PAPEL DO ENFERMEIRO NO CUIDADO AO RN PREMATURO COM SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO

UMA REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7275068


Fabrício Rosário De Oliveira
Janete Lopes Pereira
Quesia Moreira Barros
Verônica Santos Caetano Mourão
Enfª.Prof.ª. Ludmylla Paula Xavier


Resumo: A síndrome do desconforto respiratório (SDR) ou doença da membrana hialina (DMH) é uma das patologias mais freqüente no período neonatal, sendo a maior causa de morbidade e mortalidade nessa faixa etária. Acomete cerca de 1% de todos os nascidos vivos, principalmente, os prematuros. A equipe de enfermagem deve viabilizar o fortalecimento mãe e filho, mantendo a comunicação efetiva para facilitar a terapia ofertada. Abrir a relação terapêutica, entre familiares e profissionais possibilita um melhor planejamento nas ações da enfermagem. Objetivo: Compreender a importância da assistência de enfermagem prestada ao recém-nascido e familiar durante internação nas UTIN. Métodos: Trata-se de uma revisão de literatura, com base de dados o Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Biblioteca virtual em Saúde-Ministério da saúde (BVSMS), tendo como critérios de inclusão artigos sobre o diagnóstico de SDR em prematuros no recorte de 2017 a 2022. Foram utilizados os seguintes critérios: artigos publicados em português e disponível gratuitamente na íntegra. Foram excluídas as monografias, as teses, as dissertações e os artigos com duplicidades entre as bases de dados e achados não fundamentais ao tema descrito. Resultados: Observa-se que, embora os enfermeiros compreendam a importância da assistência humanizada, ocorrem falhas devido às diversas atividades realizadas por eles. No entanto, os enfermeiros priorizam a assistência única ao recém-nascido, por este apresentar risco iminente de morte, necessitando trabalhar mais a assistência e inclusão familiar prestando conforto durante a internação do RN. Conclusão: A assistência humanizada da enfermagem a um RN prematuro é imprescindível no período da hospitalização, fornecendo acolhimento aos familiares, auxiliando na estruturação destes que apresentam angústias e medo devido ao caso potencialmente grave do RN.

Palavras chaves: Síndrome do Desconforto Respiratório;Equipe de Enfermagem; Recém-Nascido Prematuro.

Abstract: Respiratory distress syndrome (RDS) or hyaline membrane disease (HMD) is one of the most frequent pathologies in the neonatal period, and is the leading cause of morbidity and mortality in this age group. It affects about 1% of all live births, especially premature infants. About 50% of deaths that occur in the neonatal period are directly related to respiratory disorders, and RDS is about 80 to 90% of cases of PIs during the first week of life. The nursing team must enable the strengthening of mother and child, maintaining effective communication to facilitate the therapy offered. Opening the therapeutic relationship between family members and professionals enables better planning of nursing actions. Objective: To highlight the importance of nursing care provided to the newborn and family during hospitalization in NICUs. Methods: This was a literature review, whose search occurred in the Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Virtual Health Library – Ministry of Health (BVSMS) and Latin American and Caribbean Literature on Health Sciences (LILACS) databases. The following criteria were used: articles published in Portuguese and freely available in full. We excluded monographs, theses, dissertations and articles with duplications between databases and findings not fundamental to the theme described. Results: Twenty articles and two monographs were selected and submitted to content analysis. It was observed that, although nurses understand the importance of humanized care, failures occur due to the many activities performed by them. However, nurses prioritize the only assistance to the newborn, because the latter presents imminent risk of death, and need to work more on the assistance and inclusion of the family, providing comfort during hospitalization of the NB. Conclusion: The humanized nursing care to a premature NB is essential during hospitalization, providing shelter to family members, helping in the structuring of these that present anguish and fear due to the potentially serious case of the NB.

Key words: Respiratory Distress Syndrome; Nursing Team; Premature Newborn.

1. INTRODUÇÃO

A Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR) ou doença da membrana hialina (DMH) é uma das patologias respiratórias mais frequente no RNPT, sendo mais comum nos RN com menos de 28 semanas de gestação, afetados por mãe diabética e nos que sofreram asfixia ao nascimento. Essa patologia consiste no esforço respiratório precoce em recémnascidos pré-termo (RNPT). Caracteriza-se pela deficiência do surfactante, hormônio responsável pela maturação dos pulmões, principalmente por sinais e sintomas como: dispneia, gemido expiratório, cianose, batimentos de asas nasais, retração esternal, tiragem intercostal e subcostal e crises de apneia, com surgimento entre as primeiras horas de vida até 48 horas após o nascimento(BRASIL, 2012).

Dentro os cuidados com o RN, a fisioterapia respiratória tem se mostrado de valor inestimável no tratamento de prematuros com insuficiência respiratória, permitindo uma oferta adequada de oxigênio, promovendo melhora na relação ventilação-perfusão, ajuda a diminuir a permanência no respirador e auxilia no desmame. A administração do surfactante é necessária nos cuidados desses pré termos, prevenindo os possíveis danos pulmonares e implicações respiratórias(FLORES et al, 2017).

Cercade 80% dos recém-nascidos com extremo baixo peso são tratado com ventilação mecânica invasiva durante os primeiros dias de vida. Vários métodos são utilizados para proporcionar um apoio respiratório ao prematuro, abrangendo a intubação, surfactante profilático, pressão positiva nas vias aéreas (CPAP) e oxigenoterapia. O CPAP nasal reduz a necessidade de ventilação mecânica e consequentemente o tempo de internação hospitalar e a morbimortalidade no período neonatal. (FLORES et al, 2017).

Essa pesquisa responde-se através da necessidade de explorar melhor o tema abordado, a fim de subsidiar a pratica nas intervenções realizadas pela equipe de enfermagem diante dos avanços tecnológicos e buscas cientificas, tornando o tratamento capaz de proporcionar ao RN uma possibilidade maior de sobrevida. As ações durante a internação do RN sãocapazes de rever o conceito insensível e desmitificar a idéia dos cuidados robotizados, proporcionando conforto e tranquilidade aos familiares do RN.

Tendo em vista essa problemática, elabora-se a seguinte questão norteadora:Como a assistência da equipe de enfermagem permite melhora no quadro clinico do RN prematuro com SDR?

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

➢ Compreender a importância da assistência de enfermagem prestada ao recémnascido prematuro com síndrome do desconforto respiratório;

2.2 Objetivo Específico

  • Analisar quais os fatores de risco para neonatos prematuros desenvolverem Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR);
  • Caracterizar a vivencia dos familiares durante a internação do RN naUnidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI);
  • Destacar as atribuições da equipe de enfermagem acerca dos cuidados aos prematuros com insuficiência respiratória nas Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI);

3. METODOLOGIA

Este estudo trata-se de uma pesquisa na modalidade de revisão bibliográfica, com ênfase em: Papel do enfermeiro nos cuidados ao RN prematuro com síndrome do desconforto respiratório, apresentando diversos propósitos como: definição de conceitos, revisão de teorias e evidencias, e análise de problemas relacionados à metodologia, com abordagens referenciais de pesquisas qualitativas, exploratória e descritiva, para evidenciar meios técnicos que beneficiam a saúde do RNPT. Realizou-se a busca de artigos via internet no Google Acadêmico, base de dados do Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Biblioteca virtual em SaúdeMinistério da saúde (BVSMS), Medical LiteratureAnalysisandRetrieval System Online (Pubmed/Medline), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) com data de ultima busca dia 20 de setembro de 2022.

Foram identificados inicialmente, a partir dos descritores, 30 trabalhos. Destes, 16 estudos foram encontrados disponíveis em textos completos gratuitamente em meio eletrônico e com os critérios de inclusão estabelecidos. Após a avaliação, restaram então, 10 artigos, 2 monografias e 3 revistas para consulta integral e desenvolvimento do estudo.As pesquisas realizadas foram feitas por leituras de artigos separados por meio de fichamento. Foram utilizados os seguintes critérios: artigos publicados em português e disponível gratuitamente na íntegra. Encontrados 10 artigos, 2 teses e 3 revistas como recorte de estudo no desenvolvimento do artigo e separados os que atendiam aos critérios de seleção.

Tendo como critérios de inclusão, foram utilizadas publicações que continham:

diagnóstico de SDR em prematuro, fatores de risco, sinais e sintomas, diagnóstico, tratamento e a assistência de enfermagem na patologia no recorte de 2017 a 2022, Foram excluídos as monografias, as teses, as dissertações e os artigos com duplicidades entre as bases de dados e achados não fundamentais ao tema descrito, publicações que não abordavam a síndrome do desconforto respiratório em recém-nascidos, os artigos que continham outros problemas respiratórios e que não continha nada sobre o desconforto respiratório.

Observa-se nos estudos analisados que, embora a equipe de enfermagem compreenda a importância da assistência humanizada, essas ações não são de fato cumpridas devido às diversas atividades realizadas por eles. No entanto, estes priorizam a assistência ao RN prematuro, por ele apresentar risco iminente de morte, deixando a família à margem dessa assistência, com ansiedade e medos, desenvolvendo idéias e pensamentos controversos às condições de saúde do neonato por falta de acolhimento.

O trabalho realizado não se enquadra na Resolução 466 de 2012 que aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos, pois as coletas de dados para este trabalho não foram realizadas em pacientes internados, mas colhidos por pesquisas através de uma revisão bibliográfica, realizadas nos anos anteriores, não havendo necessidade de submissão ao Comitê de Ética humano.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Abordagens clinicas da Síndrome do Desconforto respiratório em RNPT

O recém-nascido pré-termo (RNPT) é aquele nascido com idade gestacional (IG) inferior a 37 semanas, podendo ser classificado de acordo com a IG, peso ou a adequação do nascimento à idade gestacional. Dentre as principais patologias associadas à prematuridade pode-se destacar a Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR), também chamada Doença da Membrana Hialina. (BRASIL, 2012).

De acordo com Paulino et al, (2018), a síndrome do desconforto respiratório (SDR) ou doença da membrana hialina (DMH) é uma das patologias mais freqüente no período neonatal, sendo a maior causa de morbidade e mortalidade nessa faixa etária. Acomete cerca de 1% de todos os nascidos vivos, principalmente, os prematuros. Cerca de 50% dos óbitos que ocorre no período neonatal estão diretamente ligados a distúrbio respiratório, sendo a SDR cerca de 80 a 90% dos casos do RNPT durante a primeira semana de vida. Embora os dados citados sejam meramente ilustrativos, existe uma realidade muito assustadora quando se trata de nascimentos prematuros, que está associado à temperatura ambiente, resultando no aumento do metabolismo basal que vai atingir o sistema respiratório do RN e resultará em SDR.

A principal causa da DMH é a deficiência de surfactante alveolar, sintetizado a partir da 20ª semana. Esta deficiência causa um aumento da tensão superficial alveolar e da força de retração elástica, ocasionando instabilidade alveolar com atelectasias progressivas, a qual causa perda da complacência pulmonar. A deficiência do surfactante, hormônio responsável pela maturação dos pulmões, é identificado por sinais e sintomas como: dispnéia, gemido expiratório, cianose, batimentos de asas nasais, retração esternal, tiragem intercostal e subcostal e crises de apnéia, com surgimento entre as primeiras horas de vida até 48 horas após o nascimento (BRASIL a, 2012).

A sobrevivência de RN de baixo peso reflete a qualidade do atendimento pré-natal, do cuidado no trabalho de parto e parto, além da estrutura de atendimento neonatal das diversas regiões do mundo. Tendo em vista que o maior risco de desenvolvimento de SRD é a prematuridade, o acompanhamento pré-natal realizado de forma adequada torna-se o a principal aliado da gestação como ferramenta utilizada na estratégia para combater o parto prematuro A SDR é mais que um processo de doença, pode ser definido como um distúrbio do desenvolvimento geralmente associado com a prematuridade e problemas durante o trabalho de parto e o parto propriamente dito (MARTINAZZO, 2020).

Apesar dos grandes avanços tecnológicos na saúde, ainda não se tem um entendimento da fisiopatologia e o papel que o surfactante desempenha. Por isso permanece como problema clínico principal a SDR. É de se esperar que em países desenvolvidos a taxa de mortalidade neonatal seja muito inferior a países onde a atenção à saúde é precária, logo a freqüência de prematuridade seria maior nos países mais pobre devido às péssimas condições de saúde da gestante. O guia prático elaborado pelo ministério da Saúde, parto prematuro é o maior determinante da mortalidade infantil nos países desenvolvidos (PAULINO et al, 2018).

Entre os problemas respiratórios que afetam o recém-nascido a doença da membrana hialina constitui um dos mais graves e freqüentes. Sabemos que o desenvolvimento do pulmão é criticamente dependente da existência de líquido amniótico. O nascimento prematuro expõe o RN a um ambiente extra-uterino completamente diferente do qual ele está acostumado e em uma fase ainda muito precoce de seu desenvolvimento. Mesmo que os pulmões fetais não realizam trocas gasosas durante a gravidez, é necessária que haja esse desenvolvimento correto do feto, para auxiliar sua vida extra-uterina. Por isso é importante que os pulmões aumentem a quantidade de surfactante que está sendo produzido (COSTA, 2021).

A produção do surfactante funciona como um lubrificante pulmonar ajudando a reduzir a tensão superficial nos alvéolos, permitindo que eles se expandem com a inalação. Com a maturação dos pulmões, o feto passa a desenvolvera capacidade de troca gasosa. Também é preciso haver uma dupla circulação paralela que permita que o sangue seja oxigenado e que o parênquima pulmonar seja perfundido simultaneamente. A sobrevivência de RN de baixo peso reflete a qualidade do atendimento pré-natal, do cuidado no trabalho de parto e parto, além da estrutura de atendimento neonatal das diversas regiões do mundo (COSTA, 2021).

Os sinais que configuram o aumento respiratório do RN aparecem logo no nascimento e intensificam-se assiduamente nas primeiras 24 horas e atingem o pico por volta de 48 horas, apresentando melhoras gradativamente após 72 horas de vida. De acordo com Tamez e Silva (2009) os principais sintomas incluem: dispnéia ou respiração superficial imediatamente após o parto ou nas primeiras 6 horas identificando a insuficiência respiratória, com piora progressiva nas primeiras 48horas de vida, aumento progressivo da freqüência respiratória 60 mov./m, taquicardia, retrações esternais e intercostais decorrentes da diminuição da complacência pulmonar, batimentos de asa do nariz, diminuição difusa do murmúrio vesicular, cianose central entre outros.

Nas circunstancias da ausência da complacência pulmonar, como na SDR, durante a inspiração um excesso de pressão negativa é gerado no espaço pleural para expandir os pulmões. Além da deficiência de surfactante, o aumento da quantidade de líquido pulmonar devido à maior permeabilidade da membrana alvéolo-capilar observada no RN pré-termo contribui significativamente para a gravidade da SDR. Se a doença progride, o RN aumenta a força contrátil do diafragma na tentativa de expandir os pulmões. É possível observar que na progressão, a protrusão do abdome e, devido à alta pressão negativa no espaço pleural, toda a porção anterior do tórax, incluindo o esterno, desloca-se para dentro, produzindo o movimento característico em gangorra ou respiração paradoxal (BRASIL, 2012).

Diante disso, é necessário avaliar as complicações pré existentes nos RN com SDR. Elas podem ser identificadas como: persistência do canal arterial devido à extrema prematuridade, instabilidade hemodinâmica presente na dificuldade respiratória, hemorragias, edema e pneumotórax associados à ventilação invasiva e não invasiva ulcerações na pele por causa do tempo prolongado de uso da interface facial, infecções pulmonares que podem cursar com sepse e redução do aleitamento materno (TERTO, 2021).

4.2 Condições familiares do Recém-Nascido Prematurocom Síndrome do Desconforto Respiratório

Segur, (2019), afirma que o tratamento para a SDR vai além dos cuidados ventilatórios e medicamentais. É possível evidenciar melhora significativa dos cuidados intensivos que são realizados pela equipe multiprofissional especializada, além de leitos neonatais ofertados durante o tratamento do RN que tem infraestrutura adequada para o perfeito acompanhamento. Esses fatores são determinantes durante a internação, permitindo que a família entenda os riscos desenvolvidos previamente senão tratados de maneira correta. Quando necessário o acoplamento do RN em aparelhos ventilatórios, o RN se mantém em berço neonatal, recebendo a oferta demandada de O² prescrito pelo medico assistencial.

A hospitalização do RN leva o familiar a vivenciar preocupações diárias quando as informações colhidas são limitadas a respeito do grau de saúde do bebe. Garantir que os pais recebam informações do RN, incluindo-os nas discussões clínicas, liberação da entrada de pessoas significativas, apoio psicossocial, participação nos cuidados e nas tomadas de decisão, incentivo ao toque, contato visual e conversação com o RN, colocar panos com cheiro da mãe dentro da incubadora mantém uma boa relação por parte da equipe e promove uma relação dos mesmos ao cuidado do bebê, proporcionando a eles a tranqüilidade e esperança na melhora do RN. Reconhecer a importância familiar colabora para uma melhor estrutura e bem-estar da família ao longo da hospitalização. (SANTOS et al, 2020).

Na UTIN existem muitos aspectos que podem a desencadear estresse nos pais, como a aparência pequena e frágil do filho, o ambiente ruidoso, o RN cercado de dispositivos e equipamentos (VERONEZ et al., 2017). Santos et al. (2017), identificaram que os freqüentes procedimentos realizados no RN geram grande sofrimento nas mães, apesar delas entenderem que são necessários para garantir a saúde do filho. A impossibilidade de abraçar, beijar e acariciar o filho no colo faz com que a mãe sinta uma perda de sua função podendo apresentar dificuldade em reconhecer se como mãe e, muitas vezes, de reconhecer o próprio filho, impactando na forma como se relaciona com ele, com implicações negativas no desenvolvimento posterior da criança.

Vale salientar que durante o tratamento do RNPT, muitos sentimentos serão produzidos pelos familiares, por isso é importante considerar maneiras de reduzir a ansiedade dos pais por meio do oferecimento de apoio, criando conforto para seus sentimentos. Quando os pais experimentam um relacionamento positivo com os profissionais no hospital, seu nível de ansiedade diminui e torna possível que sua percepção da situação se torna mais acurada. Por isso é muito importante criar laços afetivos com os familiares, visto que o preparo para o nascimento não ocorreu como os pais imaginaram. Apesar disso, o poder de superação vai fortalecer as sensações hostis já vividas permitindo criar expectativas e esperanças de convivência futura com o filho(SEGUR, 2019).

4.3 Papel da enfermagem nos cuidados ao RN com síndrome do desconforto respiratório

As equipes de enfermagem devem desempenhar papel fundamental no cuidado aos recém-nascidos com síndrome do desconforto respiratório. Durante a internação do RN, muitos questionamentos podem ocorrer, validando o atendimento humanizado ofertado pelo profissional. Conforme abordado por (SANTOS et al, 2020) É importante que profissionais de saúde que atuam em UTIN desenvolvam ações que inclua práticas de cuidado centrado ao RNPT e família para minimizar os impactos estressantes durante a internação, incentivando os laços familiares com o objetivo de melhorar os sentimentos paternais. É importante salientar a necessidade de criar ações que favoreça o desenvolvimento da autonomia e da segurança familiar.

Em conformidade com o conselho Regional de Enfermagem (COREN) e conselho federal de Enfermagem (COFEN) que promulga o código de ética e legislação de enfermagem, destacamos a resolução COFEN 358/2009 que dispõe sobre a sistematização da assistência de enfermagem (SAE) e a implementação do processo de enfermagem (PE) em ambiente público e privado, onde ocorre o cuidado profissional de enfermagem e das outras providências denominado como consulta de enfermagem e das disposições gerais da lei número 8080 de outubro de 1990, A prescrição de enfermagem contribui para que a equipe possa realizar com maior eficácia a sua assistência, através dos cuidados direcionados aos bebês portadores de SDR. (COFEN, 2009).

No processo de intervenção, o enfermeiro, deve viabilizar o fortalecimento mãe e filho, mantendo a comunicação efetiva para facilitar a terapia ofertada. Abrir a relação terapêutica, entre familiares e profissionais possibilita um melhor planejamento nas ações da enfermagem. Portanto, o diálogo entre o profissional e o cliente é fundamental, para minimizar a ansiedade e esclarecimento de suas dúvidas. A meta da enfermagem é modificar a atenção ao RN desmistificando o medo aflitivo dos pais ao encontrem seus filhos em berços com suporte de oxigenoterapia. (SEGUR, 2019).

Os cuidados de enfermagem individualizados devem ser realizados diariamente, visando alcançar as metas planejadas, identificando os problemas ativos pré existentes, focado na recuperação da saúde do RN. É de destaque também essa assistência humanizada aos pais e familiares do RNPT, visto que estes apresentam um grande nível de ansiedade e medo com a hospitalização do RN. A enfermagem tem como dever e responsabilidade assistir o RN nos cuidados devido a sua a patologia e também desenvolver uma relação impar com a família a fim de proporcionar vínculo caloroso com os pais no intuito de tentar tranqüilizá-los afetuosamente durante a internação do bebê (SEGUR, 2019).

Sabendo da importância de um cuidado integral, a SAE, realizada pela enfermagem, potencializa o processo de recuperação do RN, mantendo os cuidados devidamente prescritos ao RN conforme preconiza o COFEN. Tratando se de um modelo metodológico, a prescrição de enfermagem é ideal para que o enfermeiro aplique seus conhecimentos técnico- científicos, a fim de redirecionar o cuidado e a organização das condições necessárias para a prática assistencial. (FLORES et al, 2017).

A humanização, enquanto uma ação prática para a prestação dos serviços de saúde define as tomadas de decisões aplicadas pela a equipe de enfermagem. Ela está implicitamente ligada aos conhecimentos das equipes, preparação adequada dos profissionais. Percebe-se que a humanização em saúde reflete o processo de ações que visam nortear diretrizes para o assistencialismo na saúde, criando condições de valorizar o paciente, respondendo as suas necessidades, não por força de um tipo de procedimento técnico, mas, sobretudo, no respeito à sua posição dentro do contexto social e de direitos. (CARVALHO, 2019).

Um ponto de bastante atenção a ser dada pela equipe de enfermagem refere-se à sua preocupação com a manipulação do RN prematuro, principalmente buscando-se evitar e avaliar a dor que este pode estar sentindo decorrente dos aparelhos, punções ou cateterismos realizados. Nos casos em que o RN necessitar da utilização da ventilação mecânica, a equipe de enfermagem deve assessorar os procedimentos médicos estabelecidos, o que envolve manter o RN monitorar corretamente o paciente avaliando o pulso e saturação, posicionar corretamente o RN em superfície plana e com coxim na altura dos ombros com leve extensão. (CARVALHO, 2019).

Flores et al, (2017) Considerando os fatores existentes na internação do RN, é fundamental a monitoração constante, evitando que agrave os riscos pertinentes ao período de hospitalização do bebê. Geralmente, cerca de 30% dos RNPTs com SDR necessitam de suporte ventilatório, seja na forma de CPAP ou intubação traqueal com PEEP. Através da prevenção das possíveis complicações da doença e da prematuridade, é possível ofertar um tratamento eficaz no cuidado com o RN.

De acordo com os autores mencionados no parágrafo acima, alguns cuidados com o RNPT podem ser realizados da seguinte maneira: Manter o RN em ambiente térmico neutro, para reduzir o consumo de oxigênio e a produção de CO², utilizando incubadoras ou berço de calor radiante com monitores acoplados, quando necessário, realizado as dosagens de bilirrubinas e a indicação precoce da fototerapia, evitar a ocorrência de intubação seletiva mantendo a ponta da cânula traqueal cerca de 1 cm acima da Carina, monitorar as condições hemodinâmicas do RN (freqüência cardíaca, pulso, perfusão periférica e pressão arterial sistêmica). Na presença de hipotensão e/ou choque, corrigir e estabilizar o RN antes da administração do surfactante, manter a saturação de oxigênio (SatO²) entre 85 a 93%, não excedendo 95%, para reduzir os riscos de retinopatia da prematuridade e de displasia broncopulmonar.

Diante das peculiaridades estruturais e funcionais ligadas à imaturidade do RN, desconforto apresentado pelos familiares, é necessário que a equipe de enfermagem tenha conhecimento eficaz sobre a interpretação desses sinais do RN, para manter o melhor tratamento e cuidados durante a hospitalização e são úteis para decidir o melhor momento de início da intervenção terapêutica. A equipe de enfermagem é o núcleo mais próximo dessa clientela, estabelecendo os cuidados desde a admissão, fortalecendo o vinculo terapêutico com os pais e/ou familiares até a alta do RN. Observar, identificar e tratar esses sinais demonstrados possibilita melhora do quadro clinico do RN, transmite tranqüilidade e confiança aos familiares, permitindo aos mesmos criar expectativas para futura alta hospitalar (BRASIL, 2012).

Foi realizada leitura analítica dos artigos selecionados que possibilitou a organização dos assuntos por ordem de importância sintetizando as idéias essenciais para a solução do problema da pesquisa. Foram identificados artigos que abordaram a assistência humanizada do enfermeiro ao RN prematuro.Em todos os artigos selecionados evidenciaram os seguintes critérios para o diagnostico da Síndrome do Desconforto Respiratório no RN (Quadro 1).

QUADRO 1. Critérios diagnósticos para Síndrome do Desconforto Respiratório no RN

TaquipneiaTaquipneia quando, em repouso ou durante o sono, a frequência respiratória mantém-se persistentemente acima de 60 movimentos por minuto.
Apneia e respiração periódicaÉ caracterizada por pausa respiratória superior a 20 segundos, ou entre 10 e 15 segundos se acompanhada de bradicardia, cianose ou queda de saturação de oxigênio.
Batimento de asas nasaisO batimento das asas nasais representa a abertura e o fechamento cíclico das narinas durante a respiração espontânea.
Gemido expiratórioO gemido expiratório é um sinal muito comum nos RN acometidos pela SDR.
CianoseClassifica-se como localizada ou periférica, e generalizada ou central.
Fonte: ADAPTADO MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012

Além dos dados apresentado no quadro acima, observa-se a importância de aplicar o Boletim de Silverman-Andersen apresentado na figura abaixo, avaliado clinicamente por meio de quantificação o grau de desconforto respiratório e estima a gravidade do comprometimento pulmonar. Nessa avaliação, são conferidas notas de 0 a 2 para cada parâmetro. Somatória das notas inferior a 5 indica dificuldade respiratória leve, e quando é igual a 10 corresponde ao grau máximo de dispnéia (BRASIL, 2012).

Figura 1

Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE, p. 14, 2012.

Um ponto de bastante atenção a ser dada pela equipe de enfermagem refere-se à sua preocupação com a manipulação do RN prematuro, buscando evitar e avaliar a dor que este pode estar sentindo decorrente dos aparelhos, punções ou cateterismos realizados. Os estudos selecionados observaram que a assistência de enfermagem requer sensibilização para aprimoramento do cuidado com o neonato prematuro, que exige manutenção da integridade cutânea, higienização, proteção e nutrição, sistematização da assistência além do cuidado individualizado e humanizado no processo de melhora do quadro clinica do RN, oferecendo suporte à sua família.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando os estudos realizados, em suma, é importante esclarecer as evidencias clara a respeito da SDR relacionando a sua ligação à prematuridade do RN. Há inúmeros desafios para a ocorrência de uma assistência humanizada, principalmente pela resistência de alguns profissionais em se aproximar da família e a falta de estrutura física adequada. Por isso, é importante que a enfermagem desempenhe de forma efetiva suas atividades durante o prénatal, identificando os possíveis fatores de risco durante a gestação, possibilitando intervenções o mais rápido possível ao longo da gestação. Evidenciar esses problemas na gestação possibilita ter uma abordagem e diagnostico precoce ao RN possibilitando a redução de danos e sequelas ao mesmo.

Deve-se considerar a necessidade da realização de capacitação profissional para o beneficio da assistência de enfermagem para que haja uma assistência aoneonato prematuro ampliado e com resolutividade, incentivando-os a participar de eventos científicos, na tentativa de atualizar novas técnicas, proporcionando meios interativos para aquisição de conhecimento com a possibilidade de lucrar entusiasmo e maior empenho, já que informações e qualificação são essenciais e contribuem significativamente para o cuidado a esse público.

Sintetizando a referida pesquisa, nota-se a deficiência dos locais de atendimento e cuidado do RN, necessitando de construções de ambientes acessíveis, com foco no atendimento multiprofissional aos familiares, para melhor convívio dos mesmos com os profissionais assistenciais. As comunidades também precisam estar cientes dos agravos num pré-natal mal realizado, por isso precisam sempre serem informadas da necessidade de um bom acompanhamento, que seja eficaz e transparente durante as consultas para que possa monitorar e assessorar quaisquer adversidades que apresentem na gravidez. Esses alertas refutam num melhor tratamento, cuidado passivo e estrutural, facilitando a convivência de todos os envolvidos no desenvolvimento do recém nascido.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2011. 159 p. Disponível em <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_saude_recem_nascido_v1.pdf> acesso em 05 set. 2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção à Saúde do Recém-Nascido-Guia para os Profissionais de Saúde, v.3, 2. ed. Brasília (DF), 2012. 195 p. Disponível em <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_saude_recem_nascido_v1.pdf> acesso em 04 de set. 2022.

CARVALHO Silas Santos; OLIVEIRA Bruno Rodrigues de; SILVA Helissandra Cordeiro. Assistência humanizada de enfermagem ao recém-nascido prematuro. Rev. Bras. Pesq. Saúde, Vitória, 21(4): 136-143 out-dez, 2019 disponível em: <https://periodicos.ufes.br/rbps/article/view/31024>acesso em 08 set. 2022.

COFEN – Resolução COFEN nº. 358/2009: Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem. Disponível em <http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen3582009_4384.html> acesso em de 04 set. 2022.

FERREIRA, Maria Eduarda Lopes et al, 2021. Efeitos da ventilação não invasiva como terapia de expansão pulmonar na oxigenação de neonatos pré-termos. Disponível em: http://tcc.fps.edu.br:80/jspui/handle/fpsrepo/1005> acesso em 02set. 2022. FLORES, Bibiana Wanderlei, et al.Assistência de enfermagem ao prematuro com síndrome do desconforto respiratório: uma revisão bibliográfica. RGS 2017; 17(1): 33-40. Disponível em<https://www.herrero.com.br/files/revista/file78d43e92b9a82b5a43144e38213c4184.pdf>ace sso em 14 set. 2022.

LIMA, Vanessa Noronha, et al. Diagnostico E Abordagem Precoce Ao Recém-Nascido Com Síndrome Do Desconforto Respiratório (SDR)disponível em: <http://189.112.117.16/index.php/revista-medicina/article/view/4522021>acesso em02 set. 2022.

MACÊDO, Bárbara Luiza Nascimento de, et al. Perfil epidemiológico de recém-nascidos com síndrome do desconforto respiratório e sua comparação com taxa de mortalidade.

ASSOBRAFIR Ciência, vol.9, n2, p.33-43, 2018. Disponível em:<https://www.cpcrjournal.org/article/5da73af70e8825925fba68e1> acesso em 05set. 2022. MARTINAZZO, G. R. Prevalência e Fatores Associados à Síndrome do Desconforto Respiratório em Prematuros Internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Passo Fundo/RS. 2020. Disponível em <https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/4101>acesso em 05 set. 2022.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Atenção à Saúde do RecémNascido: Guia para os Profissionais de Saúde. Brasília (DF): Editora MS; 2011, disponível em <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_saude_recem_nascido_v1.pdf>acesso em 05 set. 2022.

PAULINO, Eva de Fátima Rodrigues et al.Educação em saúde, tecnologia somados para facilitar a compreensão da síndrome do desconforto respiratório (SDR) em recémnascido (RN). Nursing (Säo Paulo) ; 21(246): 2425-2430 nov.2018. Disponível em <https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-969172> acesso em 05 set. 2022. SANTOS, Luciano Marques dos et al, 2020, Experiências durante a internação de um recém-nascido prematuro em terapia intensiva, 2020, disponível em:<https://www.scielo.sa.cr/scielo.php?pid=S1409-

45682021000100002&script=sci_arttext>acesso em 06 set. 2022.

VERONEZ, M. et al. Vivência de mães de bebês prematuros do nascimento a alta: notas de diários de campo. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 38, n. 2, p. 1-8, jul. 2017. Disponível em<https://www.scielo.br/j/rgenf/a/qcc5DQtFFpSHjwdggWntS6j/?lang=pt> acesso em19 set. 2022