a utilização do cateter de oxigênio, com sinais de insuficiência respiratória, presença de tiragem intercostal, batimento de asas do nariz, sibilos e creptos bibasais à ausculta respiratória, além do abdômen distendido. A medida tomada foi estabilizá-la para realizar a transferência.
A estabilização foi feita por meio da punção intra-óssea para garantir o acesso venoso, no qual foi administrado 200 mL de SF 0,9%, fentanil e midazolam, seguido da Intubação Orotraqueal (IOT) que foi realizada com dificuldade, devido à presença de vômitos fecalóides.
Após a IOT, a paciente entrou em PCR, que foi reconhecida pela ausência de pulso e ausência de respiração, os quais foram checados simultaneamente.
A partir disso, foram iniciadas as manobras de ressuscitação cardiorrespiratória (RCP) de alta qualidade, envolvendo as compressões e as ventilações, em uma relação de 15 compressões para 2 ventilações.
O oxigênio foi conectado ao reservatório da bolsa auto inflável, mantendo um fluxo de 15L/min e foi feito o rodízio das funções a cada dois minutos, para evitar a sobrecarga de algum socorrista.
Além disso, foi utilizado o Desfibrilador Automático para a checagem do ritmo, que estava em assistolia, ou seja, o ritmo era não chocável, sendo iniciada a administração da adrenalina.
A adrenalina foi administrada com aproximadamente 04 minutos de PCR, sendo repetida a cada 03 minutos. A dose preconizada é administrada foi de 0,01mg/kg.
Foram realizados 12 ciclos de adrenalina, em torno de 40 minutos, sem sucesso. Paciente veio à óbito às 14 horas e 37 minutos.
3 DISCUSSÃO
O Suporte Básico de Vida deve ser garantido, incluindo as compressões torácicas com frequência e profundidade adequadas, retorno completo do tórax, evitar a hiperventilação e minimizar as interrupções das compressões, para que, dessa forma, possíveis complicações sejam evitadas1.
Portanto, ações preventivas em ambiente pré-hospitalar e hospitalar devem ser incentivadas, associadas ao treinamento de profissionais da saúde e da população em geral, além de providenciar serviços de reabilitação para os pacientes sobreviventes, a fim de obter um melhor prognóstico1.
A administração da epinefrina deve ser feita em até 5 minutos depois do início das compressões torácicas para uma melhor evolução do quadro e para um prognóstico neurológico favorável. Além disso, em casos de Choque Séptico é aconselhável administrar fluidos em alíquotas de 10mL/kg ou 20mL/kg e fazer a reavaliação frequente. Para lactentes com choque séptico sem resposta a fluido, pode-se considerar a administração de corticosteroides em dose de estresse4.
4 CONCLUSÃO
A ocorrência da PCR pediátrica se dá, geralmente, pela evolução de casos críticos de insuficiência respiratória e choque. A paciente deste caso, pelo quadro de constipação intestinal instalado há 5 dias e pela demora a ser levada aos serviços de saúde, evoluiu para um choque séptico e mesmo com a realização de uma RCP de alta qualidade, não obteve um desfecho favorável e veio a óbito.
REFERENCIAS:
- Velasco IT, et al. Medicina de Emergência: Abordagem Prática. 15ª ed. São Paulo: Manole; 2021. p. 3-1724.
- SciELO. Velasco IT, et al. Medicina de Emergência: Abordagem Prática [Internet]. São Paulo: Manole; 2021 [citado em 13 de junho de 2023]. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jped/a/FR3BQPtVNWnMwrdDwTFQmFB/?lang=en
- SciELO. Velasco IT, et al. Medicina de Emergência: Abordagem Prática [Internet]. São Paulo: Manole; 2021 [citado em 13 de junho de 2023]. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tce/a/ZHqf36ZPd5GJChynxq99Qvj/?lang=pt.
- Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Novas Recomendações para Ressuscitação Cardiopulmonar: Suporte Avançado de Vida em Pediatria. [Internet]. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/23034c-DC-NovasRecomend_parada_CardioResp.pdf.