PAPEL DO ENFERMEIRO NA IDENTIFICAÇÃO E MONITORAMENTO DA NEUTROPENIA FEBRIL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11086600


Franciline Da Silva Cruz
Gabriela Regina Couto
Rotssany Christine Atanasio Toledo
Orientadora: Profª Mestre Claudia Ebner
Co-orientadora: Profª Mestre AnaCarolina Puin


RESUMO

Introdução: A atuação da equipe de enfermagem é de suma importância, pois são os profissionais que estão diretamente inseridos na convivência diária dos pacientes, promovendo o bem-estar geral, habilitados, portanto, a identificar sinais de infecção ou observar alterações nos padrões vitais dos pacientes.  No intuito de prestar uma assistência de enfermagem adequada, é necessário ter habilidade e conhecimento específico, detectar precocemente complicações e intervir adequadamente e em tempo hábil, uma vez que o retardo no atendimento apropriado neste problema acarretará prejuízos para o paciente. Objetivo: Definir o papel do Enfermeiro referente a identificação e agravos no quadro do paciente neutropênico febril. Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo de revisão narrativa, apropriado para discutir a relevância de determinado assunto. Conclusão: Diante do exposto, conclui-se que o enfermeiro emerge como o profissional mais capacitado para identificar um caso de neutropenia febril dentro da equipe multidisciplinar. Este reconhecimento deriva não apenas da proximidade constante do enfermeiro com o leito do paciente ao longo de toda a internação, mas também da sua responsabilidade crucial no manejo de acessos e dispositivos invasivos. Além disso, a competência do enfermeiro para esta identificação precoce é inegável, especialmente quando aliada a um contínuo processo de formação e atualização profissional. Assim, reitera-se que o papel do enfermeiro é essencial na detecção e no manejo eficaz da neutropenia febril, garantindo uma assistência de qualidade e segurança ao paciente.

Palavras-chave: Neutropenia febril, Enfermagem, Identificação.

ABSTRACT

Introduction: The perfomance of the nursing teamwork is extremely important, as they are the professionals who are directly involved in the daily coexistence of patients, promoting general well-being, therefore able to identify signs of infection or observe changes in patients’ vital patterns. In order to provide adequate nursing care, it’s necessary to have knowledge and specific skills, detect complications early, intervene appropriately and in the right time, since delay in providing appropriate care for this problem will cause harm to the patient. Objective: Define the nurse role regarding the identification and problems in the febrile neutropenic patient. Methodology: This project is a qualitative narrative review study, suitable for discussing the relevance of the given subject. Conclusion: Given the above, it’s concluded that the nurse shows as the most qualified professional to identify a case of febrile neutropenia within the multidisciplinary team. This recognition comes from not only the nurse’s constant proximity to the patient’s bed throughout the hospitalization, but also from their crucial responsibility in acesses and invasive devices management. Moreover, the nurse’s competence in this early identification is unquestionable, especially when combined with a continuous professional training and updating process. For those reasons, it’s concluded that the nurses role is essential in the detection and effective management of febrile neutropenia, ensuring quality care and patient safety.

Keywords: Febrile neutropenia, Nursing, Identification. 

1 INTRODUÇÃO

Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células. Dividindo-se rapidamente, estas células agrupam-se formando tumores, que invadem tecidos e podem invadir órgãos vizinhos e até distantes da origem do tumor (metástases). O câncer é causado por mutações, que são alterações da estrutura genética (DNA) das células. (BRASIL, 2020).

Cada célula sadia possui instruções de como devem crescer e se dividir. Na presença de qualquer erro nestas instruções (mutação), pode surgir uma célula doente que, ao se proliferar, causará um câncer. Essa doença pode surgir em qualquer parte do corpo. Entretanto, alguns órgãos são mais afetados do que outros; e cada órgão, por sua vez, pode ser acometido por tipos diferenciados de tumor, mais ou menos agressivos (BRASIL, 2020).

No caso do câncer, os sinais e sintomas dependem da localização, extensão e do quanto o tumor está afetando os órgãos ou tecidos próximos. Se a doença se espalhar (metástase) amplamente, sinais ou sintomas podem aparecer em diferentes partes do corpo. À medida que um tumor cresce, ele pressiona órgãos, vasos sanguíneos e nervos próximos, é esta compressão que provoca alguns dos sintomas, que variam conforme o tipo de tumor e órgão afetado.

O impacto do câncer no mundo, em 2020, baseado nas estimativas do Global Cancer Observatory (Globocan), elaboradas pela International Agency for Research on Cancer (Iarc), aponta que ocorreram 19,3 milhões de casos novos de câncer no mundo (18,1 milhões, se forem excluídos os casos de câncer de pele não melanoma) (FERLAY et al., 2021; SUNG et al., 2021). 

O câncer é a segunda principal causa de morte no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) 8,8 milhões de pessoas morrem anualmente em decorrência do câncer, a maior parte delas reside em   países   de   baixa   renda. A nível global, uma em cada seis mortes são relacionadas à doença (PAIVA ET AL., 2020).

A apresentação tardia e o diagnóstico e tratamento inacessíveis são comuns. Em 2017, apenas 26% dos países de baixa renda relataram ter serviços de patologia disponíveis no setor público. Mais de 90% dos países de alta renda relataram que os serviços de tratamento estão disponíveis, em comparação com menos de 30% dos países de baixa renda (OPAS, 2020).

Estudos mais recentes apontam uma ligação entre a condição socioeconômica e fatores genéticos que associados culminam na doença.

Os tumores também podem causar sintomas como febre, fadiga, dores e perda de peso porque as células cancerígenas consomem a energia do corpo. Esses sinais também podem ocorrer quando o tumor libera substâncias que alteram a forma como o corpo produz energia a partir dos alimentos. Outra possibilidade é que o tumor faça com que o sistema imunológico da pessoa reaja e produza esses sintomas.

A afirmação de que o câncer é a doença crônica mais curável atualmente deve ser interpretada com cautela. Embora tenha havido avanços significativos no diagnóstico e tratamento do câncer, a probabilidade de cura ainda depende do tipo de câncer, do estágio em que é diagnosticado e de outros fatores individuais. A detecção precoce desempenha um papel crucial na melhoria das taxas de sobrevivência. Quanto mais cedo o câncer for diagnosticado, maior a probabilidade de tratamento bem-sucedido. Além disso, as opções de tratamento variam de acordo com o tipo de câncer, e alguns tumores malignos respondem melhor aos tratamentos disponíveis do que outros. 

O diagnóstico do câncer é uma abordagem abrangente que envolve exames físicos, revisão do histórico médico, e o uso de exames de imagem, como radiografias e tomografias. A coleta de amostras de tecido por meio de biópsias é comum para análise laboratorial, identificando células cancerosas e determinando o tipo de câncer. 

Testes moleculares e genéticos também são utilizados para obter informações mais detalhadas sobre as características do câncer. A colaboração entre especialistas, como oncologistas e patologistas, é essencial para garantir um diagnóstico preciso e orientar o tratamento adequado.

O tratamento do câncer engloba diversas condutas, como cirurgia, radioterapia e quimioterapia, escolhidas com base no tipo e estágio da doença. Novas terapias, como imunoterapia e terapia-alvo, visam fortalecer o sistema imunológico ou direcionar características específicas das células cancerosas.

No entanto, o principal meio de tratamento, a quimioterapia traz consigo efeitos colaterais relevantes, tal como a Mielossupressão, condição que leva a diminuição da atividade da medula óssea, significando uma queda considerável das células sanguíneas, que podem resultar em graves casos, como a Neutropenia.

2 NEUTROPENIA

Neutropenia define-se classicamente como uma diminuição do número de neutrófilos circulantes no sangue periférico obtido por punção venosa. Os neutrófilos são um tipo de glóbulos brancos e, portanto, responsáveis pelas defesas do corpo, eles absorvem, matam e digerem fungos e bactérias. Seu número no sangue aumenta quando ocorre infecção ou inflamação, contém grânulos que liberam enzimas, ajudando a matar e digerir essas células. 

O sinal para atrai-los geralmente vem das próprias bactérias, de proteínas do complemento ou de tecidos danificados, que produzem substâncias que atraem neutrófilos para a origem do problema. Liberam substâncias produtoras de fibras nos tecidos circundantes, essas fibras prendem as bactérias, evitando que elas se espalhem, assim facilitando sua eliminação.

A neutropenia é definida como uma contagem absoluta de neutrófilos (CAN) inferior a 1.500 células/mm3 e é frequentemente dividida em leve (CAN: 1.000 a 1.500 células/mm3), moderada (CAN: 500 a 1.000 células/mm3) e grave (CAN: >500 células/mm3). (MICHAELS J, 2020).

Os termos leucopenia (diminuição do número de leucócitos) e granulocitopenia (diminuição do número de neutrófilos, basófilos e eosinófilos) são frequentemente usados como sinônimos de neutropenia. (LEITE F, 1998)

A maioria dos especialistas considera os pacientes de alto risco aqueles com neutropenia prolongada presumida (duração >7 dias) e neutropenia profunda (contagem absoluta de neutrófilos < 100 células / mm3 após quimioterapia citotóxica) e ou condições comórbidas / significativas incluindo hipotensão, pneumonia, dor abdominal de início recente, ou alterações neurológicas.Tais pacientes devem ser internados inicialmente no hospital para o tratamento empírico com antibióticos. (MARINO; BRANDÃO NETO; CERTAIN, 2022).

Os pacientes de baixo risco incluem aqueles que tem uma neutropenia que presumivelmente será de curta duração (<7 dias de duração), tenham contagem de neutrófilos > 100 neutrófilos /mm3 e poucas ou nenhum comorbidade, nesse caso os pacientes podem ser candidatos a tratamento com antibióticoterapia empírica por via oral (MARINO; BRANDÃO NETO; CERTAIN, 2022).

A resposta do hospedeiro destes pacientes é gravemente comprometida pela imunossupressão induzida pelo tratamento, resultando na falta de mecanismos de defesa importantes, de modo que as infecções bacterianas e fúngicas podem ser fatais em certos grupos de risco. Como o curso clínico destas complicações infecciosas pode ser rápido e fatal, o tratamento precoce com antibiótico deve fazer parte do tratamento. (MICHAELS J, 2020).

O diagnóstico é feito pela contagem diferencial de glóbulos brancos, mas a avaliação requer a determinação da causa. Já o manejo inclui precauções de bom senso para evitar infecções, tratamento agressivo de infecções bacterianas ou fúngicas e administração de fator estimulador de colônias de granulócitos para a produção de neutrófilos e prevenir infecções após a quimioterapia do câncer e na neutropenia crônica grave.

2.1 NEUTROPENIA FEBRIL

A Neutropenia Febril (NF) é mais comumente encontrada no contexto de pacientes que recebem medicamentos mielossupressores usados no tratamento de cânceres hematológicos e tumorais sólidos.

Não existe uma definição internacionalmente acordada de NF. O Instituto Nacional de Excelência em Saúde e Cuidados (NICE) do Reino Unido (UK) define NF como uma temperatura ≥38°C com uma contagem absoluta de neutrófilos (CAN) inferior a 500 células/microlitro (menos de 0,5 x 109mm3). Este ponto de corte de neutrófilos foi escolhido porque o risco de sepse grave aumenta à medida que a CAN cai abaixo de 0,5 x 109mm3. (Davis K, 2020).

A febre é um dos sintomas que frequentemente está presente em pacientes com câncer. Fator alarmante para infecção, principalmente após tratamento pertinente e intenso com quimioterápicos, neste caso quando há baixa contagem de neutrófilos, qualquer quadro febril deve ser considerado manifestação de origem infecciosa e ser associado a neutropenia febril.

Os portadores de neoplasia hematológica têm 80% de chance de apresentar Neutropenia Febril (NF) durante seu tratamento, enquanto, pacientes com tumores sólidos têm essa porcentagem reduzida a 30%. Fatores como a intensidade do tratamento quimioterápico, uso de cateteres centrais e dispositivos médicos externos, fatores ambientais e geográficos, duração da internação hospitalar podem corroborar para a gravidade e duração da neutropenia. (ATALAIA G, et al., 2015).

A NF é uma das complicações mais comuns decorrentes do uso de quimioterapia em doentes oncológicos. A ocorrência desta situação pode ter como consequência alterações no regime terapêutico preconizado, conduzir a redução de doses, levar ao atraso da administração de ciclos ou mesmo ao abandono da terapêutica inicialmente proposta com óbvias implicações nos resultados finais. O risco de neutropenia febril em doentes sob tratamento oncológico depende de múltiplos fatores como idade do doente, comorbidades, tipo de tumor e regimes de quimioterapia utilizados (ISAURA, 2013).

A incidência global da NF é difícil de avaliar, pois os eventos nem sempre são identificados ou relatados. As internações neutropênicas, frequentemente associadas à NF, são mais simples de quantificar. Estudos dos Estados Unidos da América (EUA) sugerem que 7,83 hospitalizações ocorram em decorrência de neutropenia por 1.000 pacientes com câncer a cada ano (60.294 casos em (1999), com incidência aumentando para 43,3 casos por 1.000 pacientes naqueles com neoplasias hematológicas. Evidências de ensaios clínicos e prática clínica sugerem que a incidência de NF pode ser ainda maior (até117casos por 1.000 pacientes). (AAPRO M, et al., 2017)

A taxa de mortalidade associada à Neutropenia Febril (NF) é de 2 a 3% em pacientes que recebem tratamento antimicrobiano, e de até 50% em pacientes que não receberam antibióticos nas primeiras 48 horas (BOUSFIELA ET AL, 2018).

Com taxa de mortalidade alta, é preconizado como mandatório o início imediato da abordagem com antibioticoterapia empírica, antes mesmo dos resultados dos exames investigativos de cultura. A abordagem precoce diminui a taxa de mortalidade por neutropenia drasticamente. O primeiro guia para definição do tratamento é o exame físico e anamnese completo, através deles e do conhecimento dos principais agentes etiológicos com maior prevalência será possível dar início a investigação.

Na anamnese deve-se abordar: origem, data de início, intensidade e duração da febre; data do último tratamento quimioterápico, internações anteriores, intervalo entre os ciclos de quimioterapia e uso de antibióticos recentemente. O exame físico deve ser realizado de modo sistêmico com atenção as áreas de inserção de cateteres, punções, pele, bem como as mucosas orais, anais e genitais. Exames laboratoriais devem ser colhidos o quanto antes, pois através deles será possível a confirmação do agente infeccioso, também acompanhamento de sua evolução ou regressão.

Atualmente, os patógenos mais frequentemente associados à neutropenia febril são os germes Gram positivos (Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus aureus), Gram negativos (Haemophilus influenzae), infecções por fungos e microbactérias estão relacionadas a episódios mais graves e prolongados de neutropenia, ao uso prévio de antimicrobiano de amplo espectro, a profilaxia antifúngica e ao transplante de medula óssea ou de células-tronco hematopoiéticas. Entre estes agentes, os mais comumente encontrados são Candida albicans e Aspergillus (AZEVEDO ET AL, 2013).

Em muitos pacientes com neutropenia febril não é possível encontrar um foco infeccioso, uma vez que este é apenas detectável em 20% a 30% e em hemoculturas tomadas. (ARROYAVE-PEÑA T, et al., 2019)

Contudo a maioria dos casos são curados antes mesmo da identificação do local ou agente etiológico infeccioso. O sítio de infecção mais afetados são: corrente sanguínea, local de punção ou inserção de cateter, pulmão, trato urinário, partes moles e pele.

Não há uma definição padrão de manejo internacional recomendada devido a realidade diferente de cada instituição e pacientes, contudo a fim de otimizar a abordagem inicial, cada hospital deve estabelecer seu próprio esquema de assistência levando em consideração os principais métodos já realizados que apresentam resultados. São esses: antibioticoterapia empírica imediata e coleta de exames e análises laboratoriais. No caso de pacientes pós quimioterapia o risco de progressão rápida do agente infeccioso é muito grande, devido a imunodeficiência dele; quanto antes identificada a infecção melhor o prognóstico, sendo possível assim direcionar o tratamento para a etiologia.

A atuação da equipe de enfermagem é de suma importância, pois são os profissionais que estão diretamente inseridos na convivência diária dos pacientes, promovendo o bem-estar geral, habilitados, portanto, a identificar sinais de infecção ou observar alterações nos padrões vitais dos pacientes.  No intuito de prestar uma assistência de enfermagem adequada, é necessário ter habilidade e conhecimento específico, detectar precocemente complicações e intervir adequadamente e em tempo hábil, uma vez que o retardo no atendimento apropriado neste problema acarretará prejuízos para o paciente (ALMEIDA SILVA ET AL, 2020).

3 PROBLEMA

Esse estudo se propõe a investigar os desafios associados a identificação tardia de Neutropenia Febril, examinando fatores que contribuem para a demora no diagnóstico.

4 OBJETIVO

Definir o papel do Enfermeiro referente a identificação e agravos no quadro do paciente neutropênico febril.

5 JUSTIFICATIVA

Ao observar a lacuna existente na falta de abordagem sobre o tema no meio multidisciplinar, decidimos destacar a importância do saber e aptidão sobre o tema proposto, salientando a seriedade dos profissionais estarem qualificados a identificar um possível quadro de Neutropenia Febril precocemente. Visando a longevidade da vida do paciente e consequentemente a diminuição da taxa de mortalidade da patologia.

6 PAPEL DO ENFERMEIRO

Os pacientes oncológicos em neutropenia febril representam uma população vulnerável, com maior risco de complicações infecciosas. A prestação de cuidados de enfermagem adequados desempenha um papel crucial na gestão desses pacientes.                 

No entanto, há desafios específicos enfrentados pelos profissionais de enfermagem no contexto da neutropenia febril, incluindo a necessidade de identificação precoce de sinais de infecção, a implementação de medidas de precaução para evitar a disseminação de patógenos e a coordenação eficiente com a equipe. (OLIVEIRA, 2019).

Muitos estudos de enfermagem mostraram como os enfermeiros em oncologia desempenham um papel central na concepção, desenvolvimento e implementação de uma ferramenta formal de avaliação de risco das diretrizes internacionais relativas à NF, enquanto trabalham em colaboração com toda a equipe multidisciplinar. (OLIVEIRA, 2019).

Os principais cuidados de enfermagem relacionados aos fatores de risco de neutropenia febril estavam pautados na higienização das mãos antes das avaliações dos sinais vitais, preparação e administração de medicamentos, no uso de esfigmomanômetro/estetoscópio exclusivo para o paciente oncológico com NF alto risco ou desinfecção deles. Manter técnica estéril durante a preparação de medicamentos parenterais; avaliação periódica do risco e grau da neutropenia febril; fornecer informações e apoio aos pacientes durante os ciclos de quimioterapia antineoplásica, além de reforçar a procurar imediatamente serviço especializado em caso de NF. (OLIVEIRA, 2019).

Dentre os principais cuidados de enfermagem relacionados a prevenção de infecção e a prevenção de sepse neutropênica destacou-se a realização da educação sobre autocuidado, a consulta ambulatorial periódica conduzida pela enfermeira, o uso de precauções padrão, cuidados aliados a educação permanente, além da orientação de pacientes e familiares, avaliação dos fatores de risco de infecção. (OLIVEIRA, 2019).

7 METODOLOGIA

O presente artigo trata-se de uma Revisão narrativa realizada com estudos e artigos com datas anteriores há 20 anos no máximo, dos quais foram extraídas informações para a melhor compreensão do assunto.

Para a busca dos artigos que fizeram parte da pesquisa utilizamos as bases de dados: Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), PubMed e Google acadêmico com a finalidade de selecionar artigos científicos que compõem a amostra desta, para encontrar os artigos pesquisados foram usadas as seguintes palavras chaves, que são descritores: Neutropenia Febril, enfermagem, identificação. 

Na base de dados PubMed foram encontrados 139 artigos e selecionados 8, na Biblioteca Virtual em Saúde foram encontrados 19 artigos e desses 2 foram selecionados, no Google acadêmico foram encontrados 931 e desses foram selecionados 12 no final, ao todo foram selecionados 22 artigos.

A seguir foram estabelecidos os seguintes requisitos de inclusão: artigos disponíveis na íntegra, publicados no período de 1998 a 2023, e que se relacionassem com o tema. Já para os requisitos de exclusão foram considerados: artigos em duplicidade, e que se desviam do objetivo a revisão. Assim, a amostra final da pesquisa corresponde a 22 publicações que fazem referência aos critérios de inclusão. A busca e seleção de artigos para essa pesquisa ocorreu no mês de agosto de 2023.

Os estudos identificados na base de dados pesquisadas foram de 1089 artigos, destes 1056 foram excluídos após leitura do título, o que resultou na escolha de 33 artigos para leitura. Após leitura desses artigos 22 foram incluídos, pois tiveram mais relevância na abordagem do tema. 

Da análise dos artigos elegíveis, totalizando 22 avaliações, os dados evidenciaram um maior quantitativo nos anos de 2020 e 2022, com quatro artigos em cada ano, seguido pelo ano de 2021, com apenas duas publicações. Quanto ao país de publicação foi utilizado o Brasil e Estados Unidos.

Fonte: Cruz, Franciline; Couto, Gabriela; Toledo, Rotssany; (2024) Figura 1 – Fluxograma da seleção de artigos para o estudo.

8 DISCUSSÃO

Os resultados das discussões expostas nesta pesquisa evidência os desafios enfrentados pelos enfermeiros na identificação e declínio de pacientes neutropenicos, no âmbito ambulatorial e hospitalar.

PAPEL DO ENFFERMEIROQUANTIDADE DE ARTIGOS ELEGÍVEISPORCENTAGEM
Identificação precoce940,90%
Capacitação do enfermeiro418,19%
Isolamento preventivo418,19%
Abordagem multiprofissional313,63%
Orientação ao autocuidado2 9,09%

Fonte: Cruz, Franciline; Couto, Gabriela; Toledo, Rotssany; (2024)

Quadro 1– Discussão

Dentre as responsabilidades do profissional, incluem-se a capacitação do enfermeiro (18,19%), onde o mesmo muitas vezes não tem aptidão e treinamento para atuar na identificação desse agravo oncológico.  A seguir, observa-se a relevância da identificação precoce (40,90%), consequentemente, a redução de riscos e piora do paciente, e de seu quadro geral; O isolamento preventivo (18,19%), a fim de minimizar a exposição a agentes infecciosos, que podem gerar mais danos à saúde do paciente.        

Além disso, a abordagem multiprofissional (13,63%), é de suma importância para o tratamento dele, tornando o processo mais assertivo de acordo com cada especialidade. Esses achados reforçam a necessidade da orientação ao autocuidado (9,09%), assim, incluindo o mesmo no processo de prevenção e melhora.

9 CONCLUSÃO

Durante a elaboração deste artigo foi identificado que a capacitação do enfermeiro frente a assistência de pacientes oncológicos, é imprescindível. Devido as emergências oncológicas exigirem uma rápida identificação e resposta.

Também afirma que a assistência multiprofissional a pacientes oncológicos neutropênicos é crucial para garantir um cuidado abrangente e eficaz. O intuito é monitorar de perto os pacientes, prevenir infecções, gerenciar os efeitos colaterais do tratamento e oferecer suporte emocional durante todo o processo de tratamento.

Assim como a identificação precoce de pacientes neutropênicos, é crucial devido ao risco aumentado de infecções graves e potencialmente fatais, igualmente as intervenções precoces, que ajudam a prevenir complicações sérias e melhorar os resultados clínicos. 

Do mesmo modo que foi observado entre os artigos estudados que o isolamento é uma medida assertiva para prevenir a contaminação por patógenos infecciosos, especialmente nesse tipo de pacientes. As medidas de isolamento encontradas como eficazes, incluem o uso de equipamentos de proteção individual, como luvas e máscaras, a adoção de práticas de higiene rigorosas e a restrição de visitantes. Essas medidas são essenciais para garantir um ambiente seguro e protegido para pacientes em risco de infecções graves.

O enfermeiro também deve orientar o paciente sobre o autocuidado e sua reponsabilidade em seu próprio tratamento, assim como seus familiares. Medidas simples podem ser tomadas, tais como: higiene pessoal, alimentação segura, não compartilhar itens, evitar multidões, monitoramento dos sintomas, medicação conforme prescrição, e o mais importante manter o contato com a equipe de saúde.

Diante do exposto, conclui-se que o enfermeiro emerge como o profissional mais capacitado para identificar um caso de neutropenia febril dentro da equipe multidisciplinar. Este reconhecimento deriva não apenas da proximidade constante do enfermeiro com o leito do paciente ao longo de toda a internação, mas também da sua responsabilidade crucial no manejo de acessos e dispositivos invasivos. 

Além disso, a competência do enfermeiro para esta identificação precoce é inegável, especialmente quando aliada a um contínuo processo de formação e atualização profissional. Assim, reitera-se que o papel do enfermeiro é essencial na detecção e no manejo eficaz da neutropenia febril, garantindo uma assistência de qualidade e segurança ao paciente.

REFERÊNCIAS 
  1. ABC do câncer: abordagens básicas para o controle do câncer / Instituto Nacional de Câncer. – Rio de Janeiro: Inca, 2011. 128 p.:il.
  2. ALMEIDA SILVA, R.; TALITA DE MORAES RAMOS, Y.; DA SILVA SANTIAGO, M. R.; THERESA CAMILO DE LIMA, M.; RODRIGUES DE SOUZA, N.; BOULITREAU SIQUEIRA CAMPOS BARROS, M.; BUSHATSKY, M. Avaliação do conhecimento dos enfermeiros sobre neutropenia febril em crianças com câncer. Ciência, Cuidado e Saúde, v. 19, 19 nov. 2020.
  3. BRASIL. Ministério da Saúde. INCA Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Câncer infantojuvenil 6.     —6.      Instituto Nacional de Câncer – INCA (www.gov.br)
  4. CARDOSO, F., SENKUS, E., COSTA, A., PAPADOPOULOS, E., AAPRO, M., André, F., HARBECK, N., Aguilar Lopez, B., BARRIOS, C. H., BERGH, J., BIGANZOLI, L., Boers-Doets,C. B., CARDOSO, M. J., CAREY, L. A., CORTÉS, J., CURIGLIANO, G., DIÉRAS, V., El SAGHIR, N. S., ENIU, A., FALLOWFIELD, L., … WINER, E. P. (2018). 4th ESO-ESMO International Consensus Guidelines for Advanced Breast Cancer (ABC 4)†. Annals of oncology :official journal of the European Society for Medical Oncology, 29(8), 1634–1657.https://doi.org/10.1093/annonc/mdy192
  5. CERQUEIRA, J. P. F.; FONSECA, T. S. de P.; SANTOS M. T. C. dos; FONSECA, G. de L. M. da; SOUSA M. R. de; WAROL, P. H. A.; SIQUEIRA, E. C. de. Uma análise sobre as características da neutropenia febril: revisão de literatura. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 15, n. 3, p. e9869, 2 mar. 2022.
  6. DAVIS, K., & WILSON, S. (2020). Febrile neutropenia in paediatric oncology. Paediatrics and child health, 30(3), 93–97. https://doi.org/10.1016/j.paed.2019.12.00
  7. DE AZEVEDO, A. L. T., A COSTA, L. M., BATISTELO, J., BORDIN, M. L., & VARGAS, L. T. R. (2013). Neutropenia febril em pacientes pediátricos com câncer.https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/03/881074/neutropenia-febril-em-pacientes-pediatricoscom-cancer.pdf
  8. FERNANDES, Juliana Vendramini Cordeiro et al.. NEUTROPENIA FEBRIL: TAXA DEMORTALIDADE DE PACIENTES PEDIÁTRICOS ONCOLÓGICOS EM UM CANCERCENTER.. In: Anais Qualihosp. Anais…São Paulo (SP) FGV EAESP, 2019. Disponível em:<https//www.even3.com.br/anais/q2caldvcec2021_192316/498686-NEUTROPENIA-FEBRIL-TAXA-DE-MORTALIDADE-DE-PACIENTES-PEDIATRICOS-ONCOLOGICOS-EM-UM-CANCER-CENTER>. Acesso em: 19/04/2023 13:10
  9. Global Initiative for Cancer Registry Development. International Agency for Research on Cancer. Lyon: France.
  10. LEITE, F., & COUTINHO, J. (1998). Neutropenia. Acta Médica Portuguesa, 11(11), 989–96.https://doi.org/10.20344/amp.2343
  11. LUCENA NNN, DAMASCENA LCL, MOREIRA MSC, LIMA-FILHO LMA, VALENÇA AMG. Caracterização do câncer infantojuvenil no Brasil a partir dos Registros Hospitalares de Câncer (RHC), 2000-2016. R Pesq. Cuid Fundam [Internet]. 2022 [acesso 2023/05/24];14:e11542.Disponível em: https://doi.org/10.9789/2175-5361.rpcfo.v14.11542
  12. MARINA, I.; VENÂNCIO, S. NEUTROPENIA FEBRIL EM DOENTES ONCOLÓGICOS. [s.l:s.n.]. Disponível em: <https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/72391/2/31007.pdf>. Acesso em: 19 out. 2023.
  13. MARINO, L. O.; BRANDÃO NETO, R. A.; CERTAIN, L. Neutropenia febril. [s.l.] Manole, 2022.
  14. MENDES, A. V. A., SAPOLNIK, R., & MENDONÇA, N.. (2007). Novas diretrizes na abordagem clínica da neutropenia febril e da sepse em oncologia pediátrica. Jornal De Pediatria, 83(2), S54–S63. https://doi.org/10.1590/S0021-75572007000300007
  15. MICHAELS, J., & DHELARIA, A. (2020). Pediátrica autoimune neutropenia. BMJ case reports,13(1), e229979. https://doi.org/10.1136/bcr-2019-229979
  16. Ministério da Saúde Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva Ministério da Saúde Instituto Nacional de Câncer. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//estimativa-2023.pdf>.
  17. Noncommunicable Diseases and Mental Health – OPAS/OMS | Organização Pan-Americana da Saúde. Disponível em: <https://www.paho.org/pt/node/63313>. Acesso em: 19 out. 2023.
  18. PAIVA, K. M. DE et al. Incidência de câncer nas regiões brasileiras e suas associações às Políticas de Saúde. Saúde e Pesquisa, v. 14, n. 3, p. 533–542, 11 jun. 2021.
  19. PLUMMER M, de MARTEL C, VIGNAT J, FERLAY J, BRAY F, FRANCESCHI S. Global burden of cancers attributable to infections in 2012: a synthetic analysis. Lancet Glob Health. 2016 Sep;4 (9):e609-16. doi: 10.1016/S2214-109X(16)30143-7.
  20. SUNG, H., FERLAY, J., SIEGEL, R. L., LAVERSANNE, M., SOERJOMATARAM, I., JEMAL, A., & BRAY, F. (2021). Global Cancer Statistics 2020: GLOBOCAN Estimates of Incidence and Mortality Worldwide for 36 Cancers in 185 Countries. CA: a cancer journal for clinicians, 71(3), 209–249. https://doi.org/10.3322/caac.21660
  21. TOMÁS, T. C., EIRIZ, I., VITORINO, M., Vicente, R., GRAMAÇA, J., OLIVEIRA, A. G., LUZ,P., BALEIRAS, M., SPENCER, A. S., COSTA, L. L., LIU, P., MENDONÇA, J., DINIS, M., PADRÃO, T., CORREIA, M., ATALAIA, G., SILVA, M., & FIÚZA, T. (2022). Neutrophile-tolymphocyte, lymphocyte-to-monocyte, and platelet-to-lymphocyte ratios as prognostic and response biomarkers for resectable locally advanced gastric cancer. World journal of gastrointestinal oncology, 14(7), 1307–1323. https://doi.org/10.4251/wjgo.v14.i7.1307
  22. VIDEIRA-AMARAL JM (MD, PhD) – Coordenador e autor. Tratado de Clínica Pediátrica. (“Tratado de Clínica Pediátrica”) 3ª edição. Lisboa: Círculo Médico, 2022 | (ISBN: 978-989-54122-3-5)

“Nosso caminho acadêmico foi marcado pela presença e amizade de uma colega especial, cuja partida deixou um vazio em nossos corações, em memória eterna, dedicamos este TCC a você.”

Sarah Roberta de Mecenas Pimentel.