PAPER: ALTERNATIVE EFFECTIVESNESS IN THE REUSE OF SOLID WASTE IN THE PRODUCTION OF COMPOST
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7400011
Jéssica Jamile de Oliveira Frazão1
Lediane dos Santos Sousa2
Teo Augusto da Silva Neves3
Alan dos Santos Ferreira 4
Newton Silva de Lima5
RESUMO
O presente estudo aborda questões sobre a reutilização de Resíduos Sólidos (RU), em específico, papel como resíduo inorgânico que pode ser reutilizado no solo como fonte de nutrientes. O resíduo deste trabalho foi disponibilizado pelo Centro Universitário Luterano de Manaus – CEULM, para a comparação de parâmetros da eficácia do mesmo no processo de compostagem. Para tanto, foram construídas duas composteiras, sendo uma alimentada com papel em suas camadas e outra sem este tipo de resíduo. Os resultados mostraram dados satisfatórios quanto ao tempo e à de germinação das espécies utilizadas em horta. De cunho exploratório e descritivo, o estudo traz abordagem teórica sobre o tema, a partir das atividades realizadas em campo, como a coleta do papel nas dependências da Instituição, tratamento do mesmo (segregação, trituração e lavagem), a posterior análise e interpretação dos dados, utilizando equações matemáticas básicas e registros fotográficos das subsequentes fases do processo em um semestre do ano de 2022.
Palavras-chave: Resíduo Sólido; Papel; Eficácia; Compostagem.
ABSTRACT
The present study addresses issues about the reuse of solid waste in specific paper as an organic residue that can be used in the soil as a source of nutrients. The results showed satisfactory data regarding the time and germination of the species used in the composting process. Of exploratory and descriptive nature, the study brings a theoretical approach on the theme from the activities performed in the field with the collection of paper on the premises of the university.Treatment of the same segregation and washing the subsequent analysis interpretation of the states using basic mathematical equations and photographic records of the subsequent makes process in a semester of the year 2022.
Keywords: Solid Waste; Papel; Effectiveness; Composting.
1 INTRODUÇÃO
Na contemporaneidade, a utilização de documentos digitais favoreceu o acesso à informação e ao registro de produção científica a todas as classes sociais, porém, ainda nos dias de hoje é possível identificar nas instituições acadêmicas, o excesso de resultados científicos arquivados em volumes de papel em prateleiras, e a elevação desta produção provoca gerações diárias de enormes quantidades deste tipo de resíduo, em função das diferentes ações tecnológicas e da qualidade de suas aparas apresenta uma preocupação ambiental, entre outros casos, o da disseminação de fungos e outros germes que podem acometer a saúde humana com diversas patologias, especialmente, aquelas do trato respiratório. Neste cenário também podem ser atraídos outros vetores de doenças. Visando a mitigação deste impacto na saúde dos profissionais das bibliotecas e de outras áreas administrativas, neste estudo utilizou-se o volume de 884 exemplares de TCCs com dados defasados da biblioteca do Centro Universitário. Logo, a implantação de composteiras com alimentação de resíduo de papel se torna uma alternativa a ser explorada em nossa sociedade intentando a mitigação de maiores impactos ambientais.
Na elaboração e aplicação deste projeto adotou-se como metodologia, a abordagem quantitativa e qualitativa para a exploração do tema, o qual foi realizado experimento no Campus Universitário da CEULM, onde foram coletados mais de 880 exemplares de trabalhos acadêmicos antigos (1998 a 2010) e disponibilizados por sua biblioteca, resultando em uma média de 166,65 quilos de adubo produzido. Neste sentido, foram construídas duas composteiras para análise de parâmetros de redução deste tipo de resíduo na Instituição, assim como para a verificação da viabilidade do uso de papel no local trabalhado de forma sustentável.
O trabalho foi dividido em fases sendo as seguintes: a do devido tratamento do papel a ser utilizado (segregação e trituração e lavagem), para a composição das camadas de uma das composteiras do projeto, tendo o tempo de espera para que as mesmas se conformassem com as camadas de solo ali depositadas e a posterior análise e interpretação dos dados a serem obtidos.
Foram semeados um total de vinte e quatro (24) indivíduos de espécies utilizadas em hortas comuns. Sendo doze, plantadas com o adubo produzido com papel, e outras doze, com adubo sem o resíduo em outra composteira. As análises de qualidade do solo e tempo de geminação utilizaram equações matemáticas básicas e registros fotográficos das subsequentes fases do processo entre os meses de setembro a novembro do ano de 2022, juntamente à revisão bibliográfica.
Por seu apelo em relação ao não desperdício de materiais, à economia de recursos naturais, ao chamamento social e administrativo para o reaproveitamento de resíduos como estratégia de sustentabilidade ambiental, este trabalho apresenta vieses de concordância com os Objetivos do desenvolvimento Sustentável de nº12, 13 e 15 (ONU, 2015).
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 PAPEL E CELULOSE
A produção de polpa celulósica brasileira está baseada na utilização de madeira proveniente de florestas plantadas principalmente do gênero Eucalyptus (pertencente à família Myrtaceae), que representa 81,6% da produção total (SILVA, 2011). O Eucalyptus é o gênero mais utilizado devido a sua adaptabilidade a diferentes condições climáticas e regionais, resistência ao déficit hídrico, boa resistência a doenças, além do tempo de crescimento menor quando comparado com outras espécies, sendo este entre seis e sete anos (BASSA et al., 2007).
A celulose é insolúvel em água e sua decomposição ocorre por ação de enzimas produzidas por vários fungos (Trichoderma, Chaetomium, Penicillium, Aspergillus, Fusarium e Phoma) e por bactérias aeróbias e anaeróbias. Em pH menor ou igual a 5,5, a decomposição da celulose é favorecida por fungos, em pH acima de 5,7 a 6,2 predominam bactérias do gênero Cytophaga e em pH neutro a alcalino, a decomposição ocorre por bactérias do gênero Vibrio. Em compostos, geralmente a bactéria que degrada a celulose é a Clostridium Thermocellum devido a altas temperaturas. Outras bactérias do gênero Clostridium são boas decompositoras anaeróbias de celulose (MOREIRA; SIQUEIRA, 2006). As hemiceluloses cujo representante principal é o xiloglucano (XG), são formadas por cadeias de glicoses ligadas, só que de forma ramificada em alguns pontos do xiloglucano. O local da cadeia onde as glicoses não estão ramificadas é um dos poucos pontos de acesso das celulases. As hemiceluloses apresentam dificuldades de degradação quando se unem a outros compostos através de pontes de hidrogênio. Alguns fungos e bactérias são capazes de degradar este componente da parede celular (MOREIRA; SIQUEIRA, 2006)
A lignina é um polímero abundante, localizado na parede celular dos vegetais. No solo, ela é considerada um material recalcitrante devido ao seu alto peso molecular e sua composição que lhe confere grande estabilidade. A lignina impede e protege a celulose e a hemicelulose da ação enzimática de decomposição. A decomposição da lignina pode ser feita por fungos das espécies Pleurotus ostreatus, Phanerochaete versicolor e Phanerochaete chrysosporium, exigindo as seguintes condições: umidade entre 60 e 70%, temperatura de 25 a 30 graus, relação C/N: 25:1 e pH na faixa ácida (MOREIRA; SIQUEIRA, 2006).
2.2 RESÍDUO SÓLIDO DO TIPO PAPEL E SUA CLASSIFICAÇÃO
É oportuno recordar que na atualidade se faz uso com maior frequência o termo técnico resíduo sólido para a designação de lixo. Conforme Eigenheer (1997), foi após a metade do século XIX que existiu a distinção entre lixo (resíduos sólidos) e águas servidas (fezes, urina, etc.) e estas passaram a ser coletadas individualmente. Pressupõe-se que o termo técnico passou a ser mais utilizado nesta época. Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT NBR 10004/2004) para os efeitos desta norma, aplica-se a seguinte definição:
[…] resíduos sólidos: Resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (ABNT, 2004, p.1).
A utilização de papel nas últimas duas décadas do século XX foi recorde (Ambiente Brasil, 2021). O lixo reciclável anula seu valor comercial quando misturado ao lixo não reciclável (Cruz, 2002), logo, é essencial que seja feita a coleta seletiva adequadamente para que o material a ser reciclado não perca seu valor.
2.3 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS)
O Brasil tem legislação específica para o tema, a Lei 12.305, de 2 de agosto de 2010, que estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e dispõe sobre seus princípios, objetivos e instrumentos e sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos. Além disso, aponta as responsabilidades dos geradores e do poder público e os instrumentos econômicos aplicáveis. Se olharmos somente para a disposição geral da Lei, percebemos que é bastante ampla e detalhada, mas tem como principal foco a qualidade de vida e ambiental no que se refere ao tratamento adequado dos resíduos por parte de todos os responsáveis pela sua geração, nas diversas atividades da sociedade. (BRASIL, 2021, p. 1).
A Lei Federal nº 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), apresenta diferentes problemas para sua efetiva aplicação, entre os quais se destacam a baixa disponibilidade orçamentária e a fraca capacidade institucional e de gerenciamento de muitos municípios brasileiros, especialmente os de pequeno porte (Heber e Silva, 2014). Para enfrentar esses desafios, essa lei estabelece diretrizes de gestão compartilhada, como a formação de consórcios intermunicipais de gerenciamento dos resíduos sólidos (Brasil, 2021).
Assim, a PNRS integra a Política Nacional de Meio Ambiente – PNMA e articula-se com a Política Nacional de Educação Ambiental e com a Política Federal de Saneamento Básico. É regulamentada por normativas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), detalhada em Resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
2.4 SEGREGAÇÃO DOS RESÍDUOS
São inúmeras as utilizações do papel e grande sua produção, portanto é imprescindível que se realize o processo de segregação. Souza (2014) relatam que há algumas peculiaridades quanto à segregação, pois para alguns tipos de resíduos de papel, como material molhado ou sujo de fezes não é viável este processo.
Comparando-se os dados de produção dos tipos de papel no Brasil em 2011 com os tipos que podem ser reciclados, percebe-se que, os de maior produção podem ser reciclados, assim destaca-se a importância da reciclagem, principalmente em termos econômicos conforme ressalta Nani (2012, p. 24), “[…] reciclando uma tonelada, poupamos 4.200 kw/h de energias e 26.495 litros de água. Evitamos o corte de 17 árvores e o lançamento de 27kg de poluição no ar.”
No sentido ecológico Barbosa Júnior (2006) relata:
O papel é um lixo nobre, pois sua reciclagem preserva o meio ambiente evitando o corte de milhões de árvores que através da fotossíntese ainda absorve o gás carbônico da atmosfera e na liberação do oxigênio para a mesma, isso torna o ar que respiramos com maior qualidade (COUTINHO E DOROW, 2014).
2.5 PROCESSO DE COMPOSTAGEM
Em um processo de decomposição são necessários dois tipos de materiais: aqueles ricos em nitrogênio (folhas verdes, estrumes de animais, urinas, solo, restos de vegetais hortícolas, ervas, etc.) e outros ricos em carbonos (cascas de árvores, aparas de madeira, podas dos jardins, folhas e galhos de árvores, palhas, fenos e papel) (OLIVEIRA; SARTORI; GARCEZ, 2008). Depende ainda da presença de oxigênio e do tamanho das partículas. Partículas muito pequenas podem gerar compactação do material e partículas muito extensas apresentam menor superfície de contato dificultando o acesso do microrganismo decompositor. A relação C/N ideal para as compostagens deve ser igual a 30/1, sendo que 2/3 do carbono se perderá na forma de CO2 e 1/3 do carbono se unirá ao nitrogênio para compor as estruturas celulares dos microrganismos (OLIVEIRA; SARTORI; GARCEZ, 2008).
Uma pesquisa realizada por Souza (2018, p. 31 e 48), apontou que, o emprego de papel em compostagem melhorou as propriedades do solo, melhorando a produção de alface. O cientista ainda chegou à conclusão de que: “os resultados indicam que esse tipo de composto apresenta efeito residual para um segundo cultivo de alface, sendo indicado como um condicionador e que esta tecnologia pode ser utilizada como descarte final de resíduos de papel”).
Para que haja o emprego de papel na composteira tem que haver tratamento de tal, pois como relatado por Souza (2018, p. 92) o papel é um material que tem gerado problemas para a cooperativa por ser muito barato para venda e de difícil compactação, ocasionando falta de espaço em seu armazenamento e custo de transporte que geralmente é maior que o valor da carga, entretanto, devido a maioria dos papéis descartados possuírem tinta, não foi possível utilizá-los no projeto, pois as tintas podem conter metais pesados e assim contaminar o composto final. Logo, como mencionado por Souza (2018, p.31) papel misturado a orgânicos de forma adequada em relação aos metais potencialmente tóxicos, cádmio (Cd) e chumbo (Pb), em todos os tratamentos os teores ficaram abaixo do limite de quantificação do aparelho utilizado, que é de 0,2 mg/kg-1. Mesmo quando foi adicionado papel impresso à massa de compostagem, os teores de metais eco tóxicos foram baixos, indicando que a compostagem pode ser uma alternativa para a disposição final de resíduos de papel.
3 METODOLOGIA
A metodologia adotada para a elaboração deste projeto foi quantitativa e qualitativa, pois considerou-se o montante do papel selecionado como apto para a atividade, assim como a massa de adubo produzido a partir deste resíduo, além do potencial germinativo produzido.
O projeto foi aplicado no Campus do Centro Universitário Luterano de Manaus, localizado na Avenida Carlos Drummond de Andrade, Conjunto Atílio Andreazza, 1460 – Japiim, Manaus – AM, 69077-730.
Verificou-se que na Instituição existe demasiada quantidade de trabalhos de conclusão de curso (TCCs) com tempo expirado para permanência na Biblioteca, tal quantitativo foi disponibilizado para a utilização no trabalho de compostagem, como métrica para esta avaliação. O total da massa de resíduo (884 exemplares de trabalhos defasados), seguiram sendo transportados por um veículo para o local de segregação dos materiais.
Figura 1: Quantidade de TCCs.
Fonte: Autores,2022.
3.1 SEGREGAÇÃO DOS RESÍDUOS DE PAPEL NO EXPERIMENTO
O processo de segregação iniciou-se a partir da separação entre livros e TCCs, tendo como objetivo a utilização apenas dos trabalhos de conclusão de curso para a fabricação do adubo, em seguida todas as capas dos TCCs foram retiradas, assim como grampos, resíduo de cola, folhas coloridas, papel cartão e fio de armação para não impactarem qualquer característica físico-química da compostagem.
Figura 2: Segregação entre papel sulfite e capas plásticas.
Fonte: Autores,2022.
Após todo o processo de segregação de resíduos nos papeis obteve-se o material pronto (selecionado, observado na figura 3) para a trituração, mistura e peneiramento.
Figura 3: Resíduos de Papel.
Fonte: Autores, 2022.
3.2 A PRODUÇÃO DO COMPOSTO
O processo de preparação do composto iniciou-se no mês outubro de 2022, primeiramente com fase de trituração das folhas de papel, quando os resíduos foram fracionados manualmente e colocados em um recipiente com 36 litros de água. Indo assim, para a fase de mistura em aproximadamente 30 a 50 minutos para ocorrer o desenvolvimento de uma pasta. Por fim alcançou-se a fase de peneiramento para que fosse retirado o excesso de água, demonstrada na figura 4.
Figura 4: Fases do processo de preparação do resíduo de papel em composto.
Fonte: Autores, 2022.
Após o processo de produção, passou-se à pesagem do produto em uma balança digital com capacidade de medição para até 180 quilos, visualizada na Figura 5.
Figura 5: Pesagem do composto de papel.
Fonte: Autores,2022.
Mensurou-se:
10 unidades de um recipiente (reaproveitado) com capacidade de 16,65 Kg com composto produzido resultando em 166,5 KG.
DUAS COMPOSTEIRAS (UMA COM, E OUTRA, SEM RESÍDUO DE PAPEL):
PARÂMETRO DE DESENVOLVIMENTO DE PLÂNTULAS
Para a construção das composteiras primeiramente foram elaboradas plantas baixas e de corte (tamanho de ambas: 2m x 1,5m e 0,80 cm de profundidade), nas áreas pretendidas, a fim de dimensioná-las e melhor identificá-las e evitar a exalação de odores e atração de vetores. Neste sentido, ambas foram vedadas com uma cobertura de lona (3m x 3m) em cada uma.
Figura 6: Área de implementação das composteiras.
Fonte: Google Earth,2022.
O preenchimento das composteiras foi feito com terra preta, serragem, folhas secas e restos de alimentos orgânicos e resíduos de papel. Assim, o composto orgânico formado ao final do processo pôde ser utilizado como adubo orgânico com potencial de recuperação de solos pobres ou deteriorados. A figura 7 demonstra as duas composteiras devidamente preenchidas e prontas para serem fechadas com a lona.
Figura 7: Composteira Orgânica.
Fonte: Autores, 2022.
O período para decomposição da matéria orgânica depende de variados fatores, quanto maior for o controle das condições da temperatura e umidade mais rápido será o processo, portanto foi utilizado uma lona preta de 4×4 m para que cada composteira permanecesse fechada, fazendo com que a temperatura se elevasse, mantendo a umidade adequada, sendo cada pilha revolvida todas as semanas no decorrer do desenvolvimento do experimento. O composto foi estabilizado no período de 30 a 60 dias, e curado em 90 dias. Após este período o mesmo encontrava-se pronto para ser utilizado.
As sementes utilizadas no processo de teste foram Coriandrum sativum (coentro verdão), Brassica oleracea (couve manteiga), Allium schoenoprasum (cebolinha) e Capsicum chinense ‘Adjuma’ (pimenta de cheiro), colocadas em vasos com suas devidas descrições e informações sobre o tempo de plantio e desenvolvimento analisadas, a observar na Figura 8.
Figura 8: Semeadura de hortaliças com composto utilizando papel.
Fonte: Autores,2022.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após 17 dias da regagem das plântulas nos vasos feitos com PET com os adubos e sementes da FELTRIN Ltda., com a mesma quantidade de água e sob as mesmas condições de temperatura e localidade, 50% das sementes do grupo de composto orgânico com o papel brotaram enquanto no grupo sem resíduo de papel, ocorreu o fenômeno em apenas 48% dos casos.
Figura 9: Sementes após 17 dias de regagem
Fonte: Autores, 2022.
A “couve manteiga”, que segundo o catálogo da Feltrin Ltda, uma espécie largamente utilizada na culinária e pode ser consumida crua, cozida ou na preparação de sucos, sendo uma planta de fácil cultivo, num ciclo de 90 a 100 dias em cultivo o ano todo, após 29 dias, 100% brotaram enquanto que apenas 25% das sementes da espécie plantadas com o composto orgânico sem papel brotaram (Figura 10).
Figura 10: Sementes de Couve Manteiga após 29 dias.
Fonte: Autores, 2022.
O “coentro verdão”, que segundo o mesmo catálogo, pode ser utilizado em diversos tipos de molho e saladas, tornando os mesmos mais saborosos, e que possui folhas lisas e vigorosas de coloração verde intenso e aroma muito atrativo, possui um ciclo de 35 a 40 dias, após 29 dias de experimento, obteve 25% de êxito na brotação com composto sem papel, enquanto 100% das sementes daquelas plantadas com composto orgânico contendo o resíduo, obtivera brotação satisfatória no período (Figura 11).
Figura 11: Sementes de Coentro Verdão após 29 dias.
Fonte: Autores, 2022.
A “Cebolinha Todo Ano Evergreen” – Nebuka, que segundo o catálogo da Feltrin Ltda, possui coloração verde-escura, macia, com características ocas e roliças com um ciclo de 45 dias, ao qual possui cultivo o ano todo, após 29 dias de plantada no composto orgânico sem o papel obteve 50% de êxito de brotação, enquanto as sementes plantadas no composto orgânico com resíduo de papel, tiveram êxito de 75%, possuindo entre elas aspecto uniforme. Neste caso, um dos brotos apresentava um aspecto mais desenvolvido em comparação com as demais em termos de tamanho (Figura 12).
Figura 12: Sementes de Cebolinha Nebuka após 29 dias.
Fonte: Autores, 2022.
A “pimenta lupita” que, segundo o catálogo da Feltrin Ltda, possui formato irregular e periforme de coloração verde claro quando imaturo e amarelo quando maduro, a qual o fruto tem um tamanho médio de 3,5 x 2,5 cm de sabor doce e sem picância, após 29 dias de experimento, tendo sido plantadas em composto orgânico sem o papel, não haviam brotado enquanto que aquelas plantadas composto orgânico com o papel tiveram 100% de êxito, apresentando um desenvolvimento mais robusto em comparação à todas as sementes trabalhadas neste projeto (Figura 13).
Figura 13: Sementes de pimenta lupita Nebuka após 29 dias.
Fonte: Autores, 2022.
Portanto é possível verificar que para resíduo orgânico com papel, a melhor semente que se identificou com essas propriedades foi a de pimenta lupita, onde podemos verificar que 100% das mesmas brotaram e desenvolveram aspecto uniforme e saudável.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto/experimento da reciclagem de papel em adubo orgânico foi desenvolvido durante um período de aproximadamente 90 dias, ao qual seguiram-se tratativas aproximadas para não comprometer os resultados como o local de desempenho, materiais utilizados e parâmetros de aplicação, procurando executar de forma uniforme a fim de obter resultados autênticos.
Quanto ao objetivo de verificar a eficácia de resíduos de papel como elemento diferencial na produção de composto orgânico, a hipótese mostrou-se verdadeira, no sentido de que nas quatro amostras de diferentes espécies de hortaliças, em todos os casos as mesmas obtiveram êxito na maturação de suas plântulas quando semeadas com o composto orgânico incrementado com resíduo de papel.
Os valores de comparação encontram-se entre 50% e 100% de eficácia nos casos amostrados para quatro tipos de sementes da marca de insumos Feltrin Ltda.
Foi possível perceber que o composto orgânico de papel foi mais eficaz para o plantio de 3 tipos de sementes (cebolinha nebuka, pimenta lupita e couve manteiga) e o composto orgânico sem papel foi mais eficaz para um tipo apenas de semente aqui trabalhado, mesmo estando sob as mesmas condições físicas do composto orgânico sem papel.
O estudo realizado apresenta vieses norteados pelos princípios dos objetivos do Desenvolvimento Sustentável idealizados pelas Nações Unidas, já que se encontra num contexto de exigência por alternativas menos impactantes e mais econômicas em relação à demanda por recursos naturais. Os referidos ODS, são os seguintes:
O papel utilizado para a compostagem produzida neste trabalho mostrou- se eficaz na proposição e apresenta-se como tecnologia social alternativa para as demandas modernas de enfrentamento aos padrões de consumo e tem potencial de recuperação de ecossistemas no contexto de mudanças climáticas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMBIENTE BRASIL. Reciclagem de papel. Disponível em: <https://ambientes.ambientebrasil.com.br/residuos/reciclagem/reciclagem_de_papel.html>. Acesso em: 01 de out. 2022.
BASSA, A. G. M. C.; SILVA JUNIOR, F. G. de; SACON, V. M. Misturas de madeira de Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla e Pinus taeda para produção de celulose kraft através do Processo Lo-Solids®. Scientia Forestalis. Piracicaba. 2007.
BARBOSA JÚNIOR, José de Siqueira. Reciclagem de papel. 2006. 35 f. Monografia (Especialização em Ciências Ambientais), Fundação de Ensino Superior de Olinda – FUNESO, Olinda, 2006. Disponível em:<http://www.passavante.pro.br/teses/monografia_jose_junior.pdf>. Acesso em: 02 out. 2022.
BELLOTE, A. F. J. et al. Resíduos da indústria de celulose em plantios florestais. Boletim de Pesquisa Florestal, Colombo, n.37, p.99-106. 1998.
BRASIL, Política Nacional de Resíduos Sólidos. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Presidência da República, Departamento da Casa Civil. Brasília, 2010.
COUTINHO, Cadidja; DOROW, Thaís do Canto. Papel semente: uma alternativa para inserção da Educação Ambiental na escola. REMOA, V. 13, N. 2, MAR., 2014.
CRUZ, André Luiz Marcelo da. A Reciclagem dos Resíduos Sólidos Urbanos: Um Estudo de Caso. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis – SC, 2002.
EIGENHEER, Emílio Maciel. A história do lixo: a limpeza urbana através dos tempos. Porto Alegre: RS. Lobo, 1997. 144 p.
HEBER, Florence; SILVA, Elvis M. D. Institucionalização da Política Nacional de Resíduos Sólidos: dilemas e constrangimentos na Região Metropolitana de Aracaju (SE). Rev. Adm. Pública, Rio de Janeiro, v. 48, n. 4, p. 913-937, jul./ago. 2014.
MACIEL, A. S; ROSENDO, F; CASTRO, J.; FONTENELLE, J.C.R. Em busca de um consumo consciente do papel no Centro Federal de Educação Tecnológica de Ouro Preto. In: Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil, 23 a 28 de Setembro de 2007, Caxambu – MG.
MOREIRA, F.; SIQUEIRA, J. O. Microbiologia e Bioquímica do Solo. 2ª edição, Editora UFLA, 2006. 623 p.
NANI, Everton Luiz. Meio ambiente e reciclagem: um caminho a ser seguido. 1. ed. Curitiba: Juruá, 2012. 24 p.
OLIVEIRA, Emídio Cantídio Almeida de; SARTORI, Raul Henrique; GARCEZ, Tiago B. Compostagem. 2008. Curso de Programa de Pós-graduação em Solos e Nutrição de Plantas, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba –SP, 2008.
SILVA, M. G. Produtividade, idade e qualidade da madeira de Eucalyptus destinada à produção de polpa celulósica branqueada. 2011. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Produtos Florestais) – Universidade de São Paulo, Piracicaba.
SOUZA, R.L. , R. Análise do processo de regulação da atividade de triagem de materiais recicláveis: estudo de caso em uma cooperativa. Repositório UFSCAR, 2014.
SOUZA, R. P. Uso de resíduos de papel em compostagem agrícola. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/NCAP-AZXRLV>. Acesso em: 02 out. 2022.
1 Graduanda em Engenharia Ambiental pelo Centro Universitário Luterano de Manaus.
E-mail: j.frazao@rede.ulbra.br
2 Graduanda em Engenharia Ambiental pelo Centro Universitário Luterano de Manaus. E-mail: lediane.sousa@rede.ulbra.br
3 Graduando em Engenharia Ambiental pelo Centro Universitário Luterano de Manaus. E-mail: augustoteo7@rede.ulbra.br
4 Professor de Engenharia Ambiental pelo Centro Universitário Luterano de Manaus.
E-mail: alan.ferreira@ulbra.br
5 Professor de Engenharia Ambiental pelo Centro Universitário Luterano de Manaus. E-mail:newton.lima@ulbra.br