NURSE’S ROLE IN EARLY IDENTIFICATION AND EFFECTIVE INTERVENTION OF PREECLAMPSIA IN PRIMARY CARE
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th1025012711222
Rhyan Feliphe da Silva1
Bruno Lavor de Sousa2
Maria do Socorro Tolentino Lemos3
Jaqueline Oliveira da Silva4
Francisco de Assis Pereira Neto5
Kiev Henriques de Oliveira6
Delani Nascimento da Cunha7
Jordânia dos Santos Xavier8
Josefa Tamires Paulino do Nascimento Marinho9
Orientadora: Profa Patricia Freires de Almeida10
Resumo
Este artigo teve como objetivo analisar o papel dos enfermeiros na identificação precoce e na intervenção efetiva da pré-eclâmpsia em unidades básicas de saúde. Utilizou-se uma abordagem descritiva com métodos quantitativos e qualitativos, envolvendo 35 enfermeiros que atuam na linha de frente da atenção à saúde materna em Patos-PB. Os resultados evidenciam a importância de treinamentos específicos, protocolos padronizados e educação continuada para melhorar a competência dos profissionais no manejo da pré-eclâmpsia. Além disso, destacou- se a relevância da comunicação eficaz entre os membros da equipe de saúde e a necessidade de políticas institucionais que garantam recursos adequados. Concluiu-se que a formação contínua e a implementação de estratégias educacionais são essenciais para melhorar a assistência, reduzir riscos e aprimorar os desfechos maternos e perinatais.
Palavras–chave: Pré-eclâmpsia. Enfermagem. Atenção básica. Saúde materna. Educação continuada.
1 INTRODUÇÃO
As síndromes hipertensivas na gestação, especialmente a pré-eclâmpsia, representam um dos maiores desafios na saúde materno-fetal. Caracterizada pelo surgimento de hipertensão arterial em gestantes previamente normotensas após a 20ª semana de gestação, a pré-eclâmpsia muitas vezes é acompanhada de proteinúria significativa ou outras manifestações sistêmicas (Brasil, 2022).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou os distúrbios hipertensivos gestacionais como uma causa importante de morbidade e mortalidade materna e perinatal. Globalmente, estima-se que a pré-eclâmpsia esteja associada a aproximadamente 60.000 mortes maternas e mais de 500.000 nascimentos prematuros anualmente, sendo a segunda principal causa de morte materna no mundo. No Brasil, a pré-eclâmpsia é apontada como a principal causa de mortalidade materna, correspondendo a um quarto de todas as mortes relacionadas à gestação (Peraçoli et al., 2023).
Diante deste cenário, o papel dos enfermeiros das unidades básicas de saúde (UBS) se torna fundamental. Esses profissionais são, muitas vezes, o primeiro ponto de contato com as gestantes, sendo responsáveis pelo acolhimento inicial e pelo manejo de situações críticas. A qualidade desse atendimento depende de práticas baseadas em evidências, desde a coleta detalhada do histórico até o monitoramento constante dos sinais vitais, visando à identificação precoce e à intervenção adequada (Santana et al., 2019).
Nesse contexto, surge a seguinte questão: Qual é o papel do enfermeiro na identificação precoce e intervenção efetiva da pré-eclâmpsia na atenção básica? A magnitude deste problema de saúde pública reforça a necessidade de intervenções eficazes e oportunas. Estimativas da OMS e da Rede Brasileira de Estudos sobre Hipertensão na Gravidez indicam aproximadamente 80.000 mortes maternas e 500.000 mortes fetais anuais em todo o mundo decorrentes de doenças hipertensivas durante a gestação. Os dados do sistema de informação sobre mortalidade (SIM), aponta que em 2020, o Brasil registrou 302 mortes maternas por hipertensão, frente a 317 em 2019 (UNESP, 2022; Brasil, 2023; OPAS/OMS, [sd]).
Este estudo teve como objetivo geral compreender o papel do enfermeiro na identificação precoce e intervenção efetiva da pré-eclâmpsia na atenção básica.
2 METODOLOGIA
Consistiu numa pesquisa de caráter descritivo, utilizando uma abordagem quantitativa e qualitativa, visando avaliar o papel dos enfermeiros na identificação precoce e na intervenção da pré-eclâmpsia. Foi realizada em Unidades Básicas de Saúde (UBS) selecionadas no municí- pio de Patos – PB, focando nos profissionais que atuam diretamente no atendimento a gestantes. A população-alvo foi composta por enfermeiros das UBS do município em questão, que traba- lham na linha de frente da atenção à saúde materna. A amostra foi selecionada por conveniência, com base na disponibilidade e consentimento dos profissionais. Foram incluídos no estudo en- fermeiros que atuavam na atenção primária à saúde materna há pelo menos 1 ano e que tinham experiência direta no acompanhamento de gestantes. Foram excluídos enfermeiros que optaram por não participar ou retiraram seu consentimento em qualquer fase da pesquisa, assim como profissionais substitutos (feristas) ou que não tinham uma posição permanente dentro das uni- dades básicas de saúde.
Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário, cuidadosamente desenvolvido com questões objetivas e subjetivas. Este instrumento visou avaliar o conhecimento, as práticas e as percepções dos enfermeiros sobre a identificação e intervenção precoce da pré-eclâmpsia em unidades básicas de saúde. Após a obtenção da aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), os dados foram coletados dos enfermeiros que expressaram o consentimento informado para participar do estudo. A coleta dos dados foi realizada nas próprias unidades de saúde, garantindo um ambiente adequado que assegurou a privacidade e minimizou interferên- cias que pudessem afetar as respostas dos participantes. Cada sessão de coleta de dados teve a duração aproximada de 15 minutos para cada enfermeiro.
Os dados obtidos através dos questionários foram sistematizados e examinados utili- zando métodos básicos de análise estatística descritiva para as questões fechadas, como a fre- quência de cada resposta. Para as questões abertas, foi realizada uma análise de conteúdo qua- litativa, categorizando as respostas com base em temas recorrentes.
A pesquisa foi regida de acordo com a Resolução Nº 510, de 07 de abril de 2016, do Conselho Nacional de Saúde, que trata da ética em pesquisas envolvendo seres humanos
diretamente ou indiretamente, assim como a Resolução Nº 580/2018, que dispõe sobre os pro- cedimentos éticos para a pesquisa com seres humanos nas instituições do Serviço Único de Saúde (SUS). Além disso, o projeto foi submetido à Plataforma Brasil (PB), obtendo aprovação do comitê de ética e pesquisa sob o número de parecer 7.056.011.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 Caracterização da amostra
A amostra do estudo foi composta por 35 enfermeiros que atuam nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município de Patos-PB. Cada enfermeiro representou uma unidade distinta. A maioria dos participantes, 31 enfermeiros, representando 89%, era do sexo feminino, enquanto quatro (11%) eram do sexo masculino. Em relação à idade, 15 (43%) dos participantes tinham mais de 40 anos, nove (26%) estavam na faixa de 36 a 40 anos, seis (17%) entre 31 e 35 anos e cinco (14%) entre 26 e 30 anos. A predominância de enfermeiros com mais de 40 anos sugere um quadro de profissionais experientes, o que contribui para uma assistência qua- lificada, especialmente no reconhecimento de sinais críticos na saúde das gestantes. Já a predo- minância de profissionais do sexo feminino reflete a composição nacional da enfermagem no Brasil, caracterizada por um número expressivo de mulheres. Isso tende a promover um cuidado mais empático e comunicativo, aspectos fundamentais na atenção à saúde materna.
Em relação à renda, 15 enfermeiros (43%) declararam ter uma renda de 2 a 3 salários- mínimos, 14 (40%) entre 4 e 5 salários-mínimos, e seis (17%) entre 6 e 8 salários-mínimos. A distribuição de renda revela que a maioria dos profissionais ainda se encontra em faixas salariais que podem limitar o acesso a especializações e capacitações contínuas. Quanto à titulação, 26 enfermeiros (74%) possuem pós-graduação, o que demonstra um esforço significativo pela qua- lificação e aperfeiçoamento profissional. Esse nível de qualificação contribui diretamente para uma assistência mais especializada, como a aplicação de protocolos atualizados e um melhor acompanhamento das gestantes de alto risco, garantindo maior segurança no cuidado prestado.
3.2 Treinamento e orientações preventivas sobre pré-eclâmpsia
Dos enfermeiros que responderam ao questionário, 19 (54%) relataram ter recebido trei- namento específico sobre pré-eclâmpsia durante sua formação acadêmica, enquanto 16 (46%) não tiveram essa formação. Quando perguntados acerca de orientações, 34 (97%) dos partici- pantes afirmaram realizar orientações preventivas sobre pré-eclâmpsia para todas as gestantes, enquanto um (3%) não realiza essas orientações. Uma resposta unânime apontou que, todos
acreditam que melhorias nos recursos de diagnóstico poderiam ajudar na identificação precoce da pré-eclâmpsia, indicando um consenso entre os profissionais sobre a importância de aperfei- çoar os meios disponíveis para diagnóstico, conforme ilustra o gráfico 1 abaixo:
Gráfico 1 – Treinamento específico e orientações preventivas sobre pré-eclâmpsia
Fonte: Dados da pesquisa, 2024.
Esses resultados evidenciam uma lacuna significativa na formação acadêmica dos en- fermeiros em relação ao treinamento específico sobre pré-eclâmpsia, sugerindo a necessidade de capacitações práticas e acessíveis para o contexto da atenção básica. Programas que incluam simulações e atualizações regulares são essenciais para aprimorar a capacidade dos enfermeiros em identificar riscos e implementar estratégias preventivas de maneira eficaz. Esses resultados, segundo Silva et al. (2021) sobre a realização de orientações preventivas dos enfermeiros de- monstra um forte compromisso com a educação em saúde, destacando a importância de suporte institucional e recursos adequados para garantir a eficácia dessas ações.
3.3 Competência e familiaridade dos enfermeiros com a pré-eclâmpsia
Gráfico 2 – Competência percebida e familiaridade dos enfermeiros com a pré-eclâmpsia
Fonte: Dados da pesquisa, 2024.
O gráfico 2. Acima, mostra como os enfermeiros percebem sua competência e familia- ridade com a pré-eclâmpsia, detalhando os níveis de confiança e conhecimento. Em relação à competência para identificar sinais de alarme da pré-eclâmpsia, 22 (63%) dos enfermeiros se consideraram moderadamente competentes, 12 (34%) muito competentes e um (3%) se consi- derou pouco competente. Sobre a familiaridade com os fatores de risco, 17 (49%) dos enfer- meiros indicaram estar muito familiarizados, enquanto 16 (46%) se consideraram moderada- mente familiarizados.
De acordo com Wezemann et al. (2023), a percepção de competência e o conhecimento das condutas diante de condições de risco, como a doença hipertensiva gestacional, são funda- mentais para uma prática clínica eficaz e segura no cuidado com gestantes. Embora a maioria dos enfermeiros se considere ao menos moderadamente competente, é necessário aumentar o nível de familiaridade para garantir respostas rápidas e precisas em situações de risco. Capaci- tações contínuas e discussões de casos reais em treinamentos podem ajudar a elevar essa per- cepção e, consequentemente, a qualidade do atendimento prestado às gestantes.
Por outro lado, Nascimento et al. (2019), ressalta a necessidade de aprimorar o conhe- cimento técnico e promover capacitações contínuas para os enfermeiros. A identificação pre- coce dos sinais de risco e o acompanhamento adequado são essenciais para prevenir complica- ções e garantir a segurança da gestante e do bebê. Investir em treinamentos contínuos e capaci- tações específicas é crucial para melhorar a assistência prestada.
3.4 Participação em treinamentos e acesso a recursos educativos
O gráfico 3, abaixo, ilustra a participação dos enfermeiros em treinamentos e o acesso aos materiais educativos sobre pré-eclâmpsia, conforme indicado nas respostas do questionário:
Gráfico 3 – Participação em treinamentos e acesso a recursos educativos sobre pré-eclâmpsia
Fonte: Dados da pesquisa, 2024.
Os dados mostram que 16 (46%) dos enfermeiros participam ocasionalmente de treina- mentos sobre pré-eclâmpsia, 13 (37%) raramente participam, três (9%) participam regular- mente e três (9%) nunca participaram de nenhum treinamento. Quanto ao acesso aos materiais educativos, apenas nove (26%) têm acesso regular, enquanto a maioria relatou acesso ocasional, raro ou inexistente.
Para Azevedo et al. (2015) a educação continuada é imprescindível para o desenvolvi- mento profissional contínuo e Parente et al. (2023), ressalta que a baixa frequência de partici- pação em treinamentos e o acesso limitado a materiais educativos evidenciam fragilidades na educação continuada dos enfermeiros. Esses desafios destacam a importância de políticas ins- titucionais que promovam a educação continuada de forma acessível e regular, por meio de plataformas online e treinamentos presenciais periódicos.
3.5 Utilização de protocolos para manejo da pré-eclâmpsia
A maioria dos enfermeiros, 31 (89%), segue o protocolo do Ministério da Saúde ao identificar gestantes com sinais de pré-eclâmpsia, enquanto uma pequena parcela segue proto- colos locais ou outras alternativas. O gráfico 4, abaixo, apresenta os protocolos utilizados pelos enfermeiros no manejo da pré-eclâmpsia, destacando a adoção de diferentes abordagens de acordo com as recomendações disponíveis:
Gráfico 4 – Protocolos adotados pelos enfermeiros para manejo da pré-eclâmpsia
Fonte: Dados da pesquisa, 2024.
A utilização de protocolos baseados em evidências, segundo Ferreira et al. (2016), é essencial para garantir uma assistência segura e eficaz. A adoção do protocolo do Ministério da Saúde demonstra um esforço para padronizar o cuidado e minimizar riscos, garantindo que as melhores práticas sejam aplicadas no manejo da pré-eclâmpsia que segundo Brasil (2023), re- quer uma abordagem cuidadosa, multidisciplinar, e baseada em evidências. No entanto, a efe- tividade dessa padronização também depende da capacitação contínua dos profissionais, de modo que todos estejam aptos a aplicar os protocolos com confiança.
3.6 Comunicação entre membros da equipe de saúde no manejo da pré-Eclâmpsia
O gráfico 5, abaixo, apresenta uma visão geral da avaliação dos enfermeiros sobre a comunicação entre os membros da equipe de saúde no manejo da pré-eclâmpsia, destacando os diferentes níveis de eficácia percebidos por esses profissionais. Para 15 (43%), classificaram a comunicação como eficaz, 11 (31%) como muito eficaz, cinco (14%) como neutra, um (3%) como ineficaz e três (9%) como muito ineficaz.
Gráfico 5 – Avaliação da comunicação entre os membros da equipe de saúde no manejo da pré-eclâmpsia
Fonte: Dados da pesquisa, 2024.
A maioria dos enfermeiros considera a comunicação na equipe satisfatória, o que é um ponto positivo e reflete práticas colaborativas já estabelecidas. Corroborando com Nogueira e Rodrigues (2015), que consideram a comunicação eficaz essencial para garantir o trabalho em
equipe e a segurança do paciente, ajudando a reduzir riscos de falhas no manejo de casos críti- cos, como a pré-eclâmpsia. Para melhorar ainda mais, é necessário investir em treinamentos específicos e promover um ambiente de trabalho que incentive a colaboração, além de adotar protocolos claros que garantam a troca eficiente de informações. Também é importante incen- tivar a comunicação aberta e fornecer feedback contínuo entre os membros da equipe, assegu- rando um atendimento seguro e de alta qualidade.
3.7 Ações Propostas pelos enfermeiros para melhorar a detecção e assistência à pré- eclâmpsia
Durante o questionário, os enfermeiros compartilharam suas perspectivas sobre as ações que poderiam ser implementadas pela instituição para aprimorar a detecção precoce e a assis- tência às gestantes com pré-eclâmpsia, destacando a importância de medidas concretas para garantir melhores resultados na atenção à saúde materna. Essas ações incluem a necessidade de maior integração entre os diferentes níveis de assistência, melhorias no acesso aos recursos diagnósticos e a promoção de treinamentos contínuos para os profissionais de saúde. Além disso, os enfermeiros enfatizaram a importância de ações educativas que possam envolver tanto as gestantes quanto suas famílias, visando aumentar o engajamento e a adesão às medidas pre- ventivas recomendadas, conforme ilustra o gráfico 6 abaixo:
Gráfico 6 – Categorias mencionadas pelos enfermeiros para melhorar a detecção precoce e a assistência às gestantes com pré-eclâmpsia
Fonte: Dados da pesquisa, 2024.
As respostas obtidas revelaram sugestões importantes para a melhoria da assistência às gestantes com pré-eclâmpsia, destacando a necessidade de exames laboratoriais mais ágeis e completos, além de um fluxo mais eficiente para lidar com casos de risco elevado. Recursos como “[…] a realização do exame de proteinúria de 24h, que o município não oferece […]” foram considerados essenciais para a detecção precoce de alterações, principalmente para ges- tantes que não têm condições de pagar por exames particulares. Isso reforça a urgência em melhorar o acesso a esses recursos e aponta a necessidade de agilizar os exames diagnósticos.
A necessidade de treinamento contínuo foi apontada por muitos enfermeiros, enfati- zando a importância de capacitações focadas em áreas específicas da assistência, como o ma- nejo de pré-eclâmpsia, para garantir uma prática mais eficaz e segura. Recursos como “[…] capacitação para os profissionais, além de materiais informativos para as gestantes no seu contexto de acompanhamento […]” foram sugeridos para promover um acolhimento mais efe- tivo. Esse comentário reforça a ideia de que a educação continuada é fundamental para garantir uma assistência segura e eficaz. Além disso, também foram citadas a “implantação de protoco- los locais” e a “disponibilização de cursos e treinamentos” como ações que poderiam contribuir significativamente para a melhoria da assistência.
A assistência integral à gestante também foi destacada por muitos profissionais, que sugeriram ações educativas e visitas domiciliares como estratégias para fortalecer o vínculo com as gestantes e melhorar o cuidado integral. Recursos como “[…] rodas de conversa, ações educativas, visitas domiciliares e orientações individuais em consultas pré-natais […]” foram mencionados como estratégias para fortalecer o vínculo e melhorar o cuidado integral. Essas atividades são essenciais para aumentar a adesão das gestantes às orientações.
Além disso, o acesso limitado a medicações específicas e exames laboratoriais foi outro desafio significativo mencionado pelos enfermeiros. A falta de acesso a exames necessários para rastreio e suplementação de cálcio também foi um ponto levantado por alguns enfermeiros. Um profissional enfatizou a “[…] disponibilidade de exames necessários para rastreio da do- ença e suplementação de cálcio […] “, destacando a importância desses recursos para um diag- nóstico precoce e tratamento eficaz. Essa observação reforça a necessidade urgente de fornecer não apenas exames, mas também medicações específicas, que possam garantir a continuidade do cuidado. Essas observações mostram a necessidade de otimizar o acesso a recursos funda- mentais, a fim de garantir um cuidado mais abrangente e adequado para as gestantes, especial- mente em situações de maior risco.
Melhorias na regulação e no atendimento também foram consideradas fundamentais. Muitos enfermeiros destacaram a necessidade de um fluxo mais coordenado entre as unidades básicas de saúde (UBS) e as maternidades em casos de urgência e emergência. Um exemplo mencionado foi: “Melhorar a regulação entre UBS e maternidade em casos de urgência e emergência, e entrega de medicações específicas na UBS, como AAS, metildopa e cálcio“. Isso evidencia a importância de um atendimento mais eficaz e de um fluxo coordenado entre os diferentes níveis de assistência.
Por fim, o comprometimento das gestantes em aderir às condutas preventivas foi apon- tado como um desafio. De acordo com um dos enfermeiros, “As instituições fazem a sua parte, mas a resistência das gestantes com fatores de risco modificáveis é uma barreira significa- tiva.”. Portanto, estratégias que incentivem a participação ativa das gestantes, como ações edu- cativas e grupos de apoio, são essenciais para alcançar melhores resultados na prevenção e ma- nejo da pré-eclâmpsia.
As sugestões apresentadas pelos enfermeiros indicam um caminho claro para aprimorar a assistência à saúde materna, ressaltando a importância de capacitações regulares, melhoria na comunicação entre equipes, acesso facilitado a exames e medicamentos, além de estratégias educativas voltadas tanto para os profissionais quanto para as gestantes.
Na perspectiva de Guimarães et al. (2022), a importância de um acompanhamento pré- natal de qualidade que enfatize a detecção antecipada da pré-eclâmpsia é inegável, pois isso pode reduzir severamente as complicações e aprimorar os resultados para mãe e bebê. De acordo com os autores, a capacidade do enfermeiro de avaliar cuidadosamente os sintomas e gerenciar a condição de forma personalizada é essencial, transformando o cuidado pré-natal em uma ferramenta poderosa para a saúde materna. Dessa forma, Nunes et al. (2020), acredita que, combinando a experiência clínica com uma abordagem focada no bem-estar da gestante, a en- fermagem se torna fundamental não apenas para identificar as necessidades das mulheres com pré-eclâmpsia, mas também para solucionar essas questões de maneira eficaz. Integrar de co- nhecimento e cuidado personalizado eleva a prática da enfermagem, tornando-a uma profissão altamente valorizada e resolutiva.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados mostraram tanto pontos fortes quanto desafios na assistência, destacando competências e áreas que precisam ser melhoradas. A experiência dos profissionais foi essencial para melhorar a qualidade do atendimento às gestantes, permitindo um reconhecimento mais preciso dos sinais de risco e aumentando a confiança no manejo de situações complexas. Contudo, a formação continuada e os treinamentos específicos mostraram-se insuficientes, comprometendo a eficácia do cuidado prestado. A falta de capacitações regulares gerou lacunas que dificultam a implementação de práticas baseadas em evidências e o uso adequado dos protocolos.
Os objetivos do trabalho foram alcançados, ampliando a compreensão sobre as práticas e desafios no manejo da pré-eclâmpsia e destacando áreas para melhoria. O método utilizado foi eficaz para coletar os dados necessários, e a bibliografia selecionada ofereceu uma base sólida para as análises. A revisão de diferentes autores reforçou a importância da atuação qualificada na atenção à saúde da mulher.
Apesar dos avanços, ainda existem desafios como a falta de apoio institucional, recursos essenciais e comunicação eficiente entre as equipes. É fundamental investir em treinamentos contínuos, garantir recursos adequados e implementar programas de educação permanente, além de criar protocolos adaptados à realidade local. Estratégias como rodas de conversa com gestantes, cursos de atualização, acesso a exames laboratoriais e reuniões de revisão de casos são essenciais para reduzir riscos e melhorar a qualidade do cuidado. Uma abordagem prática, focada em políticas públicas e no engajamento dos profissionais, é crucial para fortalecer a assistência e garantir uma atenção integral e de qualidade.
Recomenda-se, portanto, a ampliação dos treinamentos específicos e a disponibilização de recursos essenciais para o manejo da pré-eclâmpsia. Além disso, é importante incentivar novas pesquisas sobre intervenções eficazes no manejo da pré-eclâmpsia e estratégias de integração entre os níveis de cuidado. Assim, será possível alcançar avanços significativos na qualidade da assistência e melhorar os desfechos maternos e perinatais, contribuindo para o aperfeiçoamento contínuo das práticas de enfermagem na atenção básica.
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1 Acadêmico de enfermagem, pelo Centro Universitário Planalto do Distrito Federal UNIPLAN, Patos-PB. Email: rhyamfelipe238@gmail.com.
2 Acadêmico de enfermagem, pelo Centro Universitário Planalto do Distrito Federal UNIPLAN, Patos-PB. Email: brunols.tab@gmail.com.
3 Acadêmica de enfermagem, pelo Centro Universitário Planalto do Distrito Federal UNIPLAN, Patos-PB. Email: corrinhalemos@gmail.com.
4 Acadêmica de enfermagem, pelo Centro Universitário Planalto do Distrito Federal UNIPLAN, Patos-PB. Email: jhone05jackson17@gmail.com.
5 Acadêmico de enfermagem, pelo Centro Universitário Planalto do Distrito Federal UNIPLAN, Patos-PB. Email: link14019@gmail.com.
6 Enfermeira, graduada pelas Faculdades Integradas de Patos. Professora do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Planalto do Distrito Federal UNIPLAN Patos PB E-mail: Kievhenriques40@gmail.com.
7 Acadêmica de enfermagem, pelo Centro Universitário Planalto do Distrito Federal UNIPLAN, Patos-PB. Email:
8 Enfermeira, graduada pelas Faculdades Integradas de Patos (FIP). E-mail: jordania.claudio@gmail.com.
9 Acadêmica de enfermagem, pela Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), Patos -PB. Email: tammyspaulino@hotmail.com.
10 Enfermeira, graduada pelo Centro Universitário (UNIFIP). Docente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Planalto do Distrito Federal UNIPLAN, Patos-PB. Pós-graduação em Saúde da Família, Urgência emergência e UTI (UNIFIP/Patos-PB), Auditoria em Serviços de Saúde e Saúde Pública com ênfase em Vigilância em Saúde (FaHol/Curitiba-PR). Email: patriciafreires46@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000- 0002-1361-2685.