DIETARY PATTERN OF ELDERLY PEOPLE BELONGING TO A SOCIAL LIVING GROUP IN ARACAJU/SE
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10056548
Sandra Cristina da Cruz Maia1
Millena Angel Silva Rodrigues2
Elen Thaliny Lima de Souza3
Steffany Almeida Santos4
Vívian Lee Franco Barreto5
Luiz Gabriel Cerqueira Passos Carmo6
Fernanda Silva Franco7
Karina Silva Santos8
Laura Delle Vedove Levita9
Josiane de França Vieira10
RESUMO
Entende-se que a terceira idade é uma etapa da vida que desencadeia muitas mudanças, e que os hábitos alimentares estão relacionados aos costumes e à realidade a qual os indivíduos idosos são inseridos. A adoção de um estilo de vida e alimentação saudável contribui significativamente na promoção da saúde e longevidade. O presente estudo do tipo transversal descritivo, teve como objetivo analisar o perfil do consumo alimentar de idosos pertencentes a um grupo de convivência social analisar as variáveis independentes demográficas de saúde em Aracaju/SE no ano 2023, através do formulário de Marcadores de Consumo Alimentar proposto pelo SISVAN do Ministério da Saúde e variáveis independentes demográficas de saúde e rotina. Das 42 idosas analisadas, 37,2% têm diabetes, enquanto que 90% sofre de pressão arterial elevada. Há uma prevalência do consumo de bebida alcoólica (97%) e baixo consumo de alimentos embutidos (11,9%) e bebidas adocicadas (14,3%). 56,8% dos idosos relataram a prática regular de exercícios físicos. As idosas analisadas apresentam preferência por escolhas alimentares saudáveis e prática de atividade física, mesmo com alto consumo de bebidas alcoólicas.
Palavras-chave: Marcador alimentar. Nutrição. Idoso.
1. INTRODUÇÃO
Entende-se como idosa a pessoa que tenha 60 anos ou mais de idade. Em torno de 30 milhões de brasileiros têm 60 anos ou mais, o que equivale a 14% da população total do Brasil em 2020. As projeções apontam que, em 2030, o número de pessoas idosas superará o de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos em aproximadamente 2,28 milhões. Sabe-se ainda que o percentual de mulheres idosas em 2018 era de 8,6% e homens idosos 6,8% (Vanzella et al., 2023).
A mudança nos padrões demográficos está acompanhada pela transformação nos padrões de saúde da população, caracterizada pela crescente prevalência de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs). Entre essas doenças, são os idosos que enfrentam o maior risco de serem afetados por essas condições. De maneira semelhante a diversos outros países, no
Brasil também é observado o desafio significativo representado pelas doenças crônicas não contagiosas, que são responsáveis por 72% das razões de óbito. Isso inclui doenças relacionadas ao sistema circulatório, câncer, diabetes e problemas respiratórios crônicos (Wehrmeister et al., 2022).
A visão integral nessa fase da vida traz a importância de abordar o suporte adequado e mudanças de hábitos de vida, como na alimentação. Para identificação de pontos críticos da alimentação nas diversas fases do curso da vida, o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) propõe o uso de marcadores do consumo alimentar, os quais consistem em ferramentas de triagem de práticas e da ingestão de grupos alimentares alinhados às recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira (Santos et al., 2021).
Os marcadores foram propostos em um formulário para apuração do consumo alimentar referente ao dia anterior, com grande potencial para monitorar tendências temporais e informar ações em âmbito individual e coletivo para a promoção da alimentação saudável e a prevenção de agravos à saúde (Lourenço et al., 2023).
Para essas fases da vida, é essencial proporcionar diretrizes para que a dieta seja centrada em itens alimentares e técnicas culinárias provenientes destes, e que produtos processados prontos para ingestão sejam incorporados em refeições fundamentadas em ingredientes naturais; contudo, é aconselhável evitar ou limitar o consumo de produtos ultraprocessados (Silva et al., 2020).
Como traz o Guia Alimentar, que restabelece o paradigma de alimentação saudável baseando suas recomendações no nível e propósito do processamento de alimentos, e pode ser sintetizada na regra de ouro: “prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias a alimentos ultraprocessados”. Portanto, o Guia Alimentar deve ser usado como referencial técnico para orientação alimentar (Jesus et al., 2022).
Sendo assim, o objetivo deste estudo é analisar hábitos alimentares e as variáveis demográficas de saúde de um grupo de convivência social de idosas no município de Aracaju-SE.
2. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo transversal descritivo realizado com 42 indivíduos idosos do Programa de Atenção Integral à Mulher Idosa (PAIMI) em Aracaju/SE, com faixa etária entre 62 a 77 anos.
As entrevistas foram realizadas após os encontros semanais do PAIMI entre os meses de março e maio de 2023, em uma sala reservada na Universidade Tiradentes (UNIT).
As informações referentes ao consumo alimentar foram coletadas por meio do Formulário de Consumo Alimentar do SISVAN através de relatos dos entrevistados, com base em respostas sim/não e não sei. Os idosos foram questionados sobre o consumo de alimentos específicos do dia anterior como o feijão, frutas, verduras, alimentos embutidos e bebidas adocicadas. Assim como o hábito de uso de TV ou celular durante as refeições e os tipos de refeições ao longo do dia como café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia.
Como variáveis independentes, foram investigadas a presença de Diabetes Mellitus, Hipertensão e sobre o hábito de praticar exercício físico diariamente.
A análise de dados foi realizada através da ferramenta estatística descritiva simples (média e percentual), após as informações coletadas serem adicionadas no programa excel (Versão 2309 Build 16.0.16827.20166).
3. RESULTADOS
Na tabela 1 observa-se uma prevalência significativa de hipertensão 90%, quanto a diabetes foram apenas 36,7%. No que diz respeito ao consumo de bebidas alcoólicas, a grande maioria (97%) relatou consumir. 56,8% dos idosos praticam atividade física regular, enquanto 43,2% não.
Tabela 1 – Descrição da amostra de idosas integrantes do PAIMI,segundo as características relacionadas à saúde e relacionadas à alimentação (n=42). Aracaju- SE, Brasil, 2023.
| VARIÁVEL | TOTAL | % |
| PRÁTICA DA ATIVIDADE FÍSICA | 42 | 100 |
| Sim praticantes | 24 | 56,8% |
| Não praticantes | 18 | 43,2% |
| CONSUMO DE BEBIDA ALCOÓLICA | 42 | 100 |
| Sim | 39 | 97% |
| Não | 3 | 3% |
| CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO HIPERTENSÃO | 42 | 100 |
| Sim | 41 | 90% |
| Não | 1 | 10% |
| CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO DIABETES | 42 | 100 |
| Sim | 7 | 36.7 |
| Não | 35 | 63.3 |
Fonte: Autor, 2023.
Como descrito na Tabela 2 há uma preferência de 59,5% pelo não uso de telas durante as refeições. O consumo de feijão (78,6%), frutas (90,5%) e verduras (88,1%) se sobressaíram quando comparado ao consumo de hambúrgueres e/ou embutidos (11,9%), bebidas adoçadas (14,3%), macarrão instantâneo, salgadinho de pacote ou biscoitos salgados (16,7%) e para biscoito recheado, doces ou guloseimas (26,2%).
Tabela 2 – Marcadores de consumo alimentar das integrantes do PAIMI, (n=42). Aracaju-SE,Brasil, 2023.
| VARIÁVEL | TOTAL | % |
| ASSISTEM TV, COMPUTADOR E/OU CELULAR ENQUANTO COMEM | 42 | 100 |
| Sim Não | 17 25 | 40,5 59,5 |
| CONSUMO DE FEIJÃO | 42 | 100 |
| Sim Não | 33 9 | 78,6 21,4 |
| CONSUMO DE FRUTAS | 42 | 100 |
| Sim Não | 38 4 | 90,5 9,5 |
| CONSUMO DE VERDURAS | 42 | 100 |
| Sim Não | 37 5 | 88,1 11,9 |
| CONSUMO DE HAMBÚRGUER E/OU EMBUTIDOS | 42 | 100 |
| Sim Não | 5 37 | 11,9 88,1 |
| CONSUMO DE BEBIDAS ADOÇADAS | 42 | 100 |
| Sim Não | 6 36 | 14,3 85,7 |
| CONSUMO DE MACARRÃO INSTANTÂNEO, SALGADINHOS DE PACOTE OU BISCOITOS SALGADOS | 42 | 100 |
| Sim Não | 7 35 | 16,7 83,3 |
| CONSUMO DE BISCOITO RECHEADO, DOCES OU GULOSEIMAS | 42 | 100 |
| Sim Não | 11 31 | 26,2 73,8 |
Fonte: Autor, 2023.
No gráfico 1 evidencia-se a frequência das refeições ao longo do dia dos participantes, na qual 47,63% realizam 4 refeições por dia e 4,76% 6 refeições por dia.
Gráfico 1 – Análise da Frequência Alimentar realizada por dia
Fonte: Autor, 2023
Já quanto ao tipo de refeição feita ao longo do dia, as principais refeições eram café da manhã, almoço e jantar com 100%, enquanto que lanche da tarde era 55% e lanche da manhã 5%. Apenas 5% não consomem lanche da manhã e 45% lanches da tarde como é descrito no gráfico 2.
Gráfico 2 Classificação ao tipo de refeição realizada ao longo do dia
Fonte: Autores, 2023
4. DISCUSSÃO
Pesquisas epidemiológicas, evidenciam que a análise dos marcadores alimentares em populações idosas apresentam relevância, uma vez que a alimentação adequada desempenha um papel fundamental na promoção da saúde e qualidade de vida dos idosos (Perfeito et al., 2022).
Alves e Cunha (2020), abordam o consumo de alimentos saudáveis como um fator determinante do estado nutricional associados à saúde em todas as idades. Dentre as idosas estudadas 78,6% alegam o consumo de feijão, assim como frutas (90,5%) e verduras (88,1%). Por conseguinte, o consumo de alimentos considerados marcadores não saudáveis de acordo com Santos et al.,(2021) foram de 11,9% para hambúrgueres e/ou embutidos, 14,3% para bebidas adoçadas, 16,7% para macarrão instantâneo, salgadinho de pacote ou biscoitos salgados e 26,2% para biscoito recheado, doces ou guloseimas.
Para mais, 59,5% dos participantes têm preferência pelo não consumo de alimentos enquanto assistiam à televisão, usam o computador e/ou o telefone celular. Uma pesquisa feita por Maia et al. (2016), relacionando o hábito diário de assistir à TV e o consumo alimentar de frutas, hortaliças, feijão, carnes, leite, refrigerantes e/ou bebidas adoçadas, concluíram que assistir TV por períodos prolongados está associado ao consumo de alimentos não saudáveis. Em outras palavras, quanto mais tempo de exposição a telas, maior o consumo de alimentos não saudáveis.
Em contrapartida, 97% das idosas consomem bebidas alcoólicas. O consumo abusivo de álcool entre as mulheres está em decorrência da mudança de comportamento ao longo do tempo, assim como também viuvez, solidão, perda de amigos, aposentadoria, isolamento, ansiedade, depressão e estresse (Marques, 2022).
Conforme Leta et al., (2021) praticar atividade física traz muitos benefícios para a saúde. A prática no processo de envelhecimento ativo é capaz de preservar a capacidade funcional, ajudando na autonomia, independência e bem estar. Dentre as idosas analisadas, 56,8% praticam atividade física. Uma pesquisa visando identificar o que a literatura revela sobre a motivação no idoso para a prática de atividade física, concluíram que sociabilidade foi uma das principais dimensões motivacionais que levaram o indivíduo idoso a praticar atividade física acompanhada do fator saúde (Oliveira, Souza e Silva, 2022).
Para mais, ainda em vista do impacto da alimentação durante o processo de envelhecimento, ao analisar a presença de diabetes e hipertensão entre as idosas, 90% possuem hipertensão, enquanto apenas 36,7% diabetes. O consumo de alimentos de pessoas idosas com e sem hipertensão são fatores determinantes para o surgimento de patologias e seus agravos, mesmo com a adoção de hábitos de vidas saudáveis que servem como prevenção ambas as condições são multifatoriais que decorrem de fatores genéticos/epigenéticos, ambientais e sociais (Silva et al., 2019).
Quanto a frequência e o tipo das refeições realizadas ao longo do dia, café da manhã, almoço e jantar eram apresentadas em 100% das idosas analisadas, e em uma frequência de 4 refeições por dia em sua maioria (47,63%). Um estudo transversal com indivíduos ≥60 anos obtiveram resultados semelhantes, ele tinha como objetivo descrever a frequência e o tipo de refeições realizadas por idosos de Pelotas-RS assim como os fatores associados à frequência adequada de refeições, eles obtiveram resultados semelhantes. Os achados do estudo demonstram um percentual expressivo de idosos que não mantêm um padrão que seja desejável da refeições diárias, e que em média os idosos consumiam 4 refeições durante o dia sendo o café da manhã o mais relatados, e em sua maioria mulheres (Karpinski et al., 2021).
5. CONCLUSÃO
A análise da amostra evidencia um grupo de idosas que tem preferência por escolhas alimentares saudáveis e prática de atividade física. Esses resultados mostram como o incentivo ao consumo de uma dieta saudável e equilibrada, visando a promoção da saúde e longevidade na terceira idade é imprescindível, tanto para uma melhor qualidade de vida como prevenção e agravos de doenças. No entanto, mesmo ciente dos benefícios de bons hábitos, o número de idosas que fazem uso de bebidas alcoólicas é elevado.
Manifestando como viés da pesquisa, a classificação do estado nutricional e uma investigação mais profunda da qualidade e quantidades das refeições consumidas pelo grupo estudado é essencial. Uma vez que ressalta a vulnerabilidade e segurança alimentar. Estudos futuros poderiam trazer informações acerca da qualidade e quantidade de refeições dos idosos, ressaltando o quão fundamental é políticas alimentares voltadas para eles.
6. REFERÊNCIAS.
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1 Docente do Curso Superior de Nutrição da Universidade Tiradentes (UNIT). Especialista em Saúde Pública. e-mail: sandraju2@yahoo.com.br
2 Nutricionista pela Universidade Tiradentes (UNIT). e-mail: angelednutri@gmail.com
3 Mestre em Saúde Pública. Unidade de Ensino Superior do Sul do Maranhão (UNISULMA. e-mail: elenthaliny01@gmail.com
4 Graduanda de Nutrição pela Universidade Tiradentes (UNIT). e-mail:nutristeffanyalmeida@gmail.com
5 Graduanda de Nutrição pela Universidade Tiradentes (UNIT). e-mail: vivianfrancob@outlook.com
6 Nutricionista pela Universidade Tiradentes (UNIT). e-mail: luiz.gabriel.tf@gmail.com
7 Nutrição pela Universidade Tiradentes (UNIT. e-mail: Fernanda.nutrifranco@gmail.com
8 Graduanda de Nutrição pela Universidade Tiradentes (UNIT). e-mail: karina_ss98@hotmail.com
9 Graduanda de Medicina pela Universidade Tiradentes. e-mail: lauralevita1@gmail.com
10Nutricionista pela Universidade Tiradentes (UNIT). e-mail: josianefvfranca09@gmail.com