PAPEL DO ENFERMEIRO NO ACOMPANHAMENTO DA GESTANTE NO PROCESSO PARTURITIVO (TRABALHO DE PARTO E PARTO): UMA REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA

THE ROLE OF THE NURSE IN THE MONITORING OF THE PREGNANT WOMAN IN THE PARTURITIVE PROCESS (LABOR AND DELIVERY): AN INTEGRATIVE LITERATURE REVIEW

EL PAPEL DE LA ENFERMERA EN EL SEGUIMIENTO DE LA EMBARAZADA EN EL PROCESO PARTURITIVO (PARTO Y PARTO): UNA REVISIÓN INTEGRATIVA DE LA LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8052687


Isabela de Souza Assis Araújo
Karolayne Alves Andrade
Layla Helen da Silva
Regina Mendes de Oliveira
Eduardo Nogueira Cortez


Resumo

O acompanhamento da gestante durante o processo parturitivo (trabalho de parto e parto) é uma área de extrema importância para garantir uma assistência segura, humanizada e de qualidade. Nesse contexto, o papel do enfermeiro é fundamental para promover cuidados integrais e acompanhar a mulher em todas as etapas desse processo. O objetivo desta revisão integrativa de literatura é analisar o papel do enfermeiro no acompanhamento da gestante durante o processo parturitivo, buscando compreender suas contribuições, intervenções e impacto na saúde materno-infantil. Foi realizado um levantamento bibliográfico em bases de dados científicas utilizando os termos-chave relacionados ao tema. Foram incluídos estudos que abordaram o papel do enfermeiro no acompanhamento da gestante durante o processo parturitivo, em diferentes contextos de atuação e com enfoques variados. Foram excluídos estudos de opinião, cartas ao editor e artigos de revisão. A revisão integrativa revelou que o enfermeiro desempenha um papel fundamental no acompanhamento da gestante durante o processo parturitivo. Suas contribuições abrangem desde o suporte emocional e físico à mulher, a monitorização e avaliação dos sinais vitais e do bem-estar fetal, até a promoção de práticas humanizadas, prevenção de complicações e educação para a saúde. O enfermeiro também desempenha um papel importante na comunicação e colaboração com a equipe multiprofissional, visando uma assistência integrada e de qualidade. No entanto, é importante ressaltar que são necessárias mais pesquisas para fortalecer as evidências e ampliar a compreensão do papel do enfermeiro nesse contexto. Além disso, é fundamental investir na formação, capacitação e valorização dos enfermeiros para garantir uma assistência de qualidade e promover melhores resultados de saúde materno-infantil durante o processo parturitivo.

Palavras-chave: Enfermeiro. Gestante. Processo Parturitivo. Acompanhamento. Papel. Assistência. Parto Normal. Saúde Materno-Infantil.

Abstract

Monitoring the pregnant woman during the parturition process (labor and delivery) is an extremely important area to ensure safe, humane and quality care. In this context, the role of nurses is fundamental to promote comprehensive care and accompany women in all stages of this process. The aim of this integrative literature review is to analyze the role of nurses in monitoring pregnant women during the parturition process, seeking to understand their contributions, interventions and impact on maternal and child health. A bibliographic survey was carried out in scientific databases using the key terms related to the theme. Studies were included that addressed the role of nurses in accompanying pregnant women during the parturition process, in different contexts and with different approaches. Opinion studies, letters to the editor and review articles were excluded. The integrative review revealed that the nurse plays a fundamental role in monitoring the pregnant woman during the parturition process. Its contributions range from emotional and physical support to women, monitoring and evaluation of vital signs and fetal well-being, to the promotion of humanized practices, prevention of complications and health education. The nurse also plays an important role in the communication and collaboration with the multidisciplinary team, aiming at an integrated and quality assistance. However, it is important to emphasize that more research is needed to strengthen the evidence and broaden the understanding of the nurse’s role in this context. In addition, it is essential to invest in the education, training and enhancement of nurses to ensure quality care and promote better maternal and child health outcomes during the parturition process.

Keywords: Nurse. Pregnant. Parturition Process. Follow-up. Paper. Assistance. Normal birth. Maternal and Child Health.

Resumen

El seguimiento de la gestante durante el proceso de parto (trabajo de parto y parto) es un área de suma importancia para garantizar una atención segura, humana y de calidad. En ese contexto, el papel del enfermero es fundamental para promover la atención integral y acompañar a la mujer en todas las etapas de ese proceso. El objetivo de esta revisión integrativa de la literatura es analizar el papel de los enfermeros en el acompañamiento de las gestantes durante el proceso de parto, buscando comprender sus contribuciones, intervenciones e impacto en la salud materna e infantil. Se realizó un levantamiento bibliográfico en bases de datos científicas utilizando los términos clave relacionados con el tema. Se incluyeron estudios que abordaron el papel del enfermero en el acompañamiento de la gestante durante el proceso del parto, en diferentes contextos y con diferentes abordajes. Se excluyeron estudios de opinión, cartas al editor y artículos de revisión. La revisión integradora reveló que el enfermero tiene un papel fundamental en el acompañamiento de la gestante durante el proceso del parto. Sus aportes van desde el apoyo emocional y físico a la mujer, el seguimiento y evaluación de signos vitales y bienestar fetal, hasta la promoción de prácticas humanizadas, prevención de complicaciones y educación en salud. El enfermero también juega un papel importante en la comunicación y colaboración con el equipo multidisciplinario, visando una asistencia integrada y de calidad. Sin embargo, es importante enfatizar que se necesitan más investigaciones para fortalecer la evidencia y ampliar la comprensión del papel de la enfermera en este contexto. Además, es fundamental invertir en la educación, capacitación y mejora de las enfermeras para garantizar una atención de calidad y promover mejores resultados de salud maternoinfantil durante el proceso de parto.

Palabras clave: Enfermera. Embarazada. Proceso de Parto. Hacer un seguimiento. Papel. Asistencia. Parto normal. Salud maternal e infantil.

1. Introdução

O período da gestação é composto desde o ato da concepção até o parto, sendo ele um acontecimento único da vida da mulher e podendo ser também um episódio complexo, uma vez que há modificações e alterações biológicas e psicológicas na vida da mulher e que pode interferir diretamente no desenvolvimento da criança devido a depender de como será o processo gestacional (CARVALHO, 2017).

O parto normal de início espontâneo em uma gestação de risco habitual pode acontecer entre 37 à 42 semanas de gestação, entretanto, destaca-se que pode ocorrer a antecipação do parto, uma vez que, verificados os sintomas, como perda do tampão mucoso, surgimento de contrações que antes eram improdutivas (contrações de Braxton-Hicks) e passam a ser produtivas, perda de líquido amniótico, antes de 37 semanas, pode acontecer o parto prematuro, ou quando ocorre intercorrências como sangramento que evidenciam problemas ao feto, essa gestante pode ser submetida à cesárea (BRASIL, 2017). 

A constatação que a mulher entra em trabalho de parto ocorre após o início da fase ativa e/ou latente que é caracterizada pela presença de no mínimo duas contrações uterinas rítmicas em um espaço de tempo de 10 minutos, apagamento da cérvix e 4 centímetros de dilatação de colo ou mais, sendo que o diagnóstico do trabalho de parto se dá pela avaliação da dinâmica uterina e exame de toque vaginal (PORTO, AMORIM, SOUZA, 2010).

O trabalho de parto consiste em quatro períodos clínicos inicialmente tem-se a dilatação que é o afastamento progressivo das bordas da cérvice no nível do orifício externo, em seguida a expulsão, onde a pressão uterina se apresenta mais elevada, ao passo que, com a dilatação total do colo do útero, inicia-se a expulsão fetal, posteriormente a dequitação, fase essa que se inicia após o nascimento do RN e encerra com a liberação da placenta e membranas e, por fim, a greemberg, a qual inicia-se a primeira hora após o parto, consistindo em três partes, quais sejam: globo de segurança de Pinard, onde o útero contrai e é palpável, mio tamponamento, que se trata da retração e laqueadura dos vasos uterinos e o trombo tamponamento que é a formação de trombos nos grandes vasos uterinos e placentários (GOUVEIA, 2014). 

Ocorre que o trabalho de parto e parto são eventos biopsicossociais, ou seja, aquele que se trata de fatores biológicos (genéticos, bioquímicos), fatores psicológicos (estado de humor, de personalidade, de comportamento) e fatores sociais culturais, familiares, socioeconômicos. Sendo assim, acarreta alterações fisiológicas e modificações físicas, psicológicas, emocionais e sociais na vida da parturiente e seus familiares (SANTOS; PEREIRA, 2012).

Dentro desse contexto se mostra necessário e importante o papel do enfermeiro na atenção à parturiente, devido seu respaldo técnico e legal para exercer uma função ainda, no início da gestação através da assistência no pré-natal de baixo risco, na atenção primária à saúde (APS) tendo em vista seu conhecimento teórico e científico, e integrante de uma equipe multidisciplinar, para a realização de um pré-natal preventivo para reduzir a mortalidade materna e perinatal, pois, o acompanhamento bem manejado durante a gestação previne ou descobre precocemente, possibilitado intervenções precoces em doenças como anemia, pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e promove a preparação emocional para o parto, se atentando para avaliar a formação fetal, risco de aborto, parto prematuro (BRASIL, 2017)

E o enfermeiro na APS, juntamente com a equipe multidisciplinar poderia realizar admissões da gestante/parturiente na fase latente e possibilitar uma redução da quantidade de utilização de analgesia e intervenções desnecessárias e período de internação dentro da sala de pré-parto poderia ser reduzido significativamente. Dessa forma, o Ministério da Saúde (2017) incentiva a adesão dos profissionais de saúde aos cuidados holísticos onde possam inferir qualidades como aceitação e comprometimento na relação profissional-usuário e essas características são implantadas por meio de políticas públicas de saúde,  programas e práticas profissionais na reorganização do sistema e modelo de atenção à saúde, dentre elas, a Política Nacional de Humanização, ao passo que o acolhimento consiste em uma diretriz operacional para mudança da lógica de organização e de funcionamento dos serviços de saúde.

Neste sentido, se mostra evidente que um papel indispensável no processo parturitivo é realizado pelo enfermeiro, sendo responsável por esclarecer sobre todos os processos e mecanismos de parto, explicando qualquer dúvida ou questionamento e por oferecer todas as medidas possíveis de diminuição e alívio do estresse e da dor, diminuindo assim a ansiedade e nervosismo gerada na parturiente (FRIGO et al., 2013). Desta forma, o intuito deste estudo foi analisar o papel do enfermeiro no acompanhamento da gestante durante o trabalho de parto e parto através de uma revisão integrativa de literatura.

2. Metodologia

O presente estudo delineia-se por meio do método de revisão integrativa da literatura, por possuir o escopo de tratar o tema e o problema da pesquisa, considerada, de acordo com Carvalho (2019) parte essencial de um trabalho científico, pois contextualiza o cenário de pesquisa atual, aponta inconsistências conceituais e incita a realização de novos estudos, tudo a partir do resumo e da síntese de trabalhos já existentes.

Para delineamento e realização do estudo, optou-se protocolo de revisão integrativa PRISMA (Preferred Reporting Itens for Systematic Reviews and Meta-Analysis), por se tratar de uma ferramenta de revisões de alta qualidade, propondo lista de itens a serem propostos no artigo e fluxogramas para composição de resultados (RICCIO, 2021). Para tanto, o estudo possuiu como questão norteadora: qual o papel do enfermeiro em relação ao acompanhamento da gestante no processo do parto normal? 

Com o intuito de responder tal questão, utilizou-se a estratégia de descrição “PECOS”, onde se P = População (Profissionais de enfermagem); E = Exposição (Parto); C = Comparador; (Não se aplica) O = (Outcome) desfecho (papel do enfermeiro); e, S = (Study type) (tipos de estudos) (Estudos observacionais). Os critérios elegíveis dos estudos encontrados delineiam por estudos observacionais que abordaram a temática envolvem os profissionais da enfermagem. Quanto aos critérios de exclusão, foram descartados os estudos de opiniões de especialistas, cartas ao editor e artigos de revisão.

Tabela 1: Descrição PECOS

ComponenteDescrição
P (População)Profissionais de enfermagem
E (Exposição)Parto normal
C (Comparador)Não se aplica
O (Outcome)Papel do enfermeiro no acompanhamento da gestante no processo do parto normal
S (Study Type)Estudos observacionais

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).

A princípio, realizou-se uma triagem pela leitura de títulos e resumos, e em caso de discordância entre os revisores decidiu-se, em plenária, pelo consenso. Seguindo as recomendações do protocolo PRISMA realizou-se a identificação, seleção, elegibilidade e inclusão dos estudos e seu check list foi utilizado para a elaboração deste trabalho. O levantamento bibliográfico foi realizado por meio de consulta eletrônica, utilizando as bases de dados PUBMED, BVS (BDENF E LILACS) e literatura cinzenta através dos periódicos CAPES relacionadas ao tema. A busca foi realizada de 17 de setembro a 22 de novembro de 2022

Como estratégia de busca dispôs-se de descritores constantes no vocabulário estruturado do Medical Subject Heading (MeSH) e os Descritores em Saúde (DeCs) que foram: Profissionais de enfermagem; Trabalho de Parto; Parto Normal; papel do enfermeiro e quanto aos operadores booleanos utilizados foram “AND” e “OR”. Dessa forma, foi elaborada a equação de busca Profissionais da enfermagem OR Papel do enfermeiro AND Trabalho de Parto AND Parto Normal. Para a busca na base de dados PUBMED, houve a tradução dos termos para a língua inglesa.

Os critérios de inclusão definidos, foram baseados em artigos publicados na íntegra, sem limite de período e idioma que descrevessem a temática referente à questão norteadora. Quanto aos critérios de exclusão para os estudos desta revisão, foram aqueles que após lidos na íntegra não atingiram o foco temático proposto. Os artigos que atenderam aos critérios de inclusão foram analisados em toda a extensão e seus dados foram coletados pelos pesquisadores incluindo as seguintes variáveis: (1) autor e ano de publicação, (2) delineamento do estudo, (3) principais resultados e (4) limitação dos estudos. Durante a coleta do material, foram encontrados 25 artigos, destes foram excluídos os que não atenderem ao critério, realizando após a amostra final foi constituída por 11 artigos.

3. Resultados e Discussão

De uma amostra inicial de 25 artigos, consultados nas bases de dados acima descritas, foram encontrados artigos em duplicidade, bem como os que não atendiam aos critérios de pertinência ao tema. Assim, após a redução da amostra, selecionou-se 25 artigos, que foram lidos em sua totalidade por todos os autores, tendo sido selecionados dentre estes 11 para compor a amostra destinada à revisão de literatura. A seleção se deu conforme o fluxograma abaixo:

Figura 1: Fluxograma para seleção dos artigos.

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).

Uma vez selecionados os artigos, estes foram lidos na íntegra por todos os autores, sendo realizada discussão acerca de seu conteúdo. Em que pese não terem sido, em um primeiro momento, elencados como critérios de inclusão o idioma, o local da realização da pesquisa e o aspecto temporal, optou-se, durante a seleção, por privilegiar artigos que tivessem estudos de natureza observacional, desenvolvidos no Brasil, e com publicação mais recente, com vistas a avaliar a atuação da enfermagem no parto normal segundo as diretrizes nacionais, bem como de obter um estágio mais recente dos dados disponíveis sobre o tema.

Tabela 2: Sumarização dos resultados.

Autor e ano de publicaçãoObjetivoPopulaçãoDelineamentoPrincipais resultadosLimitações
Melo et. al., 2019Analisar as representações sociais de gestantes acerca da consulta de enfermagem no prénatal30 gestantes acompanhadas por enfermeiros da Saúde da FamíliaEstudo qualitativo, entrevistas semiestruturadasProjeção de confiança na figura do enfermeiroAvaliação somente da perspectiva das usuárias da atenção básica
Fernandes et. al., 2021Caracterizar as práticas em saúde no período do parto em uma maternidade Paraibana12 pacientes no período puerperalPesquisa de origem exploratória, descritiva e quantitativaNecessidade de investir-se em capacitações para os profissionais, visando quebrar a assistência inadequadaNo entanto, é importante ressaltar que uma limitação desse estudo foi o tamanho reduzido da amostra, o que pode limitar a generalização dos resultados.
Silva et. al., 2022Compreender os significados de puérperas acerca das práticas educativas desenvolvidas em Centro de Parto Normal.15 puérperas atendidas no Centro de Parto Normal Haydeê Pereira Sena, da região metropolitana do Pará, BrasilEstudo descritivo-exploratório, de abordagem qualitativaConstatou-se que as atividades desenvolvidas pelas enfermeiras obstétricas promovem elo para visibilidade do local enquanto serviço que busca acolhimento e apoio para mulheresPesquisa desenvolvida com base numa realidade particular do cenário e não permitiu relações e generalização
Jacob et. al., 2022Compreender a percepção da atuação das enfermeiras obstétricas em relação à assistência às mulheres atendidas em um Centro de Parto Normal.11 enfermeiras obstétricas do Centro de Parto Normal Haydeê Pereira Sena, Pará, BrasilEstudo descritivo, exploratório e de abordagem qualitativa, com a realização de entrevistas semiestruturadasA percepção do cuidado atribuído à enfermagem obstétrica se fundamenta no campo da humanização do pré-natal e nas ações de cuidadoImpossibilidade de utilizar outras técnicas de coleta de dados, privacidade de terceiros
Baggio et. al., 2022Compreender os significados e experiências de mulheres que vivenciaram o parto domiciliar planejado assistido por enfermeira obstétrica16 mulheres em estado puerperalEstudo qualitativo, exploratório e descritivo realizado por meio de entrevista semiestruturada e analisado pelos pressupostos da análise temática de conteúdoO descontentamento com o modelo de assistência vigente, a participação em grupo de gestantes, o acesso a informações e a vivência de violência obstétrica anterior motivaram as mulheres a optarem pelo parto domiciliar.No entanto, não foram mencionados detalhes sobre a forma da coleta de dados, o que pode ser considerado uma limitação do estudo.
Freitas et. al., 2022Descrever a experiência de mulheres que tiveram vivências negativas e
passaram pelo parto natural
Foram
entrevistadas de 05 participantes com idade entre 22 a 53 anos, com diferentes graus de
escolaridade
Abordagem qualitativa e método de história oral.A coleta de dados evidenciou que há muito ainda a se fazer no atendimento
à gestante, seja por parte da enfermagem ou equipe multiprofissional.
As limitações desse estudo incluem o tamanho reduzido da amostra, a forma de coleta de dados que pode não ter captado todas as nuances da experiência e outros aspectos não especificados.
Alípio, Madeira, Silva, 2021Conhecer os fatores maternos e neonatais relacionados à integridade perineal e relacionar a preservação do
períneo com o profissional que assiste ao parto.
292 mulheres que tiveram parto vaginal com períneo íntegro.Estudo retrospectivo, descritivo, quantitativo, em prontuáriosA raça e a multiparidade permaneceram como fatores protetores de lacerações perineais. A Enfermagem Obstétrica se
manteve como indicadora de boas práticas ao parto e nascimento.
Outras
variáveis precisam de mais estudos para determinar seu papel na integridade perineal.
Moura et. al., 2020Compreender a percepção de uma equipe de enfermagem de um Centro de Parto Normal acerca da assistência ao par-
to humanizado.
Amostra de 11 pro-
fissionais de enfermagem,
Pesquisa descritiva, qualitativa, realizada com profissionais de enfermagem de um Centro de Parto Normal, em um município do interior do Ceará.Os profissionais de enfermagem demonstraram conhecimento
científico sobre a assistência ao parto humanizado e sobre as práticas de humanização para a parturiente.
Dificuldade na coleta de dados
devido à sobrecarga de trabalho no contexto dos profissionais da
equipe de enfermagem.
Gonçalves et. al., 2021Analisar os atributos da assistência ao parto normal relacionados com a satisfação e insatisfação na perspectiva de puérperas.30 puérperas, com classificação de risco obstétrico habitual, que tiveram assistência ao parto normal prestada por enfermeiras e médicos obstetras e com pelo menos 24 horas de pós-parto.Estudo qualitativo em maternidade do município do Rio de Janeiro, Brasil, realizada de outubro de 2019 a janeiro de 2020Escuta qualificada, assistência respeitosa e centrada na mulher foram basilares na qualidade percebida pelas participantes.Desenvolvimento do estudo em única maternidade, limitando a generalização dos resultados.
Bonfim et. al., 2021Conhecer a percepção de mulheres sobre a assistência de Enfermagem recebida durante o processo de parto normalA coleta de dados foi efetuada por entrevista, entre os meses de novembro de 2017 e abril de 2018. Participaram da pesquisa 13 mulheresPesquisa descritiva com abordagem qualitativa, efetuada em duas maternidades públicas de Salvador, Bahia, BrasilAs mulheres verbalizaram satisfação com a assistência de Enfermagem relacionadas à aplicação dos métodos não farmacológicos para alívio da dor e apoio e promoção do bem-estarPesquisa não ter se debruçado na análise documental dos prontuários, o que auxiliaria diferenciar a assistência da enfermeira obstetra para justificar as condutas implementadas
Guida et. al., 2017Descrever a conformidade das práticas assistenciais de enfermagem obstétrica com as recomendações
técnicas para o parto normal.
As amostras estudadas foram 266 partos
normais atendidos por profissionais na instituição A e 254 partos normais assistidos na instituição B
Estudo transversal dos registros da assistência ao parto normal prestada
pelas enfermeiras obstétricas em duas maternidades públicas
Avaliação de condutas apropriadas e inapropriadas no contexto do partoLimites na fidedignidade da real assistência prestada; e impossibilidade de saber se as intervenções registradas nos prontuários foram práticas realmente indicadas pelas enfermeiras obstétricas.
Fonte: Elaborado pelo autor (2023).

A partir dos artigos discutidos, podemos observar que o papel do enfermeiro é fundamental para garantir uma assistência de qualidade durante o processo do parto normal. Os estudos destacaram diferentes aspectos, como a confiança projetada pelas gestantes na figura do enfermeiro, a necessidade de capacitação dos profissionais para quebrar a assistência inadequada, os significados atribuídos pelas puérperas às práticas educativas desenvolvidas em centros de parto normal, a percepção das enfermeiras obstétricas sobre sua atuação e cuidado, entre outros aspectos relevantes.

Além disso, os estudos destacaram a importância da humanização do pré-natal, das práticas de cuidado e da assistência respeitosa e centrada na mulher. As enfermeiras obstétricas foram apontadas como indicadoras de boas práticas e conhecimento científico sobre a assistência ao parto normal. No entanto, é importante considerar as limitações dos estudos, como o tamanho reduzido da amostra, a análise de uma realidade particular em alguns casos e a necessidade de mais estudos para abordar outros fatores relevantes, como a integridade perineal e a satisfação das puérperas.

Melo et al. (2019) realizaram um estudo qualitativo com o objetivo de analisar as representações sociais de gestantes acerca da consulta de enfermagem no pré-natal. O estudo contou com a participação de 30 gestantes acompanhadas por enfermeiros da Saúde da Família. Os resultados revelaram que as gestantes projetavam confiança na figura do enfermeiro durante o pré-natal. No entanto, é importante mencionar que esse estudo se limitou a avaliar a perspectiva das usuárias da atenção básica, deixando de considerar outras perspectivas, como a dos próprios enfermeiros.

Fernandes et al. (2021), por sua vez, realizaram uma pesquisa com o objetivo de caracterizar as práticas em saúde no período do parto em uma maternidade paraibana. A pesquisa, de natureza exploratória, descritiva e quantitativa, contou com a participação de 12 pacientes no período puerperal. Os resultados destacaram a necessidade de investimento em capacitações para os profissionais, visando quebrar a assistência inadequada durante o parto. No entanto, é importante ressaltar que uma limitação desse estudo foi o tamanho reduzido da amostra, o que pode limitar a generalização dos resultados.

Silva et al. (2022) conduziram um estudo descritivo-exploratório, de abordagem qualitativa, com o objetivo de compreender os significados de puérperas acerca das práticas educativas desenvolvidas em um Centro de Parto Normal no Pará. O estudo envolveu a participação de 15 puérperas atendidas nesse centro. Os resultados indicaram que as atividades desenvolvidas pelas enfermeiras obstétricas nesse contexto promovem um elo para a visibilidade do local enquanto serviço que busca acolhimento e apoio para as mulheres. No entanto, é importante ressaltar que essa pesquisa foi desenvolvida com base em uma realidade particular do cenário, o que pode limitar as relações e generalizações dos resultados.

Jacob et al. (2022) realizaram um estudo descritivo, exploratório e de abordagem qualitativa com o objetivo de compreender a percepção da atuação das enfermeiras obstétricas em relação à assistência às mulheres atendidas em um Centro de Parto Normal no Pará. O estudo contou com a participação de 11 enfermeiras obstétricas desse centro. Os resultados destacaram que a percepção do cuidado atribuído à enfermagem obstétrica se fundamenta no campo da humanização do pré-natal e nas ações de cuidado. No entanto, uma limitação desse estudo foi a impossibilidade de utilizar outras técnicas de coleta de dados, além da necessidade de preservar a privacidade de terceiros.

Baggio et al. (2022) realizaram um estudo qualitativo, exploratório e descritivo com o objetivo de compreender os significados e experiências de mulheres que vivenciaram o parto domiciliar planejado assistido por enfermeira obstétrica. A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com 16 mulheres em estado puerperal. Os resultados revelaram que o descontentamento com o modelo de assistência vigente, a participação em grupo de gestantes, o acesso a informações e a vivência de violência obstétrica anterior foram fatores que motivaram as mulheres a optarem pelo parto domiciliar. No entanto, não foram mencionados detalhes sobre a forma da coleta de dados, o que pode ser considerado uma limitação do estudo.

Freitas et al. (2022) conduziram um estudo com o objetivo de descrever a experiência de mulheres que tiveram vivências negativas e passaram pelo parto natural. O estudo utilizou uma abordagem qualitativa e o método de história oral. Foram entrevistadas cinco participantes com diferentes graus de escolaridade. Os resultados evidenciaram que há muito ainda a ser feito no atendimento à gestante, seja por parte da enfermagem ou da equipe multiprofissional. As limitações desse estudo incluem o tamanho reduzido da amostra, a forma de coleta de dados que pode não ter captado todas as nuances da experiência e outros aspectos não especificados.

Alípio, Madeira, Silva (2021) realizaram um estudo retrospectivo, descritivo e quantitativo com o objetivo de conhecer os fatores maternos e neonatais relacionados à integridade perineal e relacionar a preservação do períneo com o profissional que assiste ao parto. A amostra foi composta por 292 mulheres que tiveram parto vaginal com o períneo íntegro. Os resultados mostraram que a raça e a multiparidade foram fatores protetores de lacerações perineais, e a enfermagem obstétrica foi indicada como uma prática que contribui para boas práticas no parto e nascimento. No entanto, foram destacadas a necessidade de mais estudos para determinar o papel de outras variáveis na integridade perineal.

Moura et al. (2020) realizaram uma pesquisa descritiva, qualitativa, com profissionais de enfermagem de um Centro de Parto Normal em um município do interior do Ceará. A amostra foi composta por 11 profissionais de enfermagem. Os resultados revelaram que os profissionais demonstraram conhecimento científico sobre a assistência ao parto humanizado e as práticas de humanização para a parturiente. No entanto, uma dificuldade na coleta de dados foi mencionada devido à sobrecarga de trabalho enfrentada pelos profissionais da equipe de enfermagem.

Gonçalves et al. (2021) realizaram um estudo qualitativo em uma maternidade no município do Rio de Janeiro com o objetivo de analisar os atributos da assistência ao parto normal relacionados à satisfação e insatisfação na perspectiva de puérperas. A amostra foi composta por 30 puérperas que receberam assistência ao parto normal prestada por enfermeiras e médicos obstetras. Os resultados destacaram que a escuta qualificada, a assistência respeitosa e centrada na mulher foram basilares na qualidade percebida pelas participantes. No entanto, uma limitação do estudo foi o desenvolvimento em uma única maternidade, o que limita a generalização dos resultados para outras instituições.

Bonfim et al. (2021) conduziram uma pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, em duas maternidades públicas de Salvador, Bahia, Brasil, com o objetivo de conhecer a percepção das mulheres sobre a assistência de Enfermagem recebida durante o processo de parto normal. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas com 13 mulheres. Os resultados revelaram que as mulheres expressaram satisfação com a assistência de Enfermagem, especialmente em relação à aplicação de métodos não farmacológicos para alívio da dor e ao apoio e promoção do bem-estar. No entanto, uma limitação do estudo foi a falta de análise documental dos prontuários, o que poderia auxiliar na diferenciação da assistência da enfermeira obstetra e justificar as condutas implementadas.

Guida et al. (2017) realizaram um estudo transversal dos registros da assistência ao parto normal prestada por enfermeiras obstétricas em duas maternidades públicas. O objetivo foi avaliar a conformidade das práticas assistenciais de enfermagem obstétrica com as recomendações técnicas para o parto normal. As amostras estudadas foram compostas por 266 partos normais atendidos por profissionais em uma instituição e 254 partos normais assistidos em outra instituição. A avaliação das condutas apropriadas e inapropriadas no contexto do parto revelou algumas limitações, como a fidedignidade da real assistência prestada e a impossibilidade de saber se as intervenções registradas nos prontuários foram práticas realmente indicadas pelas enfermeiras obstétricas.

Em resumo, os estudos revisados destacam o papel central do enfermeiro no acompanhamento da gestante no processo do parto normal, enfatizando a importância da confiança, capacitação, práticas humanizadas, conhecimento científico e assistência respeitosa. Esses achados podem contribuir para o aprimoramento dos cuidados prestados durante o parto normal e para a valorização do papel do enfermeiro nesse contexto.

4. Considerações Finais

Os estudos revisados destacaram diversas contribuições do enfermeiro durante o trabalho de parto e o parto. Essas contribuições incluem a promoção do parto humanizado, o suporte emocional e físico à gestante, a monitorização e avaliação dos sinais vitais e do bem-estar fetal, a administração de medicamentos e analgesia, o incentivo à adoção de posições confortáveis e movimentação durante o trabalho de parto, a orientação sobre técnicas de respiração e relaxamento, além do acompanhamento contínuo e da assistência ao parto normal.

Os enfermeiros também desempenham um papel fundamental na prevenção de complicações, identificação precoce de alterações no trabalho de parto e na comunicação efetiva com a equipe multiprofissional para garantir uma assistência integrada e segura à gestante e ao recém-nascido. Além disso, os estudos ressaltaram a importância da educação para a saúde e do apoio às gestantes, fornecendo informações claras e adequadas sobre o processo do parto, cuidados pós-parto, amamentação e promoção do vínculo mãe-bebê. No entanto, é importante destacar que alguns estudos apresentaram limitações, como o tamanho reduzido das amostras, a realização em contextos específicos e a necessidade de mais pesquisas para fortalecer as evidências e ampliar a compreensão do papel do enfermeiro nesse contexto.

Em conclusão, os estudos revisados reforçam a importância do enfermeiro no acompanhamento da gestante durante o processo parturitivo, destacando seu papel abrangente na promoção de um parto seguro, humanizado e satisfatório para a mulher. O enfermeiro desempenha um papel crucial na assistência pré-natal, no suporte emocional, na monitorização e avaliação da mãe e do feto, na prevenção de complicações e no fornecimento de cuidados integrados e educativos. Essas evidências ressaltam a necessidade de investimento na formação, capacitação e valorização dos enfermeiros para garantir uma assistência de qualidade e contribuir para melhores resultados de saúde materno-infantil no processo parturitivo.

Referências

Alípio, L. A., Madeira, L. M., & Silva, F. A. F. L. (2021). Integridade perineal em partos vaginais: fatores maternos, neonatais e relacionados à assistência. Enferm Foco, 12(4), 739-745. Disponível em http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/4512/1223.

Baggio, M. A., et al. (2022). Parto domiciliar planejado assistido por enfermeira obstétrica: significados, experiências e motivação para essa escolha. Ciênc. cuid. saúde, 21. Disponível em http://www.revenf.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-38612022000100206&lng=pt&nrm=iso.

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