PANDEMIA DO COVID-19: UMA REVISÃO COM FOCO NOS IMPACTOS DA COVID-19 NA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE

COVID-19 PANDEMIC: A REVIEW FOCUSING ON THE IMPACTS OF COVID-19 ON PRIMARY HEALTH CARE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7904942


Leticia Morais Silva¹, Fillype da Silva Varão², Sarah Romênia Sousa Martins³, Maria Zilda Pereira Urias de Brito¹, Pabulo Polizelli¹, Nadine Geha de Deus¹, Fernanda Souto Nezzo¹, Janykelly Soares de Oliveira Alves¹, Lucas Brandão Rodrigues Gouveia¹, Maria Eduarda Moura Silva¹, Mariane Santos Pereira¹, Maria Eduarda Brito Alencar¹, Eduarda Anacleto Rodrigues¹, Juliana Martins Moreira¹, Lucas da Silva Bringel¹, Eduardo Maklin Valadares Costa¹, Vitor Sousa Galvão¹, Manuella Silva Santos Araújo¹, Nicole Sousa Medeiros¹, Ellen Patrícia Camara de Brito¹, Professora Orientadora: Iangla Araujo de Melo Damasceno4


RESUMO

A Covid-19 é uma infecção respiratória aguda causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, potencialmente grave, de elevado transmissibilidade e de distribuição global. Os efeitos da Covid-19 afetaram diretamente o cotidiano da população e no objetivo da Atenção Primária em Saúde, o que acarreta em danos na construção da coordenação do cuidado e promoção da saúde. É sobre esse obstáculo gerado pela Covid-19, que se torna fundamental a intervenção precoce com métodos que auxiliam nos cuidados assistenciais e oferta de serviços de prevenção de agravo à doença. A Atenção Primária em Saúde (APS) é considerada como ordenadora da saúde, atenção à saúde, juntamente com a rede secundária e terciária de serviços. Configura-se em uma revisão integrativa. As bases de dados para construir base teórica à revisão foram LILACS, PUBMED, MEDLINE, SCIELO com critérios de exclusão e inclusão.

Palavras-Chave: Covid-19. Atenção Primária em Saúde. Pandemia.

ABSTRACT

Covid-19 is an acute respiratory infection caused by the SARS-CoV-2 coronavirus, potentially serious, highly transmissible and globally distributed. The effects of Covid-19 directly affected the daily lives of the population and the objective of Primary Health Care, which leads to damage in the construction of coordination of care and health promotion. It is with regard to this obstacle generated by Covid-19, that early intervention with methods that help in the care and provision of services to prevent the disease from worsening becomes essential. Primary Health Care (PHC) is considered to be responsible for health care, together with the secondary and tertiary network of services. It is configured in an integrative review. The databases to build the theoretical basis for the review were LILACS, PUBMED, MEDLINE, SCIELO with exclusion and inclusion criteria.

Keywords: Covid-19. Primary Health Care. Pandemic

1 INTRODUÇÃO

O presente estudo delimita-se em analisar os impactos da pandemia da  covid-19, em especial, na Atenção Primária em Saúde (APS). Segundo o Ministério da Saúde, os coronavírus (CoV) são uma ampla família de vírus que podem causar uma variedade de condições, do resfriado comum a doenças mais graves, como a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV) e a síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV), sendo uma das causas virais mais comuns tratadas em hospitais e postos de saúde em indivíduos de todas as idades. Esta patologia é caracterizada como um problema inicialmente de vias aéreas superiores, e que certos pacientes são acometidos mais gravemente quando o vírus consegue atingir as vias inferiores e proliferar.

Tendo em vista os impactos e limitações de pacientes acometidos pela covid-19, é necessário que os aspectos psicossociais de certa forma, auxilie no tratamento dos pacientes acometidos por esta patologia ao decorrer de meses, reduzindo os efeitos do distanciamento social psicologicamente ao que diz respeito as atividades de vida diária. Porém, afeta os gráficos de óbito quando as pessoas não respeitam o distanciamento social, mais ainda quando não fazem uso de máscaras orais e faciais, bem como álcool em gel .

Diversas pessoas acabaram sendo acometidas por covid-19 em todo o Brasil e no mundo, sendo de fácil rastreio por meios gráficos estatísticos, demográficos e populacionais pelo IBGE. Neste âmbito, a Medicina atua melhorando a condição geral deste tipo de pacientes, e aumentando sua qualidade de vida em todos os aspectos. O auxílio da equipe multiprofissional faz se de grande utilidade para a melhora e facilidade de combate ao vírus, atuando     deste modo, no manejo desta patologia e diminuindo seus sintomas.

Diante da pandemia da Covid-19, o cenário da APS tem se modificado. Normativas institucionais recentes foram editadas no sentido de orientar trabalhadores de saúde a reduzirem a exposição de si mesmos e de usuários ao risco de contaminação, ao passo que precisam se preocupar com uma dupla tarefa: monitorar casos suspeitos ou confirmados da doença e dar continuidade ao acompanhamento de outras questões de saúde correntes no território.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Limitação da APS frente a pandemia da Covid-19

A pandemia da COVID-19 é considerada a maior emergência de saúde pública enfrentada pela comunidade internacional em décadas. A rápida e elevada disseminação do SARS-CoV-2 modificou o cotidiano da população e afetou o trabalho em saúde, com expressividade para a Atenção Básica de Saúde, causando repercussões psicossociais.

O SUS, um dos maiores e complexos sistemas de saúde pública do mundo, abrange diversos níveis de atenção, garantindo assim acesso integral, universal e gratuito para toda a população, naturalizada ou não no Brasil. Um dos componentes que ganha destaque deste sistema, é o de fornecer atenção integral à saúde, abrangendo não somente os cuidados assistenciais, mas também a oferta de serviços de prevenção de agravos e doenças e promoção da saúde, na perspectiva de atender as demandas da população e melhorar a qualidade de vida.

A APS é classificada como o componente para mais abrangente, tendo em vista a sua centralidade para o cuidado e para a garantia da saúde da população, oferecem o maior e mais eficiente acesso, minimizando os procedimentos mais especializados que por vezes são desnecessários ampliando o enfoque na prevenção.

A alta possibilidade de contaminação tem gerado medo e recesso aos portadores de condições crônicas, pacientes que fazem acompanhamento em Unidades Básicas de Saúde, tendo como consequência acesso limitado a serviços de saúde dificultando a assistência prestada (AYANIAN,202).

Destaca-se entre as medidas adotadas o distanciamento social, que consiste em “esforço consciente para reduzir as interações entre pessoas em uma comunidade mais ampla, na qual os indivíduos podem estar infectados, mas ainda não foram identificados e, portanto, ainda não isolados”. O isolamento social por sua vez, é a “medida que se refere à separação de pessoas infectadas com doenças contagiosas de pessoas não infectadas” (WILDER-SMITH; FREEDMAN, 2020, p. 1-2). Essas medidas, embora sejam necessárias para prevenção da disseminação da Covid-19, têm consequências significativas na vida dos pacientes portadores de doenças crônicas que necessitam de acompanhamento nas Unidades Básicas de Saúde. A restrição do convívio social com os profissionais de saúde e familiar contribui para o risco de solidão, prediz o declínio cognitivo e a principalmente, ao agravo da doença de base devido a falta de acompanhamento consequente desse medo e distanciamento (PERISSINOTTO; CENZER; COVINSKY, 2012; SUTIN et al., 2018; SUNDSTRÖM et al., 2020). O aumento do declínio cognitivo e a diminuição da funcionalidade podem levar idosos, particularmente, os mais vulneráveis, aos desfechos negativos de saúde, como o desenvolvimento e/ou agravamento da fragilidade física.

2.2 Cenário da epidemia da covid-19 no Brasil e orientações governamentais

Desde o surgimento do vírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2), os debates sobre as medidas de combate à pandemia ganharam destaque na mídia e na literatura científica. Sabe-se que a transmissão de pessoa para pessoa do novo coronavírus ocorre principalmente por meio da interação de pessoa para pessoa por meio do contato com gotículas orais e nasais acumuladas na respiração das pessoas (falar, tossir ou espirrar). infectados, enfermos ou assintomáticos) e que o vírus permanece em boas condições no ar por até três horas e em superfícies duras por até 72 horas1-3. Devido à sua viabilidade prolongada em alguns materiais ambientais, o SARS-CoV-2 também pode ser transmitido por contato com superfícies contaminadas2,4. Assim, primeiras recomendações para evitar a propagação da doença foram o amplo distanciamento social e a correta e frequente higienização das mãos5-8; e, para pacientes sintomáticos ou com teste positivo para SARS-CoV-2, isolamento domiciliar e quarentena de seus respectivos contatos.

O Ministério da Saúde (MS) elaborou o Plano do dia Contingência Nacional para Infecção Humana de acordo com o novo coronavírus em caso de epidemia em todo o território do estado, definindo níveis de resposta em tempo real para o alvo preparação e adaptação da rede nacional de saúde, bem como uma estrutura de comando correspondente em cada um dos níveis de governo, nacional, estadual e municipal.

Segundo o Ministério da Saúde, orienta-se aos profissionais da APS, a priorização do atendimento domiciliar aos idosos mais vulneráveis como os acamados, orientar idosos e familiares para a restrição de atividades de convívio social como grupos (mesmo terapêuticos), reuniões em igrejas, clubes, etc. As equipes da APS devem permanecer atentas às moradias coletivas, monitorando-as frequentemente, bem como fornecendo informações e orientações sobre formas de evitar o contágio no ambiente compartilhado.

3 METODOLOGIA

O atual estudo se constitui como uma Revisão de Literatura, com caráter descritivo. A estratégia de identificação e seleção dos estudos foi por busca na base de dados MEDLINE, PUBMED, LILACS e Google Acadêmico. Os critérios de inclusão pré-determinados para compilar o referencial teórico são 1) Artigos que se alinhavam ao eixo temático proposto 2) Artigos em outros idiomas além do Português, como Inglês 3) Artigo com datação mínima de 2020. Entre os critérios de Inclusão: 1) Artigos que discorriam sobre os impactos da APS na pandemia 2) Artigo com recorte qualitativo com macro pesquisa com 719 profissionais de Enfermagem residentes no Brasil. Tendo conhecimento do trabalho do ACS, na Atenção Básica, é de fundamental importância para a concretização da estratégia saúde da família e efetivação do conceito ampliado de saúde. O Agente realiza atividades diferenciadas junto à comunidade e por isso pode ser considerado um elemento nuclear das ações em saúde, com atividades de prevenção das doenças e agravos e de vigilância à saúde, por meio das visitas em domicílios e educação em saúde, individual e coletiva. Ademais, o ACS tanto orienta a comunidade como informa a equipe de saúde sobre a situação das famílias, principalmente aquelas em situação de risco, assumindo o papel de sujeito articulador. Dessa forma, faz-se o reconhecimento da importância da presente pesquisa para detalhar o impacto da ausência de visitas domiciliares frente ao ACS, a UBS e a população e obtenção das estratégias por eles usadas no período da pandemia do COVID-19.

Afastando qualquer interesse pessoal ou financeiro relativos aos dados coletados, afirmando o puro interesse científico para avaliar características de prevalência pré-estabelecidos de acordo com os objetivos pautados na pesquisa.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A visita domiciliar é uma estratégia utilizada pelo SUS, em especial a Atenção Básica à Saúde, através dos projetos Estratégia Saúde da Família (ESF) e pelos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Consiste em fazer com que os mais diversos profissionais da área da saúde atendam aos pacientes em suas casas. Em especial, destaca-se o agente comunitário de saúde (ACS) que tem como atribuição “realizar visitas domiciliares com periodicidade.” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017, portaria Nº 2.436) “As diretrizes prescritas na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) dos anos 2006 e 2011, configuraram a ESF como principal meio de expansão do acesso e da garantia do direito à saúde.” (CABRAL,2020, p. 3)

Essa estratégia é aplicada pelo SUS, principalmente, por conta do conceito de saúde estabelecido pela OMS-ONU. Esse conceito diz que: ter saúde vai muito além da simples ausência de doenças. A saúde está relacionada ao contexto físico, psicológico e social de cada indivíduo. Nesse sentido, torna- se importante que os profissionais da saúde tenham contato com o cotidiano dos pacientes e as visitas domiciliares funcionam para fazer uma análise mais aprofundada do contexto social e familiar dos pacientes. Dessa maneira, conclui-se que o agente comunitário de saúde (ACS) “tem um papel importante nas ações de saúde que visam a ampliação da cobertura em saúde com controle de custos, o acolhimento da comunidade e a identificação, a captação e a resolução das demandas de saúde.” (COSTA, 2013, p.5) 

Existe uma grande parte da população brasileira que depende dos serviços de visita domiciliar para ter acesso a saúde de qualidade. Isso ocorre, pois o grau de instrução, as condições financeiras, entre outros aspectos, determinam a procura pelo serviço de saúde. Assim, quando os profissionais se dispõem a ir a casa dos pacientes, as chances desses pacientes se negarem a receber os atendimentos necessários reduz drasticamente. Dessa maneira, as visitas domiciliares são fundamentais para manter os pacientes assíduos nos cuidados com a saúde. Os idosos, portadores de deficiências motoras graves, pessoas com problemas mentais e psicológicos, entre outros, são dependentes, diretamente, desse serviço proposto pelo SUS.

         De maneira geral, observou-se que a APS se vem adaptando rapidamente ao novo contexto, com a reorganização de seus serviços para o enfrentamento da nova doença e de suas consequências na saúde das famílias, sendo fundamental para garantir a continuidade do cuidado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Plano de Contingência Nacional para Infecção Humana pelo novo Coronavírus COVID-19. Brasília: Ministério da Saúde; 2020

2 Starfield B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO, Ministério da Saúde; 2002.

3 COSTA, Simone de Melo et al. Agente Comunitário de Saúde: elemento nuclear das ações em saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 18, p. 2147-2156, 2013.

4 GARCIA, Leila Posenato; DUARTE, Elisete. Intervenções não farmacológicas para o enfrentamento à epidemia da COVID-19 no Brasil. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 29, 2020.

5 DUARTE, Michael de Quadros et al. COVID-19 e os impactos na saúde mental: uma amostra do Rio Grande do Sul, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, p. 3401-3411, 2020.

6 CABRAL, Elizabeth Regina de Melo et al. Contribuições e desafios da Atenção Primária à Saúde frente à pandemia de COVID-19. 2020.

7 ESTEVÃO, Amélia. COVID-19. Acta Radiológica Portuguesa, v. 32, n. 1, p. 5-6, 2020.

8 MACIEL, Fernanda Beatriz Melo et al. Agente comunitário de saúde: reflexões sobre o processo de trabalho em saúde em tempos de pandemia de Covid-19. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, p. 4185-4195, 2020.

9 GARCIA, Leila Posenato; DUARTE, Elisete. Intervenções não farmacológicas para o enfrentamento à epidemia da COVID-19 no Brasil. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 29, 2020.

10 SOUZA LP, Souza AG. Enfermagem brasileira na linha de frente contra o novo Coronavírus: quem cuidará de quem cuida? J Nurs Health. 2020;10(Esp.):e20104005

11 Moreira WC, Sousa AR, Nóbrega MP. Mental illness in the general population and health professionals during COVID-19: a scoping review. Texto Contexto Enferm. 2020;29:e20200215.

12 World Health Organization (WHO). Statement on the second meeting of the international health regulations (2005) Emergency Committee regarding the outbreak of novel coronavirus (2019-nCoV). Published January 30, 2020. Geneva: WHO; 2020 [cited 2020 July 19]. Available from: https://www.who. int/news-room/detail/30-01-2020-statement-on-the-second-meeting-of-the-international-health-regulations-(2005)-emergency-committee-regarding-the-outbreak-of-novel-coronavírus-(2019-ncov).

13 Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) – Prevention & Treatment [Internet]. Washington: CDC; 2020 [acessado 2023 Abril 26]. Disponível em: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/prevent-getting-sick/prevention.html.

14 SOUZA FILHO, Z. A. et al. Fatores associados ao enfrentamento da pandemia da COVID-19 por pessoas idosas com comorbidades. Esc. Anna. Nery [online], v. 25, e20200495, 2021.

15 Protocolo de Tratamento do Novo Coronavírus. Ministério da Saúde 2020.


1Centro Universitátio Tocantinense Presidente Antônio Carlos – UNITPAC, Araguaína/To-Brasil.
2Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos – ITPAC, Palmas/To-Brasil.
3Instituto Federal do Norte do Tocantins- UFNT, Araguaína/To-Brasil.
4Mestre de Ciência e Tecnologia de alimentos pela Universidade Federal do Tocantins (UFT)